Depois de mais de 40 dias sem um patrocinador no espaço central da camisa, o Corinthians anunciou nesta quinta-feira, 25, a Esportes da Sorte como nova parceira do clube. A divulgação aconteceu no intervalo da partida contra o Grêmio. Um bandeirão com o nome de marca foi estendido no setor leste. Segundo apuração do Estadão, o contrato com a marca de apostas esportivas vai até dezembro 2026 e totaliza R$ 309 milhões ao fim dos três anos de acordo.
As conversas entre as partes ocorreram ao longo das últimas semanas, com a participação direta do presidente Augusto Melo. O mandatário corintiano foi procurado pela marca e negociou diretamente, sem a necessidade de um intermediário. Os detalhes do contrato foram amarrados pelos departamentos jurídico e de marketing nos últimos dias. A alta cúpula corintiana redobrou a atenção com questões contratuais após o escândalo do “laranja”, que ocasionou na rescisão unilateral pela Vai de Bet, antiga parceira do clube.
Como é dividido o contrato da Esportes da Sorte com o Corinthians
O Corinthians vai receber R$ 56,5 milhões fixos neste primeiro ano. Em 2025, o valor sobe para R$ 66,5 milhões, e em 2026, vai a R$ 90 milhões. Outros R$ 57 milhões serão reservados para a contratação de um jogador, que podem ser ‘adiantados’ a qualquer momento da duração do contrato. Desde o início do mandato de Augusto Melo, o presidente declarou por diversas vezes a vontade de assinar com um atleta de peso, capaz de mobilizar ainda mais a torcida.
Além disso, o Corinthians também receberá R$ 3 milhões por ano – totalizando R$ 9 milhões – para ações de marketing. Somando com o restante dos valores fixos, receberá em média R$ 74 milhões ao ano (que não contabiliza a cota reservada para a contratação de peso). Além desse montante, ainda há R$ 30 milhões, sendo R$ 10 milhões ao ano, que serão ativadas a cada meta atingida de usuários na plataforma da Esportes da Sorte.
Assim, com todas as especificidades, o Corinthians receberá, até o fim do contrato, R$ 309 milhões – média de R$ 103 milhões ao ano, que considera o impacto das cláusulas e bônus vigentes no contrato. O valor é próximo do que o clube receberia da Vai de Bet já que, dos R$ 370 milhões, um intermediário teve direito a R$ 27 milhões do montante.
O contrato com o clube também compõe a exposição de marca nas equipes de futebol feminino profissional, futsal masculino profissional e basquete masculino profissional.
Como o Estadão havia adiantado, o Corinthians tinha a expectativa de anunciar o novo patrocinador nesta semana. A diretoria tinha pressa em encontrar o novo parceiro e chegou a ter negociações avançadas com a Parimatch, cuja oferta de valores se aproximava ao oferecido pela Esportes da Sorte, mas o negócio não foi para frente.
Desde o princípio, a diretoria corintiana tinha como objetivo receber pelo menos R$ 100 milhões anuais de patrocínio máster. A atual gestão se preocupou em fechar um acordo superior a R$ 75 milhões anuais, valor oferecido na proposta de renovação pela Pixbet, e rejeitado pelo presidente Augusto Melo. Para alcançar números mais significativos, o clube negociou variáveis no contrato que contemplem a quantia desejada.
Com os R$ 103 milhões anuais, o Corinthians passará a ter o segundo maior patrocínio máster do Brasil, atrás apenas do Flamengo, que recebe R$ 105 milhões da Pixbet.
Sem o patrocínio máster, o clube utilizou o espaço central da camisa na partida contra o Bahia para criar expectativa para o acerto com a Esportes da Sorte. Os uniformes estamparam as frases “É torcida”, “É acreditar”, “É luta” e “É muito mais que um time”, referências ao slogan da nova patrocinadora – “É muito mais que bet”. Nas redes sociais, a marca também utilizou dos rumores para fomentar engajamento entre torcedores corintianos.
A Esportes da Sorte também patrocina o time feminino do Palmeiras desde janeiro. Executivos da marca já manifestaram por diversas vezes o interesse de estender a parceira ao time masculino para 2025. Com o acordo selado com o Corinthians, é incerto o futuro da parceria com o clube alviverde. Segundo apurou o Estadão, não há expectativa de rompimento do contrato, que se encerra em dezembro de 2024, mas a marca não deve avançar nas negociações para estampar o uniforme masculino – por razões financeiras.
Atualmente, o uniforme palmeirense masculino é estampado por Crefisa e Faculdade das Américas (FAM), empresas cujo dono é José Roberto Lamacchia, marido de Leila Pereira, presidente do clube.
Relembre caso Vai de Bet
Ao assumir a presidência em janeiro, Augusto Melo anunciou a Vai de Bet como nova patrocinadora máster do clube. A marca de casas de aposta, ainda desconhecida no País, ofereceu R$ 360 milhões por três temporadas, com pagamentos de R$ 10 milhões mensais ao longo de 36 meses, se tornando o maior patrocínio da história do futebol nacional. Em 7 de junho, a marca optou pela rescisão do contrato após a polêmica dos pagamentos da intermediária do acordo a uma suposta empresa “laranja”.
Para fechar com a Vai de Bet, a diretoria firmou na Justiça um acordo para pagar R$ 40,1 milhões à Pixbet, concorrente e parceira do time alvinegro até o início do ano, para encerrar o contrato de exclusividade vigente — os valores serão quitados até o início de 2025, sob pena de bloqueio de contas. A ex-patrocinadora, que se juntou ao Corinthians em 2022, ainda na gestão de Duílio Monteiro Alves, apresentou uma proposta de renovação no valor de R$ 75 milhões anuais para estampar a camisa corintiana, mas o valor não agradou a atual gestão.
Com o fim da parceria entre Corinthians e Vai de Bet, o Flamengo passou a ter o maior patrocínio máster do País. Os cariocas renovaram com a Pixbet, justamente a antiga parceira do time do Parque São Jorge, e conseguiram um aumento no montante a ser recebido alegando os valores pagos da Vai de Bet aos paulistas. Assim, o vínculo do clube rubro-negro com a marca passou de R$ 85 milhões a R$ 105 milhões, com progressão de montante fixo a partir de 2025. Por entender que tem um potencial de mercado semelhante, a diretoria corintiana tenta negociar valores do mesmo patamar.