Casas de apostas dizem ser vítimas das armações e aperfeiçoam estrutura para detectar fraudes


Empresas afirmam defender as investigações do Ministério Público e alegam que são duplamente prejudicadas

Por Ricardo Magatti
Atualização:

Empresas de apostas esportivas se dizem vítimas do esquema de manipulação de jogos de futebol, descoberto em investigação do Ministério Público de Goiás (MP-GO), e prometem medidas para aprimorar mecanismos de alertas capazes de detectar apostadores fraudulentos e aliciamento de jogadores dispostos a se corromper.

Representantes das casas de apostas ouvidos pelos Estadão defendem as investigações do MP e alegam que as empresas são duplamente punidas pelo que está acontecendo. Elas acabam tendo de pagar altas quantias a apostadores que manipularam partidas e suas ações e também têm nomes associados a esquemas fraudulentos, de modo a ter novos apostadores afastados de seus sites.

Wesley Cardia, CEO da Associação Nacional de Jogos e Loterias (ANJL), entidade que representa 14 das principais casas de apostas no Brasil, entre elas a Betano, plataforma em que a quadrilha fazia as apostas contaminadas, segundo investigação do Ministério Público de Goiás, afirmou que prepara a contratação de serviço de compliance para ampliar os filtros que detectam apostas suspeitas.

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“As grandes prejudicadas são as casas de apostas. Elas estão pagando apostas manipuladas. Estamos em contato permanente com autoridades brasileiras e contratando esse serviço que pode ajudar na detecção ações criminosas”, diz Cardia. A ANJL informa estar investindo em programas de integridade do esporte, monitoramento de atitudes suspeitas, prevenção e bloqueio de contas e apostadores suspeitos para aprimorar ainda mais seus controles, de modo a coibir atitudes e comportamentos ilegais.

Como resposta à iminência da regulamentação do setor e aos eventos de manipulação de jogos e apostas no futebol brasileiro, o Instituto Brasileiro do Jogo Responsável (IBJR) assinou nesta semana um acordo de proteção da integridade das apostas esportivas com a International Betting Integrity Association (IBIA), voz global sobre integridade para o setor de apostas licenciadas. O objetivo principal do acordo, diz a organização, é desenvolver atividades que reforcem o monitoramento contra a manipulação de ações e confiabilidade em entidades esportivas e nas apostas online no País.

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Ministro da Fazenda, Fernando Haddad trabalha para regulamentar as casas de apostas Foto: Ueslei Marcelino/Reuters

“Mais de cem membros centralizam na IBIA todo o trabalho de monitoramento de atividades suspeitas relacionadas a apostas”, explica André Gelfi, diretor-presidente do IBJR, entidade que nasceu da união dos grupos Bet365, Flutter, Entain, Betsson Group, Betway Group, Yolo Group, Netbet Group, KTO Group e Rei do Pitaco, todas casas de apostas.

Identificado algum evento suspeito, a IBIA notifica Fifa, Uefa, CBF e outras organizações ligadas ao futebol. “Precisamos melhorar as ferramentas para que um atleta profissional não se coloque numa situação dessa. Educação é a palavra mais adequada”, opina Gelfi. Os integrantes da IBIA podem fornecer dados exclusivos para serem usados como prova em investigações como as que ocorrem atualmente no Brasil.

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A rede de monitoramento e alerta da International Betting Integrity Association é uma ferramenta anticorrupção que detecta e denuncia atividades suspeitas nos mercados de apostas de seus integrantes. Esse sistema rastreia atividades transacionais vinculadas a contas individuais de clientes, o que o distingue de sistemas comerciais de monitoramento focados em movimentos simples de probabilidades.

A Salsa Technology, dona de Betmotion, diz contar com sistemas integrados de monitoramento que disparam alertas quando aparecem apostas que fogem do padrão e que desafiam as odds. “Podemos até comparar com os mecanismos que regulam o sistema financeiro e o sobe e desce das Bolsas”, ressalta Peter Nolte, CEO da Betmotion.

