Amistosos internacionais perderam espaço entre os clubes brasileiros; saiba motivo


Flamengo, Vasco e Bahia aproveitaram pré-temporada para excursionar, mas compromissos desse tipo são cada vez mais raros envolvendo times do País

Por Marcos Antomil
Atualização:

O futebol brasileiro virou sinônimo de técnica, arte e estilo nas décadas de 1950 e 1960. Essa chancela surgiu graças à magia de Pelé, Garrincha e tantos outros craques que desfilaram pelos gramados mundo afora naquele período, vestindo as camisas de seus clubes e da seleção. As excursões faziam parte da cultura dos times do País e foram as responsáveis por tornar o futebol brasileiro uma grife, reconhecida por todas as partes.

Além dos nomes dos craques, o símbolo dos times também ganhou outras dimensões: o Santos de Pelé, o Botafogo de Garrincha, o Palmeiras de Luís Pereira, o São Paulo de Del Vecchio, o Corinthians de Luizinho. Com o futebol profissionalizado, os torneios amistosos perderam espaço e caíram em desuso. Na Europa, ainda são comuns em períodos de pré e intertemporada. No Brasil, com o calendário inchado, times têm de dar um jeitinho para conseguir conciliar esses eventos. Os torneios Ramón de Carranza, Teresa Herrera e Joan Gamper, tradicionais na Espanha, ainda acontecem, mas os times brasileiros não são convidados.

Pelé é recebido por torcedores logo após a equipe do Santos desembarcar no Aeroporto de Congonhas vindo do México, onde disputou torneios na capital e em Guadalajara - 01/03/1961. Foto: Nicolau Leite/ Estadão
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Em 2024, Flamengo, Vasco, Bahia e Santos são os únicos times que participam de torneios amistosos fora do País. O time rubro-negro colocou os reservas em campo pelo Campeonato Carioca e foi ao Estados Unidos para dois jogos com Orlando City e Philadelphia Union. O rival cruz-maltino usou do mesmo expediente para ir ao Uruguai e medir forças com Deportivo Maldonado-URU e San Lorenzo-ARG.

A ida para os EUA ajudou o Flamengo em diversos sentidos. A equipe rubro-negra agiu na direção de explorar a divulgação de sua marca no país que abrigará o novo Mundial de Clubes, em 2025, se aproximar dos clubes locais, trocar experiências e amadurecer a ideia de fazer peneiras com garotos em idade escolar, em um processo de imersão na cultura do clube, algo que é chamado de camps por lá.

O Bahia, como membro do Grupo City, fez sua pré-temporada em Manchester, nas dependências do campeão inglês, europeu e mundial. Lá, houve tietagem, troca de experiências e um jogo-treino com o Blackburn. “Uma experiência única para os atletas. Muitos não tinham saído do País e estão tendo a primeira oportunidade em um clube que acabou de ganhar o Mundial e teve cinco taças esse ano. É algo que vai ficar para sempre na memória deles”, disse o técnico Rogério Ceni.

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A próxima equipe a embarcar por uma aventura internacional é o Santos. A equipe da Baixada, no entanto, levará ao Catar uma equipe formada por garotos da base e atletas que não estão sendo aproveitados pelo time profissional. O primeiro compromisso está agendado para o dia 4, contra o Shanghai Shenhua, da China. No dia 9, o adversário é o Al-Duhail, do Catar, e no dia 13, o russo Zenit será o rival. A última vez que o Santos encarou um time estrangeiro em um duelo amistoso foi em julho de 2018, em um empate sem gols com o Querétaro, no México.

“Aproximar ídolos e o produto esportivo dos fãs em seus países sem dúvida é uma estratégia acertada e expediente muito usado por clubes europeus há muitos anos no mercado asiático e mais recentemente nos Estados Unidos. Essa estratégia se mostrou frutífera nos planos de internacionalização de marca dos grandes clubes europeus”, afirmou Ivan Martinho, professor de marketing esportivo pela ESPM.

