Antero Greco, comentarista da ESPN e ex-editor do Estadão, morre aos 69 anos


Jornalista havia descoberto um tumor no cérebro há cerca de dois anos; parceria com Paulo Soares, o Amigão, marcou época na TV

Por Marcos Antomil e Ricardo Magatti
Atualização:

O jornalista Antero Greco morreu na madrugada desta quinta-feira, 16, aos 69 anos, por complicações decorrentes de um tumor no cérebro, contra o qual lutou por quase dois anos. Ele estava internado no Hospital Beneficência Portuguesa, em São Paulo, havia meses para tratar a doença. Uma das figuras mais conhecidas do jornalismo esportivo, o experiente comentarista marcou época em parceria com Paulo Soares, o Amigão, no comando do programa SportsCenter, da ESPN, e como repórter, editor e colunista do Estadão. Antero deixa a mulher, Leila, e seus dois filhos, João e Maria Cristina.

A despedida de Antero será no Cemitério do Redentor, em São Paulo, ao meio-dia desta quinta-feira. O enterro está previsto para as 16h.

Na última semana, Paulo Soares, parceiro de bancada e de vida de Antero, escreveu um relato emocionado sobre o amigo na coluna do jornalista Juca Kfouri, no Uol. Foi ele que revelou que o quadro de saúde do colega era grave e irreversível. “Infelizmente o meu grande amigo e de todos nós, Antero Greco, está em seus dias finais. Tumor cerebral. Lutou desde junho de 22, mas agora não há mais o que fazer”, relatou.

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Nos últimos meses, Antero diminuiu a frequência de suas participações na programação do canal esportivo. O jornalista fazia seus comentários preferencialmente de casa. Ele estava tratando um tumor no cérebro desde junho de 2022 que o impediu que voltasse aos estúdios e trabalhasse plenamente.

Antero Greco trabalhou no Estadão por mais de quatro décadas - 17/02/2010. Foto: Felipe Rau/AE

Em setembro de 2022, passou mal ao vivo durante o SportsCenter. “Exames foram feitos e se constatou um corpo estranho aqui, na cuca. Fui internado em urgência e operado. Dois meses depois, fazendo exames de rotina, mostrou que sobrou ‘um treco da gororoba’, então deveria ser submetido a uma segunda operação, sem prazo definido”, explicou à época.

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“Exame aqui, biópsia aqui e acolá, a coisa ia de ‘médio’ para ‘grave a gravíssimo’ e para ‘coisa muito ruim’, depois foi rebaixado para ‘grave’. Fiz radioterapia e quimioterapia”, disse Antero em maio de 2023, quando voltou a trabalhar ocasionalmente nos estúdios da ESPN.

Trajetória de Antero Greco

Nascido em 2 de junho de 1954, filho de imigrantes italianos e paulistano do bairro do Bom Retiro, onde passou toda a sua vida, Antero Greco poderia ter sido padre. Mas o então adolescente rejeitou a batina e, a contragosto da mãe, Ernestina, e do pai, João, foi estudar Jornalismo na ECA-USP. Sua escolha estava certa, já que foi um dos mais brilhantes jornalistas esportivos, com uma escrita fina e primorosa.

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Antero dedicou 44 de seus 69 anos ao Estadão, no qual começou a sua carreira, como revisor de anúncios em madrugadas de fim de semana, em 1974.. Na editoria de Esportes, foi repórter, chefe de reportagem, repórter especial, editor assistente, editor e colunista, cargo que ocupou até novembro de 2018, quando encerrou sua “parceria de vida” com a empresa, como escreveu quando deixou o jornal. Camisa das redações esportivas, ele jogou em todas, com elegância, profissionalismo e maestria.

Antero Greco, na redação do Estadão, onde exerceu diversos cargos, como revisor, repórter, editor e colunista - 15/01/2010. Foto: Leonardo Soares/AE

“Por mim, a ESPN terá de me aturar muito tempo ainda, da mesma forma que o Estadão, porque não largo o osso tão facilmente. Só quando ficar velhinho, desde que a gastrite e dores várias deixem. Assim como minha mulher carregará este fardo (leve, vai) por pelo menos mais uns 40 anos. Amém e obrigado”, escreveu o jornalista, em uma de suas centenas de colunas, em 2014.

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Sensível, gentil, inteligente, altivo e bem-humorado, Antero também trabalhou no Diário Popular e teve breve passagem pelo extinto Popular da Tarde, além da Folha de S.Paulo e da Band, em cujas transmissões comentava o Campeonato Italiano. À época, Antero era um dos que mais conhecia o futebol da Itália no Brasil. Mas as ligações mais fortes do palmeirense Anterito, como era chamado por Paulo Soares, foram mesmo com o Estadão e com a ESPN.

