Derrocada histórica do Botafogo no Brasileirão em 13 atos, mesmo número de pontos que tinha na ponta


Equipe teve cinco treinadores ao longo da temporada, fracassou com queda abissal de desempenho no returno e foi cruel com torcedores em reta final desonrosa

Por Ricardo Magatti e Marcos Antomil
Atualização:

Foram 31 rodadas na liderança do Brasileirão, destaques individuais que chegaram à seleção brasileira, futebol de alto nível que lhe credenciou a ganhar o título com bastante antecedência e uma vantagem na ponta que chegou a ser de 13 pontos. Porém, tudo desmoronou para o Botafogo no segundo turno, fazendo valer a frase célebre “há coisas que só acontecem ao Botafogo”, que foi apresentada à crônica esportiva em 1957 pelo jornalista Paulo Mendes Campos no texto “O Botafogo e eu”.

O Botafogo fez campanha de rebaixado no returno, levou viradas inacreditáveis até para os torcedores mais acostumados com o fracasso, deixou vitórias escaparem nos acréscimos e protagonizou derrocada histórica que resultou na perda do título brasileiro, provavelmente para o Palmeiras. O Estadão elencou 13 atos que, ao longo deste Brasileirão, ampararam o roteiro do derretimento do Botafogo e a perda do título nacional.

Dança das cadeiras

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Na era dos pontos corridos, nenhum time foi campeão tendo mais do que três técnicos em seu comando ao longo da campanha. O Botafogo começou com o português Luís Castro, depois teve Claudio Caçapa em alguns jogos como interino até a contratação do também lusitano Bruno Lage. Mais tarde, contou com Lúcio Flávio como tampão e, sem os resultados, foi demitido para a chegada de Tiago Nunes.

Luís Castro dirige atualmente o Al-Nassr, da Arábia Saudita. Foto: Ahmed Yosri/ Reuters

Cristiano Ronaldo

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Uma ligação de Cristiano Ronaldo pode ter sido determinante para o fracasso do Botafogo. O astro português foi o responsável por convencer Luís Castro a deixar o clube carioca para treinar o Al-Nassr, da Arábia Saudita. CR7 queria o compatriota no comando do seu time.

Aposta em Lúcio Flávio

Depois de errar com Bruno Lage, português que substituiu sem competência seu compatriota Luís Castro e comandou o Botafogo em poucos jogos, a diretoria decidiu apostar em Lúcio Flávio. Ele deixou de ser auxiliar técnico permanente e virou treinador no início de outubro. O elenco sempre elogiou o ex-meio-campista, mas com ele foram poucos os resultados positivos. Na verdade, o time passou a amargar derrotas em sequência e perdeu toda a vantagem na liderança que havia construído. Foi com o ex-jogador que a equipe perdeu quatro jogos seguindo, incluindo as viradas sofridas para Palmeiras e Grêmio. Seu último jogo no comando foi o empate por 2 a 2 com o Bragantino. Textor o demitiu depois dessa partida.

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Até mesmo o craque do time, Tiquinho Soares, oscilou junto com o Botafogo Foto: Ricardo Moraes/Reuters

No escuro

O Botafogo entrou em uma maré de azar a partir do jogo com o Athletico-PR, em 22 de outubro. Foi essa partida que deu início a uma sequência irremediável de tropeços. Naquela noite, faltou luz no Estádio Olímpico Nilton Santos por diversas vezes e, após horas de espera e seguidas paralisações e retomadas, o duelo teve de continuar no dia seguinte, sem público. O placar se manteve inalterado: 1 a 1, mas as consequências seriam outras.

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Adiamento

A suspensão do jogo com o Athletico-PR obrigou o time a voltar a campo no dia seguinte. Com isso, para cumprir com as 66 horas de intervalo entre uma partida e outra, a CBF adiou o jogo com o Fortaleza - que jogaria, em tese, com time reserva uma vez que iria disputar no fim de semana a final da Sul-Americana. A partida só foi realizada em 23 de novembro, terminou empatada por 2 a 2 e marcou a perda da liderança para o Palmeiras.

