Espanha tem histórico de insultos racistas no futebol, que já atingiu Ronaldo, Daniel Alves e Eto’o


Perseguição agora é contra Vinicius Júnior: jogador brasileiro ameaça deixar o país por causa disso

Por Redação
Atualização:

Os insultos racistas proferidos no domingo por torcedores do Valencia contra o atacante brasileiro Vinicius Junior, do Real Madrid, recordaram outros momentos de preconceito no futebol espanhol, marcado por casos similares nos últimos 40 anos contra atletas como Ronaldo, Daniel Alves e Samuel Eto’o. Nem todos são relacionados diretamente ao racismo.

Veja alguns casos que também foram provocados pelos torcedores do país de dois dos principais clubes do mundo, Barcelona e Real Madrid, que sempre tiveram jogadores brasileiros em suas fileiras. O próximo a embarcar para a Espanha é Endrick, atacante negro do Palmeiras que foi comprado pelo Real Madrid. Ele se apresenta ao clube no ano que vem.

Thomas Nkono e os insultos no Camp Nou

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Lenda do futebol camaronês, mas praticamente desconhecido quando chegou ao Espanyol em 1982, Thomas Nkono foi vítima de gritos racistas e bananas atiradas em direção ao gramado do Camp Nou em uma partida contra o Barcelona. “O mais curioso é que uma parte do estádio me chamava de tudo, enquanto outra parte vaiava para que eles parassem. Sempre encarei isso como um desafio”, disse Nkono ao jornal El Confidencial.

Hiddink e a bandeira nazista

No aquecimento da partida Valencia e Albacete em 1992, o técnico dos donos da casa, Guus Hiddink, vê uma bandeira nazista no setor da arquibancada dos torcedores do Albacete. O holandês pediu a um funcionário do clube que retirasse a bandeira, ameaçando não iniciar a partida enquanto a suástica continuasse visível. “Quando vejo esse tipo de coisa, não posso ficar calado”, declarou o técnico holandês.

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Carlos Kameni, goleiro do Espanyol, foi chamado de 'macaco' pela torcida do Zaragoza em um jogo de 2004  Foto: Luis Correas / Reuters

Kameni e os gritos de macaco

Compatriota e sucessor de Nkono no Espanyol, Carlos Kameni também foi alvo de gritos de “macaco” por uma parte da torcida do Zaragoza em 2004. “Meu pior momento”, disse o goleiro em 2017. “Vencíamos por 1 a 0 e me ofendiam de tudo. Até o árbitro perguntou se eu estava bem para continuar no jogo. Não sabia onde estava, mas encontrei forças para continuar jogando”. O incidente não foi isolado: cinco meses depois, Kameni foi alvo de lançamento de bananas no estádio do Atlético de Madrid. “Quando uma pessoa passa por algo assim, pode voltar para casa e cometer suicídio. Ninguém pode imaginar o que vivi”, disse Kameni em 2020.

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Ronaldo e a garrafa de água

Em março de 2005, o atacante brasileiro Ronaldo Fenômeno, do Real Madrid, atirou uma garrafa de água em torcedores do Málaga depois de ser vítima de insultos racistas. Alguns dias antes, no mesmo estádio de Málaga, o atacante Paulo César Wanchope (de Costa Rica) agrediu um torcedor do próprio clube por imitar gritos de macaco.

Samuel Eto’o: ‘Não jogo mais’

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O atacante camaronês do Barcelona foi alvo de ofensas racistas e chutou uma bola em direção à torcida quando foi alvo de gritos que imitavam macacos por parte da torcida do Getafe na temporada 2004. Duas semanas depois, contra o Albacete, Eto’o voltou a sofrer ofensas racistas. Em 2005, o jogador comemorou um gol imitando um macaco. Em 2006, após novos insultos racistas em Zaragoza, Eto’o decidiu abandonar o gramado. “Não jogo mais”, declarou ao árbitro, que tentou convencê-lo a responder permanecendo no campo. Após a intervenção de várias pessoas, Eto’o mudou de ideia e completou a partida. A Federação Espanhola multou o Zaragoza em 9.000 euros (R$ 25.364 na cotação da época).

