Carta de ‘Dona Lúcia’ a Felipão após o 7 a 1 completa 10 anos envolta em mistérios


Autora do texto lido por Carlos Alberto Parreira na Copa de 2014 jamais teve a identidade revelada

Por Bruno Accorsi

A seleção brasileira viveu o maior vexame de sua história no dia 8 de julho de 2014, ao ser derrotada por 7 a 1 pela Alemanha no Mineirão, em jogo da semifinal da Copa do Mundo sediada no País. No dia seguinte, Luiz Felipe Scolari e integrantes de sua comissão técnica foram à sala de imprensa da Granja Comary, resignados para conceder entrevista coletiva a jornalistas sedentos por respostas que explicassem o “apagão” do Brasil.

Em determinado momento, quando Felipão respondia se havia sido ruim jogar a Copa no País, por causa da pressão, e falava sobre o apoio que a seleção recebia por “cartas, notas, e-mails e telegramas”, o coordenador técnico Carlos Alberto Parreira pediu a palavra, com uma folha de papel em mãos. Era a misteriosa carta de Dona Lúcia.

Carlos Alberto Parreira foi o responsável por ler carta de "Dona Lúcia" após o 7 a 1. Foto: Wilton Junior/Estadão
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No texto, a autora diz que “mulheres podem não entender de futebol, mas entendem de seres humanos” e que por isso decidiu mandar um “abraço carregado de carinho” ao treinador da seleção e sua equipe. Ela afirma ter reconhecido um sofrimento genuíno de Felipão pela forma que ele falou da goleada logo após o jogo, além de elogiar o trabalho e o caráter do gaúcho.

“E o senhor mesmo sofrendo mais do que qualquer um ali, com sua humildade peculiar, deu uma resposta verdadeira e coerente. Parabéns. Mais uma vez provou que é um grande homem. Um ser humano ímpar. Eu, como os demais brasileiros, gostaria de estar comemorando outro resultado. Porém, sei que ninguém perde por vontade própria. Meu e-mail é para agradecer os momentos de grande felicidade que o senhor e sua equipe proporcionaram a esta nação”, diz um trecho da carta.

Conforme a leitura do então coordenado técnico, a carta é assinada apenas com o nome “Lúcia”, sem sobrenome ou qualquer tipo de complemento. A identidade da autora nunca foi revelada, o que levantou suspeitas, jamais comprovadas, sobre a autenticidade do texto.

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Cerca de seis meses depois do ocorrido, em dezembro de 2014, Parreira falou sobre o assunto no programa Bem-Amigos, da SporTV. Disse que soube da carta por meio de Rodrigo Paiva, assessor de imprensa da CBF, e admitiu ter se arrependido da leitura.

“A carta não fui eu que tornei pública. Foi comentada, falada pelo Rodrigo, acho que o Felipão também comentou. No finalzinho, talvez eu tenha me arrependido sim. Foi no impulso, ali. O Rodrigo disse: ‘Lê, porque estão falando tanto. Uma pessoa escreveu uma coisa bonita, ela é real, ela é verdadeira, a carta’”, disse na ocasião.

Inevitavelmente, o episódio acabou virando piada, especialmente nas redes sociais. Surgiram diversos perfis no Facebook e no Twitter, atual X, que levavam o nome de “Dona Lúcia” e agiam, em tom de humor, como se fossem os responsáveis pelo texto lido naquele 9 de julho de 2014. Apenas meia hora depois da leitura, um dos perfis no Twitter estava criado e havia postado: “Obrigado por ler minha carta, Parreira”.

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No meio esportivo, o tom jocoso também foi adotado. Em 2017, durante participação no Jovem Pan Esportes, o ex-volante Vampeta contou que encontrou Parreira, que foi seu técnico no Corinthians, durante uma festa na casa do ex-lateral-direito Cafu, capitão do penta, e questionou o treinador sobre a carta.

“Falei para ele: ‘professor, todos os treinadores te chamam de professor, o próprio Felipão... onde que o senhor foi me arrumar aquela carta de Dona Lúcia?’ Ele começou a dar risada: ‘A pressão era tão grande que eu me perdi’. Olha só o que a Copa do Mundo faz”, contou Vampeta.

