Segurança é um tópico sensível para a França. A preocupação se eleva diante da proximidade da realização do maior evento esportivo mundial. A pedido do governo francês, a Polícia Federal do Brasil enviará 14 agentes para ajudar as forças de segurança do país europeu no esquema de segurança dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos de Paris. Os policiais federais brasileiros ficarão em solo francês no período de 15 de julho a 8 de setembro.
Além disso, o Estadão apurou que agentes de segurança da Embaixada brasileira em Paris vão compor o centro de cooperação internacional da Olimpíada, a pedido da organização dos Jogos, e não do governo francês, e também vão fazer a escolta da delegação brasileira.
Apreensiva com a segurança durante os Jogos Olímpicos e Paralímpicos de Paris-2024, a França revelou que pediu ajuda para 46 países. São esperados 2.185 policiais de todo o mundo. Paris deve receber 15 milhões de visitantes para a Olimpíada. Eles estarão protegidos por cerca de 55 mil agentes.
As atenções dos agentes estarão voltada também para os fãs, a fim de melhorar a experiência de cada torcedor durante as competições. “Esta é uma abordagem clássica dos países anfitriões para a organização de grandes eventos internacionais”, informou o Ministério do Interior da França.
Para a Copa do Mundo de 2014, o Brasil contou com suporte de 205 policiais de 37 países, sendo 31 de nações classificadas para o torneio além de agentes da Interpol. À época, em Brasília, foi montado um Centro de Cooperação Policial Internacional cujo investimento foi de R$ 20 milhões. Parte dos agentes viajou com as suas respectivas seleções para dar apoio à delegação e seus torcedores. Essa força estrangeira, no entanto, não teve poder de polícia no País, ficou desarmada e atuou principalmente na área de inteligência.
O Centro de Cooperação Policial Internacional foi novamente utilizado para os Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, em 2016. Mais de 250 policiais estrangeiros se dividiram entre Brasília e a capital fluminense. A França, portanto, espera contar com dez vezes mais agentes em Paris neste ano. Entre as atribuições das equipes estavam verificar a autenticidade de documentos e antecedentes criminais de torcedores. O Ministério da Justiça investiu R$ 350 milhões em segurança para a Olimpíada, enquanto a Defesa preparou cerca de 22 mil militares, entre 2014 e 2016, ao custo de R$ 854,4 milhões.
O governo francês quer ainda reforçar seu grupo de cães farejadores para os Jogos. Entende-se que, no momento, não há um número suficiente para as atividades necessárias durante o período olímpico. A tarefa do cão é basicamente identificar a presença de drogas, armas e explosivos em locais e junto a determinadas pessoas. A Polônia se comprometeu em enviar à França adestradores membros das forças armadas para ajudar no treinamento de novos animais.
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A cerimônia de abertura dos Jogos não será no tradicional estádio olímpico. A França vai inovar e fará o desfile das delegações no Rio Sena. Tal disposição exigirá um grande esquema de segurança que mobilizará 45 mil policiais apenas para esse evento. Por segurança, os principais aeroportos próximos a Paris estarão fechados durante a cerimônia de abertura. Algumas das catracas usadas para o ingresso de torcedores nos centros de competição contarão com identificação facial. O objetivo primordial é a segurança e identificação de eventuais criminosos infiltrados na torcida.
Os comitês olímpicos nacionais, incluindo o COB, tiveram de investir em segurança privada própria, por orientação do Comitê Olímpico Internacional (COI). “Hoje temos que investir nessa parte. Tudo isso, pra gente, é complexo”, afirmou ao Estadão Ney Wilson, diretor de alto rendimento do COB.
Preocupação com ataques terroristas
No mês passado, um grupo especializado da Polícia Nacional Francesa, o Raid, participou de uma simulação de um ataque terrorista em grande escala nos arredores de Paris. O treinamento não acontece apenas em função do evento olímpico, já que é realizado pelo menos uma vez por ano. Mas a possibilidade de um ataque terrorista preocupa os organizadores e todos que estarão na capital francesa.
“A França está particularmente ameaçada” durante os Jogos Olímpicos, disse o ministro do Interior, Gérald Darmanin, cujo país decretou o nível máximo de alerta após o ataque a uma sala de concertos de Moscou, na Rússia, que deixou 139 mortos no fim do mês passado.
O Raid (sigla que em português significa busca, assistência, intervenção e dissuasão) é uma unidade de elite da polícia francesa que atua nas crises mais importantes de segurança do país, como as que envolvem atos de terrorismo, libertação de reféns e proteção de autoridades.
Vigiados
A França está implantando um sistema de vigilância algorítmica abrangente por vídeo, incluindo uma tecnologia que pode detectar movimentos repentinos de multidões, objetos abandonados e pessoas deitadas no chão.
As câmeras estão conectadas a um centro de comando e à tecnologia de inteligência artificial que pode sinalizar infrações menores - quando alguém estaciona ilegalmente ou entra em um parque público após o expediente - bem como atividades potencialmente suspeitas, como alguém tentando acessar um prédio escolar.
Essa tecnologia, segundo as autoridades, pode ser fundamental para impedir um ataque como o atentado a bomba nos Jogos Olímpicos de Verão de 1996 em Atlanta.
A cidade testou um software de reconhecimento facial tão preciso que consegue distinguir gêmeos idênticos. Cidade mais monitorada da França, Paris tem um total de 4,2 mil câmeras instaladas em espaços públicos, ou seja, uma para cada 81 habitantes.
Munique-72 teve atentado terrorista
A segurança nos Jogos Olímpicos é sempre uma preocupação do país-sede. Ainda mais tendo em vista um caso de tragédia após um atentado terrorista em Munique-1972.
Em 5 de setembro de 1972, durante a Olimpíada, 11 integrantes da delegação de Israel foram tornados reféns e assassinados pelo Setembro Negro, grupo terrorista palestino.
Até hoje, este é tido como o maior atentado terrorista em um evento esportivo.