Antero amava literatura e escreveu dois livros: ‘Seleção Nunca Vista’ e ‘A Goleada’. Ele chegou a estudar Letras, também na USP, mas não concluiu a graduação porque quis focar no Jornalismo. Em sua casa, tinha uma coleção de mais de 10 mil exemplares. Cobriu 10 edições de Copa do Mundo, a primeira delas na Espanha, em 1982.

Sua última coluna no Estadão, entre as quase 2 mil escritas, foi publicada em 14 de novembro de 2018. O texto era sobre a iminência do décimo título brasileiro do Palmeiras, do qual era torcedor, ainda que não gostasse que sua paixão pelo time alviverde viesse à tona. Discreto, ele se incomodou por muito tempo quando associavam sua imagem ao Palmeiras, mesmo que fosse um dos milhões de palestrinos.

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“O cara que me lê ou me ouve vai concordar ou discordar comigo porque o que eu falei não está correto ou está, não porque eu sou palmeirense, corintiano, são-paulino ou santista”, explicou no ano passado. “Da mesma forma, quero saber do repórter de economia se o que ele escreveu é embasado. Isso é o que importa, não misturar o gosto da gente”.

Em sua derradeira coluna, Antero se emocionou ao se despedir do jornal em que trabalhou por mais de quatro décadas. “Cai uma lágrima, claro, pois não se rompe uma relação de vida inteira sem aperto no coração”, escreveu.

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Parceria com o Amigão

Figura muito conhecida no jornalismo esportivo, Antero formou com Paulo Soares, o Amigão, uma das parcerias mais duradouras e célebres da televisão brasileira. Ao longo de mais de 20 anos, os inseparáveis parceiros informaram as notícias ao telespectador dos canais ESPN de uma forma irreverente e descontraída sem abrir mão do profissionalismo.

Era comum terem crises de riso ao vivo, por diferentes motivos - como uma palavra que virava uma piada fálica - que acabavam se tornando virais e divertiam quem os assistia. O telejornal do fim de noite, por essa descontração, profissionalismo e harmonia da dupla, virou marca registrada da ESPN. Os dois brincavam e caíam na gargalhada, mas sem passar do limite. Foram 30 anos de Antero na ESPN, que se chamava TVA Esportes quando o jornalista começou na emissora, em 1994, como um dos primeiros membros a lá trabalhar.

“A gente percebe que as pessoas nos curtem pela nossa imagem sincera e verdadeira. A gente não faz gênero. Não criamos personagens. Somos nós lá”, afirmou Antero, ao Estadão, em 2021. Ele dizia tomar o cuidado de conferir leveza à notícia sem ser leviano. “O jornal é 99,9% sério. O 0,1% que tem a leveza, a brincadeira, que é algo natural nosso, não é programado. Tem de ser espontâneo. Não somos atores”.

Fez história ao lado do Amigão ao entrar todas as noites nas casas dos telespectadores. Não só mantinha acordados quem os assistia, mas, com o parceiro de duas décadas, ao vivo, Antero informava e divertia como poucos. Daí o sentimento, para muitos, de que se perde hoje alguém próximo, um amigo tão longínquo.

O jornalista Antero Greco morreu na madrugada desta quinta-feira, 16, aos 69 anos, por complicações decorrentes de um tumor no cérebro, contra o qual lutou por quase dois anos. Ele estava internado no Hospital Beneficência Portuguesa, em São Paulo, havia meses para tratar a doença. Uma das figuras mais conhecidas do jornalismo esportivo, o experiente comentarista marcou época em parceria com Paulo Soares, o Amigão, no comando do programa SportsCenter, da ESPN, e como repórter, editor e colunista do Estadão. Antero deixa a mulher, Leila, e seus dois filhos, João e Maria Cristina.

A despedida de Antero será no Cemitério do Redentor, em São Paulo, ao meio-dia desta quinta-feira. O enterro está previsto para as 16h.

Na última semana, Paulo Soares, parceiro de bancada e de vida de Antero, escreveu um relato emocionado sobre o amigo na coluna do jornalista Juca Kfouri, no Uol. Foi ele que revelou que o quadro de saúde do colega era grave e irreversível. “Infelizmente o meu grande amigo e de todos nós, Antero Greco, está em seus dias finais. Tumor cerebral. Lutou desde junho de 22, mas agora não há mais o que fazer”, relatou.

Nos últimos meses, Antero diminuiu a frequência de suas participações na programação do canal esportivo. O jornalista fazia seus comentários preferencialmente de casa. Ele estava tratando um tumor no cérebro desde junho de 2022 que o impediu que voltasse aos estúdios e trabalhasse plenamente.

