Prestes a participar da decisão de mais um título em sua vitoriosa carreira, o técnico Abel Ferreira mostrou respeito e admiração pela trajetória que levou o Água Santa a ser o adversário do Palmeiras na final do Paulistão, que começa a ser disputada neste domingo, às 16h, na Arena Barueri. A história do clube de Diadema, fundado como time de várzea na década de 1980 antes de se profissionalizar apenas em 2011, despertou identificação no treinador palmeirense e o fez relembrar de seus primeiros passos como jogador em Portugal.
“Pisei em grama aos 19 anos. Se vocês imaginassem a minha figura quando entrei em campo num gramado. Imaginem um moleque que entre os dez e os 19 anos só jogou na terra, até usava calções grossos porque adorava dar carrinho. Quando entrei no gramado, eu lembro que a bola não saltava, posso dar carrinhos à vontade. Minha formação como jogador veio da terra, veio da várzea”, contou Abel em entrevista coletiva na sede da FPF, ao lado de Thiago Carpini, treinador do Água Santa.
O respeito demonstrado pelo clube adversário estendeu-se a Carpini, com quem o português trocou elogios. Disse admirar as variações táticas propostas pelo jovem treinador brasileiro de 38 anos e deu a entender que gostaria de vê-lo treinando um clube de maior expressão.
“Eu particularmente gosto de jogar contra treinadores que você nunca sabe como vão jogar, que é o caso. Nós preparamos dois, três cenários, porque nunca joga da mesma maneira, acreditamos na probabilidade jogar de uma forma, mas preparamos outras também. Eu gosto muito do trabalho dele, não é por acaso que está na final. Sei que quem está deste lado gosta de dar demérito ao Bragantino ou ao São Paulo do que mérito aos menores. Eu já treinei clubes pequenos e sei do que estou falando”, exaltou Abel.
“Gosto da forma que ele prepara as equipes, tem alternância tática. Eu gosto, agora tem que perguntar aos dirigentes, que são eles que contratam. Gosto de treinadores com versatilidade, que é o caso”, continuou o português.
Carpini retribuiu os elogios e apontou o português como referência. “O Abel eleva nosso nível interno. É uma referência para mim, falo muito nas minhas entrevista. Perdemos muito tempo criticando o trabalho de treinadores estrangeiros. Eles conquistaram ,fizeram por merecer. Os números falam por si, é um time que se acostumou a vencer”, afirmou o técnico que terá o desafio de bater um dos times mais vitoriosos do Brasil nos últimos anos.
Ao longo da coletiva, que também contou com a presença de Gustavo Gómez e Bruno Mezenga, capitães dos finalistas, e de Edina Batista e Raphael Claus, árbitros das duas finais, o português disse aceitar a clara condição de favorito atribuída ao seu time, mas afirmou que não vê uma possível vitória do Água Santa como um cenário tão improvável. Além disso, aproveitou para exaltar a qualidade dos clubes menores do futebol paulista.
“Eu acho que só é inimaginável quando não imaginas. Quando não imagina, é impossível chegar. O futebol é mágico nisso. Jogamos contra o Ituano, que criou dificuldades, sabemos muito bem. São Bernardo também. O Água Santa é bem treinado, procura fazer história, os jogadores querem fazer o jogo da carreira deles para fazer novos contratos”, disse.
“Para ser competitivo, ser ambicioso, não é preciso talento, é preciso vontade. Se nós, dentro de campo, igualarmos a vontade deles, se dentro do campo igualarmos, acredito que teremos a situação ao nosso favor”, completou.