O ônibus que carregava a delegação do Fortaleza foi alvo de pedras e bombas na madrugada desta quinta-feira, quando deixava a Arena Pernambuco, na região metropolitana do Recife, após o empate por 1 a 1 com o Sport, pela 4ª rodada da Copa do Nordeste. Seis jogadores foram feridos no ataque e precisaram ser hospitalizados, de acordo com o clube cearense.
“O ônibus da delegação do Fortaleza, que embarcava atletas, comissão técnica, staff e diretoria, foi atacado por bombas e pedras por torcedores do Sport na saída da Arena de Pernambuco após o jogo pela Copa do Nordeste”, informou a direção do Fortaleza, pelas redes sociais.
Vídeos divulgados pelo próprio clube mostram jogadores feridos e assustados dentro do ônibus. Também há imagens das janelas quebradas e dos vidros estilhaçados sobre o chão e sobre os bancos do ônibus. Há ainda manchas de sangue em diversos pontos do veículo.
De acordo com o Fortaleza, o goleiro João Ricardo, o lateral-esquerdo Gonzalo Escobar, o lateral-direito Dudu, os zagueiros Titi e Brítez e o volante Lucas Sasha foram feridos no ataque e encaminhados ao Real Hospital Português, no Recife.
“O goleiro João Ricardo foi ferido com um corte no supercílio e o lateral-esquerdo Gonzalo Escobar sofreu uma pancada na cabeça, um corte na boca e um outro corte no supercílio. O lateral-direito Dudu, os zagueiros Titi e Brítez e o volante Lucas Sasha foram feridos com estilhaços de vidro e tiveram de conter sangramentos”, informou o Fortaleza.
“João Ricardo e Gonzalo Escobar passaram por suturas, procedimento de recebimento de pontos cirúrgicos. O lateral-esquerdo também irá realizar exames de tomografia na cabeça, mas está bem e consciente. Os demais atletas passarão por cuidados médicos para a retirada de estilhaços de vidro pelo corpo.”
Um dos vídeos divulgados pelo Fortaleza sobre o ataque foi postado também nas redes sociais do CEO do clube, Marcelo Paz. “Atingiram nossos jogadores. O Dudu está aqui sangrando. Isso é um absurdo. Não cabe mais no futebol brasileiro. Estamos todos revoltados aqui”, disse o dirigente. Ele também postou um vídeo curto mostrando o lateral Gonzalo Escobar hospitalizado, com curativos no rosto e na cabeça. “Uma das pedras pegou na cabeça dele. Como isso vai ficar? Será só mais um ‘caso isolado? Tem estilhaços no corpo dele. O que as autoridades vão fazer? O que o futebol vai fazer?”, questionou o dirigente.
‘Vamos esperar alguém morrer?’
Horas após o grave ataque ao ônibus do Fortaleza, Marcelo Paz pediu mobilização entre dirigentes dos times nacionais na luta contra a violência no futebol e avisou que o Fortaleza só deverá voltar a jogar quando seus jogadores se recuperarem das lesões sofridas no ataque e quando os responsáveis pelo caso de violência forem punidos.
“O Fortaleza só deveria jogar quando estes atletas estiverem curados. Como é que vamos botar o time em campo com os atletas nestas condições? E acho que só deveria jogar quando punirem os bandidos que fizeram isso. Tem que ter uma reação de verdade, não pode ser apenas nota de repúdio, de lamento. Para, gente. Vamos esperar morrer alguém? Não morreu um por Deus, porque tinha uma bomba caseira...”, afirmou o dirigente.
Para o CEO do clube cearense, o ataque feito por torcedores do Sport foi uma “tentativa de homicídio”. “Aquilo ali foi um crime, uma tentativa de homicídio. Se uma pessoa jogasse uma bomba em um ônibus normal, de linha, ela seria presa. Por que um bandido faz isso com um time de futebol e não é preso? Isso acontece no Brasil inteiro. Chegou a hora de dar um basta nisso.”
Também em entrevista no aeroporto, o lateral Tinga disse que o elenco está em choque. “Não penso em jogar agora. Nosso time está decidido a não jogar, vamos esperar todo mundo se recuperar, é uma covardia o que fizeram a gente. Precisa punir, o Sport precisa punir a torcida organizada. A violência está chegando em um ponto que só vai melhorar quando acontecer uma fatalidade. Temos que punir para que não aconteça”, declarou.
CBF e Sport lamentam episódio
O ataque gerou forte repercussão no futebol nacional. Em nota, a CBF lamentou o episódio de violência. “É lamentável e inadmissível iniciar mais um ano chamando a atenção para este tema gravíssimo que é o da violência fora dos estádios. A CBF confia no trabalho da Polícia e das autoridades competentes, para que os responsáveis por estes atos sejam punidos exemplarmente, sem prejuízo de outras medidas cabíveis”.
O presidente Ednaldo Rodrigues disse que a entidade “seguirá implacável” no combate à violência, mas não cita a possibilidade de punição ao Sport. “Desejo pronta recuperação a todos os jogadores e profissionais da comissão técnica que foram vítimas desse crime. A CBF seguirá implacável na cobrança e nas ações para que todo e qualquer ato de violência seja varrido do futebol brasileiro.”
Também em nota o Sport se solidarizou com o rival e ofereceu suporte. “O Sport Club do Recife repudia veementemente os atos de violência praticados contra o ônibus da delegação do Fortaleza Esporte Clube na saída da Arena de Pernambuco após a partida desta quarta-feira. Os absurdos atos de violência não condizem com a real conduta e comportamento da torcida rubro-negra, tampouco com os valores do Clube - que sempre irá abominar esse tipo de postura”, registrou o time pernambucano.