Weverton

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O cronômetro mostrava 37 minutos do segundo tempo. O Botafogo ganhava por 3 a 1 e poderia marcar o quarto gol, liquidando a fatura. Tiquinho Soares e Weverton ficaram frente a frente para aquela cobrança de pênalti. Penalidades não são o forte do goleiro palmeirense, mas naquela noite sua atuação foi decisiva. O atacante botafoguense bateu rasteiro no canto inferior esquerdo. Weverton pegou. Aquele lance deu início à virada histórica do Palmeiras no Nilton Santos.

Viradas

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A incapacidade de o Botafogo segurar vitórias foi determinante para que o título escapasse. Duas viradas impressionantes amargadas num intervalo de dez dias se destacam em meio aos tropeços botafoguenses: os dois 4 a 3 sofridos para Palmeiras e Grêmio com requintes de crueldade, sobretudo diante do time alviverde, o qual vencia por 3 a 0 no primeiro tempo.

Destempero de John Textor

O Botafogo definhou em campo e deu vexame fora dele. A figura que comanda a SAF do clube considerou que o time foi prejudicado em várias rodadas e, por isso, atirou contra árbitros, o chefe da arbitragem, Wilson Seneme, o presidente da CBF, Ednaldo Rodrigues, e adversários. O magnata americano falou em “integridade do Brasileirão corrompida”, “repletos erros e abuso no processo” e divulgou um extenso relatório elaborado por uma consultoria em que contesta decisões da arbitragem em jogos do Botafogo e aponta que a equipe deveria ter 10 pontos a mais na tabela. Seu comportamento emocional não ajudou o time e lhe rendeu 30 dias de suspensão dada pelo STJD.

Os acréscimos

Nessa sequência negativa, o Botafogo fez seus torcedores passarem por momentos cruéis. Contra Palmeiras, Red Bull Bragantino, Santos e Coritiba, a equipe alvinegra sofreu gols nos minutos finais das partidas e viu pontos decisivos se perderam graças à desatenção e falta de brio de seus atletas.

Fraqueza emocional

Ao contrário do Palmeiras, time cuja força mental é uma das virtudes, o Botafogo ruiu emocionalmente e foi incapaz de se reerguer de duras derrotas. Os atletas imergiram em um profundo abatimento e não conseguiram sustentar vitórias improváveis de escapar. O episódio mais emblemático talvez tenha sido o empate com o Coritiba, sofrido no último lance, dois minutos depois de abrir o placar de pênalti.

Botafogo não conseguiu sustentar vantagens no placar e na tabela do Brasileirão. Foto: Rodolfo Buhrer/ Reuters

Queda de desempenho

Sem Luís Castro, foram poucos os bons momentos do Botafogo. A equipe tinha uma estratégia bem definida e muitos atletas viviam o seu auge técnico. O português saiu e o que se viu foi um time inseguro defensivamente, com dificuldade para criar e ineficiente no ataque. Antes melhor goleiro do campeonato, Lucas Perri começou a falhar, bem como Victor Cuesta. Marçal virou alvo de críticas e até o artilheiro e craque do time, Tiquinho Soares, cambaleou.

Segundo turno de time rebaixado

O Botafogo fez um primeiro turno memorável. Somou 47 pontos e chegou a se manter 13 pontos distante do segundo colocado. No returno, porém, desidratou ao ponto de fazer uma campanha semelhante às de Coritiba e América-MG, dois dos rebaixados à Série B. Foram apenas 18 pontos em 54 possíveis.