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“Apostas muito altas em resultados muito improváveis dispararam alertas e esta é mais uma vantagem do mercado regulador. Quando mais visibilidade para isso tudo, mais protegidos estão os jogadores e os esportes”.

Casa de apostas aperfeiçoam sistema que detecta fraude  Foto: Felipe Rau/Estadão

O Esportes da Sorte vê com bons olhos a atuação do Ministério Público de Goiás para investigar um grupo especializado em fraudar resultados de jogos das série A e B do Campeonato Brasileiro, além de alguns Estaduais, com objetivo de influenciar apostas de valores milionários. A Polícia Federal também está no caso por determinação do ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino.

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“Toda a rentabilização desses crimes é angariada através de apostas nos sites que oferecem a modalidade no Brasil”, argumenta o CEO do Esportes da Sorte, Darwin Filho.

Segundo o executivo, algumas medidas já vem sendo tomadas para que esses fatos não aconteçam mais. “Vejo avanços em termos de fluidez de comunicação entre as casas de apostas e as federações estaduais, a fim de facilitar o intercâmbio de informações acerca de movimentações incompatíveis em determinados jogos. Essas informações permitem que as federações possam cumprir diligências internas de modo a constatar possíveis fraudes”, aponta.

Medida Provisória

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Todas os representantes de casas de apostas que o Estadão ouviu são favoráveis à regulamentação do setor, embora discordem de alguns pontos do texto da Medida Provisória elaborada pelo governo federal e na iminência de ser editada apelo presidente Lula. Depois, a matéria será enviada para a análise dos parlamentares no Congresso Nacional.

”A regulamentação trará segurança para as empresas e para os apostadores, uma vez que as entidades e empresas estejam habilitadas para compartilhar dados para detectar comportamentos suspeitos. Também vai ajudar a deixar mais transparente as relações com clubes, entidades, empresas e os próprios apostadores”, avalia Hans Schleier, diretor de marketing da Casa de Apostas.

“Algo muito importante é que começamos a perceber um amadurecimento na discussão do tema, deixando claro que não é algo simplesmente restrito a tributação das casas de apostas, mas a regulamentação do setor como um todo, que define os marcos legais de operação dessas casas”, ressalta Marcos Sabiá, CEO da Galera.bet.

O governo espera arrecadar de R$ 12 bilhões a R$ 15 bilhões com a medida. Segundo o Ministério da Fazenda, os ministérios poderão editar portarias com normas para criar mecanismos que evitem e coíbam os casos de manipulação de partidas de futebol.

“A MP tem um objetivo de traçar os marcos legais e que tem um objetivo importante na definição de uma série de temas e detalhamento do que nós já tínhamos previsto em lei, e agora com uma definição um pouco mais detalhada. Mas existe todo esse ecossistema que traz o assunto agência reguladora, que vai fazer parte desse ambiente de fiscalização, de controle, de regulamentação do setor”, avalia Sabiá.

Para o advogado desportivo Luciano Andrade Pinheiro, mais do que mecanismos de controle e detecção de fraudes, é necessário uma ação coordenada entre as partes para coibir esquemas fraudulentos de apostadores. “O que é preciso na verdade é uma ação conjunta, coordenada entre as casas de apostas, o governo e as entidades de administração do esporte com vistas a educar atletas, fiscalizar e punir”, opina.

Empresas de apostas esportivas se dizem vítimas do esquema de manipulação de jogos de futebol, descoberto em investigação do Ministério Público de Goiás (MP-GO), e prometem medidas para aprimorar mecanismos de alertas capazes de detectar apostadores fraudulentos e aliciamento de jogadores dispostos a se corromper.

Representantes das casas de apostas ouvidos pelos Estadão defendem as investigações do MP e alegam que as empresas são duplamente punidas pelo que está acontecendo. Elas acabam tendo de pagar altas quantias a apostadores que manipularam partidas e suas ações e também têm nomes associados a esquemas fraudulentos, de modo a ter novos apostadores afastados de seus sites.

