Conheça o cartola que denunciou o esquema das apostas e tem dias de ‘herói às avessas’ no futebol


Major da PM de Goiás e presidente do Vila Nova, Hugo Jorge Bravo começou a apuração sobre o grupo que manipulava jogos e enviou os achados ao Ministério Público

Por Vinícius Valfré
Atualização:

GOIÂNIA - Pelos corredores da sede do Vila Nova Futebol Clube, Hugo Jorge Bravo recebe congratulações de funcionários, visitantes e dirigentes. Todos querem apertar a sua mão. A avaliação geral é a de que o presidente-executivo da equipe de Goiânia (GO) impactou positivamente a imagem da instituição, e a sua própria, ao descobrir e denunciar o esquema de apostas esportivas que causou escândalo no futebol brasileiro. Foi ele que levou uma apuração prévia dos casos de fraudes ao Ministério Público do seu Estado.

Com a exposição que nunca teve, o presidente espera que novos patrocinadores enxerguem seriedade no seu trabalho à frente da instituição esportiva e aportem no clube. “Talvez seja a onda mais positiva para o Vila Nova”, afirmou um torcedor empolgado. “Mas tem de reverter isso em patrocínio”, rebateu o dirigente. “Não chegou ninguém ainda. A gente até espera que chegue porque estamos precisando bastante”, disse ao Estadão.

Nunca um cartola do Vila foi tão requisitado. Bravo diz que é a contragosto que tem recebido vários jornalistas em sua sala do recém-reformado prédio do clube. O sorriso de satisfação que exibe ao recontar como descobriu o esquema indica o oposto.

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Hugo Jorge Bravo, major da PM de Goiás e presidente do Vila Nova Futebol Clube Foto: Rodrigo Silviano

Aos 39 anos, ele tem características que remetem a personagens folclóricos da velha crônica esportiva. Major da Polícia Militar de Goiás, no serviço ativo, diz que chega ao clube sempre à noite, depois de dar expediente fardado, pois a sua profissão é a de agente de segurança pública, não a de cartola. No Vila, garante que o serviço é voluntário – embora gerencie orçamento anual de R$ 18 milhões.

Sobre a mesa onde despacha as coisas do clube, mantém um exemplar do livro do técnico do Palmeiras, Abel Ferreira, e outro da Bíblia, aberta. Ao alcance da mão, tem ainda um taco de beisebol envolto por um papel branco no qual está escrito em letras garrafais: “RESULTADO!!!”. É um objeto de seu acervo pessoal que, com a palavra nele escrito, guia uma filosofia de trabalho. “O resultado, se ele não vem de um jeito, ele vem de outro. Nem que seja na pancada”, diz.

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Sem receio de virar ele mesmo alvo de investigação trabalhista ou criminal, admite que o item já zuniu dentro das dependências do clube. “De vez em quando, a gente pega funcionário fazendo sacanagem aí dentro...” Quando questionado se está ciente de que usar o taco contra alguém causa danos, ele confirma: “Mas é pra machucar mesmo. Se fosse pra fazer massagem, ia lá para o DM (Departamento Médico), com o massagista.”

A descoberta

Segundo o presidente, foi o faro de policial que trouxe ao seu conhecimento a atuação de Bruno Lopez de Moura junto a jogadores do Vila. O empresário, acusado pelo Ministério Público de Goiás (MP-GO) de liderar o esquema de manipulação, cobrava a devolução de um pagamento feito para que causassem um pênalti proposital na última rodada da Série B de 2022, contra o Sport.

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O jogador Romário (Marcus Vinicius Barreira) indicou Gabriel Domingos. E um “sinal” de R$ 10 mil teria sido rateado entre os dois. Ambos estão entre os oito denunciados ainda na primeira fase da Operação Penalidade Máxima e respondem em liberdade pelo crime de manipulação de competições, previsto no Estatuto do Torcedor.

