Eleições no Corinthians: dívidas, acordo com a Caixa e renovação de elenco desafiam novo presidente


André Luiz Oliveira e Augusto Melo, candidato da oposição, disputam o comando do clube pelos próximos três anos

Por Ricardo Magatti e Rodrigo Sampaio

Os sócio do Corinthians vão às urnas neste sábado, dia 25 de novembro, para escolher o presidente que irá comandar o clube no próximo triênio. Chapa da situação, Renovação e Transparência, indicou o conselheiro André Luiz Oliveira, mais conhecido como André Negão, para tentar manter o grupo do ex-presidente Andrés Sánchez no poder. A oposição se atém à candidatura única de Augusto Melo, segundo colocado no último pleito, e está confiante em conseguir encerrar um domínio de 16 anos na política corintiana.

Além do presidente, serão eleitos também dois vice-presidentes e os membros do Conselho Deliberativo. Têm direito a voto os associados com mais de cinco anos de presença no quadro, maiores de 18 anos e com todas as obrigações financeiras em dia. Esse direito não se estende ao programa Fiel Torcedor. Estima-se que três mil votantes devem participar da eleição neste ano.

A chapa Renovação e Transparência representa o grupo que comanda o clube desde 2007. André Negão tem 63 anos e é conselheiro vitalício e já atuou como vice-presidente e diretor administrativo no Corinthians. Atualmente, ele preside a Comissão de Ética e Disciplina do clube. Seu principal aliado é Andrés Sanchez, de quem já foi assessor parlamentar.

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André Negão busca manter hegemonia de grupo político de Andrés Sanchez Foto: Reprodução/ Instagram @andrenegaooficial

Na oposição está Augusto Melo. Ele é ex-empresário do ramo têxtil e hoje investe em quadras de areia na capital paulista. Aos 59 anos, Melo já fez parte do grupo político que comanda o Corinthians há 16 anos e, entre 2015 e 2016, chegou a ocupar cargo de assessor nas categorias de base. Depois, foi investidor do União Barbarense. Na eleição passada, em 2020, foi o segundo colocado, com 142 votos a menos do que Duílio Monteiro Alves.

Ataques, acusações e ofensas

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A eleição deste ano é considerada a mais belicosa na história do Corinthians. Durante a campanha, foram feitos ataques de ambos os lados e a disputa por apoio foi acirrada no Parque São Jorge. Ambos flertaram com a prisão e têm manchas em seu passado. Os dois passaram meses trocando ofensas. Há acusações de lavagem de dinheiro, fraude fiscal, corrupção, machismo, misoginia e racismo.

Augusto Melo chegou a registrar um boletim de ocorrência após ele e sua família receberem ameaças de morte. Nesta sexta-feira, a sede do clube amanheceu com marcas de tiro e mensagens de intimidação contra André Negão. Os dois dizem ser vítimas de “jogo sujo”. Durante a campanha, os candidatos tiveram de se explicar sobre o seu passado.

Oliveira foi preso em 2016 por porte ilegal de arma, e liberado posteriormente após pagamento de fiança. Também foi acusado de receber R$ 500 mil em propina da Odebrecht, como parte de suposto esquema que envolveu a construção do estádio da Neo Química Arena. Por isso, a Polícia Federal o levou coercitivamente para dar depoimento. O dirigente disse reiteradas vezes ser inocente. “Fui investigado por seis anos e não acharam nada. Sequer fui indiciado. Ganhei um atestado de idoneidade. O processo da Lava Jato foi arquivado a pedido do Ministério Público”, afirmou o candidato.

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Melo teve de explicar sobre uma condenação por fraude fiscal, convertida em prestação de serviço comunitários. Também foi acusado de gordofobia, machismo e racismo em razão de um suposto áudio vazado em que ele ofende Aparecida Antônia Manoel de Oliveira, conhecida como Tia Cida, cozinheira do União Barbarense, clube de Santa Bárbara d’Oeste em que o candidato à presidência do Corinthians atuou no passado.

O presidente da Câmara de Vereadores de São Paulo, o vereador Milton Leite (União Brasil), que está concorrendo ao posto de vice na chapa de André Negão, pediu que Melo fosse intimado a depor à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Violência e Assédio Sexual contra as Mulheres

Melo nega que tenha feito tais comentários e diz que os áudios foram tirados de contexto. Outro argumento usado é que “não há jurisdição para isso (pedido), pois a Câmara é Municipal trata dos assuntos da capital”. Por isso, não depôs. Há outro áudio atribuído ao candidato de teor machista e ofensivo desta vez contra Cintia Montino, assessora da diretoria administrativa do clube.