Wesley Cardia, CEO da Associação Nacional de Jogos e Loterias (ANJL), entidade que representa 14 das principais casas de apostas no Brasil, entre elas a Betano, plataforma em que a quadrilha fazia as apostas contaminadas, segundo investigação do Ministério Público de Goiás, afirmou que prepara a contratação de serviço de compliance para ampliar os filtros que detectam apostas suspeitas.

“As grandes prejudicadas são as casas de apostas. Elas estão pagando apostas manipuladas. Estamos em contato permanente com autoridades brasileiras e contratando esse serviço que pode ajudar na detecção ações criminosas”, diz Cardia. A ANJL informa estar investindo em programas de integridade do esporte, monitoramento de atitudes suspeitas, prevenção e bloqueio de contas e apostadores suspeitos para aprimorar ainda mais seus controles, de modo a coibir atitudes e comportamentos ilegais.

Como resposta à iminência da regulamentação do setor e aos eventos de manipulação de jogos e apostas no futebol brasileiro, o Instituto Brasileiro do Jogo Responsável (IBJR) assinou nesta semana um acordo de proteção da integridade das apostas esportivas com a International Betting Integrity Association (IBIA), voz global sobre integridade para o setor de apostas licenciadas. O objetivo principal do acordo, diz a organização, é desenvolver atividades que reforcem o monitoramento contra a manipulação de ações e confiabilidade em entidades esportivas e nas apostas online no País.

Ministro da Fazenda, Fernando Haddad trabalha para regulamentar as casas de apostas Foto: Ueslei Marcelino/Reuters

“Mais de cem membros centralizam na IBIA todo o trabalho de monitoramento de atividades suspeitas relacionadas a apostas”, explica André Gelfi, diretor-presidente do IBJR, entidade que nasceu da união dos grupos Bet365, Flutter, Entain, Betsson Group, Betway Group, Yolo Group, Netbet Group, KTO Group e Rei do Pitaco, todas casas de apostas.

Identificado algum evento suspeito, a IBIA notifica Fifa, Uefa, CBF e outras organizações ligadas ao futebol. “Precisamos melhorar as ferramentas para que um atleta profissional não se coloque numa situação dessa. Educação é a palavra mais adequada”, opina Gelfi. Os integrantes da IBIA podem fornecer dados exclusivos para serem usados como prova em investigações como as que ocorrem atualmente no Brasil.

A rede de monitoramento e alerta da International Betting Integrity Association é uma ferramenta anticorrupção que detecta e denuncia atividades suspeitas nos mercados de apostas de seus integrantes. Esse sistema rastreia atividades transacionais vinculadas a contas individuais de clientes, o que o distingue de sistemas comerciais de monitoramento focados em movimentos simples de probabilidades.

A Salsa Technology, dona de Betmotion, diz contar com sistemas integrados de monitoramento que disparam alertas quando aparecem apostas que fogem do padrão e que desafiam as odds. “Podemos até comparar com os mecanismos que regulam o sistema financeiro e o sobe e desce das Bolsas”, ressalta Peter Nolte, CEO da Betmotion.

“Apostas muito altas em resultados muito improváveis dispararam alertas e esta é mais uma vantagem do mercado regulador. Quando mais visibilidade para isso tudo, mais protegidos estão os jogadores e os esportes”.

Casa de apostas aperfeiçoam sistema que detecta fraude  Foto: Felipe Rau/Estadão

O Esportes da Sorte vê com bons olhos a atuação do Ministério Público de Goiás para investigar um grupo especializado em fraudar resultados de jogos das série A e B do Campeonato Brasileiro, além de alguns Estaduais, com objetivo de influenciar apostas de valores milionários. A Polícia Federal também está no caso por determinação do ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino.

“Toda a rentabilização desses crimes é angariada através de apostas nos sites que oferecem a modalidade no Brasil”, argumenta o CEO do Esportes da Sorte, Darwin Filho.

Segundo o executivo, algumas medidas já vem sendo tomadas para que esses fatos não aconteçam mais. “Vejo avanços em termos de fluidez de comunicação entre as casas de apostas e as federações estaduais, a fim de facilitar o intercâmbio de informações acerca de movimentações incompatíveis em determinados jogos. Essas informações permitem que as federações possam cumprir diligências internas de modo a constatar possíveis fraudes”, aponta.