Desolado, Adryelson olha para os jogadores do Coritiba após sofrer gol de empate nos acréscimos. Foto: Rodolfo Buhrer/ Reuters

O último ato

O Botafogo reservou para ter diante de seus torcedores o último ato da campanha desastrosa do segundo turno. No domingo, o empate sem gols com o Cruzeiro colocou um ponto final no sonho do título nacional. O novo tropeço fez o time alvinegro acumular dez partidas seguidas sem vitória no Brasileirão.

Foram 31 rodadas na liderança do Brasileirão, destaques individuais que chegaram à seleção brasileira, futebol de alto nível que lhe credenciou a ganhar o título com bastante antecedência e uma vantagem na ponta que chegou a ser de 13 pontos. Porém, tudo desmoronou para o Botafogo no segundo turno, fazendo valer a frase célebre “há coisas que só acontecem ao Botafogo”, que foi apresentada à crônica esportiva em 1957 pelo jornalista Paulo Mendes Campos no texto “O Botafogo e eu”.

O Botafogo fez campanha de rebaixado no returno, levou viradas inacreditáveis até para os torcedores mais acostumados com o fracasso, deixou vitórias escaparem nos acréscimos e protagonizou derrocada histórica que resultou na perda do título brasileiro, provavelmente para o Palmeiras. O Estadão elencou 13 atos que, ao longo deste Brasileirão, ampararam o roteiro do derretimento do Botafogo e a perda do título nacional.

Dança das cadeiras

Na era dos pontos corridos, nenhum time foi campeão tendo mais do que três técnicos em seu comando ao longo da campanha. O Botafogo começou com o português Luís Castro, depois teve Claudio Caçapa em alguns jogos como interino até a contratação do também lusitano Bruno Lage. Mais tarde, contou com Lúcio Flávio como tampão e, sem os resultados, foi demitido para a chegada de Tiago Nunes.

Luís Castro dirige atualmente o Al-Nassr, da Arábia Saudita. Foto: Ahmed Yosri/ Reuters

Cristiano Ronaldo

Uma ligação de Cristiano Ronaldo pode ter sido determinante para o fracasso do Botafogo. O astro português foi o responsável por convencer Luís Castro a deixar o clube carioca para treinar o Al-Nassr, da Arábia Saudita. CR7 queria o compatriota no comando do seu time.

Aposta em Lúcio Flávio

Depois de errar com Bruno Lage, português que substituiu sem competência seu compatriota Luís Castro e comandou o Botafogo em poucos jogos, a diretoria decidiu apostar em Lúcio Flávio. Ele deixou de ser auxiliar técnico permanente e virou treinador no início de outubro. O elenco sempre elogiou o ex-meio-campista, mas com ele foram poucos os resultados positivos. Na verdade, o time passou a amargar derrotas em sequência e perdeu toda a vantagem na liderança que havia construído. Foi com o ex-jogador que a equipe perdeu quatro jogos seguindo, incluindo as viradas sofridas para Palmeiras e Grêmio. Seu último jogo no comando foi o empate por 2 a 2 com o Bragantino. Textor o demitiu depois dessa partida.

Até mesmo o craque do time, Tiquinho Soares, oscilou junto com o Botafogo Foto: Ricardo Moraes/Reuters

No escuro

O Botafogo entrou em uma maré de azar a partir do jogo com o Athletico-PR, em 22 de outubro. Foi essa partida que deu início a uma sequência irremediável de tropeços. Naquela noite, faltou luz no Estádio Olímpico Nilton Santos por diversas vezes e, após horas de espera e seguidas paralisações e retomadas, o duelo teve de continuar no dia seguinte, sem público. O placar se manteve inalterado: 1 a 1, mas as consequências seriam outras.

Adiamento

A suspensão do jogo com o Athletico-PR obrigou o time a voltar a campo no dia seguinte. Com isso, para cumprir com as 66 horas de intervalo entre uma partida e outra, a CBF adiou o jogo com o Fortaleza - que jogaria, em tese, com time reserva uma vez que iria disputar no fim de semana a final da Sul-Americana. A partida só foi realizada em 23 de novembro, terminou empatada por 2 a 2 e marcou a perda da liderança para o Palmeiras.