Hugo Jorge Bravo, major da PM de Goiás e presidente do Vila Nova Futebol Clube Foto: Rodrigo Silviano

Para que a aposta fosse bem sucedida, deveria haver penalidades máximas no primeiro tempo de três partidas com jogadores cooptados. Como os atletas do Vila não foram relacionados para o jogo pelo técnico e não houve o pênalti, a aposta múltipla foi por água abaixo e os líderes do esquema, segundo as investigações, amargaram prejuízo de mais de R$ 400 mil.

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“Você aplica a ‘teoria do salvador’, se coloca como sendo a única pessoa capaz de ajudá-lo naquele momento. Fui induzindo o cara, ganhando confiança. ‘Sou o presidente do Vila Nova, estou entrando em contato para saber como eu posso ajudar a resolver esse problema do Romário, porque eu não quero nenhum atleta aqui com a cabeça virada. Ele é um ativo do clube’. Eu identifiquei o problema, achei o contato e liguei”, contou.

Em vários contatos com o dirigente, Bruno Lopez acabou contando a origem da dívida. As informações foram levadas ao MP-GO e duas fases da Operação Penalidade Máxima já foram deflagradas, com 25 denunciados. Jogadores das séries A e B tiveram contratos suspensos ou rescindidos.

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O presidente do Vila Nova vê as empresas de apostas também como vítimas do esquema e fundamentais para fomentar o futebol no Brasil. A logomarca da Esporte da Sorte, que em breve deve sair das costas para a posição principal do uniforme do time, aporta o equivalente a cerca de 15% das obrigações anuais do clube.

“O cara coloca meio milhão de reais em aposta manipulada para ter R$ 2 milhões de lucro. Quem está pagando essa diferença é a casa de aposta. São vítimas e têm o meu profundo respeito. Vão ser, ao longo dos anos, e a assim a gente espera, os grandes fomentadores de um esporte que deveria ser mais valorizado pelas empresas nacionais”, frisou.

O cartola tem os pés na polícia e no futebol. Com a visibilidade, amigos voltaram a defender a ideia de que ele deve se lançar candidato nas eleições. A política faz parte do dia a dia do clube. O atual presidente da Câmara de Goiânia, Romário Policarpo, é um dos diretores da instituição. Hugo diz que ir à urna não está em seus planos. Ao menos por enquanto.

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“Eles falam que sou meio político. No fim, não tenho muita paciência, não. Gosto muito da minha carreira, penso chegar ao ponto mais alto dela, de coronel, respeitando o tempo, as pessoas. Quero ajudar a instituição que eu gosto. Mas vai saber o que Deus reserva também...”, declarou.

GOIÂNIA - Pelos corredores da sede do Vila Nova Futebol Clube, Hugo Jorge Bravo recebe congratulações de funcionários, visitantes e dirigentes. Todos querem apertar a sua mão. A avaliação geral é a de que o presidente-executivo da equipe de Goiânia (GO) impactou positivamente a imagem da instituição, e a sua própria, ao descobrir e denunciar o esquema de apostas esportivas que causou escândalo no futebol brasileiro. Foi ele que levou uma apuração prévia dos casos de fraudes ao Ministério Público do seu Estado.

Com a exposição que nunca teve, o presidente espera que novos patrocinadores enxerguem seriedade no seu trabalho à frente da instituição esportiva e aportem no clube. “Talvez seja a onda mais positiva para o Vila Nova”, afirmou um torcedor empolgado. “Mas tem de reverter isso em patrocínio”, rebateu o dirigente. “Não chegou ninguém ainda. A gente até espera que chegue porque estamos precisando bastante”, disse ao Estadão.

Nunca um cartola do Vila foi tão requisitado. Bravo diz que é a contragosto que tem recebido vários jornalistas em sua sala do recém-reformado prédio do clube. O sorriso de satisfação que exibe ao recontar como descobriu o esquema indica o oposto.