Medida Provisória

Todas os representantes de casas de apostas que o Estadão ouviu são favoráveis à regulamentação do setor, embora discordem de alguns pontos do texto da Medida Provisória elaborada pelo governo federal e na iminência de ser editada apelo presidente Lula. Depois, a matéria será enviada para a análise dos parlamentares no Congresso Nacional.

”A regulamentação trará segurança para as empresas e para os apostadores, uma vez que as entidades e empresas estejam habilitadas para compartilhar dados para detectar comportamentos suspeitos. Também vai ajudar a deixar mais transparente as relações com clubes, entidades, empresas e os próprios apostadores”, avalia Hans Schleier, diretor de marketing da Casa de Apostas.

“Algo muito importante é que começamos a perceber um amadurecimento na discussão do tema, deixando claro que não é algo simplesmente restrito a tributação das casas de apostas, mas a regulamentação do setor como um todo, que define os marcos legais de operação dessas casas”, ressalta Marcos Sabiá, CEO da Galera.bet.

O governo espera arrecadar de R$ 12 bilhões a R$ 15 bilhões com a medida. Segundo o Ministério da Fazenda, os ministérios poderão editar portarias com normas para criar mecanismos que evitem e coíbam os casos de manipulação de partidas de futebol.

“A MP tem um objetivo de traçar os marcos legais e que tem um objetivo importante na definição de uma série de temas e detalhamento do que nós já tínhamos previsto em lei, e agora com uma definição um pouco mais detalhada. Mas existe todo esse ecossistema que traz o assunto agência reguladora, que vai fazer parte desse ambiente de fiscalização, de controle, de regulamentação do setor”, avalia Sabiá.

Para o advogado desportivo Luciano Andrade Pinheiro, mais do que mecanismos de controle e detecção de fraudes, é necessário uma ação coordenada entre as partes para coibir esquemas fraudulentos de apostadores. “O que é preciso na verdade é uma ação conjunta, coordenada entre as casas de apostas, o governo e as entidades de administração do esporte com vistas a educar atletas, fiscalizar e punir”, opina.

Empresas de apostas esportivas se dizem vítimas do esquema de manipulação de jogos de futebol, descoberto em investigação do Ministério Público de Goiás (MP-GO), e prometem medidas para aprimorar mecanismos de alertas capazes de detectar apostadores fraudulentos e aliciamento de jogadores dispostos a se corromper.

Representantes das casas de apostas ouvidos pelos Estadão defendem as investigações do MP e alegam que as empresas são duplamente punidas pelo que está acontecendo. Elas acabam tendo de pagar altas quantias a apostadores que manipularam partidas e suas ações e também têm nomes associados a esquemas fraudulentos, de modo a ter novos apostadores afastados de seus sites.

Wesley Cardia, CEO da Associação Nacional de Jogos e Loterias (ANJL), entidade que representa 14 das principais casas de apostas no Brasil, entre elas a Betano, plataforma em que a quadrilha fazia as apostas contaminadas, segundo investigação do Ministério Público de Goiás, afirmou que prepara a contratação de serviço de compliance para ampliar os filtros que detectam apostas suspeitas.

“As grandes prejudicadas são as casas de apostas. Elas estão pagando apostas manipuladas. Estamos em contato permanente com autoridades brasileiras e contratando esse serviço que pode ajudar na detecção ações criminosas”, diz Cardia. A ANJL informa estar investindo em programas de integridade do esporte, monitoramento de atitudes suspeitas, prevenção e bloqueio de contas e apostadores suspeitos para aprimorar ainda mais seus controles, de modo a coibir atitudes e comportamentos ilegais.

Como resposta à iminência da regulamentação do setor e aos eventos de manipulação de jogos e apostas no futebol brasileiro, o Instituto Brasileiro do Jogo Responsável (IBJR) assinou nesta semana um acordo de proteção da integridade das apostas esportivas com a International Betting Integrity Association (IBIA), voz global sobre integridade para o setor de apostas licenciadas. O objetivo principal do acordo, diz a organização, é desenvolver atividades que reforcem o monitoramento contra a manipulação de ações e confiabilidade em entidades esportivas e nas apostas online no País.