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Augusto Melo é o candidato de oposição na eleição do Corinthians Foto: Reprodução/ Instagram @augustomelooficial

Dívida bilionária

O sucessor de Duílio Monteiro Alves vai contar com uma receita de quase R$ 1 bilhão, mas com uma dívida quase no mesmo valor, além da missão de chegar a uma acordo com a Caixa Econômica Federal para a quitação do estádio, o que já está bem encaminhado, e a reformulação do elenco comandado por Mano Menezes.

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Os números de 2023 ainda serão apresentados ao Conselho Deliberativo, mas segundo o presidente Duílio Monteiro Alves, o clube teve arrecadação recorde de R$ 1 bilhão e fechará o ano com uma dívida de R$ 850 milhões, deixando em caixa R$ 150 milhões para o presidente que assumir. Foi alegado um pagamento de juros muito altos para o crescimento da dívida — quase R$ 400 milhões no período em que esteve à frente do Corinthians.

Segundo o “Relatório Convocados 2023: Finanças, História e Mercado do Futebol Brasileiro”, desenvolvido pelo economista Cesar Grafietti, em parceria com a OutField e Galapagos Capital, e publicado em junho deste ano, o Corinthians iniciou o ano com a segunda maior dívida do futebol brasileiro (R$ 1,02 bilhão). De acordo com o estudo, o clube levaria cerca de nove anos e meio para quitar todas as pendências financeiras.

A gestão de Duílio foi marcada pela austeridade, com uma diminuição de 6% da dívida total, mas também pela falta de títulos, fazendo dele o primeiro mandatário corintiano a não erguer nenhum troféu. Quem assumir a presidência vai pegar o clube com uma receita maior do que a dívida. Logo, terá a missão de manter o passivo equacionado e, ainda, fazer a equipe voltar a ser protagonista dentro de campo.

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Acordo com a Caixa por quitação da Neo Química Arena é desafio do próximo presidente do Corinthians Foto: Amanda Perobelli/Reuters

Acordo com a Caixa por quitação de estádio

Uma das maiores dores de cabeça do Corinthians nos últimos anos é a dívida de R$ 611 milhões com a Caixa Econômica Federal pelo financiamento da construção de seu estádio, a Neo Química Arena, palco da abertura da Copa do Mundo de 2014. Em julho do ano passado, as partes chegaram a um acordo para um projeto de quitação da pendência durante os próximos 20 anos. São R$ 300 milhões provenientes da negociação dos naming rights à Neo Química e os outros R$ 311 milhões, em prestações de aproximadamente R$ 16 milhões.

O clube tem conversas com o banco estatal pela venda de parte da Arena para se livrar do pagamento de juros, mas sem abrir mão de ser sócio majoritário do empreendimento. O Corinthians deseja manter 51% das cotas do fundo de investimentos do estádio e disponibilizar 49% ao mercado financeiro. A ideia é de que o banco estatal fique com um percentual maior das cotas e uma parte menor seja oferecida a investidores na B3 (Bolsa de Valores de São Paulo). Isso permitiria a qualquer investidor, incluindo torcedores de outros clubes, comprar ações da Neo Química Arena. Os donos das cotas receberiam dividendos proveniente de todas as receitas do estádio (bilheteria, alugueis de espaços comerciais, eventos, etc).

Caso o negócio avance, deverá ser concluído apenas em 2024, quando inicia a nova gestão do clube. O tema é considerado de suma importância e a finalização do acordo é vista como fundamental para manter as dívidas do clube equacionadas. A expectativa é de que o assunto seja resolvido ainda no primeiro semestre. A agremiação diz que a quitação da dívida está alinhavada.

Fábio Santos, Gil e Paulinho não devem continuar no Corinthians em 2024 Foto: Rodrigo Coca/Ag.Corinthians

Reconstrução do elenco

As dívidas incomodam o Corinthians, mas o que mais tira o sono dos dirigentes é a seca de títulos. São quase cinco anos sem taça. O último troféu conquistado foi o do Paulistão de 2019, sob o comando de Fabio Carille. Trata-se do quinto maior jejum de títulos da história alvinegra.

Para que novas taças estejas na galeria corintiana, o torcedor espera que o elenco seja reforçado. Nos últimos anos, o plantel foi formado, geralmente, por jogadores medianos. Algumas estrelas, como Willian, Renato Augusto e Roger Guedes, este que já foi embora, foram contratadas, mas não deram fim à seca de títulos.

O elenco está envelhecido e deve passar por uma reformulação. É provável que veteranos como Fabio Santos, Gil, Giuliano e Paulinho deixem o clube. Os contratos dos quatro vencem no fim deste ano, assim como os de Renato Augusto, Maycon, Bruno Méndez, Ruan Oliveira e Cantillo.