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A última vez que Palmeiras e Corinthians participaram de amistosos internacionais foi em 18 de janeiro de 2020. Os rivais estavam juntos na disputa da Florida Cup. Naquele mesmo dia, o time alviverde bateu o New York City FC, dos EUA, por 2 a 1, mesmo placar da derrota corintiana para o Atlético Nacional, da Colômbia. Em 2019, o São Paulo jogou o mesmo torneio e daí data seu último amistoso internacional. Em 12 de janeiro daquele ano, a equipe tricolor perdeu para o holandês Ajax por 4 a 2.

Outro empecilho que surge é que o calendário europeu não coincide com o brasileiro. A pré-temporada dos times do Velho Continente acontece entre o fim de julho e começo de agosto, período em que Brasileirão, Copa do Brasil e Libertadores estão acontecendo a todo vapor.

Palmeiras, Flamengo e Fluminense têm em 2025 a disputa do novo Mundial de Clubes da Fifa em que vão enfrentar novamente potências internacionais. O torneio, nos Estados Unidos, terá duração de um mês, com a participação de 32 times. Será uma das raras oportunidades de ver duelos entre clubes brasileiros e grandes equipes da Europa.

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Se no futebol profissional não há espaço para a disputa de amistosos internacionais, no cenário das categorias de base ainda restam opções, apesar de essa alternativa não conseguir alcançar da mesma forma a sonhada internacionalização das marcas. O Palmeiras, por exemplo, faturou troféus na Holanda, República Checa e México em 2023 com os times sub-20 e sub-17. O Sport, apesar de estar na Série B, é outro time que se preocupa com esse contato dos jovens com equipes de outros países.

“É uma oportunidade desses atletas vivenciarem esse mundo do futebol expandido com tantas coisas diferentes na forma como é praticada, intensidade e forma de jogo. É uma oportunidade para a gente também como um clube praticar um intercâmbio técnico, interagir com essas equipes lá fora, entender o que eles estão fazendo, as ferramentas que são utilizadas, as metodologias aplicadas e trazer um pouco desse aprendizado para ser colocado em prática aqui”, analisou João Marcelo Barros, membro do comitê gestor do Sport.

Diante das polêmicas em que a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) se envolveu nos últimos meses, há uma série de demandas às quais o presidente Ednaldo Rodrigues está se debruçando, mas nenhuma delas é uma abertura no calendário para esses amistosos. Os clubes, no momento, estão preocupados, primeiramente, na formação de uma liga única para gerir o Campeonato Brasileiro, encontrar novas fontes de receitas para, depois, pensar em como formatar um calendário que comporte essas necessidades das equipes.

O futebol brasileiro virou sinônimo de técnica, arte e estilo nas décadas de 1950 e 1960. Essa chancela surgiu graças à magia de Pelé, Garrincha e tantos outros craques que desfilaram pelos gramados mundo afora naquele período, vestindo as camisas de seus clubes e da seleção. As excursões faziam parte da cultura dos times do País e foram as responsáveis por tornar o futebol brasileiro uma grife, reconhecida por todas as partes.

Além dos nomes dos craques, o símbolo dos times também ganhou outras dimensões: o Santos de Pelé, o Botafogo de Garrincha, o Palmeiras de Luís Pereira, o São Paulo de Del Vecchio, o Corinthians de Luizinho. Com o futebol profissionalizado, os torneios amistosos perderam espaço e caíram em desuso. Na Europa, ainda são comuns em períodos de pré e intertemporada. No Brasil, com o calendário inchado, times têm de dar um jeitinho para conseguir conciliar esses eventos. Os torneios Ramón de Carranza, Teresa Herrera e Joan Gamper, tradicionais na Espanha, ainda acontecem, mas os times brasileiros não são convidados.

