Endrick maior que Neymar? Entenda como a imagem do garoto de 16 anos é trabalhada no Palmeiras


Todos os movimentos do atacante fora dos gramados são estudados, avaliados e planejados para que ele se torne o melhor jogador do Brasil em breve: ' não há limites’, diz consultor da Wolff Sports

Por Robson Morelli
Atualização:

Tudo na carreira de Endrick parece precoce. Ele mesmo é um atleta precoce, que aos 16 anos pode se sagrar campeão brasileiro com o Palmeiras nesta quarta-feira. Ele não fez parte da campanha completa do time na temporada, mas nessa reta final, foi promovido pelo técnico Abel Ferreira e atualmente é um dos atletas de destaque. Foi abraçado pelos colegas mais experientes e tem conseguido mostrar alguma coisa em campo, driblando a ansiedade natural de um menino de sua idade.

Ocorre que desde que foi apontado no clube como um jogador acima da média, um extraterrestre, Endrick passou a ser monitorado por profissionais e nada mais aconteceu por acaso. Todos os seus movimentos fora dos gramados são estudados, avaliados e planejados para que se torne o melhor jogador do Brasil, tão grande ou maior do que Neymar. Quem cuida de sua carreira, no entanto, se surpreende com o seu carisma. Isso está nele, como as fotos que tirou com torcedores do Athletico Paranaense em recente partida pelo Campeonato Brasileiro. Aquilo não foi planejado. Partiu dele.

Uma dessas pessoas responsáveis em cuidar da imagem de Endrick é Fábio Wolff, da agência Wolff Sports. Ele já teve chance de trabalhar com outro menino acima da média, ouro puro, mas, como disse, deixou o cavalo passar em sua frente e não subiu. Vinícius Júnior lhe foi oferecido cinco anos atrás. O trabalho era o mesmo que faz atualmente com o jogador precoce do Palmeiras: trabalhar sua imagem no mercado. Wolff conta que não teve como abraçar aquele trabalho na época e o recusou.

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O atacante do Flamengo foi para o Real Madrid, virou Vini Jr e estará na Copa do Mundo do Catar com a seleção brasileira. “Perdi a oportunidade e me arrependo disso”, disse ao Estadão. Quando lhe ofereceram Endrick, ele não pensou duas vezes. “Estou dentro”. E assim começou a dobradinha para “fazer” a imagem do garoto palmeirense, cujo nome já é conhecido no Brasil e também na Europa.

Endrick é “escondido” pelo Palmeiras. Seu primeiro contrato foi assinado há menos de três meses. Sua foto já esteve estampada nos principais jornais e sites da Europa. Há um monitoramento dos clubes europeus endinheirados, e um deslumbramento também. Na semana passada, uma informação não confirmada pela presidente do Palmeiras, Leila Pereira, dava conta de uma oferta de 20 milhões de euros, perto de R$ 102 milhões, pelo garoto. O valor é um terço da multa estipulada nesse momento em seu contrato.

“Foi uma grande alegria para mim assinar o primeiro contrato profissional do Endrick. É um atleta com um enorme talento. Tenho certeza de que ele está muito honrado em fazer parte de nosso elenco como o Palmeiras também está extremamente feliz com ele. Temos excelentes profissionais que oferecem todo o suporte para que ele possa desenvolver cada vez mais o seu talento. Eu, como presidente, busco sempre o melhor para os nossos atletas e para o Palmeiras”, disse Leila Pereira ao Estadão.

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Endrick se tornou o jogador mais jovem na história a marcar pelo Palmeiras Foto: Rodolfo Buhrer / Reuters

A presidente faz uma gestão mais enxuta no clube. Ela não imagina precisar negociar Endrick nos próximos anos. Mas não será fácil escondê-lo dos gigantes da Europa. Sua formação está sendo terminada pelo técnico Abel Ferreira para que ele possa ganhar mais tempo em campo na próxima temporada. Ainda é um menino, mesmo a despeito do corpo de homem formado.