Antero Greco trabalhou no Estadão por mais de quatro décadas - 17/02/2010. Foto: Felipe Rau/AE

Em setembro de 2022, passou mal ao vivo durante o SportsCenter. “Exames foram feitos e se constatou um corpo estranho aqui, na cuca. Fui internado em urgência e operado. Dois meses depois, fazendo exames de rotina, mostrou que sobrou ‘um treco da gororoba’, então deveria ser submetido a uma segunda operação, sem prazo definido”, explicou à época.

“Exame aqui, biópsia aqui e acolá, a coisa ia de ‘médio’ para ‘grave a gravíssimo’ e para ‘coisa muito ruim’, depois foi rebaixado para ‘grave’. Fiz radioterapia e quimioterapia”, disse Antero em maio de 2023, quando voltou a trabalhar ocasionalmente nos estúdios da ESPN.

Trajetória de Antero Greco

Nascido em 2 de junho de 1954, filho de imigrantes italianos e paulistano do bairro do Bom Retiro, onde passou toda a sua vida, Antero Greco poderia ter sido padre. Mas o então adolescente rejeitou a batina e, a contragosto da mãe, Ernestina, e do pai, João, foi estudar Jornalismo na ECA-USP. Sua escolha estava certa, já que foi um dos mais brilhantes jornalistas esportivos, com uma escrita fina e primorosa.

Antero dedicou 44 de seus 69 anos ao Estadão, no qual começou a sua carreira, como revisor de anúncios em madrugadas de fim de semana, em 1974.. Na editoria de Esportes, foi repórter, chefe de reportagem, repórter especial, editor assistente, editor e colunista, cargo que ocupou até novembro de 2018, quando encerrou sua “parceria de vida” com a empresa, como escreveu quando deixou o jornal. Camisa das redações esportivas, ele jogou em todas, com elegância, profissionalismo e maestria.

Antero Greco, na redação do Estadão, onde exerceu diversos cargos, como revisor, repórter, editor e colunista - 15/01/2010. Foto: Leonardo Soares/AE

“Por mim, a ESPN terá de me aturar muito tempo ainda, da mesma forma que o Estadão, porque não largo o osso tão facilmente. Só quando ficar velhinho, desde que a gastrite e dores várias deixem. Assim como minha mulher carregará este fardo (leve, vai) por pelo menos mais uns 40 anos. Amém e obrigado”, escreveu o jornalista, em uma de suas centenas de colunas, em 2014.

Sensível, gentil, inteligente, altivo e bem-humorado, Antero também trabalhou no Diário Popular e teve breve passagem pelo extinto Popular da Tarde, além da Folha de S.Paulo e da Band, em cujas transmissões comentava o Campeonato Italiano. À época, Antero era um dos que mais conhecia o futebol da Itália no Brasil. Mas as ligações mais fortes do palmeirense Anterito, como era chamado por Paulo Soares, foram mesmo com o Estadão e com a ESPN.

Antero amava literatura e escreveu dois livros: ‘Seleção Nunca Vista’ e ‘A Goleada’. Ele chegou a estudar Letras, também na USP, mas não concluiu a graduação porque quis focar no Jornalismo. Em sua casa, tinha uma coleção de mais de 10 mil exemplares. Cobriu 10 edições de Copa do Mundo, a primeira delas na Espanha, em 1982.

Sua última coluna no Estadão, entre as quase 2 mil escritas, foi publicada em 14 de novembro de 2018. O texto era sobre a iminência do décimo título brasileiro do Palmeiras, do qual era torcedor, ainda que não gostasse que sua paixão pelo time alviverde viesse à tona. Discreto, ele se incomodou por muito tempo quando associavam sua imagem ao Palmeiras, mesmo que fosse um dos milhões de palestrinos.

“O cara que me lê ou me ouve vai concordar ou discordar comigo porque o que eu falei não está correto ou está, não porque eu sou palmeirense, corintiano, são-paulino ou santista”, explicou no ano passado. “Da mesma forma, quero saber do repórter de economia se o que ele escreveu é embasado. Isso é o que importa, não misturar o gosto da gente”.

Em sua derradeira coluna, Antero se emocionou ao se despedir do jornal em que trabalhou por mais de quatro décadas. “Cai uma lágrima, claro, pois não se rompe uma relação de vida inteira sem aperto no coração”, escreveu.

Parceria com o Amigão

Figura muito conhecida no jornalismo esportivo, Antero formou com Paulo Soares, o Amigão, uma das parcerias mais duradouras e célebres da televisão brasileira. Ao longo de mais de 20 anos, os inseparáveis parceiros informaram as notícias ao telespectador dos canais ESPN de uma forma irreverente e descontraída sem abrir mão do profissionalismo.