Samuel Eto'o com Ronaldinho Gaúcho; jogadores camarões foi alvo de diversas ataques racistas durante o período que defendeu o Barcelona Foto: Gustau Nacarino / Reuters

Daniel Alves e a banana

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Em abril de 2014, o lateral brasileiro Daniel Alves também foi vítima de um incidente durante uma partida entre Barcelona e Villarreal. Pouco antes de bater um escanteio, um torcedor jogou uma banana na direção do atleta. Ele descascou e deu uma mordida na fruta como forma de responder ao ataque antes de voltar para a partida. O Villarreal foi multado em 12.000 euros (R$ 37.201 na cotação da época) e com o fechamento de parte da arquibancada por uma partida apenas.

‘Somos todos Williams’

Em 2020, o atacante Iñaki Williams, do Athletic de Bilbao, foi alvo de gritos de “macaco” no momento da substituição durante uma partida no campo do Espanyol. O atacante basco já havia sido vítima de insultos racistas em Gijón em 2016 e o árbitro interrompeu a partida por alguns minutos. O primeiro-ministro espanhol Pedro Sánchez condenou os atos e o jornal esportivo Marca, o mais vendido na Espanha, escreveu na primeira página: “Basta de racismo. Somos todos Williams”. Dois torcedores do Espanyol foram investigados pela Justiça.

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Outros casos

A lista de jogadores vítimas de incidentes racistas inclui nomes como o irmão de Iñaki, Nico Williams, Mouctar Diakhaby, Frédéric Kanouté, Yaya Touré, Jefferson Lerma, entre outros. / AFP

Os insultos racistas proferidos no domingo por torcedores do Valencia contra o atacante brasileiro Vinicius Junior, do Real Madrid, recordaram outros momentos de preconceito no futebol espanhol, marcado por casos similares nos últimos 40 anos contra atletas como Ronaldo, Daniel Alves e Samuel Eto’o. Nem todos são relacionados diretamente ao racismo.

Veja alguns casos que também foram provocados pelos torcedores do país de dois dos principais clubes do mundo, Barcelona e Real Madrid, que sempre tiveram jogadores brasileiros em suas fileiras. O próximo a embarcar para a Espanha é Endrick, atacante negro do Palmeiras que foi comprado pelo Real Madrid. Ele se apresenta ao clube no ano que vem.

Thomas Nkono e os insultos no Camp Nou

Lenda do futebol camaronês, mas praticamente desconhecido quando chegou ao Espanyol em 1982, Thomas Nkono foi vítima de gritos racistas e bananas atiradas em direção ao gramado do Camp Nou em uma partida contra o Barcelona. “O mais curioso é que uma parte do estádio me chamava de tudo, enquanto outra parte vaiava para que eles parassem. Sempre encarei isso como um desafio”, disse Nkono ao jornal El Confidencial.

Hiddink e a bandeira nazista

No aquecimento da partida Valencia e Albacete em 1992, o técnico dos donos da casa, Guus Hiddink, vê uma bandeira nazista no setor da arquibancada dos torcedores do Albacete. O holandês pediu a um funcionário do clube que retirasse a bandeira, ameaçando não iniciar a partida enquanto a suástica continuasse visível. “Quando vejo esse tipo de coisa, não posso ficar calado”, declarou o técnico holandês.

Carlos Kameni, goleiro do Espanyol, foi chamado de 'macaco' pela torcida do Zaragoza em um jogo de 2004  Foto: Luis Correas / Reuters

Kameni e os gritos de macaco

Compatriota e sucessor de Nkono no Espanyol, Carlos Kameni também foi alvo de gritos de “macaco” por uma parte da torcida do Zaragoza em 2004. “Meu pior momento”, disse o goleiro em 2017. “Vencíamos por 1 a 0 e me ofendiam de tudo. Até o árbitro perguntou se eu estava bem para continuar no jogo. Não sabia onde estava, mas encontrei forças para continuar jogando”. O incidente não foi isolado: cinco meses depois, Kameni foi alvo de lançamento de bananas no estádio do Atlético de Madrid. “Quando uma pessoa passa por algo assim, pode voltar para casa e cometer suicídio. Ninguém pode imaginar o que vivi”, disse Kameni em 2020.

