O segundo gol contra o Peru, no domingo, fez o torcedor colombiano lembrar-se do verdadeiro futebol do Brasil, aquele que já conquistou quatro títulos mundiais. Bastante aplaudido por todos que estiveram presentes no Estádio Pascual Guerrero e muito elogiado pela imprensa local, o autor da jogada, Denílson, iniciou hoje uma luta pelo fim da "europeização" que tomou conta do esporte mais popular do Brasil depois da Copa de 1998. O atacante, que ainda não conseguiu ganhar a posição de titular no time de Luiz Felipe Scolari - domingo entrou no segundo tempo, no lugar de Guilherme -, acredita que a seleção brasileira mudou seu estilo nos últimos anos por causa da necessidade de resultados e da exagerada cobrança da torcida. Isso, segundo ele, foi muito prejudicial ao futebol do país. "Começamos a jogar como as equipes da Europa, mas não podemos perder o estilo brasileiro." A principal característica de Denílson é justamente o drible, que lhe rendeu fama e o interesse do Bétis, da Espanha, em 1998. A venda de seu passe deu aos cofres do São Paulo, na época, a quantia recorde de US$ 34 milhões. O exagero nas jogadas individuais, porém, provocaram muitas críticas ao atleta, uma passagem apagada pelo Flamengo, no ano passado, e até o afastamento do clube espanhol no fim da temporada 1999-2000, quando o time foi rebaixado para a Segunda Divisão. Aos 24 anos, o jogador diz ter adquirido maturidade necessária para não repetir os erros do passado, mas garante que jamais modificará sua forma de atuar. "O Luiz Felipe me convocou por causa das jogadas individuais; às vezes dá certo e sou elogiado, às vezes dá errado e sou criticado." Falsos amigos - Depois de brilhar no São Paulo em 98, Denílson foi para a Europa, onde afirma ter passado por muitos apuros. Nos últimos três anos, teve apenas um momento de alegria, o retorno do Bétis à Primeira Divisão da Espanha. "Quando estava bem, apareceram muitos amigos, mas nos momentos difíceis, eles sumiram." Novamente alegre e adepto de um estilo mais "light", o atacante não reclama da reserva, afirma que vive um bom momento e já pensa na Copa de 2002. "Quero jogar pela seleção até os 34 anos." Retomou o bom humor até para falar dos problemas, dos salários que o Flamengo não lhe pagou e dos gols, que quase não marca. Quando perguntado sobre a última vez que havia feito um gol pela seleção, respondeu: "Aí é demais, não me lembro nem do último que fiz pelo Bétis." Seu forte nunca foi a finalização. Para o ex-são-paulino, a vitória sobre o Peru apagou a imagem perdedora com que a seleção brasileira vinha sendo rotulada na Colômbia. "Tiramos um peso enorme das nossas costas." Embora não confirme oficialmente a escalação do time, Scolari deve manter Denílson no banco quarta-feira, contra o Paraguai, na rodada decisiva da primeira fase da Copa América.