A Arábia Saudita anunciou um projeto futurista para a Copa do Mundo de 2034, visando “reinventar o conceito tradicional de estádio”. A Arena Príncipe Mohammed bin Salman será localizada na cidade de Qiddiya, parte da Saudi Vision 2030, um megaprojeto que combina entretenimento e turismo com o intuito de diversificar a economia saudita.
O estádio terá capacidade para 45 mil espectadores, teto e gramado retráteis, painéis de LED, sistema de captação de água da chuva que resfria o ar-condicionado e funcionalidades multiuso. Estima-se que cerca de 1,8 milhão de visitantes frequentem o local durante as partidas, com outros 6 milhões utilizando as demais áreas.
“Esses mecanismos tecnológicos, aliados ao uso de estruturas móveis para hospedar outros eventos, facilitarão as transformações nos estádios e o tornarão mais sustentáveis”, afirma Tatiana Fasolari, vice-presidente da Fast Engenharia, a maior empresa da América Latina especializada em sobreposições.
Essas estruturas futuristas têm como principal objetivo colocar o torcedor no centro da experiência, melhorando a sua visita ao local por meio de maior mobilidade, segurança, conectividade, acessibilidade e eficiência. As inovações permitem que o fã se sinta mais imerso nos jogos, criando uma conexão profunda e emocional com o esporte e a equipe, incentivando-os a voltar, tornando-se um pilar fundamental para o engajamento e a fidelidade dos fãs.
“As estruturas utilizadas vão acabar sendo incorporadas em todo o mundo, mudando a maneira de como enxergamos o esporte. Com elas, as arenas vão além de oferecer um local para assistir a um jogo e se tornam um destino de entretenimento, lazer e cultura”, complementa Tatiana.
Perspectivas de mudanças
Dentro do conceito de reinventar o modelo tradicional de estádio colocado pela Arábia Saudita, especialistas em marketing esportivo opinam sobre as perspectivas que essas mudanças podem proporcionar. “O plano de qualquer arena multiuso na sua concepção procura buscar atrativos que justifiquem movimento diário de consumidores e não somente em dias de jogos, nem sempre é possível fazer isso acontecer mas sem dúvida tecnologia, opções de lazer e entretenimento e facilidade de acesso aumentam muito essa possibilidade”, explica Ivan Martinho, professor de marketing esportivo pela ESPM.
“Cada vez mais, novos estádios são pensados não somente para receberem os jogos mais relevantes, como se dá em uma Copa do Mundo, mas para que o jogo seja cada vez menos relevante para atrair pagantes. É uma tendência irreversível. quem puder financiar a construção de um marca, de uma atração turística, o fará. Esse, será certamente um ícone, e um atrativo dos mais relevantes em um país que até pouco tempo atrás estava fechado para o turismo”, aponta Thiago Freitas, COO da Roc Nation Sports no Brasil. A empresa de entretenimento norte-americana, comandada pelo cantor Jay-Z, se tornou acionista majoritária e controladora da TFM Agency, companhia com mais de vinte anos de experiência no futebol mundial.
“Esporte é entretenimento na mais alta dose e as arenas são as casas dos espetáculos, não importando o tamanho do show ou o tipo de jogo. Acredito ser fantástico ter uma arena pensada de verdade para o fã, lembrando que isto muda a cada cidade, estado e país. Cada local tem suas particularidades para que tenha um calendário inteligente para uma receita que deixe a arena autossustentável. Uma grande dica que dou é envolver as marcas antes da construção, para que elas consigam opinar na criação de propriedades que façam sentido com o seu negócio, isto pode trazer uma geração de conteúdos interessante para os patrocinadores, e não a penas depois da arena inaugurada; lembrando que projetos assim pode resultar também em contratos com maior duração, o que geralmente ocorre apenas com cervejarias ou Naming Rights. São detalhes simples que facilitam a comercialização, antecipam receitas e geram gatilhos importantíssimos para o departamento comercial deste tipo de projeto”, complementa Renê Salviano, CEO da Heatmap e especialista em marketing esportivo, e que faz a captação de contratos entre marcas envolvendo profissionais do esporte.