Leia a carta de ‘Dona Lúcia’ na íntegra:

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Professor Felipão,

Acabo de ver a coletiva dada pelo senhor. Mais uma vez vi diante da câmera um homem íntegro e corajoso falando à nação. Fiquei muito triste ao constatar que o ser humano, muitas vezes, é de uma crueldade sem limites. Tive esse sentimento ao ouvir um jornalista lhe perguntar sobre uma possível dívida do senhor com a nação brasileira. E o senhor mesmo sofrendo mais do que qualquer um ali, com sua humildade peculiar, deu uma resposta verdadeira e coerente. Parabéns.

Mais uma vez provou que é um grande homem. Um ser humano ímpar. Eu, como os demais brasileiros, gostaria de estar comemorando outro resultado. Porém, sei que ninguém perde por vontade própria. Meu e-mail é para agradecer os momentos de grande felicidade que o senhor e sua equipe proporcionaram a esta nação. Foram vários.

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Parabéns pelo seu trabalho e boa sorte nos próximos jogos. E tenho a certeza que o senhor comandará com sua inquestionável competência. Dizem que as mulheres não entendem de futebol, porém entendemos de seres humanos. Portanto, envio um abraço carregado de carinho para o senhor e toda a sua equipe.

Fique com Deus e lembre-se que o choro pode durar uma noite, mas a alegria vem ao amanhecer. Quero dizer com essa citação que vai passar e tudo ficará bem. Saiba que, como eu, há várias pessoas que estão apoiando a nossa Seleção, que tem o privilégio de ser comandada pelo senhor.

Receba um abraço de uma brasileira anônima, que não conhece muito de futebol, mas que o admira muito e sabe que você fez o melhor.

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Lúcia.

A seleção brasileira viveu o maior vexame de sua história no dia 8 de julho de 2014, ao ser derrotada por 7 a 1 pela Alemanha no Mineirão, em jogo da semifinal da Copa do Mundo sediada no País. No dia seguinte, Luiz Felipe Scolari e integrantes de sua comissão técnica foram à sala de imprensa da Granja Comary, resignados para conceder entrevista coletiva a jornalistas sedentos por respostas que explicassem o “apagão” do Brasil.

Em determinado momento, quando Felipão respondia se havia sido ruim jogar a Copa no País, por causa da pressão, e falava sobre o apoio que a seleção recebia por “cartas, notas, e-mails e telegramas”, o coordenador técnico Carlos Alberto Parreira pediu a palavra, com uma folha de papel em mãos. Era a misteriosa carta de Dona Lúcia.

Carlos Alberto Parreira foi o responsável por ler carta de "Dona Lúcia" após o 7 a 1. Foto: Wilton Junior/Estadão

No texto, a autora diz que “mulheres podem não entender de futebol, mas entendem de seres humanos” e que por isso decidiu mandar um “abraço carregado de carinho” ao treinador da seleção e sua equipe. Ela afirma ter reconhecido um sofrimento genuíno de Felipão pela forma que ele falou da goleada logo após o jogo, além de elogiar o trabalho e o caráter do gaúcho.

“E o senhor mesmo sofrendo mais do que qualquer um ali, com sua humildade peculiar, deu uma resposta verdadeira e coerente. Parabéns. Mais uma vez provou que é um grande homem. Um ser humano ímpar. Eu, como os demais brasileiros, gostaria de estar comemorando outro resultado. Porém, sei que ninguém perde por vontade própria. Meu e-mail é para agradecer os momentos de grande felicidade que o senhor e sua equipe proporcionaram a esta nação”, diz um trecho da carta.

Conforme a leitura do então coordenado técnico, a carta é assinada apenas com o nome “Lúcia”, sem sobrenome ou qualquer tipo de complemento. A identidade da autora nunca foi revelada, o que levantou suspeitas, jamais comprovadas, sobre a autenticidade do texto.