Hugo Jorge Bravo, major da PM de Goiás e presidente do Vila Nova Futebol Clube Foto: Rodrigo Silviano

Aos 39 anos, ele tem características que remetem a personagens folclóricos da velha crônica esportiva. Major da Polícia Militar de Goiás, no serviço ativo, diz que chega ao clube sempre à noite, depois de dar expediente fardado, pois a sua profissão é a de agente de segurança pública, não a de cartola. No Vila, garante que o serviço é voluntário – embora gerencie orçamento anual de R$ 18 milhões.

Sobre a mesa onde despacha as coisas do clube, mantém um exemplar do livro do técnico do Palmeiras, Abel Ferreira, e outro da Bíblia, aberta. Ao alcance da mão, tem ainda um taco de beisebol envolto por um papel branco no qual está escrito em letras garrafais: “RESULTADO!!!”. É um objeto de seu acervo pessoal que, com a palavra nele escrito, guia uma filosofia de trabalho. “O resultado, se ele não vem de um jeito, ele vem de outro. Nem que seja na pancada”, diz.

Sem receio de virar ele mesmo alvo de investigação trabalhista ou criminal, admite que o item já zuniu dentro das dependências do clube. “De vez em quando, a gente pega funcionário fazendo sacanagem aí dentro...” Quando questionado se está ciente de que usar o taco contra alguém causa danos, ele confirma: “Mas é pra machucar mesmo. Se fosse pra fazer massagem, ia lá para o DM (Departamento Médico), com o massagista.”

A descoberta

Segundo o presidente, foi o faro de policial que trouxe ao seu conhecimento a atuação de Bruno Lopez de Moura junto a jogadores do Vila. O empresário, acusado pelo Ministério Público de Goiás (MP-GO) de liderar o esquema de manipulação, cobrava a devolução de um pagamento feito para que causassem um pênalti proposital na última rodada da Série B de 2022, contra o Sport.

O jogador Romário (Marcus Vinicius Barreira) indicou Gabriel Domingos. E um “sinal” de R$ 10 mil teria sido rateado entre os dois. Ambos estão entre os oito denunciados ainda na primeira fase da Operação Penalidade Máxima e respondem em liberdade pelo crime de manipulação de competições, previsto no Estatuto do Torcedor.

Hugo Jorge Bravo, major da PM de Goiás e presidente do Vila Nova Futebol Clube Foto: Rodrigo Silviano

Para que a aposta fosse bem sucedida, deveria haver penalidades máximas no primeiro tempo de três partidas com jogadores cooptados. Como os atletas do Vila não foram relacionados para o jogo pelo técnico e não houve o pênalti, a aposta múltipla foi por água abaixo e os líderes do esquema, segundo as investigações, amargaram prejuízo de mais de R$ 400 mil.

“Você aplica a ‘teoria do salvador’, se coloca como sendo a única pessoa capaz de ajudá-lo naquele momento. Fui induzindo o cara, ganhando confiança. ‘Sou o presidente do Vila Nova, estou entrando em contato para saber como eu posso ajudar a resolver esse problema do Romário, porque eu não quero nenhum atleta aqui com a cabeça virada. Ele é um ativo do clube’. Eu identifiquei o problema, achei o contato e liguei”, contou.

Em vários contatos com o dirigente, Bruno Lopez acabou contando a origem da dívida. As informações foram levadas ao MP-GO e duas fases da Operação Penalidade Máxima já foram deflagradas, com 25 denunciados. Jogadores das séries A e B tiveram contratos suspensos ou rescindidos.

O presidente do Vila Nova vê as empresas de apostas também como vítimas do esquema e fundamentais para fomentar o futebol no Brasil. A logomarca da Esporte da Sorte, que em breve deve sair das costas para a posição principal do uniforme do time, aporta o equivalente a cerca de 15% das obrigações anuais do clube.