As atividades de Wolff correm paralelas em relação ao trabalho do menino no Palmeiras. Seu trabalho consiste em posicionamento de imagem e captação de patrocínio para Endrick. Depois de mapear o potencial e os pontos fracos de Endrick, um plano estratégico foi desenhado para sua carreira. Nem todos os jogadores tem esse tipo de tratamento ou de profissional à disposição. Wolff diz que não vê jogadores de futebol fazendo comerciais em tevê. Vai em busca disso.

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“Ele é um garoto carismático de natureza, e isso ajuda muito. Não há o temor de que faça bobagens porque é bem orientado e próximo de sua família. As marcas querem fechar com ele sem medo de possíveis escândalos”, diz. “As coisas estão acontecendo rápido para ele, mas ele se mostra preparado para elas. Geralmente um jogador não fala adequadamente, não se veste adequadamente e isso queima sua imagem no mercado. Ele é diferente de tudo isso.”

Mesmo aos 16, algumas características ressaltam aos olhos dos que cuidam de sua imagem. Mesmo humilde, ele fala bem. É estudante e jogador. Tem carisma de sobra. É focado em tudo o que lhe pede. Por ora, não demonstra nenhum deslumbramento com a profissão ou com a carreira que cresce. Sua família tem o que se chama de “bons valores”, com respeito a todos sem perder de vista as raízes.

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Recentemente, Endrick esteve no Graacc para festejar o dia das crianças. Graacc é o Grupo de Apoio ao Adolescente e Criança com Câncer. “Nosso papel é um pouco esse, de sugerir lugares para ele estar e realizar o sonho de algumas pessoas. Mas é importante também que ele se sinta à vontade para isso. Achei legal ele passar um dia lá, olhar o trabalho daquelas pessoas e valorizar tudo isso”. Wolff diz que a história de Endrick é autêntica, que ele não faz força para ser esse garoto legal, que tira foto com a torcida rival após os jogos.

Endrick treina, aprimora os fundamentos, se enturma com o elenco principal do Palmeiras, ouve atentamente o que falam para ele, inclusive o técnico Abel Ferreira, mas também grava comerciais e começa a pisar em outro terreno que somente sua atual condição lhe permite, o de atender patrocinadores. Ele fechou com dois por ora, a OdontoCompany e o Rei do Pitaco, por três anos. Tem essas coisas de ser o mais novo a assinar contrato disso ou daquilo, mas sua vida esportiva sempre foi pautada por essa precocidade. A Odonto é a mesma que fechou com a fadinha Rayssa Leal, do skate.

Com a turma da Odonto, ficou seis horas gravando e regravando comerciais, sem perder a paciência ou reclamar. Wolff diz que a carreira do atleta é tocada por três pilares: o Palmeiras, uma agência que gerencia seus passos (TFM) e a empresa da qual Fábio Wolff é sócio-diretor, que cuida da imagem do garoto. As partes trabalham separadamente, sem que uma interfira na outra e com todas respeitando suas fronteiras.

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TRIO DE OURO COMO EXEMPLO

A imagem de Endrick está sendo trabalhada tendo como referência três gigantes do esporte, dois do tênis e um do futebol. São exemplos para sua carreira a vida esportiva de Roger Federer, Rafael Nadal e Cristiano Ronaldo, no sentido da valorização ao esporte, respeito aos adversários, envolvimento na profissão e jeito discreto de se comportar. São, inegáveis, três vencedores em suas modalidades. “Esses caras são grandes players do mercado publicitário, seguros, com suas narrativas naturais, orgânicas. São três exemplos para o Endrick”.

O menino está a fim. Divide tudo com Douglas e Cintia, seu pai e sua mãe, e com as outras partes com quem tem contrato. Tudo é feito quando ele não está treinando, jogando ou concentrado para os jogos.

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Os caminhos de Endrick estão sendo traçados ainda. Além de atuar no Palmeiras e já ter marcado dois gols em quatro partidas, seu nome é pedido pela torcida, assim, ele vai ganhando fama entre os torcedores brasileiros que o querem vê-lo em ação. Traz consigo das bases uma fama que o precedeu na equipe profissional. No futebol brasileiro, também tem referências para mirar. Ronaldo é uma delas. O Fenômeno foi um dos maiores em sua posição, usa o mesmo número na camisa, 9, e é dono de uma carreira vitoriosa e também precoce. Neymar é outro para se basear, embora tenham estilos diferentes. A comparação com Neymar no campo esportivo, e não da fama e do dinheiro, pode ir além, uma vez que o atacante do PSG e da seleção fracassou por ora no projeto de ser eleito o melhor do mundo ou o bola de ouro.