Cerca de seis meses depois do ocorrido, em dezembro de 2014, Parreira falou sobre o assunto no programa Bem-Amigos, da SporTV. Disse que soube da carta por meio de Rodrigo Paiva, assessor de imprensa da CBF, e admitiu ter se arrependido da leitura.

“A carta não fui eu que tornei pública. Foi comentada, falada pelo Rodrigo, acho que o Felipão também comentou. No finalzinho, talvez eu tenha me arrependido sim. Foi no impulso, ali. O Rodrigo disse: ‘Lê, porque estão falando tanto. Uma pessoa escreveu uma coisa bonita, ela é real, ela é verdadeira, a carta’”, disse na ocasião.

Inevitavelmente, o episódio acabou virando piada, especialmente nas redes sociais. Surgiram diversos perfis no Facebook e no Twitter, atual X, que levavam o nome de “Dona Lúcia” e agiam, em tom de humor, como se fossem os responsáveis pelo texto lido naquele 9 de julho de 2014. Apenas meia hora depois da leitura, um dos perfis no Twitter estava criado e havia postado: “Obrigado por ler minha carta, Parreira”.

No meio esportivo, o tom jocoso também foi adotado. Em 2017, durante participação no Jovem Pan Esportes, o ex-volante Vampeta contou que encontrou Parreira, que foi seu técnico no Corinthians, durante uma festa na casa do ex-lateral-direito Cafu, capitão do penta, e questionou o treinador sobre a carta.

“Falei para ele: ‘professor, todos os treinadores te chamam de professor, o próprio Felipão... onde que o senhor foi me arrumar aquela carta de Dona Lúcia?’ Ele começou a dar risada: ‘A pressão era tão grande que eu me perdi’. Olha só o que a Copa do Mundo faz”, contou Vampeta.

Leia a carta de ‘Dona Lúcia’ na íntegra:

Professor Felipão,

Acabo de ver a coletiva dada pelo senhor. Mais uma vez vi diante da câmera um homem íntegro e corajoso falando à nação. Fiquei muito triste ao constatar que o ser humano, muitas vezes, é de uma crueldade sem limites. Tive esse sentimento ao ouvir um jornalista lhe perguntar sobre uma possível dívida do senhor com a nação brasileira. E o senhor mesmo sofrendo mais do que qualquer um ali, com sua humildade peculiar, deu uma resposta verdadeira e coerente. Parabéns.

Mais uma vez provou que é um grande homem. Um ser humano ímpar. Eu, como os demais brasileiros, gostaria de estar comemorando outro resultado. Porém, sei que ninguém perde por vontade própria. Meu e-mail é para agradecer os momentos de grande felicidade que o senhor e sua equipe proporcionaram a esta nação. Foram vários.

Parabéns pelo seu trabalho e boa sorte nos próximos jogos. E tenho a certeza que o senhor comandará com sua inquestionável competência. Dizem que as mulheres não entendem de futebol, porém entendemos de seres humanos. Portanto, envio um abraço carregado de carinho para o senhor e toda a sua equipe.

Fique com Deus e lembre-se que o choro pode durar uma noite, mas a alegria vem ao amanhecer. Quero dizer com essa citação que vai passar e tudo ficará bem. Saiba que, como eu, há várias pessoas que estão apoiando a nossa Seleção, que tem o privilégio de ser comandada pelo senhor.

Receba um abraço de uma brasileira anônima, que não conhece muito de futebol, mas que o admira muito e sabe que você fez o melhor.

Lúcia.

A seleção brasileira viveu o maior vexame de sua história no dia 8 de julho de 2014, ao ser derrotada por 7 a 1 pela Alemanha no Mineirão, em jogo da semifinal da Copa do Mundo sediada no País. No dia seguinte, Luiz Felipe Scolari e integrantes de sua comissão técnica foram à sala de imprensa da Granja Comary, resignados para conceder entrevista coletiva a jornalistas sedentos por respostas que explicassem o “apagão” do Brasil.