“Futebol é assim, os ciclos se encerram. A cada ano no Brasil você tem que montar uma nova equipe, com raras exceções”, disse Mano Menezes recentemente. Será o treinador o responsável por liderar a reconstrução do elenco, algo que ele já fez em suas outras duas passagens.

Os sócio do Corinthians vão às urnas neste sábado, dia 25 de novembro, para escolher o presidente que irá comandar o clube no próximo triênio. Chapa da situação, Renovação e Transparência, indicou o conselheiro André Luiz Oliveira, mais conhecido como André Negão, para tentar manter o grupo do ex-presidente Andrés Sánchez no poder. A oposição se atém à candidatura única de Augusto Melo, segundo colocado no último pleito, e está confiante em conseguir encerrar um domínio de 16 anos na política corintiana.

Além do presidente, serão eleitos também dois vice-presidentes e os membros do Conselho Deliberativo. Têm direito a voto os associados com mais de cinco anos de presença no quadro, maiores de 18 anos e com todas as obrigações financeiras em dia. Esse direito não se estende ao programa Fiel Torcedor. Estima-se que três mil votantes devem participar da eleição neste ano.

A chapa Renovação e Transparência representa o grupo que comanda o clube desde 2007. André Negão tem 63 anos e é conselheiro vitalício e já atuou como vice-presidente e diretor administrativo no Corinthians. Atualmente, ele preside a Comissão de Ética e Disciplina do clube. Seu principal aliado é Andrés Sanchez, de quem já foi assessor parlamentar.

André Negão busca manter hegemonia de grupo político de Andrés Sanchez Foto: Reprodução/ Instagram @andrenegaooficial

Na oposição está Augusto Melo. Ele é ex-empresário do ramo têxtil e hoje investe em quadras de areia na capital paulista. Aos 59 anos, Melo já fez parte do grupo político que comanda o Corinthians há 16 anos e, entre 2015 e 2016, chegou a ocupar cargo de assessor nas categorias de base. Depois, foi investidor do União Barbarense. Na eleição passada, em 2020, foi o segundo colocado, com 142 votos a menos do que Duílio Monteiro Alves.

Ataques, acusações e ofensas

A eleição deste ano é considerada a mais belicosa na história do Corinthians. Durante a campanha, foram feitos ataques de ambos os lados e a disputa por apoio foi acirrada no Parque São Jorge. Ambos flertaram com a prisão e têm manchas em seu passado. Os dois passaram meses trocando ofensas. Há acusações de lavagem de dinheiro, fraude fiscal, corrupção, machismo, misoginia e racismo.

Augusto Melo chegou a registrar um boletim de ocorrência após ele e sua família receberem ameaças de morte. Nesta sexta-feira, a sede do clube amanheceu com marcas de tiro e mensagens de intimidação contra André Negão. Os dois dizem ser vítimas de “jogo sujo”. Durante a campanha, os candidatos tiveram de se explicar sobre o seu passado.

Oliveira foi preso em 2016 por porte ilegal de arma, e liberado posteriormente após pagamento de fiança. Também foi acusado de receber R$ 500 mil em propina da Odebrecht, como parte de suposto esquema que envolveu a construção do estádio da Neo Química Arena. Por isso, a Polícia Federal o levou coercitivamente para dar depoimento. O dirigente disse reiteradas vezes ser inocente. “Fui investigado por seis anos e não acharam nada. Sequer fui indiciado. Ganhei um atestado de idoneidade. O processo da Lava Jato foi arquivado a pedido do Ministério Público”, afirmou o candidato.

Melo teve de explicar sobre uma condenação por fraude fiscal, convertida em prestação de serviço comunitários. Também foi acusado de gordofobia, machismo e racismo em razão de um suposto áudio vazado em que ele ofende Aparecida Antônia Manoel de Oliveira, conhecida como Tia Cida, cozinheira do União Barbarense, clube de Santa Bárbara d’Oeste em que o candidato à presidência do Corinthians atuou no passado.

O presidente da Câmara de Vereadores de São Paulo, o vereador Milton Leite (União Brasil), que está concorrendo ao posto de vice na chapa de André Negão, pediu que Melo fosse intimado a depor à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Violência e Assédio Sexual contra as Mulheres

Melo nega que tenha feito tais comentários e diz que os áudios foram tirados de contexto. Outro argumento usado é que “não há jurisdição para isso (pedido), pois a Câmara é Municipal trata dos assuntos da capital”. Por isso, não depôs. Há outro áudio atribuído ao candidato de teor machista e ofensivo desta vez contra Cintia Montino, assessora da diretoria administrativa do clube.