Ministro da Fazenda, Fernando Haddad trabalha para regulamentar as casas de apostas Foto: Ueslei Marcelino/Reuters

“Mais de cem membros centralizam na IBIA todo o trabalho de monitoramento de atividades suspeitas relacionadas a apostas”, explica André Gelfi, diretor-presidente do IBJR, entidade que nasceu da união dos grupos Bet365, Flutter, Entain, Betsson Group, Betway Group, Yolo Group, Netbet Group, KTO Group e Rei do Pitaco, todas casas de apostas.

Identificado algum evento suspeito, a IBIA notifica Fifa, Uefa, CBF e outras organizações ligadas ao futebol. “Precisamos melhorar as ferramentas para que um atleta profissional não se coloque numa situação dessa. Educação é a palavra mais adequada”, opina Gelfi. Os integrantes da IBIA podem fornecer dados exclusivos para serem usados como prova em investigações como as que ocorrem atualmente no Brasil.

A rede de monitoramento e alerta da International Betting Integrity Association é uma ferramenta anticorrupção que detecta e denuncia atividades suspeitas nos mercados de apostas de seus integrantes. Esse sistema rastreia atividades transacionais vinculadas a contas individuais de clientes, o que o distingue de sistemas comerciais de monitoramento focados em movimentos simples de probabilidades.

A Salsa Technology, dona de Betmotion, diz contar com sistemas integrados de monitoramento que disparam alertas quando aparecem apostas que fogem do padrão e que desafiam as odds. “Podemos até comparar com os mecanismos que regulam o sistema financeiro e o sobe e desce das Bolsas”, ressalta Peter Nolte, CEO da Betmotion.

“Apostas muito altas em resultados muito improváveis dispararam alertas e esta é mais uma vantagem do mercado regulador. Quando mais visibilidade para isso tudo, mais protegidos estão os jogadores e os esportes”.

Casa de apostas aperfeiçoam sistema que detecta fraude  Foto: Felipe Rau/Estadão

O Esportes da Sorte vê com bons olhos a atuação do Ministério Público de Goiás para investigar um grupo especializado em fraudar resultados de jogos das série A e B do Campeonato Brasileiro, além de alguns Estaduais, com objetivo de influenciar apostas de valores milionários. A Polícia Federal também está no caso por determinação do ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino.

“Toda a rentabilização desses crimes é angariada através de apostas nos sites que oferecem a modalidade no Brasil”, argumenta o CEO do Esportes da Sorte, Darwin Filho.

Segundo o executivo, algumas medidas já vem sendo tomadas para que esses fatos não aconteçam mais. “Vejo avanços em termos de fluidez de comunicação entre as casas de apostas e as federações estaduais, a fim de facilitar o intercâmbio de informações acerca de movimentações incompatíveis em determinados jogos. Essas informações permitem que as federações possam cumprir diligências internas de modo a constatar possíveis fraudes”, aponta.

Medida Provisória

Todas os representantes de casas de apostas que o Estadão ouviu são favoráveis à regulamentação do setor, embora discordem de alguns pontos do texto da Medida Provisória elaborada pelo governo federal e na iminência de ser editada apelo presidente Lula. Depois, a matéria será enviada para a análise dos parlamentares no Congresso Nacional.

”A regulamentação trará segurança para as empresas e para os apostadores, uma vez que as entidades e empresas estejam habilitadas para compartilhar dados para detectar comportamentos suspeitos. Também vai ajudar a deixar mais transparente as relações com clubes, entidades, empresas e os próprios apostadores”, avalia Hans Schleier, diretor de marketing da Casa de Apostas.

“Algo muito importante é que começamos a perceber um amadurecimento na discussão do tema, deixando claro que não é algo simplesmente restrito a tributação das casas de apostas, mas a regulamentação do setor como um todo, que define os marcos legais de operação dessas casas”, ressalta Marcos Sabiá, CEO da Galera.bet.