Em determinado momento, quando Felipão respondia se havia sido ruim jogar a Copa no País, por causa da pressão, e falava sobre o apoio que a seleção recebia por “cartas, notas, e-mails e telegramas”, o coordenador técnico Carlos Alberto Parreira pediu a palavra, com uma folha de papel em mãos. Era a misteriosa carta de Dona Lúcia.

Carlos Alberto Parreira foi o responsável por ler carta de "Dona Lúcia" após o 7 a 1. Foto: Wilton Junior/Estadão

No texto, a autora diz que “mulheres podem não entender de futebol, mas entendem de seres humanos” e que por isso decidiu mandar um “abraço carregado de carinho” ao treinador da seleção e sua equipe. Ela afirma ter reconhecido um sofrimento genuíno de Felipão pela forma que ele falou da goleada logo após o jogo, além de elogiar o trabalho e o caráter do gaúcho.

“E o senhor mesmo sofrendo mais do que qualquer um ali, com sua humildade peculiar, deu uma resposta verdadeira e coerente. Parabéns. Mais uma vez provou que é um grande homem. Um ser humano ímpar. Eu, como os demais brasileiros, gostaria de estar comemorando outro resultado. Porém, sei que ninguém perde por vontade própria. Meu e-mail é para agradecer os momentos de grande felicidade que o senhor e sua equipe proporcionaram a esta nação”, diz um trecho da carta.

Conforme a leitura do então coordenado técnico, a carta é assinada apenas com o nome “Lúcia”, sem sobrenome ou qualquer tipo de complemento. A identidade da autora nunca foi revelada, o que levantou suspeitas, jamais comprovadas, sobre a autenticidade do texto.

Cerca de seis meses depois do ocorrido, em dezembro de 2014, Parreira falou sobre o assunto no programa Bem-Amigos, da SporTV. Disse que soube da carta por meio de Rodrigo Paiva, assessor de imprensa da CBF, e admitiu ter se arrependido da leitura.

“A carta não fui eu que tornei pública. Foi comentada, falada pelo Rodrigo, acho que o Felipão também comentou. No finalzinho, talvez eu tenha me arrependido sim. Foi no impulso, ali. O Rodrigo disse: ‘Lê, porque estão falando tanto. Uma pessoa escreveu uma coisa bonita, ela é real, ela é verdadeira, a carta’”, disse na ocasião.

Inevitavelmente, o episódio acabou virando piada, especialmente nas redes sociais. Surgiram diversos perfis no Facebook e no Twitter, atual X, que levavam o nome de “Dona Lúcia” e agiam, em tom de humor, como se fossem os responsáveis pelo texto lido naquele 9 de julho de 2014. Apenas meia hora depois da leitura, um dos perfis no Twitter estava criado e havia postado: “Obrigado por ler minha carta, Parreira”.

No meio esportivo, o tom jocoso também foi adotado. Em 2017, durante participação no Jovem Pan Esportes, o ex-volante Vampeta contou que encontrou Parreira, que foi seu técnico no Corinthians, durante uma festa na casa do ex-lateral-direito Cafu, capitão do penta, e questionou o treinador sobre a carta.

“Falei para ele: ‘professor, todos os treinadores te chamam de professor, o próprio Felipão... onde que o senhor foi me arrumar aquela carta de Dona Lúcia?’ Ele começou a dar risada: ‘A pressão era tão grande que eu me perdi’. Olha só o que a Copa do Mundo faz”, contou Vampeta.

Leia a carta de ‘Dona Lúcia’ na íntegra:

Professor Felipão,

Acabo de ver a coletiva dada pelo senhor. Mais uma vez vi diante da câmera um homem íntegro e corajoso falando à nação. Fiquei muito triste ao constatar que o ser humano, muitas vezes, é de uma crueldade sem limites. Tive esse sentimento ao ouvir um jornalista lhe perguntar sobre uma possível dívida do senhor com a nação brasileira. E o senhor mesmo sofrendo mais do que qualquer um ali, com sua humildade peculiar, deu uma resposta verdadeira e coerente. Parabéns.

Mais uma vez provou que é um grande homem. Um ser humano ímpar. Eu, como os demais brasileiros, gostaria de estar comemorando outro resultado. Porém, sei que ninguém perde por vontade própria. Meu e-mail é para agradecer os momentos de grande felicidade que o senhor e sua equipe proporcionaram a esta nação. Foram vários.