Ronaldo e a garrafa de água

Em março de 2005, o atacante brasileiro Ronaldo Fenômeno, do Real Madrid, atirou uma garrafa de água em torcedores do Málaga depois de ser vítima de insultos racistas. Alguns dias antes, no mesmo estádio de Málaga, o atacante Paulo César Wanchope (de Costa Rica) agrediu um torcedor do próprio clube por imitar gritos de macaco.

Samuel Eto’o: ‘Não jogo mais’

O atacante camaronês do Barcelona foi alvo de ofensas racistas e chutou uma bola em direção à torcida quando foi alvo de gritos que imitavam macacos por parte da torcida do Getafe na temporada 2004. Duas semanas depois, contra o Albacete, Eto’o voltou a sofrer ofensas racistas. Em 2005, o jogador comemorou um gol imitando um macaco. Em 2006, após novos insultos racistas em Zaragoza, Eto’o decidiu abandonar o gramado. “Não jogo mais”, declarou ao árbitro, que tentou convencê-lo a responder permanecendo no campo. Após a intervenção de várias pessoas, Eto’o mudou de ideia e completou a partida. A Federação Espanhola multou o Zaragoza em 9.000 euros (R$ 25.364 na cotação da época).

Samuel Eto'o com Ronaldinho Gaúcho; jogadores camarões foi alvo de diversas ataques racistas durante o período que defendeu o Barcelona Foto: Gustau Nacarino / Reuters

Daniel Alves e a banana

Em abril de 2014, o lateral brasileiro Daniel Alves também foi vítima de um incidente durante uma partida entre Barcelona e Villarreal. Pouco antes de bater um escanteio, um torcedor jogou uma banana na direção do atleta. Ele descascou e deu uma mordida na fruta como forma de responder ao ataque antes de voltar para a partida. O Villarreal foi multado em 12.000 euros (R$ 37.201 na cotação da época) e com o fechamento de parte da arquibancada por uma partida apenas.

‘Somos todos Williams’

Em 2020, o atacante Iñaki Williams, do Athletic de Bilbao, foi alvo de gritos de “macaco” no momento da substituição durante uma partida no campo do Espanyol. O atacante basco já havia sido vítima de insultos racistas em Gijón em 2016 e o árbitro interrompeu a partida por alguns minutos. O primeiro-ministro espanhol Pedro Sánchez condenou os atos e o jornal esportivo Marca, o mais vendido na Espanha, escreveu na primeira página: “Basta de racismo. Somos todos Williams”. Dois torcedores do Espanyol foram investigados pela Justiça.

Outros casos

A lista de jogadores vítimas de incidentes racistas inclui nomes como o irmão de Iñaki, Nico Williams, Mouctar Diakhaby, Frédéric Kanouté, Yaya Touré, Jefferson Lerma, entre outros. / AFP

Os insultos racistas proferidos no domingo por torcedores do Valencia contra o atacante brasileiro Vinicius Junior, do Real Madrid, recordaram outros momentos de preconceito no futebol espanhol, marcado por casos similares nos últimos 40 anos contra atletas como Ronaldo, Daniel Alves e Samuel Eto’o. Nem todos são relacionados diretamente ao racismo.

Veja alguns casos que também foram provocados pelos torcedores do país de dois dos principais clubes do mundo, Barcelona e Real Madrid, que sempre tiveram jogadores brasileiros em suas fileiras. O próximo a embarcar para a Espanha é Endrick, atacante negro do Palmeiras que foi comprado pelo Real Madrid. Ele se apresenta ao clube no ano que vem.

Thomas Nkono e os insultos no Camp Nou

Lenda do futebol camaronês, mas praticamente desconhecido quando chegou ao Espanyol em 1982, Thomas Nkono foi vítima de gritos racistas e bananas atiradas em direção ao gramado do Camp Nou em uma partida contra o Barcelona. “O mais curioso é que uma parte do estádio me chamava de tudo, enquanto outra parte vaiava para que eles parassem. Sempre encarei isso como um desafio”, disse Nkono ao jornal El Confidencial.