Augusto Melo é o candidato de oposição na eleição do Corinthians Foto: Reprodução/ Instagram @augustomelooficial

Dívida bilionária

O sucessor de Duílio Monteiro Alves vai contar com uma receita de quase R$ 1 bilhão, mas com uma dívida quase no mesmo valor, além da missão de chegar a uma acordo com a Caixa Econômica Federal para a quitação do estádio, o que já está bem encaminhado, e a reformulação do elenco comandado por Mano Menezes.

Os números de 2023 ainda serão apresentados ao Conselho Deliberativo, mas segundo o presidente Duílio Monteiro Alves, o clube teve arrecadação recorde de R$ 1 bilhão e fechará o ano com uma dívida de R$ 850 milhões, deixando em caixa R$ 150 milhões para o presidente que assumir. Foi alegado um pagamento de juros muito altos para o crescimento da dívida — quase R$ 400 milhões no período em que esteve à frente do Corinthians.

Segundo o “Relatório Convocados 2023: Finanças, História e Mercado do Futebol Brasileiro”, desenvolvido pelo economista Cesar Grafietti, em parceria com a OutField e Galapagos Capital, e publicado em junho deste ano, o Corinthians iniciou o ano com a segunda maior dívida do futebol brasileiro (R$ 1,02 bilhão). De acordo com o estudo, o clube levaria cerca de nove anos e meio para quitar todas as pendências financeiras.

A gestão de Duílio foi marcada pela austeridade, com uma diminuição de 6% da dívida total, mas também pela falta de títulos, fazendo dele o primeiro mandatário corintiano a não erguer nenhum troféu. Quem assumir a presidência vai pegar o clube com uma receita maior do que a dívida. Logo, terá a missão de manter o passivo equacionado e, ainda, fazer a equipe voltar a ser protagonista dentro de campo.

Acordo com a Caixa por quitação da Neo Química Arena é desafio do próximo presidente do Corinthians Foto: Amanda Perobelli/Reuters

Acordo com a Caixa por quitação de estádio

Uma das maiores dores de cabeça do Corinthians nos últimos anos é a dívida de R$ 611 milhões com a Caixa Econômica Federal pelo financiamento da construção de seu estádio, a Neo Química Arena, palco da abertura da Copa do Mundo de 2014. Em julho do ano passado, as partes chegaram a um acordo para um projeto de quitação da pendência durante os próximos 20 anos. São R$ 300 milhões provenientes da negociação dos naming rights à Neo Química e os outros R$ 311 milhões, em prestações de aproximadamente R$ 16 milhões.

O clube tem conversas com o banco estatal pela venda de parte da Arena para se livrar do pagamento de juros, mas sem abrir mão de ser sócio majoritário do empreendimento. O Corinthians deseja manter 51% das cotas do fundo de investimentos do estádio e disponibilizar 49% ao mercado financeiro. A ideia é de que o banco estatal fique com um percentual maior das cotas e uma parte menor seja oferecida a investidores na B3 (Bolsa de Valores de São Paulo). Isso permitiria a qualquer investidor, incluindo torcedores de outros clubes, comprar ações da Neo Química Arena. Os donos das cotas receberiam dividendos proveniente de todas as receitas do estádio (bilheteria, alugueis de espaços comerciais, eventos, etc).

Caso o negócio avance, deverá ser concluído apenas em 2024, quando inicia a nova gestão do clube. O tema é considerado de suma importância e a finalização do acordo é vista como fundamental para manter as dívidas do clube equacionadas. A expectativa é de que o assunto seja resolvido ainda no primeiro semestre. A agremiação diz que a quitação da dívida está alinhavada.

Fábio Santos, Gil e Paulinho não devem continuar no Corinthians em 2024 Foto: Rodrigo Coca/Ag.Corinthians

Reconstrução do elenco

As dívidas incomodam o Corinthians, mas o que mais tira o sono dos dirigentes é a seca de títulos. São quase cinco anos sem taça. O último troféu conquistado foi o do Paulistão de 2019, sob o comando de Fabio Carille. Trata-se do quinto maior jejum de títulos da história alvinegra.

Para que novas taças estejas na galeria corintiana, o torcedor espera que o elenco seja reforçado. Nos últimos anos, o plantel foi formado, geralmente, por jogadores medianos. Algumas estrelas, como Willian, Renato Augusto e Roger Guedes, este que já foi embora, foram contratadas, mas não deram fim à seca de títulos.

O elenco está envelhecido e deve passar por uma reformulação. É provável que veteranos como Fabio Santos, Gil, Giuliano e Paulinho deixem o clube. Os contratos dos quatro vencem no fim deste ano, assim como os de Renato Augusto, Maycon, Bruno Méndez, Ruan Oliveira e Cantillo.