Pelé é recebido por torcedores logo após a equipe do Santos desembarcar no Aeroporto de Congonhas vindo do México, onde disputou torneios na capital e em Guadalajara - 01/03/1961. Foto: Nicolau Leite/ Estadão

Em 2024, Flamengo, Vasco, Bahia e Santos são os únicos times que participam de torneios amistosos fora do País. O time rubro-negro colocou os reservas em campo pelo Campeonato Carioca e foi ao Estados Unidos para dois jogos com Orlando City e Philadelphia Union. O rival cruz-maltino usou do mesmo expediente para ir ao Uruguai e medir forças com Deportivo Maldonado-URU e San Lorenzo-ARG.

A ida para os EUA ajudou o Flamengo em diversos sentidos. A equipe rubro-negra agiu na direção de explorar a divulgação de sua marca no país que abrigará o novo Mundial de Clubes, em 2025, se aproximar dos clubes locais, trocar experiências e amadurecer a ideia de fazer peneiras com garotos em idade escolar, em um processo de imersão na cultura do clube, algo que é chamado de camps por lá.

O Bahia, como membro do Grupo City, fez sua pré-temporada em Manchester, nas dependências do campeão inglês, europeu e mundial. Lá, houve tietagem, troca de experiências e um jogo-treino com o Blackburn. “Uma experiência única para os atletas. Muitos não tinham saído do País e estão tendo a primeira oportunidade em um clube que acabou de ganhar o Mundial e teve cinco taças esse ano. É algo que vai ficar para sempre na memória deles”, disse o técnico Rogério Ceni.

A próxima equipe a embarcar por uma aventura internacional é o Santos. A equipe da Baixada, no entanto, levará ao Catar uma equipe formada por garotos da base e atletas que não estão sendo aproveitados pelo time profissional. O primeiro compromisso está agendado para o dia 4, contra o Shanghai Shenhua, da China. No dia 9, o adversário é o Al-Duhail, do Catar, e no dia 13, o russo Zenit será o rival. A última vez que o Santos encarou um time estrangeiro em um duelo amistoso foi em julho de 2018, em um empate sem gols com o Querétaro, no México.

“Aproximar ídolos e o produto esportivo dos fãs em seus países sem dúvida é uma estratégia acertada e expediente muito usado por clubes europeus há muitos anos no mercado asiático e mais recentemente nos Estados Unidos. Essa estratégia se mostrou frutífera nos planos de internacionalização de marca dos grandes clubes europeus”, afirmou Ivan Martinho, professor de marketing esportivo pela ESPM.

A última vez que Palmeiras e Corinthians participaram de amistosos internacionais foi em 18 de janeiro de 2020. Os rivais estavam juntos na disputa da Florida Cup. Naquele mesmo dia, o time alviverde bateu o New York City FC, dos EUA, por 2 a 1, mesmo placar da derrota corintiana para o Atlético Nacional, da Colômbia. Em 2019, o São Paulo jogou o mesmo torneio e daí data seu último amistoso internacional. Em 12 de janeiro daquele ano, a equipe tricolor perdeu para o holandês Ajax por 4 a 2.

Outro empecilho que surge é que o calendário europeu não coincide com o brasileiro. A pré-temporada dos times do Velho Continente acontece entre o fim de julho e começo de agosto, período em que Brasileirão, Copa do Brasil e Libertadores estão acontecendo a todo vapor.

Palmeiras, Flamengo e Fluminense têm em 2025 a disputa do novo Mundial de Clubes da Fifa em que vão enfrentar novamente potências internacionais. O torneio, nos Estados Unidos, terá duração de um mês, com a participação de 32 times. Será uma das raras oportunidades de ver duelos entre clubes brasileiros e grandes equipes da Europa.

Se no futebol profissional não há espaço para a disputa de amistosos internacionais, no cenário das categorias de base ainda restam opções, apesar de essa alternativa não conseguir alcançar da mesma forma a sonhada internacionalização das marcas. O Palmeiras, por exemplo, faturou troféus na Holanda, República Checa e México em 2023 com os times sub-20 e sub-17. O Sport, apesar de estar na Série B, é outro time que se preocupa com esse contato dos jovens com equipes de outros países.