Weverton

O cronômetro mostrava 37 minutos do segundo tempo. O Botafogo ganhava por 3 a 1 e poderia marcar o quarto gol, liquidando a fatura. Tiquinho Soares e Weverton ficaram frente a frente para aquela cobrança de pênalti. Penalidades não são o forte do goleiro palmeirense, mas naquela noite sua atuação foi decisiva. O atacante botafoguense bateu rasteiro no canto inferior esquerdo. Weverton pegou. Aquele lance deu início à virada histórica do Palmeiras no Nilton Santos.

Viradas

A incapacidade de o Botafogo segurar vitórias foi determinante para que o título escapasse. Duas viradas impressionantes amargadas num intervalo de dez dias se destacam em meio aos tropeços botafoguenses: os dois 4 a 3 sofridos para Palmeiras e Grêmio com requintes de crueldade, sobretudo diante do time alviverde, o qual vencia por 3 a 0 no primeiro tempo.

Destempero de John Textor

O Botafogo definhou em campo e deu vexame fora dele. A figura que comanda a SAF do clube considerou que o time foi prejudicado em várias rodadas e, por isso, atirou contra árbitros, o chefe da arbitragem, Wilson Seneme, o presidente da CBF, Ednaldo Rodrigues, e adversários. O magnata americano falou em “integridade do Brasileirão corrompida”, “repletos erros e abuso no processo” e divulgou um extenso relatório elaborado por uma consultoria em que contesta decisões da arbitragem em jogos do Botafogo e aponta que a equipe deveria ter 10 pontos a mais na tabela. Seu comportamento emocional não ajudou o time e lhe rendeu 30 dias de suspensão dada pelo STJD.

Os acréscimos

Nessa sequência negativa, o Botafogo fez seus torcedores passarem por momentos cruéis. Contra Palmeiras, Red Bull Bragantino, Santos e Coritiba, a equipe alvinegra sofreu gols nos minutos finais das partidas e viu pontos decisivos se perderam graças à desatenção e falta de brio de seus atletas.

Fraqueza emocional

Ao contrário do Palmeiras, time cuja força mental é uma das virtudes, o Botafogo ruiu emocionalmente e foi incapaz de se reerguer de duras derrotas. Os atletas imergiram em um profundo abatimento e não conseguiram sustentar vitórias improváveis de escapar. O episódio mais emblemático talvez tenha sido o empate com o Coritiba, sofrido no último lance, dois minutos depois de abrir o placar de pênalti.

Botafogo não conseguiu sustentar vantagens no placar e na tabela do Brasileirão. Foto: Rodolfo Buhrer/ Reuters

Queda de desempenho

Sem Luís Castro, foram poucos os bons momentos do Botafogo. A equipe tinha uma estratégia bem definida e muitos atletas viviam o seu auge técnico. O português saiu e o que se viu foi um time inseguro defensivamente, com dificuldade para criar e ineficiente no ataque. Antes melhor goleiro do campeonato, Lucas Perri começou a falhar, bem como Victor Cuesta. Marçal virou alvo de críticas e até o artilheiro e craque do time, Tiquinho Soares, cambaleou.

Segundo turno de time rebaixado

O Botafogo fez um primeiro turno memorável. Somou 47 pontos e chegou a se manter 13 pontos distante do segundo colocado. No returno, porém, desidratou ao ponto de fazer uma campanha semelhante às de Coritiba e América-MG, dois dos rebaixados à Série B. Foram apenas 18 pontos em 54 possíveis.

Desolado, Adryelson olha para os jogadores do Coritiba após sofrer gol de empate nos acréscimos. Foto: Rodolfo Buhrer/ Reuters

O último ato

O Botafogo reservou para ter diante de seus torcedores o último ato da campanha desastrosa do segundo turno. No domingo, o empate sem gols com o Cruzeiro colocou um ponto final no sonho do título nacional. O novo tropeço fez o time alvinegro acumular dez partidas seguidas sem vitória no Brasileirão.

