Antero: o amigo generoso, o humanista


Antero era um grande proseador. Era um ídolo dos contínuos, das secretárias, dos jovens jornalistas. E de jogadores, técnicos...

Por Roberto Gazzi
Atualização:

Numa das minhas últimas visitas ao Antero, ele já estava havia algum tempo diagnosticado com um tumor cerebral. Com um gorro estilo nonno italiano, tentava esconder a queda do cabelo ainda preto — “isso é de família” — em razão do tratamento. Mas mantinha o otimismo e o bom humor. Fez questão de que fossemos almoçar num restaurante nas proximidades. Na volta ao prédio em Perdizes um vizinho o cumprimenta e para. Ele aponta, os olhos brilhando: “É o Edu”. Sim, o Edu daquela famosa segunda Academia do Palmeiras de Leão, Eurico, Luiz Pereira, Alfredo e Zeca, Dudu e Ademir, Edu, Leivinha, Cesar e Nei. Escalação que até meu pai, corintiano, sabia de cor.

Palestrino de alma, Antero formou a dupla Dudu e Ademir (ou Pelé e Coutinho) da televisão esportiva brasileira: ele e Paulo Soares, Antero e Amigão no “SportsCenter” da ESPN. Foi a melhor e mais hilária dupla da televisão esportiva paulistana. Informação com diversão, longe destes sérios e chatos programas esportivos em que jornalistas, ex-jogadores e influencers deitam opiniões definitivas, que na semana seguinte abandonam sem a mínima vergonha. Aos que não viram a dupla em ação, vale uma pesquisa na internet. Há muitos vídeos com vários melhores momentos da dupla.

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Mas antes desta fase, Antero já vinha se destacando no jornalismo esportivo. Primeiro no Estadão, depois em outros jornais, como o Diário Popular, até voltar ao Estadão, onde fui seu colega como editor e depois chefe. Neste meio tempo, Antero começou a brilhar também na televisão. Acabei me tornando amigo de uma pessoa de muitas qualidades, um ser humano inesquecível. Difícil até definir suas principais qualidades, mas destacaria uma: a generosidade. Que aparecia principalmente numa característica: Antero era um grande proseador. Não só para contar histórias, mas para ouvi-las. De quem quer que fosse, famosos, poderosos, mas principalmente dos humildes. Era um ídolo dos contínuos, das secretárias, dos jovens jornalistas. E de jogadores, técnicos...

O jornalista Antero Greco na redação do Estadão em 10/11/1992. Foto: Denise Camargo/Estadão

A Redação do Estadão, na Marginal Tietê, fica no sexto andar. Antero tinha medo de elevador e sempre que o encontrava no saguão fazia questão de acompanhá-lo na jornada. Nossas conversas nos degraus das escadas, recheadas de risadas, eram quase sempre sobre o Palmeiras, mas sobrava tempo para o cinema e a música italiana dos anos 60 e para as famílias. E ainda, claro, para falar das injustiças do mundo. Antero era a perfeita definição de um humanista.

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Já fora do Estadão, Antero continuou contando histórias maravilhosas, agora no Facebook (entre brigas com o Zucka). Eram principalmente sobre o Bom Retiro onde nasceu e passou a infância e adolescência, sobre seus familiares e suas brigas com os padres do Colégio Coração de Jesus. Algumas eram tão maravilhosas que eu insistia para ele colocar as melhores num livro. Descobri depois que não era o único a cobrar dele este livro. Vou me esforçar para juntos com os demais colocar este livro nas mãos dos muitos fãs que Antero deixa.

Fui num dia destes ao hospital onde Antero estava internado. Fui agradecê-lo pela sincera amizade, por tantas risadas, tanta alegria. Obrigado amigo.

Numa das minhas últimas visitas ao Antero, ele já estava havia algum tempo diagnosticado com um tumor cerebral. Com um gorro estilo nonno italiano, tentava esconder a queda do cabelo ainda preto — “isso é de família” — em razão do tratamento. Mas mantinha o otimismo e o bom humor. Fez questão de que fossemos almoçar num restaurante nas proximidades. Na volta ao prédio em Perdizes um vizinho o cumprimenta e para. Ele aponta, os olhos brilhando: “É o Edu”. Sim, o Edu daquela famosa segunda Academia do Palmeiras de Leão, Eurico, Luiz Pereira, Alfredo e Zeca, Dudu e Ademir, Edu, Leivinha, Cesar e Nei. Escalação que até meu pai, corintiano, sabia de cor.

Palestrino de alma, Antero formou a dupla Dudu e Ademir (ou Pelé e Coutinho) da televisão esportiva brasileira: ele e Paulo Soares, Antero e Amigão no “SportsCenter” da ESPN. Foi a melhor e mais hilária dupla da televisão esportiva paulistana. Informação com diversão, longe destes sérios e chatos programas esportivos em que jornalistas, ex-jogadores e influencers deitam opiniões definitivas, que na semana seguinte abandonam sem a mínima vergonha. Aos que não viram a dupla em ação, vale uma pesquisa na internet. Há muitos vídeos com vários melhores momentos da dupla.