“É uma oportunidade desses atletas vivenciarem esse mundo do futebol expandido com tantas coisas diferentes na forma como é praticada, intensidade e forma de jogo. É uma oportunidade para a gente também como um clube praticar um intercâmbio técnico, interagir com essas equipes lá fora, entender o que eles estão fazendo, as ferramentas que são utilizadas, as metodologias aplicadas e trazer um pouco desse aprendizado para ser colocado em prática aqui”, analisou João Marcelo Barros, membro do comitê gestor do Sport.

Diante das polêmicas em que a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) se envolveu nos últimos meses, há uma série de demandas às quais o presidente Ednaldo Rodrigues está se debruçando, mas nenhuma delas é uma abertura no calendário para esses amistosos. Os clubes, no momento, estão preocupados, primeiramente, na formação de uma liga única para gerir o Campeonato Brasileiro, encontrar novas fontes de receitas para, depois, pensar em como formatar um calendário que comporte essas necessidades das equipes.

O futebol brasileiro virou sinônimo de técnica, arte e estilo nas décadas de 1950 e 1960. Essa chancela surgiu graças à magia de Pelé, Garrincha e tantos outros craques que desfilaram pelos gramados mundo afora naquele período, vestindo as camisas de seus clubes e da seleção. As excursões faziam parte da cultura dos times do País e foram as responsáveis por tornar o futebol brasileiro uma grife, reconhecida por todas as partes.

Além dos nomes dos craques, o símbolo dos times também ganhou outras dimensões: o Santos de Pelé, o Botafogo de Garrincha, o Palmeiras de Luís Pereira, o São Paulo de Del Vecchio, o Corinthians de Luizinho. Com o futebol profissionalizado, os torneios amistosos perderam espaço e caíram em desuso. Na Europa, ainda são comuns em períodos de pré e intertemporada. No Brasil, com o calendário inchado, times têm de dar um jeitinho para conseguir conciliar esses eventos. Os torneios Ramón de Carranza, Teresa Herrera e Joan Gamper, tradicionais na Espanha, ainda acontecem, mas os times brasileiros não são convidados.

Pelé é recebido por torcedores logo após a equipe do Santos desembarcar no Aeroporto de Congonhas vindo do México, onde disputou torneios na capital e em Guadalajara - 01/03/1961. Foto: Nicolau Leite/ Estadão

Em 2024, Flamengo, Vasco, Bahia e Santos são os únicos times que participam de torneios amistosos fora do País. O time rubro-negro colocou os reservas em campo pelo Campeonato Carioca e foi ao Estados Unidos para dois jogos com Orlando City e Philadelphia Union. O rival cruz-maltino usou do mesmo expediente para ir ao Uruguai e medir forças com Deportivo Maldonado-URU e San Lorenzo-ARG.

A ida para os EUA ajudou o Flamengo em diversos sentidos. A equipe rubro-negra agiu na direção de explorar a divulgação de sua marca no país que abrigará o novo Mundial de Clubes, em 2025, se aproximar dos clubes locais, trocar experiências e amadurecer a ideia de fazer peneiras com garotos em idade escolar, em um processo de imersão na cultura do clube, algo que é chamado de camps por lá.

O Bahia, como membro do Grupo City, fez sua pré-temporada em Manchester, nas dependências do campeão inglês, europeu e mundial. Lá, houve tietagem, troca de experiências e um jogo-treino com o Blackburn. “Uma experiência única para os atletas. Muitos não tinham saído do País e estão tendo a primeira oportunidade em um clube que acabou de ganhar o Mundial e teve cinco taças esse ano. É algo que vai ficar para sempre na memória deles”, disse o técnico Rogério Ceni.

A próxima equipe a embarcar por uma aventura internacional é o Santos. A equipe da Baixada, no entanto, levará ao Catar uma equipe formada por garotos da base e atletas que não estão sendo aproveitados pelo time profissional. O primeiro compromisso está agendado para o dia 4, contra o Shanghai Shenhua, da China. No dia 9, o adversário é o Al-Duhail, do Catar, e no dia 13, o russo Zenit será o rival. A última vez que o Santos encarou um time estrangeiro em um duelo amistoso foi em julho de 2018, em um empate sem gols com o Querétaro, no México.