O governo espera arrecadar de R$ 12 bilhões a R$ 15 bilhões com a medida. Segundo o Ministério da Fazenda, os ministérios poderão editar portarias com normas para criar mecanismos que evitem e coíbam os casos de manipulação de partidas de futebol.

“A MP tem um objetivo de traçar os marcos legais e que tem um objetivo importante na definição de uma série de temas e detalhamento do que nós já tínhamos previsto em lei, e agora com uma definição um pouco mais detalhada. Mas existe todo esse ecossistema que traz o assunto agência reguladora, que vai fazer parte desse ambiente de fiscalização, de controle, de regulamentação do setor”, avalia Sabiá.

Para o advogado desportivo Luciano Andrade Pinheiro, mais do que mecanismos de controle e detecção de fraudes, é necessário uma ação coordenada entre as partes para coibir esquemas fraudulentos de apostadores. “O que é preciso na verdade é uma ação conjunta, coordenada entre as casas de apostas, o governo e as entidades de administração do esporte com vistas a educar atletas, fiscalizar e punir”, opina.

Empresas de apostas esportivas se dizem vítimas do esquema de manipulação de jogos de futebol, descoberto em investigação do Ministério Público de Goiás (MP-GO), e prometem medidas para aprimorar mecanismos de alertas capazes de detectar apostadores fraudulentos e aliciamento de jogadores dispostos a se corromper.

Representantes das casas de apostas ouvidos pelos Estadão defendem as investigações do MP e alegam que as empresas são duplamente punidas pelo que está acontecendo. Elas acabam tendo de pagar altas quantias a apostadores que manipularam partidas e suas ações e também têm nomes associados a esquemas fraudulentos, de modo a ter novos apostadores afastados de seus sites.

Wesley Cardia, CEO da Associação Nacional de Jogos e Loterias (ANJL), entidade que representa 14 das principais casas de apostas no Brasil, entre elas a Betano, plataforma em que a quadrilha fazia as apostas contaminadas, segundo investigação do Ministério Público de Goiás, afirmou que prepara a contratação de serviço de compliance para ampliar os filtros que detectam apostas suspeitas.

“As grandes prejudicadas são as casas de apostas. Elas estão pagando apostas manipuladas. Estamos em contato permanente com autoridades brasileiras e contratando esse serviço que pode ajudar na detecção ações criminosas”, diz Cardia. A ANJL informa estar investindo em programas de integridade do esporte, monitoramento de atitudes suspeitas, prevenção e bloqueio de contas e apostadores suspeitos para aprimorar ainda mais seus controles, de modo a coibir atitudes e comportamentos ilegais.

Como resposta à iminência da regulamentação do setor e aos eventos de manipulação de jogos e apostas no futebol brasileiro, o Instituto Brasileiro do Jogo Responsável (IBJR) assinou nesta semana um acordo de proteção da integridade das apostas esportivas com a International Betting Integrity Association (IBIA), voz global sobre integridade para o setor de apostas licenciadas. O objetivo principal do acordo, diz a organização, é desenvolver atividades que reforcem o monitoramento contra a manipulação de ações e confiabilidade em entidades esportivas e nas apostas online no País.

Ministro da Fazenda, Fernando Haddad trabalha para regulamentar as casas de apostas Foto: Ueslei Marcelino/Reuters

“Mais de cem membros centralizam na IBIA todo o trabalho de monitoramento de atividades suspeitas relacionadas a apostas”, explica André Gelfi, diretor-presidente do IBJR, entidade que nasceu da união dos grupos Bet365, Flutter, Entain, Betsson Group, Betway Group, Yolo Group, Netbet Group, KTO Group e Rei do Pitaco, todas casas de apostas.

Identificado algum evento suspeito, a IBIA notifica Fifa, Uefa, CBF e outras organizações ligadas ao futebol. “Precisamos melhorar as ferramentas para que um atleta profissional não se coloque numa situação dessa. Educação é a palavra mais adequada”, opina Gelfi. Os integrantes da IBIA podem fornecer dados exclusivos para serem usados como prova em investigações como as que ocorrem atualmente no Brasil.