Parabéns pelo seu trabalho e boa sorte nos próximos jogos. E tenho a certeza que o senhor comandará com sua inquestionável competência. Dizem que as mulheres não entendem de futebol, porém entendemos de seres humanos. Portanto, envio um abraço carregado de carinho para o senhor e toda a sua equipe.

Fique com Deus e lembre-se que o choro pode durar uma noite, mas a alegria vem ao amanhecer. Quero dizer com essa citação que vai passar e tudo ficará bem. Saiba que, como eu, há várias pessoas que estão apoiando a nossa Seleção, que tem o privilégio de ser comandada pelo senhor.

Receba um abraço de uma brasileira anônima, que não conhece muito de futebol, mas que o admira muito e sabe que você fez o melhor.

Lúcia.

A seleção brasileira viveu o maior vexame de sua história no dia 8 de julho de 2014, ao ser derrotada por 7 a 1 pela Alemanha no Mineirão, em jogo da semifinal da Copa do Mundo sediada no País. No dia seguinte, Luiz Felipe Scolari e integrantes de sua comissão técnica foram à sala de imprensa da Granja Comary, resignados para conceder entrevista coletiva a jornalistas sedentos por respostas que explicassem o “apagão” do Brasil.

Em determinado momento, quando Felipão respondia se havia sido ruim jogar a Copa no País, por causa da pressão, e falava sobre o apoio que a seleção recebia por “cartas, notas, e-mails e telegramas”, o coordenador técnico Carlos Alberto Parreira pediu a palavra, com uma folha de papel em mãos. Era a misteriosa carta de Dona Lúcia.

Carlos Alberto Parreira foi o responsável por ler carta de "Dona Lúcia" após o 7 a 1. Foto: Wilton Junior/Estadão

No texto, a autora diz que “mulheres podem não entender de futebol, mas entendem de seres humanos” e que por isso decidiu mandar um “abraço carregado de carinho” ao treinador da seleção e sua equipe. Ela afirma ter reconhecido um sofrimento genuíno de Felipão pela forma que ele falou da goleada logo após o jogo, além de elogiar o trabalho e o caráter do gaúcho.

“E o senhor mesmo sofrendo mais do que qualquer um ali, com sua humildade peculiar, deu uma resposta verdadeira e coerente. Parabéns. Mais uma vez provou que é um grande homem. Um ser humano ímpar. Eu, como os demais brasileiros, gostaria de estar comemorando outro resultado. Porém, sei que ninguém perde por vontade própria. Meu e-mail é para agradecer os momentos de grande felicidade que o senhor e sua equipe proporcionaram a esta nação”, diz um trecho da carta.

Conforme a leitura do então coordenado técnico, a carta é assinada apenas com o nome “Lúcia”, sem sobrenome ou qualquer tipo de complemento. A identidade da autora nunca foi revelada, o que levantou suspeitas, jamais comprovadas, sobre a autenticidade do texto.

Cerca de seis meses depois do ocorrido, em dezembro de 2014, Parreira falou sobre o assunto no programa Bem-Amigos, da SporTV. Disse que soube da carta por meio de Rodrigo Paiva, assessor de imprensa da CBF, e admitiu ter se arrependido da leitura.

“A carta não fui eu que tornei pública. Foi comentada, falada pelo Rodrigo, acho que o Felipão também comentou. No finalzinho, talvez eu tenha me arrependido sim. Foi no impulso, ali. O Rodrigo disse: ‘Lê, porque estão falando tanto. Uma pessoa escreveu uma coisa bonita, ela é real, ela é verdadeira, a carta’”, disse na ocasião.

Inevitavelmente, o episódio acabou virando piada, especialmente nas redes sociais. Surgiram diversos perfis no Facebook e no Twitter, atual X, que levavam o nome de “Dona Lúcia” e agiam, em tom de humor, como se fossem os responsáveis pelo texto lido naquele 9 de julho de 2014. Apenas meia hora depois da leitura, um dos perfis no Twitter estava criado e havia postado: “Obrigado por ler minha carta, Parreira”.