“O cara coloca meio milhão de reais em aposta manipulada para ter R$ 2 milhões de lucro. Quem está pagando essa diferença é a casa de aposta. São vítimas e têm o meu profundo respeito. Vão ser, ao longo dos anos, e a assim a gente espera, os grandes fomentadores de um esporte que deveria ser mais valorizado pelas empresas nacionais”, frisou.

O cartola tem os pés na polícia e no futebol. Com a visibilidade, amigos voltaram a defender a ideia de que ele deve se lançar candidato nas eleições. A política faz parte do dia a dia do clube. O atual presidente da Câmara de Goiânia, Romário Policarpo, é um dos diretores da instituição. Hugo diz que ir à urna não está em seus planos. Ao menos por enquanto.

“Eles falam que sou meio político. No fim, não tenho muita paciência, não. Gosto muito da minha carreira, penso chegar ao ponto mais alto dela, de coronel, respeitando o tempo, as pessoas. Quero ajudar a instituição que eu gosto. Mas vai saber o que Deus reserva também...”, declarou.

GOIÂNIA - Pelos corredores da sede do Vila Nova Futebol Clube, Hugo Jorge Bravo recebe congratulações de funcionários, visitantes e dirigentes. Todos querem apertar a sua mão. A avaliação geral é a de que o presidente-executivo da equipe de Goiânia (GO) impactou positivamente a imagem da instituição, e a sua própria, ao descobrir e denunciar o esquema de apostas esportivas que causou escândalo no futebol brasileiro. Foi ele que levou uma apuração prévia dos casos de fraudes ao Ministério Público do seu Estado.

Com a exposição que nunca teve, o presidente espera que novos patrocinadores enxerguem seriedade no seu trabalho à frente da instituição esportiva e aportem no clube. “Talvez seja a onda mais positiva para o Vila Nova”, afirmou um torcedor empolgado. “Mas tem de reverter isso em patrocínio”, rebateu o dirigente. “Não chegou ninguém ainda. A gente até espera que chegue porque estamos precisando bastante”, disse ao Estadão.

Nunca um cartola do Vila foi tão requisitado. Bravo diz que é a contragosto que tem recebido vários jornalistas em sua sala do recém-reformado prédio do clube. O sorriso de satisfação que exibe ao recontar como descobriu o esquema indica o oposto.

Hugo Jorge Bravo, major da PM de Goiás e presidente do Vila Nova Futebol Clube Foto: Rodrigo Silviano

Aos 39 anos, ele tem características que remetem a personagens folclóricos da velha crônica esportiva. Major da Polícia Militar de Goiás, no serviço ativo, diz que chega ao clube sempre à noite, depois de dar expediente fardado, pois a sua profissão é a de agente de segurança pública, não a de cartola. No Vila, garante que o serviço é voluntário – embora gerencie orçamento anual de R$ 18 milhões.

Sobre a mesa onde despacha as coisas do clube, mantém um exemplar do livro do técnico do Palmeiras, Abel Ferreira, e outro da Bíblia, aberta. Ao alcance da mão, tem ainda um taco de beisebol envolto por um papel branco no qual está escrito em letras garrafais: “RESULTADO!!!”. É um objeto de seu acervo pessoal que, com a palavra nele escrito, guia uma filosofia de trabalho. “O resultado, se ele não vem de um jeito, ele vem de outro. Nem que seja na pancada”, diz.

Sem receio de virar ele mesmo alvo de investigação trabalhista ou criminal, admite que o item já zuniu dentro das dependências do clube. “De vez em quando, a gente pega funcionário fazendo sacanagem aí dentro...” Quando questionado se está ciente de que usar o taco contra alguém causa danos, ele confirma: “Mas é pra machucar mesmo. Se fosse pra fazer massagem, ia lá para o DM (Departamento Médico), com o massagista.”