Era comum terem crises de riso ao vivo, por diferentes motivos - como uma palavra que virava uma piada fálica - que acabavam se tornando virais e divertiam quem os assistia. O telejornal do fim de noite, por essa descontração, profissionalismo e harmonia da dupla, virou marca registrada da ESPN. Os dois brincavam e caíam na gargalhada, mas sem passar do limite. Foram 30 anos de Antero na ESPN, que se chamava TVA Esportes quando o jornalista começou na emissora, em 1994, como um dos primeiros membros a lá trabalhar.

“A gente percebe que as pessoas nos curtem pela nossa imagem sincera e verdadeira. A gente não faz gênero. Não criamos personagens. Somos nós lá”, afirmou Antero, ao Estadão, em 2021. Ele dizia tomar o cuidado de conferir leveza à notícia sem ser leviano. “O jornal é 99,9% sério. O 0,1% que tem a leveza, a brincadeira, que é algo natural nosso, não é programado. Tem de ser espontâneo. Não somos atores”.

Fez história ao lado do Amigão ao entrar todas as noites nas casas dos telespectadores. Não só mantinha acordados quem os assistia, mas, com o parceiro de duas décadas, ao vivo, Antero informava e divertia como poucos. Daí o sentimento, para muitos, de que se perde hoje alguém próximo, um amigo tão longínquo.

O jornalista Antero Greco morreu na madrugada desta quinta-feira, 16, aos 69 anos, por complicações decorrentes de um tumor no cérebro, contra o qual lutou por quase dois anos. Ele estava internado no Hospital Beneficência Portuguesa, em São Paulo, havia meses para tratar a doença. Uma das figuras mais conhecidas do jornalismo esportivo, o experiente comentarista marcou época em parceria com Paulo Soares, o Amigão, no comando do programa SportsCenter, da ESPN, e como repórter, editor e colunista do Estadão. Antero deixa a mulher, Leila, e seus dois filhos, João e Maria Cristina.

A despedida de Antero será no Cemitério do Redentor, em São Paulo, ao meio-dia desta quinta-feira. O enterro está previsto para as 16h.

Na última semana, Paulo Soares, parceiro de bancada e de vida de Antero, escreveu um relato emocionado sobre o amigo na coluna do jornalista Juca Kfouri, no Uol. Foi ele que revelou que o quadro de saúde do colega era grave e irreversível. “Infelizmente o meu grande amigo e de todos nós, Antero Greco, está em seus dias finais. Tumor cerebral. Lutou desde junho de 22, mas agora não há mais o que fazer”, relatou.

Nos últimos meses, Antero diminuiu a frequência de suas participações na programação do canal esportivo. O jornalista fazia seus comentários preferencialmente de casa. Ele estava tratando um tumor no cérebro desde junho de 2022 que o impediu que voltasse aos estúdios e trabalhasse plenamente.

Antero Greco trabalhou no Estadão por mais de quatro décadas - 17/02/2010. Foto: Felipe Rau/AE

Em setembro de 2022, passou mal ao vivo durante o SportsCenter. “Exames foram feitos e se constatou um corpo estranho aqui, na cuca. Fui internado em urgência e operado. Dois meses depois, fazendo exames de rotina, mostrou que sobrou ‘um treco da gororoba’, então deveria ser submetido a uma segunda operação, sem prazo definido”, explicou à época.

“Exame aqui, biópsia aqui e acolá, a coisa ia de ‘médio’ para ‘grave a gravíssimo’ e para ‘coisa muito ruim’, depois foi rebaixado para ‘grave’. Fiz radioterapia e quimioterapia”, disse Antero em maio de 2023, quando voltou a trabalhar ocasionalmente nos estúdios da ESPN.

Trajetória de Antero Greco

Nascido em 2 de junho de 1954, filho de imigrantes italianos e paulistano do bairro do Bom Retiro, onde passou toda a sua vida, Antero Greco poderia ter sido padre. Mas o então adolescente rejeitou a batina e, a contragosto da mãe, Ernestina, e do pai, João, foi estudar Jornalismo na ECA-USP. Sua escolha estava certa, já que foi um dos mais brilhantes jornalistas esportivos, com uma escrita fina e primorosa.

Antero dedicou 44 de seus 69 anos ao Estadão, no qual começou a sua carreira, como revisor de anúncios em madrugadas de fim de semana, em 1974.. Na editoria de Esportes, foi repórter, chefe de reportagem, repórter especial, editor assistente, editor e colunista, cargo que ocupou até novembro de 2018, quando encerrou sua “parceria de vida” com a empresa, como escreveu quando deixou o jornal. Camisa das redações esportivas, ele jogou em todas, com elegância, profissionalismo e maestria.