“O Endrick é muito diferente dos outros. É um extraterrestre. Usou a Copa São Paulo como chamariz jogando com meninos mais velhos do que ele. Vai ser campeão brasileiro. O céu é o limite para esse garoto. Não consigo colocar limites em sua carreira, não consigo”, diz Wolff ao afirmar ao Estadão que seus contratos valem mesmo se ele for para a Europa um dia. “Ele só ganha visibilidade, mais e mais. Para onde for, leva essa visibilidade com ele. Vou dar um exemplo de como isso funciona. Quando o Neymar foi para o futebol francês, ele fez da competição uma das mais procuradas. Ele deu visibilidade para o torneio. Com o Endrick, quando acontecer, será a mesma coisa”

O Rei do Pitaco, um fantasy game de futebol, que é um jogo online, com premiações em pontos, preparou recentemente um álbum de figurinhas com momentos da curta carreira de Endrick. São fotos transformadas em cromos para colar num livro ilustrado. Daqui há dez anos, quando ele estiver com 26, e se sua carreira decolar como se imagina, o álbum terá valor estimado para seus seguidores, mais ou menos se o torcedor do Santos tivesse um desses de Neymar na mesma idade. Atualmente, seu contrato com o Palmeiras é de três anos com multa rescisória de R$ 300 milhões.

Tudo na carreira de Endrick parece precoce. Ele mesmo é um atleta precoce, que aos 16 anos pode se sagrar campeão brasileiro com o Palmeiras nesta quarta-feira. Ele não fez parte da campanha completa do time na temporada, mas nessa reta final, foi promovido pelo técnico Abel Ferreira e atualmente é um dos atletas de destaque. Foi abraçado pelos colegas mais experientes e tem conseguido mostrar alguma coisa em campo, driblando a ansiedade natural de um menino de sua idade.

Ocorre que desde que foi apontado no clube como um jogador acima da média, um extraterrestre, Endrick passou a ser monitorado por profissionais e nada mais aconteceu por acaso. Todos os seus movimentos fora dos gramados são estudados, avaliados e planejados para que se torne o melhor jogador do Brasil, tão grande ou maior do que Neymar. Quem cuida de sua carreira, no entanto, se surpreende com o seu carisma. Isso está nele, como as fotos que tirou com torcedores do Athletico Paranaense em recente partida pelo Campeonato Brasileiro. Aquilo não foi planejado. Partiu dele.

Uma dessas pessoas responsáveis em cuidar da imagem de Endrick é Fábio Wolff, da agência Wolff Sports. Ele já teve chance de trabalhar com outro menino acima da média, ouro puro, mas, como disse, deixou o cavalo passar em sua frente e não subiu. Vinícius Júnior lhe foi oferecido cinco anos atrás. O trabalho era o mesmo que faz atualmente com o jogador precoce do Palmeiras: trabalhar sua imagem no mercado. Wolff conta que não teve como abraçar aquele trabalho na época e o recusou.

O atacante do Flamengo foi para o Real Madrid, virou Vini Jr e estará na Copa do Mundo do Catar com a seleção brasileira. “Perdi a oportunidade e me arrependo disso”, disse ao Estadão. Quando lhe ofereceram Endrick, ele não pensou duas vezes. “Estou dentro”. E assim começou a dobradinha para “fazer” a imagem do garoto palmeirense, cujo nome já é conhecido no Brasil e também na Europa.

Endrick é “escondido” pelo Palmeiras. Seu primeiro contrato foi assinado há menos de três meses. Sua foto já esteve estampada nos principais jornais e sites da Europa. Há um monitoramento dos clubes europeus endinheirados, e um deslumbramento também. Na semana passada, uma informação não confirmada pela presidente do Palmeiras, Leila Pereira, dava conta de uma oferta de 20 milhões de euros, perto de R$ 102 milhões, pelo garoto. O valor é um terço da multa estipulada nesse momento em seu contrato.