Hiddink e a bandeira nazista

No aquecimento da partida Valencia e Albacete em 1992, o técnico dos donos da casa, Guus Hiddink, vê uma bandeira nazista no setor da arquibancada dos torcedores do Albacete. O holandês pediu a um funcionário do clube que retirasse a bandeira, ameaçando não iniciar a partida enquanto a suástica continuasse visível. “Quando vejo esse tipo de coisa, não posso ficar calado”, declarou o técnico holandês.

Carlos Kameni, goleiro do Espanyol, foi chamado de 'macaco' pela torcida do Zaragoza em um jogo de 2004  Foto: Luis Correas / Reuters

Kameni e os gritos de macaco

Compatriota e sucessor de Nkono no Espanyol, Carlos Kameni também foi alvo de gritos de “macaco” por uma parte da torcida do Zaragoza em 2004. “Meu pior momento”, disse o goleiro em 2017. “Vencíamos por 1 a 0 e me ofendiam de tudo. Até o árbitro perguntou se eu estava bem para continuar no jogo. Não sabia onde estava, mas encontrei forças para continuar jogando”. O incidente não foi isolado: cinco meses depois, Kameni foi alvo de lançamento de bananas no estádio do Atlético de Madrid. “Quando uma pessoa passa por algo assim, pode voltar para casa e cometer suicídio. Ninguém pode imaginar o que vivi”, disse Kameni em 2020.

Ronaldo e a garrafa de água

Em março de 2005, o atacante brasileiro Ronaldo Fenômeno, do Real Madrid, atirou uma garrafa de água em torcedores do Málaga depois de ser vítima de insultos racistas. Alguns dias antes, no mesmo estádio de Málaga, o atacante Paulo César Wanchope (de Costa Rica) agrediu um torcedor do próprio clube por imitar gritos de macaco.

Samuel Eto’o: ‘Não jogo mais’

O atacante camaronês do Barcelona foi alvo de ofensas racistas e chutou uma bola em direção à torcida quando foi alvo de gritos que imitavam macacos por parte da torcida do Getafe na temporada 2004. Duas semanas depois, contra o Albacete, Eto’o voltou a sofrer ofensas racistas. Em 2005, o jogador comemorou um gol imitando um macaco. Em 2006, após novos insultos racistas em Zaragoza, Eto’o decidiu abandonar o gramado. “Não jogo mais”, declarou ao árbitro, que tentou convencê-lo a responder permanecendo no campo. Após a intervenção de várias pessoas, Eto’o mudou de ideia e completou a partida. A Federação Espanhola multou o Zaragoza em 9.000 euros (R$ 25.364 na cotação da época).

Samuel Eto'o com Ronaldinho Gaúcho; jogadores camarões foi alvo de diversas ataques racistas durante o período que defendeu o Barcelona Foto: Gustau Nacarino / Reuters

Daniel Alves e a banana

Em abril de 2014, o lateral brasileiro Daniel Alves também foi vítima de um incidente durante uma partida entre Barcelona e Villarreal. Pouco antes de bater um escanteio, um torcedor jogou uma banana na direção do atleta. Ele descascou e deu uma mordida na fruta como forma de responder ao ataque antes de voltar para a partida. O Villarreal foi multado em 12.000 euros (R$ 37.201 na cotação da época) e com o fechamento de parte da arquibancada por uma partida apenas.

‘Somos todos Williams’

Em 2020, o atacante Iñaki Williams, do Athletic de Bilbao, foi alvo de gritos de “macaco” no momento da substituição durante uma partida no campo do Espanyol. O atacante basco já havia sido vítima de insultos racistas em Gijón em 2016 e o árbitro interrompeu a partida por alguns minutos. O primeiro-ministro espanhol Pedro Sánchez condenou os atos e o jornal esportivo Marca, o mais vendido na Espanha, escreveu na primeira página: “Basta de racismo. Somos todos Williams”. Dois torcedores do Espanyol foram investigados pela Justiça.

Outros casos

A lista de jogadores vítimas de incidentes racistas inclui nomes como o irmão de Iñaki, Nico Williams, Mouctar Diakhaby, Frédéric Kanouté, Yaya Touré, Jefferson Lerma, entre outros. / AFP

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