Era “pule de dez”, como se diz no turfe quando um cavalo é muito superior aos concorrentes e sua vitória é certa. No caso do futebol, do Prêmio The Best para o melhor jogador, os concorrentes também têm raça pura. Mas, apesar da ótima temporada e do caminhão de gols feitos por Benzema, e da espetacular performance contínua de Mbappé, não dava mesmo para tirar o troféu de Lionel Messi.
Nada mais justo. Nada mais coerente. A capacidade, o talento de Messi todos conhecem, e não é de hoje nem de ontem. Havia, porém, uma dúvida sobre o craque: a de que ele também conseguiria ser gênio na seleção da Argentina. De maneira geral, no futebol das últimas décadas os jogadores não são em suas equipes nacionais aquilo que são em seus clubes. Lionel, porém, não tinha esse direito.
Ainda assim ganhou, digamos, uma última chance. Na Copa do Mundo do Catar. E mostrou aquilo que todos esperavam - e, é justo reconhecer, já conheciam. Jogou o fino da bola, liderou sua equipe, foi fundamental para a conquista do título mundial. Arrebentou. Trouxe à tona, mais uma vez, a essência do futebol. Essência que só os grandes craques apresentam em sua plenitude.
Ser campeão da Copa do Mundo no futebol é para poucos. Levar seu país, sua seleção ao título, para ainda menos. E Messi o fez. É o melhor do mundo. Nada a contestar.
Como o futebol não passa sem uma contestação, a da vez foi a ausência de Vinicius Júnior da lista de finalistas -e sobretudo por estar fora da seleção da temporada. Reclamação compreensível, pela ótima temporada do garoto. Mas que, acima de tudo, dá a impressão de marcar uma passada de bastão no futebol brasileiro.
Enquanto nos corredores do local em que foi realizada a cerimônia da Fifa muitos comentavam a ausência de Vini Jr. da disputa ninguém pronunciava o nome de Neymar. Ele foi simplesmente esquecido, ignorado. E olha que até fez boa temporada. Mas nada de diferente. Nada de encher os olhos como seus companheiros de PSG, Messi e Mbappé.
Será Neymar passado no futebol? Cabe a ele responder. Se tiver vontade, claro. Messi ganhou seu sétimo prêmio The Best, talvez o mais significativo deles, aos 35 anos. Neymar tem 31. Ou seja, na teoria ainda tem tempo. Na prática, o tempo e sua relação com o futebol profissional dirão.