“Foi uma grande alegria para mim assinar o primeiro contrato profissional do Endrick. É um atleta com um enorme talento. Tenho certeza de que ele está muito honrado em fazer parte de nosso elenco como o Palmeiras também está extremamente feliz com ele. Temos excelentes profissionais que oferecem todo o suporte para que ele possa desenvolver cada vez mais o seu talento. Eu, como presidente, busco sempre o melhor para os nossos atletas e para o Palmeiras”, disse Leila Pereira ao Estadão.

Endrick se tornou o jogador mais jovem na história a marcar pelo Palmeiras Foto: Rodolfo Buhrer / Reuters

A presidente faz uma gestão mais enxuta no clube. Ela não imagina precisar negociar Endrick nos próximos anos. Mas não será fácil escondê-lo dos gigantes da Europa. Sua formação está sendo terminada pelo técnico Abel Ferreira para que ele possa ganhar mais tempo em campo na próxima temporada. Ainda é um menino, mesmo a despeito do corpo de homem formado.

As atividades de Wolff correm paralelas em relação ao trabalho do menino no Palmeiras. Seu trabalho consiste em posicionamento de imagem e captação de patrocínio para Endrick. Depois de mapear o potencial e os pontos fracos de Endrick, um plano estratégico foi desenhado para sua carreira. Nem todos os jogadores tem esse tipo de tratamento ou de profissional à disposição. Wolff diz que não vê jogadores de futebol fazendo comerciais em tevê. Vai em busca disso.

“Ele é um garoto carismático de natureza, e isso ajuda muito. Não há o temor de que faça bobagens porque é bem orientado e próximo de sua família. As marcas querem fechar com ele sem medo de possíveis escândalos”, diz. “As coisas estão acontecendo rápido para ele, mas ele se mostra preparado para elas. Geralmente um jogador não fala adequadamente, não se veste adequadamente e isso queima sua imagem no mercado. Ele é diferente de tudo isso.”

Mesmo aos 16, algumas características ressaltam aos olhos dos que cuidam de sua imagem. Mesmo humilde, ele fala bem. É estudante e jogador. Tem carisma de sobra. É focado em tudo o que lhe pede. Por ora, não demonstra nenhum deslumbramento com a profissão ou com a carreira que cresce. Sua família tem o que se chama de “bons valores”, com respeito a todos sem perder de vista as raízes.

Recentemente, Endrick esteve no Graacc para festejar o dia das crianças. Graacc é o Grupo de Apoio ao Adolescente e Criança com Câncer. “Nosso papel é um pouco esse, de sugerir lugares para ele estar e realizar o sonho de algumas pessoas. Mas é importante também que ele se sinta à vontade para isso. Achei legal ele passar um dia lá, olhar o trabalho daquelas pessoas e valorizar tudo isso”. Wolff diz que a história de Endrick é autêntica, que ele não faz força para ser esse garoto legal, que tira foto com a torcida rival após os jogos.

Endrick treina, aprimora os fundamentos, se enturma com o elenco principal do Palmeiras, ouve atentamente o que falam para ele, inclusive o técnico Abel Ferreira, mas também grava comerciais e começa a pisar em outro terreno que somente sua atual condição lhe permite, o de atender patrocinadores. Ele fechou com dois por ora, a OdontoCompany e o Rei do Pitaco, por três anos. Tem essas coisas de ser o mais novo a assinar contrato disso ou daquilo, mas sua vida esportiva sempre foi pautada por essa precocidade. A Odonto é a mesma que fechou com a fadinha Rayssa Leal, do skate.

Com a turma da Odonto, ficou seis horas gravando e regravando comerciais, sem perder a paciência ou reclamar. Wolff diz que a carreira do atleta é tocada por três pilares: o Palmeiras, uma agência que gerencia seus passos (TFM) e a empresa da qual Fábio Wolff é sócio-diretor, que cuida da imagem do garoto. As partes trabalham separadamente, sem que uma interfira na outra e com todas respeitando suas fronteiras.