“Futebol é assim, os ciclos se encerram. A cada ano no Brasil você tem que montar uma nova equipe, com raras exceções”, disse Mano Menezes recentemente. Será o treinador o responsável por liderar a reconstrução do elenco, algo que ele já fez em suas outras duas passagens.

Os sócio do Corinthians vão às urnas neste sábado, dia 25 de novembro, para escolher o presidente que irá comandar o clube no próximo triênio. Chapa da situação, Renovação e Transparência, indicou o conselheiro André Luiz Oliveira, mais conhecido como André Negão, para tentar manter o grupo do ex-presidente Andrés Sánchez no poder. A oposição se atém à candidatura única de Augusto Melo, segundo colocado no último pleito, e está confiante em conseguir encerrar um domínio de 16 anos na política corintiana.

Além do presidente, serão eleitos também dois vice-presidentes e os membros do Conselho Deliberativo. Têm direito a voto os associados com mais de cinco anos de presença no quadro, maiores de 18 anos e com todas as obrigações financeiras em dia. Esse direito não se estende ao programa Fiel Torcedor. Estima-se que três mil votantes devem participar da eleição neste ano.

A chapa Renovação e Transparência representa o grupo que comanda o clube desde 2007. André Negão tem 63 anos e é conselheiro vitalício e já atuou como vice-presidente e diretor administrativo no Corinthians. Atualmente, ele preside a Comissão de Ética e Disciplina do clube. Seu principal aliado é Andrés Sanchez, de quem já foi assessor parlamentar.

André Negão busca manter hegemonia de grupo político de Andrés Sanchez Foto: Reprodução/ Instagram @andrenegaooficial

Na oposição está Augusto Melo. Ele é ex-empresário do ramo têxtil e hoje investe em quadras de areia na capital paulista. Aos 59 anos, Melo já fez parte do grupo político que comanda o Corinthians há 16 anos e, entre 2015 e 2016, chegou a ocupar cargo de assessor nas categorias de base. Depois, foi investidor do União Barbarense. Na eleição passada, em 2020, foi o segundo colocado, com 142 votos a menos do que Duílio Monteiro Alves.

Ataques, acusações e ofensas

A eleição deste ano é considerada a mais belicosa na história do Corinthians. Durante a campanha, foram feitos ataques de ambos os lados e a disputa por apoio foi acirrada no Parque São Jorge. Ambos flertaram com a prisão e têm manchas em seu passado. Os dois passaram meses trocando ofensas. Há acusações de lavagem de dinheiro, fraude fiscal, corrupção, machismo, misoginia e racismo.

Augusto Melo chegou a registrar um boletim de ocorrência após ele e sua família receberem ameaças de morte. Nesta sexta-feira, a sede do clube amanheceu com marcas de tiro e mensagens de intimidação contra André Negão. Os dois dizem ser vítimas de “jogo sujo”. Durante a campanha, os candidatos tiveram de se explicar sobre o seu passado.

Oliveira foi preso em 2016 por porte ilegal de arma, e liberado posteriormente após pagamento de fiança. Também foi acusado de receber R$ 500 mil em propina da Odebrecht, como parte de suposto esquema que envolveu a construção do estádio da Neo Química Arena. Por isso, a Polícia Federal o levou coercitivamente para dar depoimento. O dirigente disse reiteradas vezes ser inocente. “Fui investigado por seis anos e não acharam nada. Sequer fui indiciado. Ganhei um atestado de idoneidade. O processo da Lava Jato foi arquivado a pedido do Ministério Público”, afirmou o candidato.

Melo teve de explicar sobre uma condenação por fraude fiscal, convertida em prestação de serviço comunitários. Também foi acusado de gordofobia, machismo e racismo em razão de um suposto áudio vazado em que ele ofende Aparecida Antônia Manoel de Oliveira, conhecida como Tia Cida, cozinheira do União Barbarense, clube de Santa Bárbara d’Oeste em que o candidato à presidência do Corinthians atuou no passado.

O presidente da Câmara de Vereadores de São Paulo, o vereador Milton Leite (União Brasil), que está concorrendo ao posto de vice na chapa de André Negão, pediu que Melo fosse intimado a depor à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Violência e Assédio Sexual contra as Mulheres

Melo nega que tenha feito tais comentários e diz que os áudios foram tirados de contexto. Outro argumento usado é que “não há jurisdição para isso (pedido), pois a Câmara é Municipal trata dos assuntos da capital”. Por isso, não depôs. Há outro áudio atribuído ao candidato de teor machista e ofensivo desta vez contra Cintia Montino, assessora da diretoria administrativa do clube.

