O Corinthians voltou a negociar com a Brax, empresa de marketing esportivo com sede no Rio, e está confiante de que vai concluir nos próximos dias a venda de seus direitos de televisão para a transmissão dos jogos do Brasileirão de 2025 a 2029. O Estadão apurou que o clube paulista alinha um plano que pode lhe beneficiar e irritar os times que compõem a Libra, grupo do qual a equipe paulista também faz parte: acertar a venda de seus direitos de TV à Brax, que pretende revendê-los à Globo.
O Corinthians entende que pode ganhar mais que Palmeiras e Flamengo e recebeu da Brax uma oferta de 25% a 30% maior do que os valores dentro do modelo da Libra. O clube administrado por Augusto Melo espera conseguir mais de R$ 200 milhões por ano pelos direitos televisivos de suas partidas do Brasileirão partir de 2025.
A Libra já fechou acordo com o Grupo Globo, mas o Corinthians é o único clube do bloco que ainda não assinou o contrato. Se negociar dentro do bloco, o clube tem de obedecer aos critérios estabelecidos pelo grupo e avalia que não conseguirá um acordo vantajoso. A projeção ao qual o Estadão teve acesso indica que o time alvinegro, caso negocie dentro da Libra, receberia R$ 173 milhões em 2025, valor inferior aos R$ 187 milhões que levou no ano passado.
Por isso, a ideia é vender seus direitos fora da Libra e levar mais dinheiro. A Brax é a maior interessada, no momento, e pretende repassar, ganhando comissão, os direitos da equipe à Globo, que teria de pagar mais do que dará aos outros clubes da Libra. A emissora entende que valerá a pena pois não pode prescindir das partidas do time que tem a segunda maior torcida do País e, com isso, será capaz de atrair mais patrocinadores para suas transmissões do Brasileirão a partir do ano que vem.
Se o acordo for fechados nesses moldes, será ruim para Atlético-MG, Bahia, Flamengo, Grêmio, Palmeiras, Red Bull Bragantino, São Paulo, Santos e Vitória, os times que fazem parte da Libra e ganharão menos que o Corinthians receberá indiretamente da Globo.
Esses clubes que integram a Libra também terão prejuízo porque o contrato de R$ 1,3 bilhão com a emissora estabelece que, sem o Corinthians, o valor sofra uma redação de 10%. As equipes receberiam aproximadamente R$ 1,17 bilhão anualmente na divisão de receitas. Se houver oito clubes em 2025 - caso o Santos não volte à elite do futebol brasileiro, por exemplo - haverá um decréscimo de mais 11%, abaixando a receita para R$ 1 bilhão.
O contrato da Libra com a Globo é de exclusividade, terá duração de cinco anos e foi fechado por R$ 6,5 bilhões, a serem pagos durante a vigência do acordo, que prevê a transmissão em todas as plataformas - TV aberta e fechada, streaming e pay-per-view - dos jogos, na condição de mandantes.
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Quem é a Brax?
A Brax ganhou projeção no ano passado graças a um acordo que fez com a Federação de Futebol do Rio (Ferj) para a transmissão do Campeonato Carioca. A empresa, depois, negociou os direitos com a Band. A agência de marketing esportivo já tem contrato com o Corinthians pela exploração dos direitos das placas de publicidade dos jogos do time. Também tem acordo com a CBF para explorar os direitos das placas da Copa do Brasil.
A empresa surgiu da união de três outras com décadas de atuação na área: Printac, Market Sport e Esportecom. Desde que se juntou, o grupo passou a atuar junto a clubes das Séries A e B, CBF, federações estaduais (como a carioca e a gaúcha), Conmebol e até mesmo no Campeonato Chileno.
Em geral, os contratos dizem respeito à publicidade estática nos estádios. O modelo se aproxima ao do que é visto agora nos acordos de transmissão: o clube ou entidade estabelece um valor mínimo pela venda dos espaços e a empresa paga por ele. A partir daí, a Brax busca lucrar em cima da diferença que consegue com os anunciantes.
O jeito encontrado pela empresa para maximizar as receitas, tanto dos clubes quanto a sua própria, é vender pacotes de publicidade fechados e que reúnem diferentes marcas. Antes, era comum as agremiações negociarem os acordos individualmente com as empresas, mas usando diferentes agências intermediárias, que ficavam com um percentual do acordo.