Foram 31 rodadas na liderança do Brasileirão, destaques individuais que chegaram à seleção brasileira, futebol de alto nível que lhe credenciou a ganhar o título com bastante antecedência e uma vantagem na ponta que chegou a ser de 13 pontos. Porém, tudo desmoronou para o Botafogo no segundo turno, fazendo valer a frase célebre “há coisas que só acontecem ao Botafogo”, que foi apresentada à crônica esportiva em 1957 pelo jornalista Paulo Mendes Campos no texto “O Botafogo e eu”.

O Botafogo fez campanha de rebaixado no returno, levou viradas inacreditáveis até para os torcedores mais acostumados com o fracasso, deixou vitórias escaparem nos acréscimos e protagonizou derrocada histórica que resultou na perda do título brasileiro, provavelmente para o Palmeiras. O Estadão elencou 13 atos que, ao longo deste Brasileirão, ampararam o roteiro do derretimento do Botafogo e a perda do título nacional.

Dança das cadeiras

Na era dos pontos corridos, nenhum time foi campeão tendo mais do que três técnicos em seu comando ao longo da campanha. O Botafogo começou com o português Luís Castro, depois teve Claudio Caçapa em alguns jogos como interino até a contratação do também lusitano Bruno Lage. Mais tarde, contou com Lúcio Flávio como tampão e, sem os resultados, foi demitido para a chegada de Tiago Nunes.

Luís Castro dirige atualmente o Al-Nassr, da Arábia Saudita. Foto: Ahmed Yosri/ Reuters

Cristiano Ronaldo

Uma ligação de Cristiano Ronaldo pode ter sido determinante para o fracasso do Botafogo. O astro português foi o responsável por convencer Luís Castro a deixar o clube carioca para treinar o Al-Nassr, da Arábia Saudita. CR7 queria o compatriota no comando do seu time.

Aposta em Lúcio Flávio

Depois de errar com Bruno Lage, português que substituiu sem competência seu compatriota Luís Castro e comandou o Botafogo em poucos jogos, a diretoria decidiu apostar em Lúcio Flávio. Ele deixou de ser auxiliar técnico permanente e virou treinador no início de outubro. O elenco sempre elogiou o ex-meio-campista, mas com ele foram poucos os resultados positivos. Na verdade, o time passou a amargar derrotas em sequência e perdeu toda a vantagem na liderança que havia construído. Foi com o ex-jogador que a equipe perdeu quatro jogos seguindo, incluindo as viradas sofridas para Palmeiras e Grêmio. Seu último jogo no comando foi o empate por 2 a 2 com o Bragantino. Textor o demitiu depois dessa partida.

Até mesmo o craque do time, Tiquinho Soares, oscilou junto com o Botafogo Foto: Ricardo Moraes/Reuters

No escuro

O Botafogo entrou em uma maré de azar a partir do jogo com o Athletico-PR, em 22 de outubro. Foi essa partida que deu início a uma sequência irremediável de tropeços. Naquela noite, faltou luz no Estádio Olímpico Nilton Santos por diversas vezes e, após horas de espera e seguidas paralisações e retomadas, o duelo teve de continuar no dia seguinte, sem público. O placar se manteve inalterado: 1 a 1, mas as consequências seriam outras.

Adiamento

A suspensão do jogo com o Athletico-PR obrigou o time a voltar a campo no dia seguinte. Com isso, para cumprir com as 66 horas de intervalo entre uma partida e outra, a CBF adiou o jogo com o Fortaleza - que jogaria, em tese, com time reserva uma vez que iria disputar no fim de semana a final da Sul-Americana. A partida só foi realizada em 23 de novembro, terminou empatada por 2 a 2 e marcou a perda da liderança para o Palmeiras.