“Aproximar ídolos e o produto esportivo dos fãs em seus países sem dúvida é uma estratégia acertada e expediente muito usado por clubes europeus há muitos anos no mercado asiático e mais recentemente nos Estados Unidos. Essa estratégia se mostrou frutífera nos planos de internacionalização de marca dos grandes clubes europeus”, afirmou Ivan Martinho, professor de marketing esportivo pela ESPM.

A última vez que Palmeiras e Corinthians participaram de amistosos internacionais foi em 18 de janeiro de 2020. Os rivais estavam juntos na disputa da Florida Cup. Naquele mesmo dia, o time alviverde bateu o New York City FC, dos EUA, por 2 a 1, mesmo placar da derrota corintiana para o Atlético Nacional, da Colômbia. Em 2019, o São Paulo jogou o mesmo torneio e daí data seu último amistoso internacional. Em 12 de janeiro daquele ano, a equipe tricolor perdeu para o holandês Ajax por 4 a 2.

Outro empecilho que surge é que o calendário europeu não coincide com o brasileiro. A pré-temporada dos times do Velho Continente acontece entre o fim de julho e começo de agosto, período em que Brasileirão, Copa do Brasil e Libertadores estão acontecendo a todo vapor.

Palmeiras, Flamengo e Fluminense têm em 2025 a disputa do novo Mundial de Clubes da Fifa em que vão enfrentar novamente potências internacionais. O torneio, nos Estados Unidos, terá duração de um mês, com a participação de 32 times. Será uma das raras oportunidades de ver duelos entre clubes brasileiros e grandes equipes da Europa.

Se no futebol profissional não há espaço para a disputa de amistosos internacionais, no cenário das categorias de base ainda restam opções, apesar de essa alternativa não conseguir alcançar da mesma forma a sonhada internacionalização das marcas. O Palmeiras, por exemplo, faturou troféus na Holanda, República Checa e México em 2023 com os times sub-20 e sub-17. O Sport, apesar de estar na Série B, é outro time que se preocupa com esse contato dos jovens com equipes de outros países.

“É uma oportunidade desses atletas vivenciarem esse mundo do futebol expandido com tantas coisas diferentes na forma como é praticada, intensidade e forma de jogo. É uma oportunidade para a gente também como um clube praticar um intercâmbio técnico, interagir com essas equipes lá fora, entender o que eles estão fazendo, as ferramentas que são utilizadas, as metodologias aplicadas e trazer um pouco desse aprendizado para ser colocado em prática aqui”, analisou João Marcelo Barros, membro do comitê gestor do Sport.

Diante das polêmicas em que a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) se envolveu nos últimos meses, há uma série de demandas às quais o presidente Ednaldo Rodrigues está se debruçando, mas nenhuma delas é uma abertura no calendário para esses amistosos. Os clubes, no momento, estão preocupados, primeiramente, na formação de uma liga única para gerir o Campeonato Brasileiro, encontrar novas fontes de receitas para, depois, pensar em como formatar um calendário que comporte essas necessidades das equipes.

O futebol brasileiro virou sinônimo de técnica, arte e estilo nas décadas de 1950 e 1960. Essa chancela surgiu graças à magia de Pelé, Garrincha e tantos outros craques que desfilaram pelos gramados mundo afora naquele período, vestindo as camisas de seus clubes e da seleção. As excursões faziam parte da cultura dos times do País e foram as responsáveis por tornar o futebol brasileiro uma grife, reconhecida por todas as partes.