Antero Greco, na redação do Estadão, onde exerceu diversos cargos, como revisor, repórter, editor e colunista - 15/01/2010. Foto: Leonardo Soares/AE

“Por mim, a ESPN terá de me aturar muito tempo ainda, da mesma forma que o Estadão, porque não largo o osso tão facilmente. Só quando ficar velhinho, desde que a gastrite e dores várias deixem. Assim como minha mulher carregará este fardo (leve, vai) por pelo menos mais uns 40 anos. Amém e obrigado”, escreveu o jornalista, em uma de suas centenas de colunas, em 2014.

Sensível, gentil, inteligente, altivo e bem-humorado, Antero também trabalhou no Diário Popular e teve breve passagem pelo extinto Popular da Tarde, além da Folha de S.Paulo e da Band, em cujas transmissões comentava o Campeonato Italiano. À época, Antero era um dos que mais conhecia o futebol da Itália no Brasil. Mas as ligações mais fortes do palmeirense Anterito, como era chamado por Paulo Soares, foram mesmo com o Estadão e com a ESPN.

Antero amava literatura e escreveu dois livros: ‘Seleção Nunca Vista’ e ‘A Goleada’. Ele chegou a estudar Letras, também na USP, mas não concluiu a graduação porque quis focar no Jornalismo. Em sua casa, tinha uma coleção de mais de 10 mil exemplares. Cobriu 10 edições de Copa do Mundo, a primeira delas na Espanha, em 1982.

Sua última coluna no Estadão, entre as quase 2 mil escritas, foi publicada em 14 de novembro de 2018. O texto era sobre a iminência do décimo título brasileiro do Palmeiras, do qual era torcedor, ainda que não gostasse que sua paixão pelo time alviverde viesse à tona. Discreto, ele se incomodou por muito tempo quando associavam sua imagem ao Palmeiras, mesmo que fosse um dos milhões de palestrinos.

“O cara que me lê ou me ouve vai concordar ou discordar comigo porque o que eu falei não está correto ou está, não porque eu sou palmeirense, corintiano, são-paulino ou santista”, explicou no ano passado. “Da mesma forma, quero saber do repórter de economia se o que ele escreveu é embasado. Isso é o que importa, não misturar o gosto da gente”.

Em sua derradeira coluna, Antero se emocionou ao se despedir do jornal em que trabalhou por mais de quatro décadas. “Cai uma lágrima, claro, pois não se rompe uma relação de vida inteira sem aperto no coração”, escreveu.

Parceria com o Amigão

Figura muito conhecida no jornalismo esportivo, Antero formou com Paulo Soares, o Amigão, uma das parcerias mais duradouras e célebres da televisão brasileira. Ao longo de mais de 20 anos, os inseparáveis parceiros informaram as notícias ao telespectador dos canais ESPN de uma forma irreverente e descontraída sem abrir mão do profissionalismo.

Era comum terem crises de riso ao vivo, por diferentes motivos - como uma palavra que virava uma piada fálica - que acabavam se tornando virais e divertiam quem os assistia. O telejornal do fim de noite, por essa descontração, profissionalismo e harmonia da dupla, virou marca registrada da ESPN. Os dois brincavam e caíam na gargalhada, mas sem passar do limite. Foram 30 anos de Antero na ESPN, que se chamava TVA Esportes quando o jornalista começou na emissora, em 1994, como um dos primeiros membros a lá trabalhar.

“A gente percebe que as pessoas nos curtem pela nossa imagem sincera e verdadeira. A gente não faz gênero. Não criamos personagens. Somos nós lá”, afirmou Antero, ao Estadão, em 2021. Ele dizia tomar o cuidado de conferir leveza à notícia sem ser leviano. “O jornal é 99,9% sério. O 0,1% que tem a leveza, a brincadeira, que é algo natural nosso, não é programado. Tem de ser espontâneo. Não somos atores”.

Fez história ao lado do Amigão ao entrar todas as noites nas casas dos telespectadores. Não só mantinha acordados quem os assistia, mas, com o parceiro de duas décadas, ao vivo, Antero informava e divertia como poucos. Daí o sentimento, para muitos, de que se perde hoje alguém próximo, um amigo tão longínquo.

O jornalista Antero Greco morreu na madrugada desta quinta-feira, 16, aos 69 anos, por complicações decorrentes de um tumor no cérebro, contra o qual lutou por quase dois anos. Ele estava internado no Hospital Beneficência Portuguesa, em São Paulo, havia meses para tratar a doença. Uma das figuras mais conhecidas do jornalismo esportivo, o experiente comentarista marcou época em parceria com Paulo Soares, o Amigão, no comando do programa SportsCenter, da ESPN, e como repórter, editor e colunista do Estadão. Antero deixa a mulher, Leila, e seus dois filhos, João e Maria Cristina.

A despedida de Antero será no Cemitério do Redentor, em São Paulo, ao meio-dia desta quinta-feira. O enterro está previsto para as 16h.