Augusto Melo é o candidato de oposição na eleição do Corinthians Foto: Reprodução/ Instagram @augustomelooficial

Dívida bilionária

O sucessor de Duílio Monteiro Alves vai contar com uma receita de quase R$ 1 bilhão, mas com uma dívida quase no mesmo valor, além da missão de chegar a uma acordo com a Caixa Econômica Federal para a quitação do estádio, o que já está bem encaminhado, e a reformulação do elenco comandado por Mano Menezes.

Os números de 2023 ainda serão apresentados ao Conselho Deliberativo, mas segundo o presidente Duílio Monteiro Alves, o clube teve arrecadação recorde de R$ 1 bilhão e fechará o ano com uma dívida de R$ 850 milhões, deixando em caixa R$ 150 milhões para o presidente que assumir. Foi alegado um pagamento de juros muito altos para o crescimento da dívida — quase R$ 400 milhões no período em que esteve à frente do Corinthians.

Segundo o “Relatório Convocados 2023: Finanças, História e Mercado do Futebol Brasileiro”, desenvolvido pelo economista Cesar Grafietti, em parceria com a OutField e Galapagos Capital, e publicado em junho deste ano, o Corinthians iniciou o ano com a segunda maior dívida do futebol brasileiro (R$ 1,02 bilhão). De acordo com o estudo, o clube levaria cerca de nove anos e meio para quitar todas as pendências financeiras.

A gestão de Duílio foi marcada pela austeridade, com uma diminuição de 6% da dívida total, mas também pela falta de títulos, fazendo dele o primeiro mandatário corintiano a não erguer nenhum troféu. Quem assumir a presidência vai pegar o clube com uma receita maior do que a dívida. Logo, terá a missão de manter o passivo equacionado e, ainda, fazer a equipe voltar a ser protagonista dentro de campo.

Acordo com a Caixa por quitação da Neo Química Arena é desafio do próximo presidente do Corinthians Foto: Amanda Perobelli/Reuters

Acordo com a Caixa por quitação de estádio

Uma das maiores dores de cabeça do Corinthians nos últimos anos é a dívida de R$ 611 milhões com a Caixa Econômica Federal pelo financiamento da construção de seu estádio, a Neo Química Arena, palco da abertura da Copa do Mundo de 2014. Em julho do ano passado, as partes chegaram a um acordo para um projeto de quitação da pendência durante os próximos 20 anos. São R$ 300 milhões provenientes da negociação dos naming rights à Neo Química e os outros R$ 311 milhões, em prestações de aproximadamente R$ 16 milhões.

O clube tem conversas com o banco estatal pela venda de parte da Arena para se livrar do pagamento de juros, mas sem abrir mão de ser sócio majoritário do empreendimento. O Corinthians deseja manter 51% das cotas do fundo de investimentos do estádio e disponibilizar 49% ao mercado financeiro. A ideia é de que o banco estatal fique com um percentual maior das cotas e uma parte menor seja oferecida a investidores na B3 (Bolsa de Valores de São Paulo). Isso permitiria a qualquer investidor, incluindo torcedores de outros clubes, comprar ações da Neo Química Arena. Os donos das cotas receberiam dividendos proveniente de todas as receitas do estádio (bilheteria, alugueis de espaços comerciais, eventos, etc).

Caso o negócio avance, deverá ser concluído apenas em 2024, quando inicia a nova gestão do clube. O tema é considerado de suma importância e a finalização do acordo é vista como fundamental para manter as dívidas do clube equacionadas. A expectativa é de que o assunto seja resolvido ainda no primeiro semestre. A agremiação diz que a quitação da dívida está alinhavada.

Fábio Santos, Gil e Paulinho não devem continuar no Corinthians em 2024 Foto: Rodrigo Coca/Ag.Corinthians

Reconstrução do elenco

As dívidas incomodam o Corinthians, mas o que mais tira o sono dos dirigentes é a seca de títulos. São quase cinco anos sem taça. O último troféu conquistado foi o do Paulistão de 2019, sob o comando de Fabio Carille. Trata-se do quinto maior jejum de títulos da história alvinegra.

Para que novas taças estejas na galeria corintiana, o torcedor espera que o elenco seja reforçado. Nos últimos anos, o plantel foi formado, geralmente, por jogadores medianos. Algumas estrelas, como Willian, Renato Augusto e Roger Guedes, este que já foi embora, foram contratadas, mas não deram fim à seca de títulos.

O elenco está envelhecido e deve passar por uma reformulação. É provável que veteranos como Fabio Santos, Gil, Giuliano e Paulinho deixem o clube. Os contratos dos quatro vencem no fim deste ano, assim como os de Renato Augusto, Maycon, Bruno Méndez, Ruan Oliveira e Cantillo.

“Futebol é assim, os ciclos se encerram. A cada ano no Brasil você tem que montar uma nova equipe, com raras exceções”, disse Mano Menezes recentemente. Será o treinador o responsável por liderar a reconstrução do elenco, algo que ele já fez em suas outras duas passagens.