No meio esportivo, o tom jocoso também foi adotado. Em 2017, durante participação no Jovem Pan Esportes, o ex-volante Vampeta contou que encontrou Parreira, que foi seu técnico no Corinthians, durante uma festa na casa do ex-lateral-direito Cafu, capitão do penta, e questionou o treinador sobre a carta.

“Falei para ele: ‘professor, todos os treinadores te chamam de professor, o próprio Felipão... onde que o senhor foi me arrumar aquela carta de Dona Lúcia?’ Ele começou a dar risada: ‘A pressão era tão grande que eu me perdi’. Olha só o que a Copa do Mundo faz”, contou Vampeta.

Leia a carta de ‘Dona Lúcia’ na íntegra:

Professor Felipão,

Acabo de ver a coletiva dada pelo senhor. Mais uma vez vi diante da câmera um homem íntegro e corajoso falando à nação. Fiquei muito triste ao constatar que o ser humano, muitas vezes, é de uma crueldade sem limites. Tive esse sentimento ao ouvir um jornalista lhe perguntar sobre uma possível dívida do senhor com a nação brasileira. E o senhor mesmo sofrendo mais do que qualquer um ali, com sua humildade peculiar, deu uma resposta verdadeira e coerente. Parabéns.

Mais uma vez provou que é um grande homem. Um ser humano ímpar. Eu, como os demais brasileiros, gostaria de estar comemorando outro resultado. Porém, sei que ninguém perde por vontade própria. Meu e-mail é para agradecer os momentos de grande felicidade que o senhor e sua equipe proporcionaram a esta nação. Foram vários.

Parabéns pelo seu trabalho e boa sorte nos próximos jogos. E tenho a certeza que o senhor comandará com sua inquestionável competência. Dizem que as mulheres não entendem de futebol, porém entendemos de seres humanos. Portanto, envio um abraço carregado de carinho para o senhor e toda a sua equipe.

Fique com Deus e lembre-se que o choro pode durar uma noite, mas a alegria vem ao amanhecer. Quero dizer com essa citação que vai passar e tudo ficará bem. Saiba que, como eu, há várias pessoas que estão apoiando a nossa Seleção, que tem o privilégio de ser comandada pelo senhor.

Receba um abraço de uma brasileira anônima, que não conhece muito de futebol, mas que o admira muito e sabe que você fez o melhor.

Lúcia.

A seleção brasileira viveu o maior vexame de sua história no dia 8 de julho de 2014, ao ser derrotada por 7 a 1 pela Alemanha no Mineirão, em jogo da semifinal da Copa do Mundo sediada no País. No dia seguinte, Luiz Felipe Scolari e integrantes de sua comissão técnica foram à sala de imprensa da Granja Comary, resignados para conceder entrevista coletiva a jornalistas sedentos por respostas que explicassem o “apagão” do Brasil.

Em determinado momento, quando Felipão respondia se havia sido ruim jogar a Copa no País, por causa da pressão, e falava sobre o apoio que a seleção recebia por “cartas, notas, e-mails e telegramas”, o coordenador técnico Carlos Alberto Parreira pediu a palavra, com uma folha de papel em mãos. Era a misteriosa carta de Dona Lúcia.

Carlos Alberto Parreira foi o responsável por ler carta de "Dona Lúcia" após o 7 a 1. Foto: Wilton Junior/Estadão

No texto, a autora diz que “mulheres podem não entender de futebol, mas entendem de seres humanos” e que por isso decidiu mandar um “abraço carregado de carinho” ao treinador da seleção e sua equipe. Ela afirma ter reconhecido um sofrimento genuíno de Felipão pela forma que ele falou da goleada logo após o jogo, além de elogiar o trabalho e o caráter do gaúcho.