A descoberta

Segundo o presidente, foi o faro de policial que trouxe ao seu conhecimento a atuação de Bruno Lopez de Moura junto a jogadores do Vila. O empresário, acusado pelo Ministério Público de Goiás (MP-GO) de liderar o esquema de manipulação, cobrava a devolução de um pagamento feito para que causassem um pênalti proposital na última rodada da Série B de 2022, contra o Sport.

O jogador Romário (Marcus Vinicius Barreira) indicou Gabriel Domingos. E um “sinal” de R$ 10 mil teria sido rateado entre os dois. Ambos estão entre os oito denunciados ainda na primeira fase da Operação Penalidade Máxima e respondem em liberdade pelo crime de manipulação de competições, previsto no Estatuto do Torcedor.

Hugo Jorge Bravo, major da PM de Goiás e presidente do Vila Nova Futebol Clube Foto: Rodrigo Silviano

Para que a aposta fosse bem sucedida, deveria haver penalidades máximas no primeiro tempo de três partidas com jogadores cooptados. Como os atletas do Vila não foram relacionados para o jogo pelo técnico e não houve o pênalti, a aposta múltipla foi por água abaixo e os líderes do esquema, segundo as investigações, amargaram prejuízo de mais de R$ 400 mil.

“Você aplica a ‘teoria do salvador’, se coloca como sendo a única pessoa capaz de ajudá-lo naquele momento. Fui induzindo o cara, ganhando confiança. ‘Sou o presidente do Vila Nova, estou entrando em contato para saber como eu posso ajudar a resolver esse problema do Romário, porque eu não quero nenhum atleta aqui com a cabeça virada. Ele é um ativo do clube’. Eu identifiquei o problema, achei o contato e liguei”, contou.

Em vários contatos com o dirigente, Bruno Lopez acabou contando a origem da dívida. As informações foram levadas ao MP-GO e duas fases da Operação Penalidade Máxima já foram deflagradas, com 25 denunciados. Jogadores das séries A e B tiveram contratos suspensos ou rescindidos.

O presidente do Vila Nova vê as empresas de apostas também como vítimas do esquema e fundamentais para fomentar o futebol no Brasil. A logomarca da Esporte da Sorte, que em breve deve sair das costas para a posição principal do uniforme do time, aporta o equivalente a cerca de 15% das obrigações anuais do clube.

“O cara coloca meio milhão de reais em aposta manipulada para ter R$ 2 milhões de lucro. Quem está pagando essa diferença é a casa de aposta. São vítimas e têm o meu profundo respeito. Vão ser, ao longo dos anos, e a assim a gente espera, os grandes fomentadores de um esporte que deveria ser mais valorizado pelas empresas nacionais”, frisou.

O cartola tem os pés na polícia e no futebol. Com a visibilidade, amigos voltaram a defender a ideia de que ele deve se lançar candidato nas eleições. A política faz parte do dia a dia do clube. O atual presidente da Câmara de Goiânia, Romário Policarpo, é um dos diretores da instituição. Hugo diz que ir à urna não está em seus planos. Ao menos por enquanto.

“Eles falam que sou meio político. No fim, não tenho muita paciência, não. Gosto muito da minha carreira, penso chegar ao ponto mais alto dela, de coronel, respeitando o tempo, as pessoas. Quero ajudar a instituição que eu gosto. Mas vai saber o que Deus reserva também...”, declarou.

GOIÂNIA - Pelos corredores da sede do Vila Nova Futebol Clube, Hugo Jorge Bravo recebe congratulações de funcionários, visitantes e dirigentes. Todos querem apertar a sua mão. A avaliação geral é a de que o presidente-executivo da equipe de Goiânia (GO) impactou positivamente a imagem da instituição, e a sua própria, ao descobrir e denunciar o esquema de apostas esportivas que causou escândalo no futebol brasileiro. Foi ele que levou uma apuração prévia dos casos de fraudes ao Ministério Público do seu Estado.