Além dos nomes dos craques, o símbolo dos times também ganhou outras dimensões: o Santos de Pelé, o Botafogo de Garrincha, o Palmeiras de Luís Pereira, o São Paulo de Del Vecchio, o Corinthians de Luizinho. Com o futebol profissionalizado, os torneios amistosos perderam espaço e caíram em desuso. Na Europa, ainda são comuns em períodos de pré e intertemporada. No Brasil, com o calendário inchado, times têm de dar um jeitinho para conseguir conciliar esses eventos. Os torneios Ramón de Carranza, Teresa Herrera e Joan Gamper, tradicionais na Espanha, ainda acontecem, mas os times brasileiros não são convidados.

Pelé é recebido por torcedores logo após a equipe do Santos desembarcar no Aeroporto de Congonhas vindo do México, onde disputou torneios na capital e em Guadalajara - 01/03/1961. Foto: Nicolau Leite/ Estadão

Em 2024, Flamengo, Vasco, Bahia e Santos são os únicos times que participam de torneios amistosos fora do País. O time rubro-negro colocou os reservas em campo pelo Campeonato Carioca e foi ao Estados Unidos para dois jogos com Orlando City e Philadelphia Union. O rival cruz-maltino usou do mesmo expediente para ir ao Uruguai e medir forças com Deportivo Maldonado-URU e San Lorenzo-ARG.

A ida para os EUA ajudou o Flamengo em diversos sentidos. A equipe rubro-negra agiu na direção de explorar a divulgação de sua marca no país que abrigará o novo Mundial de Clubes, em 2025, se aproximar dos clubes locais, trocar experiências e amadurecer a ideia de fazer peneiras com garotos em idade escolar, em um processo de imersão na cultura do clube, algo que é chamado de camps por lá.

O Bahia, como membro do Grupo City, fez sua pré-temporada em Manchester, nas dependências do campeão inglês, europeu e mundial. Lá, houve tietagem, troca de experiências e um jogo-treino com o Blackburn. “Uma experiência única para os atletas. Muitos não tinham saído do País e estão tendo a primeira oportunidade em um clube que acabou de ganhar o Mundial e teve cinco taças esse ano. É algo que vai ficar para sempre na memória deles”, disse o técnico Rogério Ceni.

A próxima equipe a embarcar por uma aventura internacional é o Santos. A equipe da Baixada, no entanto, levará ao Catar uma equipe formada por garotos da base e atletas que não estão sendo aproveitados pelo time profissional. O primeiro compromisso está agendado para o dia 4, contra o Shanghai Shenhua, da China. No dia 9, o adversário é o Al-Duhail, do Catar, e no dia 13, o russo Zenit será o rival. A última vez que o Santos encarou um time estrangeiro em um duelo amistoso foi em julho de 2018, em um empate sem gols com o Querétaro, no México.

“Aproximar ídolos e o produto esportivo dos fãs em seus países sem dúvida é uma estratégia acertada e expediente muito usado por clubes europeus há muitos anos no mercado asiático e mais recentemente nos Estados Unidos. Essa estratégia se mostrou frutífera nos planos de internacionalização de marca dos grandes clubes europeus”, afirmou Ivan Martinho, professor de marketing esportivo pela ESPM.

A última vez que Palmeiras e Corinthians participaram de amistosos internacionais foi em 18 de janeiro de 2020. Os rivais estavam juntos na disputa da Florida Cup. Naquele mesmo dia, o time alviverde bateu o New York City FC, dos EUA, por 2 a 1, mesmo placar da derrota corintiana para o Atlético Nacional, da Colômbia. Em 2019, o São Paulo jogou o mesmo torneio e daí data seu último amistoso internacional. Em 12 de janeiro daquele ano, a equipe tricolor perdeu para o holandês Ajax por 4 a 2.

Outro empecilho que surge é que o calendário europeu não coincide com o brasileiro. A pré-temporada dos times do Velho Continente acontece entre o fim de julho e começo de agosto, período em que Brasileirão, Copa do Brasil e Libertadores estão acontecendo a todo vapor.