A rede de monitoramento e alerta da International Betting Integrity Association é uma ferramenta anticorrupção que detecta e denuncia atividades suspeitas nos mercados de apostas de seus integrantes. Esse sistema rastreia atividades transacionais vinculadas a contas individuais de clientes, o que o distingue de sistemas comerciais de monitoramento focados em movimentos simples de probabilidades.

A Salsa Technology, dona de Betmotion, diz contar com sistemas integrados de monitoramento que disparam alertas quando aparecem apostas que fogem do padrão e que desafiam as odds. “Podemos até comparar com os mecanismos que regulam o sistema financeiro e o sobe e desce das Bolsas”, ressalta Peter Nolte, CEO da Betmotion.

“Apostas muito altas em resultados muito improváveis dispararam alertas e esta é mais uma vantagem do mercado regulador. Quando mais visibilidade para isso tudo, mais protegidos estão os jogadores e os esportes”.

Casa de apostas aperfeiçoam sistema que detecta fraude  Foto: Felipe Rau/Estadão

O Esportes da Sorte vê com bons olhos a atuação do Ministério Público de Goiás para investigar um grupo especializado em fraudar resultados de jogos das série A e B do Campeonato Brasileiro, além de alguns Estaduais, com objetivo de influenciar apostas de valores milionários. A Polícia Federal também está no caso por determinação do ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino.

“Toda a rentabilização desses crimes é angariada através de apostas nos sites que oferecem a modalidade no Brasil”, argumenta o CEO do Esportes da Sorte, Darwin Filho.

Segundo o executivo, algumas medidas já vem sendo tomadas para que esses fatos não aconteçam mais. “Vejo avanços em termos de fluidez de comunicação entre as casas de apostas e as federações estaduais, a fim de facilitar o intercâmbio de informações acerca de movimentações incompatíveis em determinados jogos. Essas informações permitem que as federações possam cumprir diligências internas de modo a constatar possíveis fraudes”, aponta.

Medida Provisória

Todas os representantes de casas de apostas que o Estadão ouviu são favoráveis à regulamentação do setor, embora discordem de alguns pontos do texto da Medida Provisória elaborada pelo governo federal e na iminência de ser editada apelo presidente Lula. Depois, a matéria será enviada para a análise dos parlamentares no Congresso Nacional.

”A regulamentação trará segurança para as empresas e para os apostadores, uma vez que as entidades e empresas estejam habilitadas para compartilhar dados para detectar comportamentos suspeitos. Também vai ajudar a deixar mais transparente as relações com clubes, entidades, empresas e os próprios apostadores”, avalia Hans Schleier, diretor de marketing da Casa de Apostas.

“Algo muito importante é que começamos a perceber um amadurecimento na discussão do tema, deixando claro que não é algo simplesmente restrito a tributação das casas de apostas, mas a regulamentação do setor como um todo, que define os marcos legais de operação dessas casas”, ressalta Marcos Sabiá, CEO da Galera.bet.

O governo espera arrecadar de R$ 12 bilhões a R$ 15 bilhões com a medida. Segundo o Ministério da Fazenda, os ministérios poderão editar portarias com normas para criar mecanismos que evitem e coíbam os casos de manipulação de partidas de futebol.

“A MP tem um objetivo de traçar os marcos legais e que tem um objetivo importante na definição de uma série de temas e detalhamento do que nós já tínhamos previsto em lei, e agora com uma definição um pouco mais detalhada. Mas existe todo esse ecossistema que traz o assunto agência reguladora, que vai fazer parte desse ambiente de fiscalização, de controle, de regulamentação do setor”, avalia Sabiá.

Para o advogado desportivo Luciano Andrade Pinheiro, mais do que mecanismos de controle e detecção de fraudes, é necessário uma ação coordenada entre as partes para coibir esquemas fraudulentos de apostadores. “O que é preciso na verdade é uma ação conjunta, coordenada entre as casas de apostas, o governo e as entidades de administração do esporte com vistas a educar atletas, fiscalizar e punir”, opina.

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