Weverton

O cronômetro mostrava 37 minutos do segundo tempo. O Botafogo ganhava por 3 a 1 e poderia marcar o quarto gol, liquidando a fatura. Tiquinho Soares e Weverton ficaram frente a frente para aquela cobrança de pênalti. Penalidades não são o forte do goleiro palmeirense, mas naquela noite sua atuação foi decisiva. O atacante botafoguense bateu rasteiro no canto inferior esquerdo. Weverton pegou. Aquele lance deu início à virada histórica do Palmeiras no Nilton Santos.

Viradas

A incapacidade de o Botafogo segurar vitórias foi determinante para que o título escapasse. Duas viradas impressionantes amargadas num intervalo de dez dias se destacam em meio aos tropeços botafoguenses: os dois 4 a 3 sofridos para Palmeiras e Grêmio com requintes de crueldade, sobretudo diante do time alviverde, o qual vencia por 3 a 0 no primeiro tempo.

Destempero de John Textor

O Botafogo definhou em campo e deu vexame fora dele. A figura que comanda a SAF do clube considerou que o time foi prejudicado em várias rodadas e, por isso, atirou contra árbitros, o chefe da arbitragem, Wilson Seneme, o presidente da CBF, Ednaldo Rodrigues, e adversários. O magnata americano falou em “integridade do Brasileirão corrompida”, “repletos erros e abuso no processo” e divulgou um extenso relatório elaborado por uma consultoria em que contesta decisões da arbitragem em jogos do Botafogo e aponta que a equipe deveria ter 10 pontos a mais na tabela. Seu comportamento emocional não ajudou o time e lhe rendeu 30 dias de suspensão dada pelo STJD.

Os acréscimos

Nessa sequência negativa, o Botafogo fez seus torcedores passarem por momentos cruéis. Contra Palmeiras, Red Bull Bragantino, Santos e Coritiba, a equipe alvinegra sofreu gols nos minutos finais das partidas e viu pontos decisivos se perderam graças à desatenção e falta de brio de seus atletas.

Fraqueza emocional

Ao contrário do Palmeiras, time cuja força mental é uma das virtudes, o Botafogo ruiu emocionalmente e foi incapaz de se reerguer de duras derrotas. Os atletas imergiram em um profundo abatimento e não conseguiram sustentar vitórias improváveis de escapar. O episódio mais emblemático talvez tenha sido o empate com o Coritiba, sofrido no último lance, dois minutos depois de abrir o placar de pênalti.

Botafogo não conseguiu sustentar vantagens no placar e na tabela do Brasileirão. Foto: Rodolfo Buhrer/ Reuters

Queda de desempenho

Sem Luís Castro, foram poucos os bons momentos do Botafogo. A equipe tinha uma estratégia bem definida e muitos atletas viviam o seu auge técnico. O português saiu e o que se viu foi um time inseguro defensivamente, com dificuldade para criar e ineficiente no ataque. Antes melhor goleiro do campeonato, Lucas Perri começou a falhar, bem como Victor Cuesta. Marçal virou alvo de críticas e até o artilheiro e craque do time, Tiquinho Soares, cambaleou.

Segundo turno de time rebaixado

O Botafogo fez um primeiro turno memorável. Somou 47 pontos e chegou a se manter 13 pontos distante do segundo colocado. No returno, porém, desidratou ao ponto de fazer uma campanha semelhante às de Coritiba e América-MG, dois dos rebaixados à Série B. Foram apenas 18 pontos em 54 possíveis.

Desolado, Adryelson olha para os jogadores do Coritiba após sofrer gol de empate nos acréscimos. Foto: Rodolfo Buhrer/ Reuters

O último ato

O Botafogo reservou para ter diante de seus torcedores o último ato da campanha desastrosa do segundo turno. No domingo, o empate sem gols com o Cruzeiro colocou um ponto final no sonho do título nacional. O novo tropeço fez o time alvinegro acumular dez partidas seguidas sem vitória no Brasileirão.

