Acuado, o presidente do Flamengo, Márcio Braga, convocou uma entrevista coletiva nesta quinta-feira para tentar comover a opinião pública e, assim, sensibilizar o governo federal a liberar a verba de R$ 2,5 milhões da Petrobras, valor referente às cotas de patrocínio do clube. Na última sexta-feira, o Ministério Público Federal do Rio de Janeiro obteve uma liminar na 1ª Vara Cível impedindo a prorrogação do contrato do Flamengo com a Petrobras. O argumento é que o clube deve tributos fiscais e está inadimplente com o Refis, programa de parcelamento de dívidas da União. Além do apelo de Márcio Braga, o departamento jurídico vai recorrer no Tribunal Regional Federal. "A desgraça estava mais próxima do que eu esperava. Se não pudermos receber o dinheiro da Petrobras, a solução será decretar a insolvência do Flamengo", avisou Márcio Braga. "Como os clubes de futebol são entidades sem fins lucrativos, elas não decretam falência e, sim, insolvência. Teríamos de fechar as portas." O presidente, porém, disse que não vai deixar cerca de 30 milhões de torcedores órfãos. Ele afirmou categoricamente que o Flamengo vai saldar suas dívidas. Surpreendido pela liminar obtida pela ação civil pública impetrada pelo procurador da República Flávio Paixão de Moura Júnior, Márcio Braga confirmou a dívida de R$ 1,8 milhão ao INSS e que só não foi saldada antes porque o fiscal responsável pela fiscalização do clube estava em férias. "Íamos pagar utilizando parte das cotas da Petrobras. Com a liminar, ficamos sem o dinheiro", admitiu Márcio Braga. Na segunda-feira, o vice-presidente geral do Flamengo, Arthur Rocha, chegou a dizer que o clube já tinha à sua disposição o dinheiro para saldar a dívida. A Petrobras deve ao Flamengo R$ 2,5 milhões equivalentes às cotas de novembro e dezembro (R$ 1,5 milhão) mais a primeira parcela de janeiro, já pelo novo contrato (R$ 1 milhão), que os dirigentes do clube negam já ter assinado - pois estariam ferindo a liminar. Os advogados do clube alegam que este dinheiro é proveniente da publicidade da empresa na camisa do time. "Os órgãos que tem contrato de publicidade com a Petrobras estão em dia? Acho que não. Então, por que somente o Flamengo está sofrendo com isso?", questionou o presidente do conselho de administração do Flamengo, o advogado Michel Assef. Márcio Braga deu outro exemplo. "O empresariado brasileiro deve R$ 240 bilhões em imposto. Vão pagar? Quando?" O presidente flamenguista voltou a dizer que a Confederação Brasileira de Futebol (CBF), as federações e o governo precisam ajudar os clubes. "O dinheiro enviado por Brasília não chega aos atletas. O Flamengo quer manter o esporte amador, mas dessa maneira fica difícil. É o futebol quem sustenta estas modalidades", disse o dirigente, classificando o atual modelo de gestão do futebol brasileiro como falido. Nesta sexta-feira, Márcio Braga vai se encontrar pela terceira vez com o prefeito do Rio, César Maia. Na pauta, a discussão de uma ajuda para a construção de um Centro de Treinamento e um estádio para o Flamengo. Há ainda a possibilidade de o clube passar a estampar o logo do Pan-Americano de 2007 em sua camisa e receber uma quantia pela publicidade. Na próxima quinta-feira, o dirigente se reúne com a governadora Rosinha Matheus.
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