Palmeiras, Flamengo e Fluminense têm em 2025 a disputa do novo Mundial de Clubes da Fifa em que vão enfrentar novamente potências internacionais. O torneio, nos Estados Unidos, terá duração de um mês, com a participação de 32 times. Será uma das raras oportunidades de ver duelos entre clubes brasileiros e grandes equipes da Europa.

Se no futebol profissional não há espaço para a disputa de amistosos internacionais, no cenário das categorias de base ainda restam opções, apesar de essa alternativa não conseguir alcançar da mesma forma a sonhada internacionalização das marcas. O Palmeiras, por exemplo, faturou troféus na Holanda, República Checa e México em 2023 com os times sub-20 e sub-17. O Sport, apesar de estar na Série B, é outro time que se preocupa com esse contato dos jovens com equipes de outros países.

“É uma oportunidade desses atletas vivenciarem esse mundo do futebol expandido com tantas coisas diferentes na forma como é praticada, intensidade e forma de jogo. É uma oportunidade para a gente também como um clube praticar um intercâmbio técnico, interagir com essas equipes lá fora, entender o que eles estão fazendo, as ferramentas que são utilizadas, as metodologias aplicadas e trazer um pouco desse aprendizado para ser colocado em prática aqui”, analisou João Marcelo Barros, membro do comitê gestor do Sport.

Diante das polêmicas em que a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) se envolveu nos últimos meses, há uma série de demandas às quais o presidente Ednaldo Rodrigues está se debruçando, mas nenhuma delas é uma abertura no calendário para esses amistosos. Os clubes, no momento, estão preocupados, primeiramente, na formação de uma liga única para gerir o Campeonato Brasileiro, encontrar novas fontes de receitas para, depois, pensar em como formatar um calendário que comporte essas necessidades das equipes.

O futebol brasileiro virou sinônimo de técnica, arte e estilo nas décadas de 1950 e 1960. Essa chancela surgiu graças à magia de Pelé, Garrincha e tantos outros craques que desfilaram pelos gramados mundo afora naquele período, vestindo as camisas de seus clubes e da seleção. As excursões faziam parte da cultura dos times do País e foram as responsáveis por tornar o futebol brasileiro uma grife, reconhecida por todas as partes.

Além dos nomes dos craques, o símbolo dos times também ganhou outras dimensões: o Santos de Pelé, o Botafogo de Garrincha, o Palmeiras de Luís Pereira, o São Paulo de Del Vecchio, o Corinthians de Luizinho. Com o futebol profissionalizado, os torneios amistosos perderam espaço e caíram em desuso. Na Europa, ainda são comuns em períodos de pré e intertemporada. No Brasil, com o calendário inchado, times têm de dar um jeitinho para conseguir conciliar esses eventos. Os torneios Ramón de Carranza, Teresa Herrera e Joan Gamper, tradicionais na Espanha, ainda acontecem, mas os times brasileiros não são convidados.

Pelé é recebido por torcedores logo após a equipe do Santos desembarcar no Aeroporto de Congonhas vindo do México, onde disputou torneios na capital e em Guadalajara - 01/03/1961. Foto: Nicolau Leite/ Estadão

Em 2024, Flamengo, Vasco, Bahia e Santos são os únicos times que participam de torneios amistosos fora do País. O time rubro-negro colocou os reservas em campo pelo Campeonato Carioca e foi ao Estados Unidos para dois jogos com Orlando City e Philadelphia Union. O rival cruz-maltino usou do mesmo expediente para ir ao Uruguai e medir forças com Deportivo Maldonado-URU e San Lorenzo-ARG.

A ida para os EUA ajudou o Flamengo em diversos sentidos. A equipe rubro-negra agiu na direção de explorar a divulgação de sua marca no país que abrigará o novo Mundial de Clubes, em 2025, se aproximar dos clubes locais, trocar experiências e amadurecer a ideia de fazer peneiras com garotos em idade escolar, em um processo de imersão na cultura do clube, algo que é chamado de camps por lá.

