O Al-Nassr, da Arábia Saudita, recebe o Al-Sadd, do Catar, pela Champions League Asiática, nesta segunda-feira, no Al-Awwal Park, em Riad. A partida marca o encontro de dois dos quatro clubes ainda invictos do Grupo B da competição. Para o brasileiro Paulo Otavio, o jogo representa o desafio de segurar Cristiano Ronaldo, depois de já ter frustrado o Al-Hilal, de Jorge Jesus.
Na rodada passada, o Al-Sadd perdia por 1 a 0 para o Al-Hilal, que confirmava 100% de aproveitamento em cinco rodadas. A equipe catari não se intimidou pela coleção de craques do adversário, que conta com o goleiro Bono, o zagueiro Koulibaly, o lateral Cancelo e o centroavante Mitrovic, além dos brasileiros Renan Lodi e Marcos Leonardo. Pressionando, o Al-Sadd buscou o empate em cruzamento de Akram Afif, que encontrou Paulo Otavio como elemento surpresa na área.
“Foi mágico, você voltar depois de cinco semanas e marcar um gol contra uma equipe grande, num clássico continental, um clássico no Oriente Médio”, comentou o brasileiro ao Estadão. Paulo Otavio se considera um jogador ofensivo, mesmo que tenha se formado no futebol europeu, no qual, segundo ele, “o lateral primeiro defende para depois atacar”.
Quinto colocado no Grupo B da Champions Asiática, o Al-Sadd tem quatro pontos a menos que o Al-Nassr. Os oito primeiros avançam para as oitavas de final, e restam três rodadas. O plano de Paulo Otavio é contribuir para que seu clube esteja na próxima fase, mesmo que, para isso, seja preciso segurar um dos maiores jogadores da história.
“Cristiano Ronaldo é um jogador de todas as qualidades possíveis. É um ídolo para todo mundo e a inspiração para muitos, como é para mim também. Eu estou muito focado em poder ajudar o time. Se tiver que marcar, se ele cair do meu lado, vou fazer o máximo para bloquear as ações. E dar um pouco de dor de cabeça para ele também”, projeta, citando ainda outros atletas adversários: “Mas acho que o importante é a equipe estar focada não só no Cristiano Ronaldo. Tem jogadores de muita qualidade: Talisca, Mané, Otávio... são jogadores de nível internacional”.
Al-Nassr e Al-Hilal ganharam os holofotes a partir dos movimentos de clubes sauditas em importar craques internacionais. Em questão de investimento, o Al-Sadd não fica para trás. O presidente do clube é o xeque Mohammed Bin Khalifa Al-Thani, irmão do emir do Catar, Tamim bin Hamad bin Khalifa Al-Thani. A família governa o país há quase 200 anos e acumula fortuna de US$ 335 bilhões (R$ 1,6 trilhão).
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Foi o presidente do Al-Sadd um dos articuladores da campanha que levou a Copa do Mundo de 2022 para lá. Recentemente, o nome do clube repercutiu no Brasil, depois que foi apresentada uma proposta para o técnico Abel Ferreira deixar o Palmeiras. Especulações apontavam que o salário do português seria de R$ 107 milhões por temporada. Ele permaneceu em São Paulo, e o escolhido para a casamata foi o espanhol Félix Sanchez, comandante do Catar no Mundial de 2022 e do Equador na Copa América deste ano.
“O Al-Sadd sempre entra para vencer. Tem uma história linda de vitórias. São dois títulos de Champions League da Ásia. É a base da seleção nacional. No ano passado, não tivemos um sucesso que esperávamos, mas este ano as coisas estão andando diferente”, avalia Paulo Otavio. Invicto, o Al-Sadd tem três empates e duas vitórias na competição continental.
Além de Paulo Gustavo, o time conta com mais dois brasileiros, o garoto Giovani (ex-Palmeiras) e o veterano Guilherme (com passagem pelo Corinthians). A amizade do trio se estende aos falantes de espanhol, pela proximidade do idioma. É o caso do colombiano Matheus Uribe e de Cristo González e Rafa Mújica, da Espanha.
Paulo Otavio tem ‘carreira europeia’ e sonha com grande clube no Brasil
O lateral passou por Athletico-PR e Coritiba, mas teve a maior parte da carreira na Europa, entre Áustria e Alemanha. O principal clube em que jogou foi o alemão Wolfsburg, entre 2019 e 2023. “Eu saí muito cedo do Brasil, tinha 21 anos. Hoje, com 30, eu posso, com toda a certeza, dizer que a minha vida se transformou muito e eu fui muito feliz em tudo que eu aprendi nos países que passei”, reflete.
“É difícil dizer se volto ou não. Estou muito feliz no Catar também. Eu tenho uma missão aqui e quero cumprir ela primeiro, para depois traçar novos planos. Mas as portas sempre estarão abertas, para o retorno à Europa, ou quem sabe um dia poder jogar no Brasil. Eu quero voltar, tenho vontade de jogar num time grande do Brasil. Não escondo isso de ninguém, mas hoje eu prefiro focar aqui”.
A Ásia tem quatro vagas no Mundial de Clubes de 2025. Os representantes do continente serão Al-Hilal (Arábia Saudita), Urawa Red Diamons (Japão) e Al Ain (Emirados Árabes Unidos), campeões da Champions Asiática 2021, 2022/23 e 2023/24, respectivamente e o Ulsan (Coreia do Sul), via ranking continental.