TRIO DE OURO COMO EXEMPLO

A imagem de Endrick está sendo trabalhada tendo como referência três gigantes do esporte, dois do tênis e um do futebol. São exemplos para sua carreira a vida esportiva de Roger Federer, Rafael Nadal e Cristiano Ronaldo, no sentido da valorização ao esporte, respeito aos adversários, envolvimento na profissão e jeito discreto de se comportar. São, inegáveis, três vencedores em suas modalidades. “Esses caras são grandes players do mercado publicitário, seguros, com suas narrativas naturais, orgânicas. São três exemplos para o Endrick”.

O menino está a fim. Divide tudo com Douglas e Cintia, seu pai e sua mãe, e com as outras partes com quem tem contrato. Tudo é feito quando ele não está treinando, jogando ou concentrado para os jogos.

Os caminhos de Endrick estão sendo traçados ainda. Além de atuar no Palmeiras e já ter marcado dois gols em quatro partidas, seu nome é pedido pela torcida, assim, ele vai ganhando fama entre os torcedores brasileiros que o querem vê-lo em ação. Traz consigo das bases uma fama que o precedeu na equipe profissional. No futebol brasileiro, também tem referências para mirar. Ronaldo é uma delas. O Fenômeno foi um dos maiores em sua posição, usa o mesmo número na camisa, 9, e é dono de uma carreira vitoriosa e também precoce. Neymar é outro para se basear, embora tenham estilos diferentes. A comparação com Neymar no campo esportivo, e não da fama e do dinheiro, pode ir além, uma vez que o atacante do PSG e da seleção fracassou por ora no projeto de ser eleito o melhor do mundo ou o bola de ouro.

“O Endrick é muito diferente dos outros. É um extraterrestre. Usou a Copa São Paulo como chamariz jogando com meninos mais velhos do que ele. Vai ser campeão brasileiro. O céu é o limite para esse garoto. Não consigo colocar limites em sua carreira, não consigo”, diz Wolff ao afirmar ao Estadão que seus contratos valem mesmo se ele for para a Europa um dia. “Ele só ganha visibilidade, mais e mais. Para onde for, leva essa visibilidade com ele. Vou dar um exemplo de como isso funciona. Quando o Neymar foi para o futebol francês, ele fez da competição uma das mais procuradas. Ele deu visibilidade para o torneio. Com o Endrick, quando acontecer, será a mesma coisa”

O Rei do Pitaco, um fantasy game de futebol, que é um jogo online, com premiações em pontos, preparou recentemente um álbum de figurinhas com momentos da curta carreira de Endrick. São fotos transformadas em cromos para colar num livro ilustrado. Daqui há dez anos, quando ele estiver com 26, e se sua carreira decolar como se imagina, o álbum terá valor estimado para seus seguidores, mais ou menos se o torcedor do Santos tivesse um desses de Neymar na mesma idade. Atualmente, seu contrato com o Palmeiras é de três anos com multa rescisória de R$ 300 milhões.

Tudo na carreira de Endrick parece precoce. Ele mesmo é um atleta precoce, que aos 16 anos pode se sagrar campeão brasileiro com o Palmeiras nesta quarta-feira. Ele não fez parte da campanha completa do time na temporada, mas nessa reta final, foi promovido pelo técnico Abel Ferreira e atualmente é um dos atletas de destaque. Foi abraçado pelos colegas mais experientes e tem conseguido mostrar alguma coisa em campo, driblando a ansiedade natural de um menino de sua idade.

Ocorre que desde que foi apontado no clube como um jogador acima da média, um extraterrestre, Endrick passou a ser monitorado por profissionais e nada mais aconteceu por acaso. Todos os seus movimentos fora dos gramados são estudados, avaliados e planejados para que se torne o melhor jogador do Brasil, tão grande ou maior do que Neymar. Quem cuida de sua carreira, no entanto, se surpreende com o seu carisma. Isso está nele, como as fotos que tirou com torcedores do Athletico Paranaense em recente partida pelo Campeonato Brasileiro. Aquilo não foi planejado. Partiu dele.