Foram 31 rodadas na liderança do Brasileirão, destaques individuais que chegaram à seleção brasileira, futebol de alto nível que lhe credenciou a ganhar o título com bastante antecedência e uma vantagem na ponta que chegou a ser de 13 pontos. Porém, tudo desmoronou para o Botafogo no segundo turno, fazendo valer a frase célebre “há coisas que só acontecem ao Botafogo”, que foi apresentada à crônica esportiva em 1957 pelo jornalista Paulo Mendes Campos no texto “O Botafogo e eu”.

O Botafogo fez campanha de rebaixado no returno, levou viradas inacreditáveis até para os torcedores mais acostumados com o fracasso, deixou vitórias escaparem nos acréscimos e protagonizou derrocada histórica que resultou na perda do título brasileiro, provavelmente para o Palmeiras. O Estadão elencou 13 atos que, ao longo deste Brasileirão, ampararam o roteiro do derretimento do Botafogo e a perda do título nacional.

Dança das cadeiras

Na era dos pontos corridos, nenhum time foi campeão tendo mais do que três técnicos em seu comando ao longo da campanha. O Botafogo começou com o português Luís Castro, depois teve Claudio Caçapa em alguns jogos como interino até a contratação do também lusitano Bruno Lage. Mais tarde, contou com Lúcio Flávio como tampão e, sem os resultados, foi demitido para a chegada de Tiago Nunes.

Luís Castro dirige atualmente o Al-Nassr, da Arábia Saudita. Foto: Ahmed Yosri/ Reuters

Cristiano Ronaldo

Uma ligação de Cristiano Ronaldo pode ter sido determinante para o fracasso do Botafogo. O astro português foi o responsável por convencer Luís Castro a deixar o clube carioca para treinar o Al-Nassr, da Arábia Saudita. CR7 queria o compatriota no comando do seu time.

Aposta em Lúcio Flávio

Depois de errar com Bruno Lage, português que substituiu sem competência seu compatriota Luís Castro e comandou o Botafogo em poucos jogos, a diretoria decidiu apostar em Lúcio Flávio. Ele deixou de ser auxiliar técnico permanente e virou treinador no início de outubro. O elenco sempre elogiou o ex-meio-campista, mas com ele foram poucos os resultados positivos. Na verdade, o time passou a amargar derrotas em sequência e perdeu toda a vantagem na liderança que havia construído. Foi com o ex-jogador que a equipe perdeu quatro jogos seguindo, incluindo as viradas sofridas para Palmeiras e Grêmio. Seu último jogo no comando foi o empate por 2 a 2 com o Bragantino. Textor o demitiu depois dessa partida.

Até mesmo o craque do time, Tiquinho Soares, oscilou junto com o Botafogo Foto: Ricardo Moraes/Reuters

No escuro

O Botafogo entrou em uma maré de azar a partir do jogo com o Athletico-PR, em 22 de outubro. Foi essa partida que deu início a uma sequência irremediável de tropeços. Naquela noite, faltou luz no Estádio Olímpico Nilton Santos por diversas vezes e, após horas de espera e seguidas paralisações e retomadas, o duelo teve de continuar no dia seguinte, sem público. O placar se manteve inalterado: 1 a 1, mas as consequências seriam outras.

Adiamento

A suspensão do jogo com o Athletico-PR obrigou o time a voltar a campo no dia seguinte. Com isso, para cumprir com as 66 horas de intervalo entre uma partida e outra, a CBF adiou o jogo com o Fortaleza - que jogaria, em tese, com time reserva uma vez que iria disputar no fim de semana a final da Sul-Americana. A partida só foi realizada em 23 de novembro, terminou empatada por 2 a 2 e marcou a perda da liderança para o Palmeiras.