Na última semana, Paulo Soares, parceiro de bancada e de vida de Antero, escreveu um relato emocionado sobre o amigo na coluna do jornalista Juca Kfouri, no Uol. Foi ele que revelou que o quadro de saúde do colega era grave e irreversível. “Infelizmente o meu grande amigo e de todos nós, Antero Greco, está em seus dias finais. Tumor cerebral. Lutou desde junho de 22, mas agora não há mais o que fazer”, relatou.

Nos últimos meses, Antero diminuiu a frequência de suas participações na programação do canal esportivo. O jornalista fazia seus comentários preferencialmente de casa. Ele estava tratando um tumor no cérebro desde junho de 2022 que o impediu que voltasse aos estúdios e trabalhasse plenamente.

Antero Greco trabalhou no Estadão por mais de quatro décadas - 17/02/2010. Foto: Felipe Rau/AE

Em setembro de 2022, passou mal ao vivo durante o SportsCenter. “Exames foram feitos e se constatou um corpo estranho aqui, na cuca. Fui internado em urgência e operado. Dois meses depois, fazendo exames de rotina, mostrou que sobrou ‘um treco da gororoba’, então deveria ser submetido a uma segunda operação, sem prazo definido”, explicou à época.

“Exame aqui, biópsia aqui e acolá, a coisa ia de ‘médio’ para ‘grave a gravíssimo’ e para ‘coisa muito ruim’, depois foi rebaixado para ‘grave’. Fiz radioterapia e quimioterapia”, disse Antero em maio de 2023, quando voltou a trabalhar ocasionalmente nos estúdios da ESPN.

Trajetória de Antero Greco

Nascido em 2 de junho de 1954, filho de imigrantes italianos e paulistano do bairro do Bom Retiro, onde passou toda a sua vida, Antero Greco poderia ter sido padre. Mas o então adolescente rejeitou a batina e, a contragosto da mãe, Ernestina, e do pai, João, foi estudar Jornalismo na ECA-USP. Sua escolha estava certa, já que foi um dos mais brilhantes jornalistas esportivos, com uma escrita fina e primorosa.

Antero dedicou 44 de seus 69 anos ao Estadão, no qual começou a sua carreira, como revisor de anúncios em madrugadas de fim de semana, em 1974.. Na editoria de Esportes, foi repórter, chefe de reportagem, repórter especial, editor assistente, editor e colunista, cargo que ocupou até novembro de 2018, quando encerrou sua “parceria de vida” com a empresa, como escreveu quando deixou o jornal. Camisa das redações esportivas, ele jogou em todas, com elegância, profissionalismo e maestria.

Antero Greco, na redação do Estadão, onde exerceu diversos cargos, como revisor, repórter, editor e colunista - 15/01/2010. Foto: Leonardo Soares/AE

“Por mim, a ESPN terá de me aturar muito tempo ainda, da mesma forma que o Estadão, porque não largo o osso tão facilmente. Só quando ficar velhinho, desde que a gastrite e dores várias deixem. Assim como minha mulher carregará este fardo (leve, vai) por pelo menos mais uns 40 anos. Amém e obrigado”, escreveu o jornalista, em uma de suas centenas de colunas, em 2014.

Sensível, gentil, inteligente, altivo e bem-humorado, Antero também trabalhou no Diário Popular e teve breve passagem pelo extinto Popular da Tarde, além da Folha de S.Paulo e da Band, em cujas transmissões comentava o Campeonato Italiano. À época, Antero era um dos que mais conhecia o futebol da Itália no Brasil. Mas as ligações mais fortes do palmeirense Anterito, como era chamado por Paulo Soares, foram mesmo com o Estadão e com a ESPN.

Antero amava literatura e escreveu dois livros: ‘Seleção Nunca Vista’ e ‘A Goleada’. Ele chegou a estudar Letras, também na USP, mas não concluiu a graduação porque quis focar no Jornalismo. Em sua casa, tinha uma coleção de mais de 10 mil exemplares. Cobriu 10 edições de Copa do Mundo, a primeira delas na Espanha, em 1982.

Sua última coluna no Estadão, entre as quase 2 mil escritas, foi publicada em 14 de novembro de 2018. O texto era sobre a iminência do décimo título brasileiro do Palmeiras, do qual era torcedor, ainda que não gostasse que sua paixão pelo time alviverde viesse à tona. Discreto, ele se incomodou por muito tempo quando associavam sua imagem ao Palmeiras, mesmo que fosse um dos milhões de palestrinos.

“O cara que me lê ou me ouve vai concordar ou discordar comigo porque o que eu falei não está correto ou está, não porque eu sou palmeirense, corintiano, são-paulino ou santista”, explicou no ano passado. “Da mesma forma, quero saber do repórter de economia se o que ele escreveu é embasado. Isso é o que importa, não misturar o gosto da gente”.

