A Federação Albanesa de Futebol anunciou na semana passada que chegou a um acordo para ter Sylvinho como treinador da seleção da Albânia e até já apresentou o treinador. Mas como o brasileiro, que teve o Corinthians como último trabalho, foi parar na seleção europeia ocupante do 66º lugar no ranking da Fifa e que sonha em disputar a Copa do Mundo pela primeira vez?
Foi um empresário europeu que conhecia Sylvinho o responsável por fazer o primeiro contato entre a Federação Albanesa e o treinador. Esse intermediário procurou o técnico no fim do ano passado e falou da possibilidade de dirigir a seleção balcânica.
O treinador se animou com a ideia e, então, foram abertas as negociações. Primeiro, ele falou com os dirigentes albaneses por telefone. Depois, houve uma primeira reunião presencial em Milão, na Itália. Um segundo encontro, em Tirana, capital da Albânia, selou o acordo.
Os dirigentes da Albânia queriam um profissional jovem, com “ideias novas” e com poucos ou nenhum vício em seu trabalho, segundo soube o Estadão. Sylvinho tem 48 anos e pouca experiência como treinador - havia treinado apenas Lyon e Corinthians -, mas, amealha experiências importantes como auxiliar. Nesse função, trabalhou com o italiano Roberto Mancini na Inter de Milão e com Tite no Corinthians e na seleção brasileira.
Os albaneses também consideram relevante o conhecimento adquirido enquanto jogador. Sylvinho fez quase toda a sua carreira na Europa e teve a oportunidade de ser comandado por grandes treinadores, como Pep Guardiola, e jogar com astros da genialidade de Lionel Messi. O presidente da Federação Albanesa, Armand Duka, até citou o astro argentino campeão mundial no Catar na coletiva de apresentação do técnico brasileiro.
Depois de ser revelado pelo Corinthians, o ex-lateral-esquerdo defendeu os espanhóis Celta de Vigo e Barcelona e os ingleses Arsenal e Manchester City, no qual se aposentou.
Sylvinho se entusiasmou com a ideia desde que recebeu a proposta porque considera importante mais uma oportunidade na Europa, ainda que na Albânia, uma seleção cujo principal objetivo a curto prazo é se classificar para a Eurocopa de 2024, a ser disputada na Alemanha. Se o técnico levar a seleção à competição mais importante do continente, igualará o feito obtido em 2016.
“Muitas pessoas no mundo do futebol me disseram que este projeto albanês seria bom para seguir em frente. Isso me deu um impulso para tomar minha decisão”, disse o técnico, em italiano, na sua apresentação. “Fiquei muito impressionado com o clima e o ambiente em torno da seleção”.
O contrato é de 18 meses e coincide com o encerramento da Eurocopa. A remuneração do treinador e de sua comissão técnica está atreladas aos resultados. O ex-jogador revelado no Parque São Jorge tem como auxiliares o brasileiro Doriva e o argentino Pablo Zabaleta.
A fase qualificatória do torneio europeu de seleções será disputada nas Datas Fifa de março e novembro deste ano. Os classificados disputarão a competição entre 14 de junho e 14 de julho de 2024, na Alemanha. A Albânia está no Grupo E, ao lado de Polônia, República Tcheca, Ilhas Faroe e Moldávia. A estreia de Sylvinho está marcada para o dia 27 de março, diante dos poloneses, fora de casa.
A seleção balcânica tem pouca relevância no cenário europeu e mundial. Por outro lado, os objetivos são modestos e a pressão, diminuta. O brasileiro vai, portanto, encontrar paz para trabalhar, algo que lhe faltou no comando do Corinthians, do qual foi demitido em fevereiro do ano passado após revés para o Santos em casa.
No ano passado, alguns clubes brasileiros, como Ceará e Goiás, fizeram consultas a Sylvinho, mas ele não quis começar um novo trabalho com boa parte da temporada em andamento. Também chegou a conversar com um time dos Estados Unidos.
Voltar a viver na Europa é algo que também agradou Sylvinho, já que estará perto da família. A mulher e o filho Thiago moram na cidade do Porto, em Portugal, e a filha Tatiane, em Madri, na Espanha. São pouco mais de três horas de voo de Tirana para a capital espanhola.