Com a exposição que nunca teve, o presidente espera que novos patrocinadores enxerguem seriedade no seu trabalho à frente da instituição esportiva e aportem no clube. “Talvez seja a onda mais positiva para o Vila Nova”, afirmou um torcedor empolgado. “Mas tem de reverter isso em patrocínio”, rebateu o dirigente. “Não chegou ninguém ainda. A gente até espera que chegue porque estamos precisando bastante”, disse ao Estadão.

Nunca um cartola do Vila foi tão requisitado. Bravo diz que é a contragosto que tem recebido vários jornalistas em sua sala do recém-reformado prédio do clube. O sorriso de satisfação que exibe ao recontar como descobriu o esquema indica o oposto.

Hugo Jorge Bravo, major da PM de Goiás e presidente do Vila Nova Futebol Clube Foto: Rodrigo Silviano

Aos 39 anos, ele tem características que remetem a personagens folclóricos da velha crônica esportiva. Major da Polícia Militar de Goiás, no serviço ativo, diz que chega ao clube sempre à noite, depois de dar expediente fardado, pois a sua profissão é a de agente de segurança pública, não a de cartola. No Vila, garante que o serviço é voluntário – embora gerencie orçamento anual de R$ 18 milhões.

Sobre a mesa onde despacha as coisas do clube, mantém um exemplar do livro do técnico do Palmeiras, Abel Ferreira, e outro da Bíblia, aberta. Ao alcance da mão, tem ainda um taco de beisebol envolto por um papel branco no qual está escrito em letras garrafais: “RESULTADO!!!”. É um objeto de seu acervo pessoal que, com a palavra nele escrito, guia uma filosofia de trabalho. “O resultado, se ele não vem de um jeito, ele vem de outro. Nem que seja na pancada”, diz.

Sem receio de virar ele mesmo alvo de investigação trabalhista ou criminal, admite que o item já zuniu dentro das dependências do clube. “De vez em quando, a gente pega funcionário fazendo sacanagem aí dentro...” Quando questionado se está ciente de que usar o taco contra alguém causa danos, ele confirma: “Mas é pra machucar mesmo. Se fosse pra fazer massagem, ia lá para o DM (Departamento Médico), com o massagista.”

A descoberta

Segundo o presidente, foi o faro de policial que trouxe ao seu conhecimento a atuação de Bruno Lopez de Moura junto a jogadores do Vila. O empresário, acusado pelo Ministério Público de Goiás (MP-GO) de liderar o esquema de manipulação, cobrava a devolução de um pagamento feito para que causassem um pênalti proposital na última rodada da Série B de 2022, contra o Sport.

O jogador Romário (Marcus Vinicius Barreira) indicou Gabriel Domingos. E um “sinal” de R$ 10 mil teria sido rateado entre os dois. Ambos estão entre os oito denunciados ainda na primeira fase da Operação Penalidade Máxima e respondem em liberdade pelo crime de manipulação de competições, previsto no Estatuto do Torcedor.

Hugo Jorge Bravo, major da PM de Goiás e presidente do Vila Nova Futebol Clube Foto: Rodrigo Silviano

Para que a aposta fosse bem sucedida, deveria haver penalidades máximas no primeiro tempo de três partidas com jogadores cooptados. Como os atletas do Vila não foram relacionados para o jogo pelo técnico e não houve o pênalti, a aposta múltipla foi por água abaixo e os líderes do esquema, segundo as investigações, amargaram prejuízo de mais de R$ 400 mil.

“Você aplica a ‘teoria do salvador’, se coloca como sendo a única pessoa capaz de ajudá-lo naquele momento. Fui induzindo o cara, ganhando confiança. ‘Sou o presidente do Vila Nova, estou entrando em contato para saber como eu posso ajudar a resolver esse problema do Romário, porque eu não quero nenhum atleta aqui com a cabeça virada. Ele é um ativo do clube’. Eu identifiquei o problema, achei o contato e liguei”, contou.