Uma dessas pessoas responsáveis em cuidar da imagem de Endrick é Fábio Wolff, da agência Wolff Sports. Ele já teve chance de trabalhar com outro menino acima da média, ouro puro, mas, como disse, deixou o cavalo passar em sua frente e não subiu. Vinícius Júnior lhe foi oferecido cinco anos atrás. O trabalho era o mesmo que faz atualmente com o jogador precoce do Palmeiras: trabalhar sua imagem no mercado. Wolff conta que não teve como abraçar aquele trabalho na época e o recusou.

O atacante do Flamengo foi para o Real Madrid, virou Vini Jr e estará na Copa do Mundo do Catar com a seleção brasileira. “Perdi a oportunidade e me arrependo disso”, disse ao Estadão. Quando lhe ofereceram Endrick, ele não pensou duas vezes. “Estou dentro”. E assim começou a dobradinha para “fazer” a imagem do garoto palmeirense, cujo nome já é conhecido no Brasil e também na Europa.

Endrick é “escondido” pelo Palmeiras. Seu primeiro contrato foi assinado há menos de três meses. Sua foto já esteve estampada nos principais jornais e sites da Europa. Há um monitoramento dos clubes europeus endinheirados, e um deslumbramento também. Na semana passada, uma informação não confirmada pela presidente do Palmeiras, Leila Pereira, dava conta de uma oferta de 20 milhões de euros, perto de R$ 102 milhões, pelo garoto. O valor é um terço da multa estipulada nesse momento em seu contrato.

“Foi uma grande alegria para mim assinar o primeiro contrato profissional do Endrick. É um atleta com um enorme talento. Tenho certeza de que ele está muito honrado em fazer parte de nosso elenco como o Palmeiras também está extremamente feliz com ele. Temos excelentes profissionais que oferecem todo o suporte para que ele possa desenvolver cada vez mais o seu talento. Eu, como presidente, busco sempre o melhor para os nossos atletas e para o Palmeiras”, disse Leila Pereira ao Estadão.

Endrick se tornou o jogador mais jovem na história a marcar pelo Palmeiras Foto: Rodolfo Buhrer / Reuters

A presidente faz uma gestão mais enxuta no clube. Ela não imagina precisar negociar Endrick nos próximos anos. Mas não será fácil escondê-lo dos gigantes da Europa. Sua formação está sendo terminada pelo técnico Abel Ferreira para que ele possa ganhar mais tempo em campo na próxima temporada. Ainda é um menino, mesmo a despeito do corpo de homem formado.

As atividades de Wolff correm paralelas em relação ao trabalho do menino no Palmeiras. Seu trabalho consiste em posicionamento de imagem e captação de patrocínio para Endrick. Depois de mapear o potencial e os pontos fracos de Endrick, um plano estratégico foi desenhado para sua carreira. Nem todos os jogadores tem esse tipo de tratamento ou de profissional à disposição. Wolff diz que não vê jogadores de futebol fazendo comerciais em tevê. Vai em busca disso.

“Ele é um garoto carismático de natureza, e isso ajuda muito. Não há o temor de que faça bobagens porque é bem orientado e próximo de sua família. As marcas querem fechar com ele sem medo de possíveis escândalos”, diz. “As coisas estão acontecendo rápido para ele, mas ele se mostra preparado para elas. Geralmente um jogador não fala adequadamente, não se veste adequadamente e isso queima sua imagem no mercado. Ele é diferente de tudo isso.”

Mesmo aos 16, algumas características ressaltam aos olhos dos que cuidam de sua imagem. Mesmo humilde, ele fala bem. É estudante e jogador. Tem carisma de sobra. É focado em tudo o que lhe pede. Por ora, não demonstra nenhum deslumbramento com a profissão ou com a carreira que cresce. Sua família tem o que se chama de “bons valores”, com respeito a todos sem perder de vista as raízes.

Recentemente, Endrick esteve no Graacc para festejar o dia das crianças. Graacc é o Grupo de Apoio ao Adolescente e Criança com Câncer. “Nosso papel é um pouco esse, de sugerir lugares para ele estar e realizar o sonho de algumas pessoas. Mas é importante também que ele se sinta à vontade para isso. Achei legal ele passar um dia lá, olhar o trabalho daquelas pessoas e valorizar tudo isso”. Wolff diz que a história de Endrick é autêntica, que ele não faz força para ser esse garoto legal, que tira foto com a torcida rival após os jogos.