Os sócio do Corinthians vão às urnas neste sábado, dia 25 de novembro, para escolher o presidente que irá comandar o clube no próximo triênio. Chapa da situação, Renovação e Transparência, indicou o conselheiro André Luiz Oliveira, mais conhecido como André Negão, para tentar manter o grupo do ex-presidente Andrés Sánchez no poder. A oposição se atém à candidatura única de Augusto Melo, segundo colocado no último pleito, e está confiante em conseguir encerrar um domínio de 16 anos na política corintiana.

Além do presidente, serão eleitos também dois vice-presidentes e os membros do Conselho Deliberativo. Têm direito a voto os associados com mais de cinco anos de presença no quadro, maiores de 18 anos e com todas as obrigações financeiras em dia. Esse direito não se estende ao programa Fiel Torcedor. Estima-se que três mil votantes devem participar da eleição neste ano.

A chapa Renovação e Transparência representa o grupo que comanda o clube desde 2007. André Negão tem 63 anos e é conselheiro vitalício e já atuou como vice-presidente e diretor administrativo no Corinthians. Atualmente, ele preside a Comissão de Ética e Disciplina do clube. Seu principal aliado é Andrés Sanchez, de quem já foi assessor parlamentar.

André Negão busca manter hegemonia de grupo político de Andrés Sanchez Foto: Reprodução/ Instagram @andrenegaooficial

Na oposição está Augusto Melo. Ele é ex-empresário do ramo têxtil e hoje investe em quadras de areia na capital paulista. Aos 59 anos, Melo já fez parte do grupo político que comanda o Corinthians há 16 anos e, entre 2015 e 2016, chegou a ocupar cargo de assessor nas categorias de base. Depois, foi investidor do União Barbarense. Na eleição passada, em 2020, foi o segundo colocado, com 142 votos a menos do que Duílio Monteiro Alves.

Ataques, acusações e ofensas

A eleição deste ano é considerada a mais belicosa na história do Corinthians. Durante a campanha, foram feitos ataques de ambos os lados e a disputa por apoio foi acirrada no Parque São Jorge. Ambos flertaram com a prisão e têm manchas em seu passado. Os dois passaram meses trocando ofensas. Há acusações de lavagem de dinheiro, fraude fiscal, corrupção, machismo, misoginia e racismo.

Augusto Melo chegou a registrar um boletim de ocorrência após ele e sua família receberem ameaças de morte. Nesta sexta-feira, a sede do clube amanheceu com marcas de tiro e mensagens de intimidação contra André Negão. Os dois dizem ser vítimas de “jogo sujo”. Durante a campanha, os candidatos tiveram de se explicar sobre o seu passado.

Oliveira foi preso em 2016 por porte ilegal de arma, e liberado posteriormente após pagamento de fiança. Também foi acusado de receber R$ 500 mil em propina da Odebrecht, como parte de suposto esquema que envolveu a construção do estádio da Neo Química Arena. Por isso, a Polícia Federal o levou coercitivamente para dar depoimento. O dirigente disse reiteradas vezes ser inocente. “Fui investigado por seis anos e não acharam nada. Sequer fui indiciado. Ganhei um atestado de idoneidade. O processo da Lava Jato foi arquivado a pedido do Ministério Público”, afirmou o candidato.

Melo teve de explicar sobre uma condenação por fraude fiscal, convertida em prestação de serviço comunitários. Também foi acusado de gordofobia, machismo e racismo em razão de um suposto áudio vazado em que ele ofende Aparecida Antônia Manoel de Oliveira, conhecida como Tia Cida, cozinheira do União Barbarense, clube de Santa Bárbara d’Oeste em que o candidato à presidência do Corinthians atuou no passado.

O presidente da Câmara de Vereadores de São Paulo, o vereador Milton Leite (União Brasil), que está concorrendo ao posto de vice na chapa de André Negão, pediu que Melo fosse intimado a depor à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Violência e Assédio Sexual contra as Mulheres

Melo nega que tenha feito tais comentários e diz que os áudios foram tirados de contexto. Outro argumento usado é que “não há jurisdição para isso (pedido), pois a Câmara é Municipal trata dos assuntos da capital”. Por isso, não depôs. Há outro áudio atribuído ao candidato de teor machista e ofensivo desta vez contra Cintia Montino, assessora da diretoria administrativa do clube.

Augusto Melo é o candidato de oposição na eleição do Corinthians Foto: Reprodução/ Instagram @augustomelooficial

Dívida bilionária

O sucessor de Duílio Monteiro Alves vai contar com uma receita de quase R$ 1 bilhão, mas com uma dívida quase no mesmo valor, além da missão de chegar a uma acordo com a Caixa Econômica Federal para a quitação do estádio, o que já está bem encaminhado, e a reformulação do elenco comandado por Mano Menezes.