O Bahia, como membro do Grupo City, fez sua pré-temporada em Manchester, nas dependências do campeão inglês, europeu e mundial. Lá, houve tietagem, troca de experiências e um jogo-treino com o Blackburn. “Uma experiência única para os atletas. Muitos não tinham saído do País e estão tendo a primeira oportunidade em um clube que acabou de ganhar o Mundial e teve cinco taças esse ano. É algo que vai ficar para sempre na memória deles”, disse o técnico Rogério Ceni.

A próxima equipe a embarcar por uma aventura internacional é o Santos. A equipe da Baixada, no entanto, levará ao Catar uma equipe formada por garotos da base e atletas que não estão sendo aproveitados pelo time profissional. O primeiro compromisso está agendado para o dia 4, contra o Shanghai Shenhua, da China. No dia 9, o adversário é o Al-Duhail, do Catar, e no dia 13, o russo Zenit será o rival. A última vez que o Santos encarou um time estrangeiro em um duelo amistoso foi em julho de 2018, em um empate sem gols com o Querétaro, no México.

“Aproximar ídolos e o produto esportivo dos fãs em seus países sem dúvida é uma estratégia acertada e expediente muito usado por clubes europeus há muitos anos no mercado asiático e mais recentemente nos Estados Unidos. Essa estratégia se mostrou frutífera nos planos de internacionalização de marca dos grandes clubes europeus”, afirmou Ivan Martinho, professor de marketing esportivo pela ESPM.

A última vez que Palmeiras e Corinthians participaram de amistosos internacionais foi em 18 de janeiro de 2020. Os rivais estavam juntos na disputa da Florida Cup. Naquele mesmo dia, o time alviverde bateu o New York City FC, dos EUA, por 2 a 1, mesmo placar da derrota corintiana para o Atlético Nacional, da Colômbia. Em 2019, o São Paulo jogou o mesmo torneio e daí data seu último amistoso internacional. Em 12 de janeiro daquele ano, a equipe tricolor perdeu para o holandês Ajax por 4 a 2.

Outro empecilho que surge é que o calendário europeu não coincide com o brasileiro. A pré-temporada dos times do Velho Continente acontece entre o fim de julho e começo de agosto, período em que Brasileirão, Copa do Brasil e Libertadores estão acontecendo a todo vapor.

Palmeiras, Flamengo e Fluminense têm em 2025 a disputa do novo Mundial de Clubes da Fifa em que vão enfrentar novamente potências internacionais. O torneio, nos Estados Unidos, terá duração de um mês, com a participação de 32 times. Será uma das raras oportunidades de ver duelos entre clubes brasileiros e grandes equipes da Europa.

Se no futebol profissional não há espaço para a disputa de amistosos internacionais, no cenário das categorias de base ainda restam opções, apesar de essa alternativa não conseguir alcançar da mesma forma a sonhada internacionalização das marcas. O Palmeiras, por exemplo, faturou troféus na Holanda, República Checa e México em 2023 com os times sub-20 e sub-17. O Sport, apesar de estar na Série B, é outro time que se preocupa com esse contato dos jovens com equipes de outros países.

“É uma oportunidade desses atletas vivenciarem esse mundo do futebol expandido com tantas coisas diferentes na forma como é praticada, intensidade e forma de jogo. É uma oportunidade para a gente também como um clube praticar um intercâmbio técnico, interagir com essas equipes lá fora, entender o que eles estão fazendo, as ferramentas que são utilizadas, as metodologias aplicadas e trazer um pouco desse aprendizado para ser colocado em prática aqui”, analisou João Marcelo Barros, membro do comitê gestor do Sport.

Diante das polêmicas em que a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) se envolveu nos últimos meses, há uma série de demandas às quais o presidente Ednaldo Rodrigues está se debruçando, mas nenhuma delas é uma abertura no calendário para esses amistosos. Os clubes, no momento, estão preocupados, primeiramente, na formação de uma liga única para gerir o Campeonato Brasileiro, encontrar novas fontes de receitas para, depois, pensar em como formatar um calendário que comporte essas necessidades das equipes.

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