Em vários contatos com o dirigente, Bruno Lopez acabou contando a origem da dívida. As informações foram levadas ao MP-GO e duas fases da Operação Penalidade Máxima já foram deflagradas, com 25 denunciados. Jogadores das séries A e B tiveram contratos suspensos ou rescindidos.

O presidente do Vila Nova vê as empresas de apostas também como vítimas do esquema e fundamentais para fomentar o futebol no Brasil. A logomarca da Esporte da Sorte, que em breve deve sair das costas para a posição principal do uniforme do time, aporta o equivalente a cerca de 15% das obrigações anuais do clube.

“O cara coloca meio milhão de reais em aposta manipulada para ter R$ 2 milhões de lucro. Quem está pagando essa diferença é a casa de aposta. São vítimas e têm o meu profundo respeito. Vão ser, ao longo dos anos, e a assim a gente espera, os grandes fomentadores de um esporte que deveria ser mais valorizado pelas empresas nacionais”, frisou.

O cartola tem os pés na polícia e no futebol. Com a visibilidade, amigos voltaram a defender a ideia de que ele deve se lançar candidato nas eleições. A política faz parte do dia a dia do clube. O atual presidente da Câmara de Goiânia, Romário Policarpo, é um dos diretores da instituição. Hugo diz que ir à urna não está em seus planos. Ao menos por enquanto.

“Eles falam que sou meio político. No fim, não tenho muita paciência, não. Gosto muito da minha carreira, penso chegar ao ponto mais alto dela, de coronel, respeitando o tempo, as pessoas. Quero ajudar a instituição que eu gosto. Mas vai saber o que Deus reserva também...”, declarou.

GOIÂNIA - Pelos corredores da sede do Vila Nova Futebol Clube, Hugo Jorge Bravo recebe congratulações de funcionários, visitantes e dirigentes. Todos querem apertar a sua mão. A avaliação geral é a de que o presidente-executivo da equipe de Goiânia (GO) impactou positivamente a imagem da instituição, e a sua própria, ao descobrir e denunciar o esquema de apostas esportivas que causou escândalo no futebol brasileiro. Foi ele que levou uma apuração prévia dos casos de fraudes ao Ministério Público do seu Estado.

Com a exposição que nunca teve, o presidente espera que novos patrocinadores enxerguem seriedade no seu trabalho à frente da instituição esportiva e aportem no clube. “Talvez seja a onda mais positiva para o Vila Nova”, afirmou um torcedor empolgado. “Mas tem de reverter isso em patrocínio”, rebateu o dirigente. “Não chegou ninguém ainda. A gente até espera que chegue porque estamos precisando bastante”, disse ao Estadão.

Nunca um cartola do Vila foi tão requisitado. Bravo diz que é a contragosto que tem recebido vários jornalistas em sua sala do recém-reformado prédio do clube. O sorriso de satisfação que exibe ao recontar como descobriu o esquema indica o oposto.

Hugo Jorge Bravo, major da PM de Goiás e presidente do Vila Nova Futebol Clube Foto: Rodrigo Silviano

Aos 39 anos, ele tem características que remetem a personagens folclóricos da velha crônica esportiva. Major da Polícia Militar de Goiás, no serviço ativo, diz que chega ao clube sempre à noite, depois de dar expediente fardado, pois a sua profissão é a de agente de segurança pública, não a de cartola. No Vila, garante que o serviço é voluntário – embora gerencie orçamento anual de R$ 18 milhões.

Sobre a mesa onde despacha as coisas do clube, mantém um exemplar do livro do técnico do Palmeiras, Abel Ferreira, e outro da Bíblia, aberta. Ao alcance da mão, tem ainda um taco de beisebol envolto por um papel branco no qual está escrito em letras garrafais: “RESULTADO!!!”. É um objeto de seu acervo pessoal que, com a palavra nele escrito, guia uma filosofia de trabalho. “O resultado, se ele não vem de um jeito, ele vem de outro. Nem que seja na pancada”, diz.

