Augusto Melo é o novo presidente do Corinthians. O empresário do ramo têxtil tem 59 anos e derrotou neste sábado o candidato da situação, André Luiz Oliveira, conhecido como André Negão. O pleito aconteceu no Parque São Jorge, sede social do clube, e contou com o uso de 20 urnas eletrônicas, cedidas pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE).
Augusto Melo, que compareceu à votação vestindo um colete à prova de balas, obteve maioria dos votos e venceu em todas as urnas com expressiva maioria. Ele somou 2.771 votos (66,2%), enquanto André Negão obteve 1.413 (33,78%). Ao todo, 4.184 sócios com mais de 18 anos, admitidos no clube há mais de cinco anos, votaram na eleição e escolheram ainda oito chapas com 25 integrantes para a composição do Conselho Deliberativo para o triênio 2024-2026.
Ao longo do dia, torcedores se aglomeraram na frente da entrada da sede social do Corinthians em protesto contra a atual diretoria do clube. O policiamento foi reforçado, com a presença do batalhão de Choque da PM. No Ginásio Poliesportivo Wlamir Marques, a votação transcorreu de forma tranquila, mas, após o fechamento das urnas, houve um princípio de tumulto diante do pedido da mesa diretora para que apenas candidatos e assessores ficassem na quadra. A apuração começou com alguns minutos de atraso.
Também foram eleitas oito chapas para o Conselho Deliberativo, sendo quatro favoráveis a Augusto Melo e outras quatro a André Negão. São elas: Preto no Branco, Salve o Corinthians, Paixão Corinthiana, Movimento Corinthians Grande, São Jorge, Fiéis Escudeiros, Tradição Corinthiana e Renovação e Transparência. Ficam como suplentes as chapas Liberdade Corinthiana (liderada pelo apresentador e ex-jogador Neto) e Oficial 90.
Quem é Augusto Melo?
Augusto Melo é empresário, investidor de quadras de areia em São Paulo e já atuou na equipe sub-17 do Corinthians como assessor entre 2015 e 2017, época em que fazia parte do grupo político de Andrés Sanchez. Conselheiro do clube, foi candidato no último pleito, mas acabou derrotado por Duílio Monteiro Alves, o atual presidente, em 2020. Desta vez, contou com o apoio de nomes importantes do clube, como Wladimir e Neto, que pretende se candidatar à sucessão presidencial em 2026.
Augusto contou com o apoio da principal torcida organizada corintiana, a Gaviões da Fiel, na reta final da disputa com André Negão. Os dois candidatos, no entanto, não têm tanto prestígio com o torcedor alvinegro e foram alvo de muitas críticas ao longo de toda a disputa. “Apoiar não quer dizer que não cumpriremos o nosso papel de órgão fiscalizador. Enxergamos nessa candidatura a única possibilidade de trazer o Corinthians para a realidade, voltando a pensar em seu maior patrimônio: o torcedor”, escreveu a torcida em nota.
Melo foi condenado em 2015 por crime contra a ordem tributária a dois anos, 10 meses e 20 dias de reclusão em regime aberto. No entanto, a condenação foi convertida em pena pecuniária e prestação de serviços à comunidade, já cumpridos em 2017. A sonegação de R$ 342.705,10 de ICMS teria acontecido entre 2002 e 2005 na empresa Vic Confecções e Bolsas, a qual o candidato afirma ter vendido em 2003.
Ao longo do período eleitoral, houve diversas trocas de acusações entre os candidatos. Foram vazados alguns áudios de Melo em que ele usa termos racistas e gordofóbicos para se referir a Aparecida Antônia Manoel de Oliveira, conhecida como Tia Cida, cozinheira do União Barbarense, clube de Santa Bárbara d’Oeste em que o novo presidente do Corinthians atuou no passado.
Melo admitiu a veracidade dos áudios, mas disse que eles estavam descontextualizados. O caso foi parar na Câmara Municipal após um pedido do presidente da Casa, o vereador Milton Leite (União Brasil), que estava concorrendo ao posto de vice na chapa de André Negão, para que a denúncia fosse apurada na CPI da Violência e Assédio Sexual contra as Mulheres.
Violência antes da eleição
A eleição no Corinthians também foi marcada por questões envolvendo violência e ameaças. Em maio de 2023, Augusto Melo revelou que foi alvo de ameaças de morte contra ele e sua família. Na véspera da eleição, a sede do clube, no Parque São Jorge, amanheceu com marcas de tiros e pichações.
A chegada de Augusto Melo à presidência do Corinthians põe fim a 16 anos de poder do grupo intitulado Renovação e Transparência, cuja liderança é exercida pelo ex-presidente Andrés Sanchez. Depois de Sanchez, passaram pela presidência do clube o seguintes cartolas: Mário Gobbi, Roberto de Andrade e Duílio Monteiro Alves.
O Corinthians não sabe o que é ganhar um título desde 2019, quando ergueu o tricampeonato paulista. Na esfera nacional, a última conquista do Brasileirão foi em 2017, enquanto em competições continentais, o time não ergue uma taça desde 2013, quando levou a melhor na Recopa Sul-Americana.
O sucessor de Duílio Monteiro Alves deve contar com uma receita de quase R$ 1 bilhão, mas com uma dívida próxima ao mesmo valor, além da missão de chegar a uma acordo com a Caixa Econômica Federal para a quitação da Neo Química Arena e a reformulação do elenco.
Propostas de Augusto Melo para o Corinthians
Entre os planos de Augusto Melo está a contratação de jogadores para compor o time titular sob o comando de Mano Menezes. Ele promete um “choque de gestão” para que o clube recupere prestígio dentro e fora de campo. Algumas das iniciativas seriam a contratação de uma auditoria externa e a inclusão de sócios-torcedores entre os eleitores.
O novo presidente também planeja ampliar a capacidade de público da Neo Química Arena, saltando dos atuais 49 mil para cerca de 66 mil lugares, e contratar uma empresa para ajudar na administração da casa corintiana.