Endrick treina, aprimora os fundamentos, se enturma com o elenco principal do Palmeiras, ouve atentamente o que falam para ele, inclusive o técnico Abel Ferreira, mas também grava comerciais e começa a pisar em outro terreno que somente sua atual condição lhe permite, o de atender patrocinadores. Ele fechou com dois por ora, a OdontoCompany e o Rei do Pitaco, por três anos. Tem essas coisas de ser o mais novo a assinar contrato disso ou daquilo, mas sua vida esportiva sempre foi pautada por essa precocidade. A Odonto é a mesma que fechou com a fadinha Rayssa Leal, do skate.

Com a turma da Odonto, ficou seis horas gravando e regravando comerciais, sem perder a paciência ou reclamar. Wolff diz que a carreira do atleta é tocada por três pilares: o Palmeiras, uma agência que gerencia seus passos (TFM) e a empresa da qual Fábio Wolff é sócio-diretor, que cuida da imagem do garoto. As partes trabalham separadamente, sem que uma interfira na outra e com todas respeitando suas fronteiras.

TRIO DE OURO COMO EXEMPLO

A imagem de Endrick está sendo trabalhada tendo como referência três gigantes do esporte, dois do tênis e um do futebol. São exemplos para sua carreira a vida esportiva de Roger Federer, Rafael Nadal e Cristiano Ronaldo, no sentido da valorização ao esporte, respeito aos adversários, envolvimento na profissão e jeito discreto de se comportar. São, inegáveis, três vencedores em suas modalidades. “Esses caras são grandes players do mercado publicitário, seguros, com suas narrativas naturais, orgânicas. São três exemplos para o Endrick”.

O menino está a fim. Divide tudo com Douglas e Cintia, seu pai e sua mãe, e com as outras partes com quem tem contrato. Tudo é feito quando ele não está treinando, jogando ou concentrado para os jogos.

Os caminhos de Endrick estão sendo traçados ainda. Além de atuar no Palmeiras e já ter marcado dois gols em quatro partidas, seu nome é pedido pela torcida, assim, ele vai ganhando fama entre os torcedores brasileiros que o querem vê-lo em ação. Traz consigo das bases uma fama que o precedeu na equipe profissional. No futebol brasileiro, também tem referências para mirar. Ronaldo é uma delas. O Fenômeno foi um dos maiores em sua posição, usa o mesmo número na camisa, 9, e é dono de uma carreira vitoriosa e também precoce. Neymar é outro para se basear, embora tenham estilos diferentes. A comparação com Neymar no campo esportivo, e não da fama e do dinheiro, pode ir além, uma vez que o atacante do PSG e da seleção fracassou por ora no projeto de ser eleito o melhor do mundo ou o bola de ouro.

“O Endrick é muito diferente dos outros. É um extraterrestre. Usou a Copa São Paulo como chamariz jogando com meninos mais velhos do que ele. Vai ser campeão brasileiro. O céu é o limite para esse garoto. Não consigo colocar limites em sua carreira, não consigo”, diz Wolff ao afirmar ao Estadão que seus contratos valem mesmo se ele for para a Europa um dia. “Ele só ganha visibilidade, mais e mais. Para onde for, leva essa visibilidade com ele. Vou dar um exemplo de como isso funciona. Quando o Neymar foi para o futebol francês, ele fez da competição uma das mais procuradas. Ele deu visibilidade para o torneio. Com o Endrick, quando acontecer, será a mesma coisa”

O Rei do Pitaco, um fantasy game de futebol, que é um jogo online, com premiações em pontos, preparou recentemente um álbum de figurinhas com momentos da curta carreira de Endrick. São fotos transformadas em cromos para colar num livro ilustrado. Daqui há dez anos, quando ele estiver com 26, e se sua carreira decolar como se imagina, o álbum terá valor estimado para seus seguidores, mais ou menos se o torcedor do Santos tivesse um desses de Neymar na mesma idade. Atualmente, seu contrato com o Palmeiras é de três anos com multa rescisória de R$ 300 milhões.

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