Sem receio de virar ele mesmo alvo de investigação trabalhista ou criminal, admite que o item já zuniu dentro das dependências do clube. “De vez em quando, a gente pega funcionário fazendo sacanagem aí dentro...” Quando questionado se está ciente de que usar o taco contra alguém causa danos, ele confirma: “Mas é pra machucar mesmo. Se fosse pra fazer massagem, ia lá para o DM (Departamento Médico), com o massagista.”

A descoberta

Segundo o presidente, foi o faro de policial que trouxe ao seu conhecimento a atuação de Bruno Lopez de Moura junto a jogadores do Vila. O empresário, acusado pelo Ministério Público de Goiás (MP-GO) de liderar o esquema de manipulação, cobrava a devolução de um pagamento feito para que causassem um pênalti proposital na última rodada da Série B de 2022, contra o Sport.

O jogador Romário (Marcus Vinicius Barreira) indicou Gabriel Domingos. E um “sinal” de R$ 10 mil teria sido rateado entre os dois. Ambos estão entre os oito denunciados ainda na primeira fase da Operação Penalidade Máxima e respondem em liberdade pelo crime de manipulação de competições, previsto no Estatuto do Torcedor.

Hugo Jorge Bravo, major da PM de Goiás e presidente do Vila Nova Futebol Clube Foto: Rodrigo Silviano

Para que a aposta fosse bem sucedida, deveria haver penalidades máximas no primeiro tempo de três partidas com jogadores cooptados. Como os atletas do Vila não foram relacionados para o jogo pelo técnico e não houve o pênalti, a aposta múltipla foi por água abaixo e os líderes do esquema, segundo as investigações, amargaram prejuízo de mais de R$ 400 mil.

“Você aplica a ‘teoria do salvador’, se coloca como sendo a única pessoa capaz de ajudá-lo naquele momento. Fui induzindo o cara, ganhando confiança. ‘Sou o presidente do Vila Nova, estou entrando em contato para saber como eu posso ajudar a resolver esse problema do Romário, porque eu não quero nenhum atleta aqui com a cabeça virada. Ele é um ativo do clube’. Eu identifiquei o problema, achei o contato e liguei”, contou.

Em vários contatos com o dirigente, Bruno Lopez acabou contando a origem da dívida. As informações foram levadas ao MP-GO e duas fases da Operação Penalidade Máxima já foram deflagradas, com 25 denunciados. Jogadores das séries A e B tiveram contratos suspensos ou rescindidos.

O presidente do Vila Nova vê as empresas de apostas também como vítimas do esquema e fundamentais para fomentar o futebol no Brasil. A logomarca da Esporte da Sorte, que em breve deve sair das costas para a posição principal do uniforme do time, aporta o equivalente a cerca de 15% das obrigações anuais do clube.

“O cara coloca meio milhão de reais em aposta manipulada para ter R$ 2 milhões de lucro. Quem está pagando essa diferença é a casa de aposta. São vítimas e têm o meu profundo respeito. Vão ser, ao longo dos anos, e a assim a gente espera, os grandes fomentadores de um esporte que deveria ser mais valorizado pelas empresas nacionais”, frisou.

O cartola tem os pés na polícia e no futebol. Com a visibilidade, amigos voltaram a defender a ideia de que ele deve se lançar candidato nas eleições. A política faz parte do dia a dia do clube. O atual presidente da Câmara de Goiânia, Romário Policarpo, é um dos diretores da instituição. Hugo diz que ir à urna não está em seus planos. Ao menos por enquanto.

“Eles falam que sou meio político. No fim, não tenho muita paciência, não. Gosto muito da minha carreira, penso chegar ao ponto mais alto dela, de coronel, respeitando o tempo, as pessoas. Quero ajudar a instituição que eu gosto. Mas vai saber o que Deus reserva também...”, declarou.

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