Os números de 2023 ainda serão apresentados ao Conselho Deliberativo, mas segundo o presidente Duílio Monteiro Alves, o clube teve arrecadação recorde de R$ 1 bilhão e fechará o ano com uma dívida de R$ 850 milhões, deixando em caixa R$ 150 milhões para o presidente que assumir. Foi alegado um pagamento de juros muito altos para o crescimento da dívida — quase R$ 400 milhões no período em que esteve à frente do Corinthians.

Segundo o “Relatório Convocados 2023: Finanças, História e Mercado do Futebol Brasileiro”, desenvolvido pelo economista Cesar Grafietti, em parceria com a OutField e Galapagos Capital, e publicado em junho deste ano, o Corinthians iniciou o ano com a segunda maior dívida do futebol brasileiro (R$ 1,02 bilhão). De acordo com o estudo, o clube levaria cerca de nove anos e meio para quitar todas as pendências financeiras.

A gestão de Duílio foi marcada pela austeridade, com uma diminuição de 6% da dívida total, mas também pela falta de títulos, fazendo dele o primeiro mandatário corintiano a não erguer nenhum troféu. Quem assumir a presidência vai pegar o clube com uma receita maior do que a dívida. Logo, terá a missão de manter o passivo equacionado e, ainda, fazer a equipe voltar a ser protagonista dentro de campo.

Acordo com a Caixa por quitação da Neo Química Arena é desafio do próximo presidente do Corinthians Foto: Amanda Perobelli/Reuters

Acordo com a Caixa por quitação de estádio

Uma das maiores dores de cabeça do Corinthians nos últimos anos é a dívida de R$ 611 milhões com a Caixa Econômica Federal pelo financiamento da construção de seu estádio, a Neo Química Arena, palco da abertura da Copa do Mundo de 2014. Em julho do ano passado, as partes chegaram a um acordo para um projeto de quitação da pendência durante os próximos 20 anos. São R$ 300 milhões provenientes da negociação dos naming rights à Neo Química e os outros R$ 311 milhões, em prestações de aproximadamente R$ 16 milhões.

O clube tem conversas com o banco estatal pela venda de parte da Arena para se livrar do pagamento de juros, mas sem abrir mão de ser sócio majoritário do empreendimento. O Corinthians deseja manter 51% das cotas do fundo de investimentos do estádio e disponibilizar 49% ao mercado financeiro. A ideia é de que o banco estatal fique com um percentual maior das cotas e uma parte menor seja oferecida a investidores na B3 (Bolsa de Valores de São Paulo). Isso permitiria a qualquer investidor, incluindo torcedores de outros clubes, comprar ações da Neo Química Arena. Os donos das cotas receberiam dividendos proveniente de todas as receitas do estádio (bilheteria, alugueis de espaços comerciais, eventos, etc).

Caso o negócio avance, deverá ser concluído apenas em 2024, quando inicia a nova gestão do clube. O tema é considerado de suma importância e a finalização do acordo é vista como fundamental para manter as dívidas do clube equacionadas. A expectativa é de que o assunto seja resolvido ainda no primeiro semestre. A agremiação diz que a quitação da dívida está alinhavada.

Fábio Santos, Gil e Paulinho não devem continuar no Corinthians em 2024 Foto: Rodrigo Coca/Ag.Corinthians

Reconstrução do elenco

As dívidas incomodam o Corinthians, mas o que mais tira o sono dos dirigentes é a seca de títulos. São quase cinco anos sem taça. O último troféu conquistado foi o do Paulistão de 2019, sob o comando de Fabio Carille. Trata-se do quinto maior jejum de títulos da história alvinegra.

Para que novas taças estejas na galeria corintiana, o torcedor espera que o elenco seja reforçado. Nos últimos anos, o plantel foi formado, geralmente, por jogadores medianos. Algumas estrelas, como Willian, Renato Augusto e Roger Guedes, este que já foi embora, foram contratadas, mas não deram fim à seca de títulos.

O elenco está envelhecido e deve passar por uma reformulação. É provável que veteranos como Fabio Santos, Gil, Giuliano e Paulinho deixem o clube. Os contratos dos quatro vencem no fim deste ano, assim como os de Renato Augusto, Maycon, Bruno Méndez, Ruan Oliveira e Cantillo.

“Futebol é assim, os ciclos se encerram. A cada ano no Brasil você tem que montar uma nova equipe, com raras exceções”, disse Mano Menezes recentemente. Será o treinador o responsável por liderar a reconstrução do elenco, algo que ele já fez em suas outras duas passagens.

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