Em sua derradeira coluna, Antero se emocionou ao se despedir do jornal em que trabalhou por mais de quatro décadas. “Cai uma lágrima, claro, pois não se rompe uma relação de vida inteira sem aperto no coração”, escreveu.

Parceria com o Amigão

Figura muito conhecida no jornalismo esportivo, Antero formou com Paulo Soares, o Amigão, uma das parcerias mais duradouras e célebres da televisão brasileira. Ao longo de mais de 20 anos, os inseparáveis parceiros informaram as notícias ao telespectador dos canais ESPN de uma forma irreverente e descontraída sem abrir mão do profissionalismo.

Era comum terem crises de riso ao vivo, por diferentes motivos - como uma palavra que virava uma piada fálica - que acabavam se tornando virais e divertiam quem os assistia. O telejornal do fim de noite, por essa descontração, profissionalismo e harmonia da dupla, virou marca registrada da ESPN. Os dois brincavam e caíam na gargalhada, mas sem passar do limite. Foram 30 anos de Antero na ESPN, que se chamava TVA Esportes quando o jornalista começou na emissora, em 1994, como um dos primeiros membros a lá trabalhar.

“A gente percebe que as pessoas nos curtem pela nossa imagem sincera e verdadeira. A gente não faz gênero. Não criamos personagens. Somos nós lá”, afirmou Antero, ao Estadão, em 2021. Ele dizia tomar o cuidado de conferir leveza à notícia sem ser leviano. “O jornal é 99,9% sério. O 0,1% que tem a leveza, a brincadeira, que é algo natural nosso, não é programado. Tem de ser espontâneo. Não somos atores”.

Fez história ao lado do Amigão ao entrar todas as noites nas casas dos telespectadores. Não só mantinha acordados quem os assistia, mas, com o parceiro de duas décadas, ao vivo, Antero informava e divertia como poucos. Daí o sentimento, para muitos, de que se perde hoje alguém próximo, um amigo tão longínquo.

O jornalista Antero Greco morreu na madrugada desta quinta-feira, 16, aos 69 anos, por complicações decorrentes de um tumor no cérebro, contra o qual lutou por quase dois anos. Ele estava internado no Hospital Beneficência Portuguesa, em São Paulo, havia meses para tratar a doença. Uma das figuras mais conhecidas do jornalismo esportivo, o experiente comentarista marcou época em parceria com Paulo Soares, o Amigão, no comando do programa SportsCenter, da ESPN, e como repórter, editor e colunista do Estadão. Antero deixa a mulher, Leila, e seus dois filhos, João e Maria Cristina.

A despedida de Antero será no Cemitério do Redentor, em São Paulo, ao meio-dia desta quinta-feira. O enterro está previsto para as 16h.

Na última semana, Paulo Soares, parceiro de bancada e de vida de Antero, escreveu um relato emocionado sobre o amigo na coluna do jornalista Juca Kfouri, no Uol. Foi ele que revelou que o quadro de saúde do colega era grave e irreversível. “Infelizmente o meu grande amigo e de todos nós, Antero Greco, está em seus dias finais. Tumor cerebral. Lutou desde junho de 22, mas agora não há mais o que fazer”, relatou.

Nos últimos meses, Antero diminuiu a frequência de suas participações na programação do canal esportivo. O jornalista fazia seus comentários preferencialmente de casa. Ele estava tratando um tumor no cérebro desde junho de 2022 que o impediu que voltasse aos estúdios e trabalhasse plenamente.

Antero Greco trabalhou no Estadão por mais de quatro décadas - 17/02/2010. Foto: Felipe Rau/AE

Em setembro de 2022, passou mal ao vivo durante o SportsCenter. “Exames foram feitos e se constatou um corpo estranho aqui, na cuca. Fui internado em urgência e operado. Dois meses depois, fazendo exames de rotina, mostrou que sobrou ‘um treco da gororoba’, então deveria ser submetido a uma segunda operação, sem prazo definido”, explicou à época.

“Exame aqui, biópsia aqui e acolá, a coisa ia de ‘médio’ para ‘grave a gravíssimo’ e para ‘coisa muito ruim’, depois foi rebaixado para ‘grave’. Fiz radioterapia e quimioterapia”, disse Antero em maio de 2023, quando voltou a trabalhar ocasionalmente nos estúdios da ESPN.

Trajetória de Antero Greco

Nascido em 2 de junho de 1954, filho de imigrantes italianos e paulistano do bairro do Bom Retiro, onde passou toda a sua vida, Antero Greco poderia ter sido padre. Mas o então adolescente rejeitou a batina e, a contragosto da mãe, Ernestina, e do pai, João, foi estudar Jornalismo na ECA-USP. Sua escolha estava certa, já que foi um dos mais brilhantes jornalistas esportivos, com uma escrita fina e primorosa.