“E o senhor mesmo sofrendo mais do que qualquer um ali, com sua humildade peculiar, deu uma resposta verdadeira e coerente. Parabéns. Mais uma vez provou que é um grande homem. Um ser humano ímpar. Eu, como os demais brasileiros, gostaria de estar comemorando outro resultado. Porém, sei que ninguém perde por vontade própria. Meu e-mail é para agradecer os momentos de grande felicidade que o senhor e sua equipe proporcionaram a esta nação”, diz um trecho da carta.

Conforme a leitura do então coordenado técnico, a carta é assinada apenas com o nome “Lúcia”, sem sobrenome ou qualquer tipo de complemento. A identidade da autora nunca foi revelada, o que levantou suspeitas, jamais comprovadas, sobre a autenticidade do texto.

Cerca de seis meses depois do ocorrido, em dezembro de 2014, Parreira falou sobre o assunto no programa Bem-Amigos, da SporTV. Disse que soube da carta por meio de Rodrigo Paiva, assessor de imprensa da CBF, e admitiu ter se arrependido da leitura.

“A carta não fui eu que tornei pública. Foi comentada, falada pelo Rodrigo, acho que o Felipão também comentou. No finalzinho, talvez eu tenha me arrependido sim. Foi no impulso, ali. O Rodrigo disse: ‘Lê, porque estão falando tanto. Uma pessoa escreveu uma coisa bonita, ela é real, ela é verdadeira, a carta’”, disse na ocasião.

Inevitavelmente, o episódio acabou virando piada, especialmente nas redes sociais. Surgiram diversos perfis no Facebook e no Twitter, atual X, que levavam o nome de “Dona Lúcia” e agiam, em tom de humor, como se fossem os responsáveis pelo texto lido naquele 9 de julho de 2014. Apenas meia hora depois da leitura, um dos perfis no Twitter estava criado e havia postado: “Obrigado por ler minha carta, Parreira”.

No meio esportivo, o tom jocoso também foi adotado. Em 2017, durante participação no Jovem Pan Esportes, o ex-volante Vampeta contou que encontrou Parreira, que foi seu técnico no Corinthians, durante uma festa na casa do ex-lateral-direito Cafu, capitão do penta, e questionou o treinador sobre a carta.

“Falei para ele: ‘professor, todos os treinadores te chamam de professor, o próprio Felipão... onde que o senhor foi me arrumar aquela carta de Dona Lúcia?’ Ele começou a dar risada: ‘A pressão era tão grande que eu me perdi’. Olha só o que a Copa do Mundo faz”, contou Vampeta.

Leia a carta de ‘Dona Lúcia’ na íntegra:

Professor Felipão,

Acabo de ver a coletiva dada pelo senhor. Mais uma vez vi diante da câmera um homem íntegro e corajoso falando à nação. Fiquei muito triste ao constatar que o ser humano, muitas vezes, é de uma crueldade sem limites. Tive esse sentimento ao ouvir um jornalista lhe perguntar sobre uma possível dívida do senhor com a nação brasileira. E o senhor mesmo sofrendo mais do que qualquer um ali, com sua humildade peculiar, deu uma resposta verdadeira e coerente. Parabéns.

Mais uma vez provou que é um grande homem. Um ser humano ímpar. Eu, como os demais brasileiros, gostaria de estar comemorando outro resultado. Porém, sei que ninguém perde por vontade própria. Meu e-mail é para agradecer os momentos de grande felicidade que o senhor e sua equipe proporcionaram a esta nação. Foram vários.

Parabéns pelo seu trabalho e boa sorte nos próximos jogos. E tenho a certeza que o senhor comandará com sua inquestionável competência. Dizem que as mulheres não entendem de futebol, porém entendemos de seres humanos. Portanto, envio um abraço carregado de carinho para o senhor e toda a sua equipe.

Fique com Deus e lembre-se que o choro pode durar uma noite, mas a alegria vem ao amanhecer. Quero dizer com essa citação que vai passar e tudo ficará bem. Saiba que, como eu, há várias pessoas que estão apoiando a nossa Seleção, que tem o privilégio de ser comandada pelo senhor.

Receba um abraço de uma brasileira anônima, que não conhece muito de futebol, mas que o admira muito e sabe que você fez o melhor.

Lúcia.

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