Weverton

O cronômetro mostrava 37 minutos do segundo tempo. O Botafogo ganhava por 3 a 1 e poderia marcar o quarto gol, liquidando a fatura. Tiquinho Soares e Weverton ficaram frente a frente para aquela cobrança de pênalti. Penalidades não são o forte do goleiro palmeirense, mas naquela noite sua atuação foi decisiva. O atacante botafoguense bateu rasteiro no canto inferior esquerdo. Weverton pegou. Aquele lance deu início à virada histórica do Palmeiras no Nilton Santos.

Viradas

A incapacidade de o Botafogo segurar vitórias foi determinante para que o título escapasse. Duas viradas impressionantes amargadas num intervalo de dez dias se destacam em meio aos tropeços botafoguenses: os dois 4 a 3 sofridos para Palmeiras e Grêmio com requintes de crueldade, sobretudo diante do time alviverde, o qual vencia por 3 a 0 no primeiro tempo.

Destempero de John Textor

O Botafogo definhou em campo e deu vexame fora dele. A figura que comanda a SAF do clube considerou que o time foi prejudicado em várias rodadas e, por isso, atirou contra árbitros, o chefe da arbitragem, Wilson Seneme, o presidente da CBF, Ednaldo Rodrigues, e adversários. O magnata americano falou em “integridade do Brasileirão corrompida”, “repletos erros e abuso no processo” e divulgou um extenso relatório elaborado por uma consultoria em que contesta decisões da arbitragem em jogos do Botafogo e aponta que a equipe deveria ter 10 pontos a mais na tabela. Seu comportamento emocional não ajudou o time e lhe rendeu 30 dias de suspensão dada pelo STJD.

Os acréscimos

Nessa sequência negativa, o Botafogo fez seus torcedores passarem por momentos cruéis. Contra Palmeiras, Red Bull Bragantino, Santos e Coritiba, a equipe alvinegra sofreu gols nos minutos finais das partidas e viu pontos decisivos se perderam graças à desatenção e falta de brio de seus atletas.

Fraqueza emocional

Ao contrário do Palmeiras, time cuja força mental é uma das virtudes, o Botafogo ruiu emocionalmente e foi incapaz de se reerguer de duras derrotas. Os atletas imergiram em um profundo abatimento e não conseguiram sustentar vitórias improváveis de escapar. O episódio mais emblemático talvez tenha sido o empate com o Coritiba, sofrido no último lance, dois minutos depois de abrir o placar de pênalti.

Botafogo não conseguiu sustentar vantagens no placar e na tabela do Brasileirão. Foto: Rodolfo Buhrer/ Reuters

Queda de desempenho

Sem Luís Castro, foram poucos os bons momentos do Botafogo. A equipe tinha uma estratégia bem definida e muitos atletas viviam o seu auge técnico. O português saiu e o que se viu foi um time inseguro defensivamente, com dificuldade para criar e ineficiente no ataque. Antes melhor goleiro do campeonato, Lucas Perri começou a falhar, bem como Victor Cuesta. Marçal virou alvo de críticas e até o artilheiro e craque do time, Tiquinho Soares, cambaleou.

Segundo turno de time rebaixado

O Botafogo fez um primeiro turno memorável. Somou 47 pontos e chegou a se manter 13 pontos distante do segundo colocado. No returno, porém, desidratou ao ponto de fazer uma campanha semelhante às de Coritiba e América-MG, dois dos rebaixados à Série B. Foram apenas 18 pontos em 54 possíveis.

Desolado, Adryelson olha para os jogadores do Coritiba após sofrer gol de empate nos acréscimos. Foto: Rodolfo Buhrer/ Reuters

O último ato

O Botafogo reservou para ter diante de seus torcedores o último ato da campanha desastrosa do segundo turno. No domingo, o empate sem gols com o Cruzeiro colocou um ponto final no sonho do título nacional. O novo tropeço fez o time alvinegro acumular dez partidas seguidas sem vitória no Brasileirão.

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