Alexandre Cassundé, dono da Rede Media Social Ltda, apontado como intermediário do acordo de patrocínio entre o Corinthians e a casa de apostas Vai de Bet, está abalado e passando por problemas. É o que conta Cláudio Salgado, advogado responsável pela defesa do empresário. Segundo o profissional, Cassundé já sofreu até mesmo ameaças. O clube diz ser o maior interessado em resolver o caso e afirma estar colaborando com as investigações. Já a empresa de apostas nega participação nas eventuais irregularidades.
“O Alex está muito abalado, a família dele também. É uma situação terrível. A empresa (Rede Media Social) está com problemas porque ele ficou radioativo. As pessoas não querem chegar perto dele”, diz Salgado ao Estadão. “Ele recebeu mensagens veladas de ameaça. O Alex começa a andar na rua e, quem conhece, porque botaram a foto dele em todos os lugares, quer distância. Independentemente de culpa ou não.”
O advogado defende a tese de que seu cliente foi vítima de um golpe. Cassundé teria contratado a Neoway Soluções Integradas em Serviços Ltda, suposta empresa “laranja”, para a implementação de uma plataforma e software de telemedicina. O serviço de R$ 1 milhão foi pago com dinheiro recebido do pagamento da comissão pelo acordo entre Corinthians e Vai de Bet (R$ 1,4 milhão), porém não recebeu o trabalho contratado. Entretanto, Cassundé não registrou Boletim de Ocorrência.
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Salgado afirma que ele e sua equipe estudam a possibilidade de uma ação por danos morais ao fim da investigação. Segundo o delegado Tiago Fernando Correia, da Delegacia de Crimes Financeiros do Departamento de Polícia de Proteção à Cidadania (DPPC), o Corinthians é uma potencial vítima no caso.
Foi Cassundé quem sugeriu a Vai de Bet para o Corinthians. Em depoimento à Polícia Civil nesta terça-feira, ele disse que não conhecia a marca de casa de apostas até perguntar por “dicas de como encontrar uma empresa de bet” ao ChatGPT, inteligência artificial generativa da OpenAI. Segundo o advogado, o empresário não tinha procuração do clube para ir em busca de um patrocinador, mas teve liberdade para apresentar parceiros ao clube.
Ao ser contatada por Cassundé, a Vai de Bet entrou em contato com o Corinthians para negociar diretamente com o clube. Cassundé alega que foi o clube quem ofereceu R$ 25,2 milhões a ele por ter intermediado o negócio — ele afirma que a decisão foi interna, mas não sabe afirmar quem determinou o pagamento de comissão e definiu os valores. O valor é correspondente a 7% dos R$ 360 milhões de patrocínio celebrados no contrato entre as partes.
No depoimento à Polícia Civil, Cassundé apontou sua ligação com o clube por meio de Sergio Moura, ex-superintendente de marketing do clube, e Marcelo Mariano, diretor administrativo do Corinthians. Ele alega não ter participado das negociações com a Vai de Bet e teve envolvimento apenas na assinatura do contrato.
A Vai de Bet nega envolvimento em irregularidades, afirma que solicitou esclarecimentos sobre as suspeitas levantadas e rescindiu o acordo com o clube sob argumento de que “não se pode manter a parceria enquanto pairar qualquer suspeita em relação a condutas que fujam à conformidade com a ética e os preceitos legais”.