Antero dedicou 44 de seus 69 anos ao Estadão, no qual começou a sua carreira, como revisor de anúncios em madrugadas de fim de semana, em 1974.. Na editoria de Esportes, foi repórter, chefe de reportagem, repórter especial, editor assistente, editor e colunista, cargo que ocupou até novembro de 2018, quando encerrou sua “parceria de vida” com a empresa, como escreveu quando deixou o jornal. Camisa das redações esportivas, ele jogou em todas, com elegância, profissionalismo e maestria.

Antero Greco, na redação do Estadão, onde exerceu diversos cargos, como revisor, repórter, editor e colunista - 15/01/2010. Foto: Leonardo Soares/AE

“Por mim, a ESPN terá de me aturar muito tempo ainda, da mesma forma que o Estadão, porque não largo o osso tão facilmente. Só quando ficar velhinho, desde que a gastrite e dores várias deixem. Assim como minha mulher carregará este fardo (leve, vai) por pelo menos mais uns 40 anos. Amém e obrigado”, escreveu o jornalista, em uma de suas centenas de colunas, em 2014.

Sensível, gentil, inteligente, altivo e bem-humorado, Antero também trabalhou no Diário Popular e teve breve passagem pelo extinto Popular da Tarde, além da Folha de S.Paulo e da Band, em cujas transmissões comentava o Campeonato Italiano. À época, Antero era um dos que mais conhecia o futebol da Itália no Brasil. Mas as ligações mais fortes do palmeirense Anterito, como era chamado por Paulo Soares, foram mesmo com o Estadão e com a ESPN.

Antero amava literatura e escreveu dois livros: ‘Seleção Nunca Vista’ e ‘A Goleada’. Ele chegou a estudar Letras, também na USP, mas não concluiu a graduação porque quis focar no Jornalismo. Em sua casa, tinha uma coleção de mais de 10 mil exemplares. Cobriu 10 edições de Copa do Mundo, a primeira delas na Espanha, em 1982.

Sua última coluna no Estadão, entre as quase 2 mil escritas, foi publicada em 14 de novembro de 2018. O texto era sobre a iminência do décimo título brasileiro do Palmeiras, do qual era torcedor, ainda que não gostasse que sua paixão pelo time alviverde viesse à tona. Discreto, ele se incomodou por muito tempo quando associavam sua imagem ao Palmeiras, mesmo que fosse um dos milhões de palestrinos.

“O cara que me lê ou me ouve vai concordar ou discordar comigo porque o que eu falei não está correto ou está, não porque eu sou palmeirense, corintiano, são-paulino ou santista”, explicou no ano passado. “Da mesma forma, quero saber do repórter de economia se o que ele escreveu é embasado. Isso é o que importa, não misturar o gosto da gente”.

Em sua derradeira coluna, Antero se emocionou ao se despedir do jornal em que trabalhou por mais de quatro décadas. “Cai uma lágrima, claro, pois não se rompe uma relação de vida inteira sem aperto no coração”, escreveu.

Parceria com o Amigão

Figura muito conhecida no jornalismo esportivo, Antero formou com Paulo Soares, o Amigão, uma das parcerias mais duradouras e célebres da televisão brasileira. Ao longo de mais de 20 anos, os inseparáveis parceiros informaram as notícias ao telespectador dos canais ESPN de uma forma irreverente e descontraída sem abrir mão do profissionalismo.

Era comum terem crises de riso ao vivo, por diferentes motivos - como uma palavra que virava uma piada fálica - que acabavam se tornando virais e divertiam quem os assistia. O telejornal do fim de noite, por essa descontração, profissionalismo e harmonia da dupla, virou marca registrada da ESPN. Os dois brincavam e caíam na gargalhada, mas sem passar do limite. Foram 30 anos de Antero na ESPN, que se chamava TVA Esportes quando o jornalista começou na emissora, em 1994, como um dos primeiros membros a lá trabalhar.

“A gente percebe que as pessoas nos curtem pela nossa imagem sincera e verdadeira. A gente não faz gênero. Não criamos personagens. Somos nós lá”, afirmou Antero, ao Estadão, em 2021. Ele dizia tomar o cuidado de conferir leveza à notícia sem ser leviano. “O jornal é 99,9% sério. O 0,1% que tem a leveza, a brincadeira, que é algo natural nosso, não é programado. Tem de ser espontâneo. Não somos atores”.

Fez história ao lado do Amigão ao entrar todas as noites nas casas dos telespectadores. Não só mantinha acordados quem os assistia, mas, com o parceiro de duas décadas, ao vivo, Antero informava e divertia como poucos. Daí o sentimento, para muitos, de que se perde hoje alguém próximo, um amigo tão longínquo.

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