Mas antes desta fase, Antero já vinha se destacando no jornalismo esportivo. Primeiro no Estadão, depois em outros jornais, como o Diário Popular, até voltar ao Estadão, onde fui seu colega como editor e depois chefe. Neste meio tempo, Antero começou a brilhar também na televisão. Acabei me tornando amigo de uma pessoa de muitas qualidades, um ser humano inesquecível. Difícil até definir suas principais qualidades, mas destacaria uma: a generosidade. Que aparecia principalmente numa característica: Antero era um grande proseador. Não só para contar histórias, mas para ouvi-las. De quem quer que fosse, famosos, poderosos, mas principalmente dos humildes. Era um ídolo dos contínuos, das secretárias, dos jovens jornalistas. E de jogadores, técnicos...

O jornalista Antero Greco na redação do Estadão em 10/11/1992. Foto: Denise Camargo/Estadão

A Redação do Estadão, na Marginal Tietê, fica no sexto andar. Antero tinha medo de elevador e sempre que o encontrava no saguão fazia questão de acompanhá-lo na jornada. Nossas conversas nos degraus das escadas, recheadas de risadas, eram quase sempre sobre o Palmeiras, mas sobrava tempo para o cinema e a música italiana dos anos 60 e para as famílias. E ainda, claro, para falar das injustiças do mundo. Antero era a perfeita definição de um humanista.

Já fora do Estadão, Antero continuou contando histórias maravilhosas, agora no Facebook (entre brigas com o Zucka). Eram principalmente sobre o Bom Retiro onde nasceu e passou a infância e adolescência, sobre seus familiares e suas brigas com os padres do Colégio Coração de Jesus. Algumas eram tão maravilhosas que eu insistia para ele colocar as melhores num livro. Descobri depois que não era o único a cobrar dele este livro. Vou me esforçar para juntos com os demais colocar este livro nas mãos dos muitos fãs que Antero deixa.

Fui num dia destes ao hospital onde Antero estava internado. Fui agradecê-lo pela sincera amizade, por tantas risadas, tanta alegria. Obrigado amigo.

Numa das minhas últimas visitas ao Antero, ele já estava havia algum tempo diagnosticado com um tumor cerebral. Com um gorro estilo nonno italiano, tentava esconder a queda do cabelo ainda preto — “isso é de família” — em razão do tratamento. Mas mantinha o otimismo e o bom humor. Fez questão de que fossemos almoçar num restaurante nas proximidades. Na volta ao prédio em Perdizes um vizinho o cumprimenta e para. Ele aponta, os olhos brilhando: “É o Edu”. Sim, o Edu daquela famosa segunda Academia do Palmeiras de Leão, Eurico, Luiz Pereira, Alfredo e Zeca, Dudu e Ademir, Edu, Leivinha, Cesar e Nei. Escalação que até meu pai, corintiano, sabia de cor.

Palestrino de alma, Antero formou a dupla Dudu e Ademir (ou Pelé e Coutinho) da televisão esportiva brasileira: ele e Paulo Soares, Antero e Amigão no “SportsCenter” da ESPN. Foi a melhor e mais hilária dupla da televisão esportiva paulistana. Informação com diversão, longe destes sérios e chatos programas esportivos em que jornalistas, ex-jogadores e influencers deitam opiniões definitivas, que na semana seguinte abandonam sem a mínima vergonha. Aos que não viram a dupla em ação, vale uma pesquisa na internet. Há muitos vídeos com vários melhores momentos da dupla.

Mas antes desta fase, Antero já vinha se destacando no jornalismo esportivo. Primeiro no Estadão, depois em outros jornais, como o Diário Popular, até voltar ao Estadão, onde fui seu colega como editor e depois chefe. Neste meio tempo, Antero começou a brilhar também na televisão. Acabei me tornando amigo de uma pessoa de muitas qualidades, um ser humano inesquecível. Difícil até definir suas principais qualidades, mas destacaria uma: a generosidade. Que aparecia principalmente numa característica: Antero era um grande proseador. Não só para contar histórias, mas para ouvi-las. De quem quer que fosse, famosos, poderosos, mas principalmente dos humildes. Era um ídolo dos contínuos, das secretárias, dos jovens jornalistas. E de jogadores, técnicos...

O jornalista Antero Greco na redação do Estadão em 10/11/1992. Foto: Denise Camargo/Estadão

A Redação do Estadão, na Marginal Tietê, fica no sexto andar. Antero tinha medo de elevador e sempre que o encontrava no saguão fazia questão de acompanhá-lo na jornada. Nossas conversas nos degraus das escadas, recheadas de risadas, eram quase sempre sobre o Palmeiras, mas sobrava tempo para o cinema e a música italiana dos anos 60 e para as famílias. E ainda, claro, para falar das injustiças do mundo. Antero era a perfeita definição de um humanista.

Já fora do Estadão, Antero continuou contando histórias maravilhosas, agora no Facebook (entre brigas com o Zucka). Eram principalmente sobre o Bom Retiro onde nasceu e passou a infância e adolescência, sobre seus familiares e suas brigas com os padres do Colégio Coração de Jesus. Algumas eram tão maravilhosas que eu insistia para ele colocar as melhores num livro. Descobri depois que não era o único a cobrar dele este livro. Vou me esforçar para juntos com os demais colocar este livro nas mãos dos muitos fãs que Antero deixa.

Fui num dia destes ao hospital onde Antero estava internado. Fui agradecê-lo pela sincera amizade, por tantas risadas, tanta alegria. Obrigado amigo.

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