Futebol da várzea tem volante campeão mundial, goleiro que ganhou Libertadores, briga e festa


Jailson e Alê, ambos campeões continentais por Palmeiras e São Paulo, respectivamente, se negam a encerrar a carreira e fazem sucesso no futebol amador em Sorocaba

Por Ricardo Magatti
Atualização:

Em novembro de 2021, o goleiro Jailson erguia o troféu da Libertadores em Montevidéu, no Uruguai. Dois anos depois, o jogador do Palmeiras decidiu retornar às raízes. Aos 42 anos, desloca-se de São José dos Campos, onde mora, até Sorocaba jogar aos finais de semana um torneio de futebol de várzea que reúne atletas veteranos, todos com mais de 35 anos.

Jailson é a estrela do Enquadro’s, time de Sorocaba a ser batido no futebol amador. Foi o goleiro multicampeão com a camisa do Palmeiras a principal contratação da equipe da várzea para a temporada. Todos os atletas ganham um dinheiro por jogo e o valor varia entre R$ 500 e R$ 2 mil, segundo dirigentes do time contaram à reportagem do Estadão.

O goleiro de 42 anos recebe o maior salário. “O valor é bom, dá pra ajudar a escola do moleque”, brinca o veterano, que justificou o investimento feito pelo vice-presidente do clube, o empresário Roni Zinkoski, em seu “passe” na várzea. Bicampeão da Libertadores, em 2020 e 2021, ele terminou a carreira profissional no começo desse ano após deixar o América Mineiro, primeiro clube rebaixado para a Série B no Brasileirão.

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Na final do Supercampeonato Veterano de 2023, disputada no último sábado, dia11, Jailson foi o protagonista ao defender um pênalti e assegurar que sua meta não fosse vazada. O Enquadro’s ganhou por 1 a 0 do Paulistano no Estádio Walter Ribeiro e ergueu o troféu que havia perdido no ano passado.

Aos 42 anos, goleiro Jailson defende o Enquadro's, time de várzea de Sorocaba Foto: Epitacio Pessoa/Estadão

‘O pau canta’

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A equipe em Sorocaba é formada por ex-atletas profissionais. Alguns ainda estão na ativa profissionalmente, como o volante Alê, campeão da Libertadores e do Mundial de Clubes em 2005 pelo São Paulo. Ele diz se preparar para as partidas de várzea como fazia nos torneios profissionais. “O futebol aqui é levado muito a sério”, afirma o jogador de 37 anos.

“Costumo dizer que o futebol é igual, não muda”, complementa ele. Segundo Alê, no amador, “o pau canta”. “Não aliso nem um pouco”, avisa. De fato, o camisa 5 e capitão do time não afinou em campo. As faltas, divididas, discussões e reclamações são semelhantes às que os jogadores protagonizam em campeonatos profissionais.

“O nível entre o profissional e a várzea não é tão diferente. Nosso time bateria de frente com alguns times profissionais”, acredita o volante Doriva. Em sua trajetória profissional, o sorocabano de 36 anos defendeu times do interior de São Paulo e do Rio e passou anos no futebol japonês e grego. Na Grécia, há dez anos, conheceu sua mulher, Dora. “Ela ama o Brasil”, conta.

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Os dois têm dois filhos, a menina Zoi e o menino Ioannis, que joga no sub-13 do Palmeiras. Foi para dar atenção ao garoto e poder acompanhá-lo nos treinos que Doriva decidiu parar de jogar profissionalmente. Seu último clube foi o São Bento, de sua cidade natal.

Há no elenco do Enquadro’s outros jogadores que tiveram a oportunidade de defender tradicionais clubes da elite do futebol brasileiro, casos do zagueiro Maurício Ramos e do volante Corrêa, ambos ex-Palmeiras, além do meio-campista Wellington Bruno, profissional com passagem pelo Flamengo.

Volante Corrêa, ex-Palmeiras, é um dos destaque do futebol amador em Sorocaba Foto: Epitacio Pessoa/Estadão
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“A competitividade grande é o que torna gostoso jogar na várzea”, opina Corrêa. Conhecido pela precisão nas cobranças de falta, ele abandonou o futebol de alto nível no ano passado. Seu último clube foi o Capivariano, de Capivari, no interior paulista. Aos 42 anos, relutava em aceitar os convites para atuar no amador. “Mas os amigos insistiram, falavam bem e deu certo”, diz.

Corrêa mora em Limeira e percorre 130 km ao menos duas vezes por mês para jogar na várzea de Sorocaba. “A gente está aqui porque gosta”, garante o volante, um andarilho da bola que vestiu também as camisas de Atlético Mineiro, Flamengo e Fortaleza. Não há, ele diz, tantas diferenças estruturais em comparação com alguns times profissionais que já defendeu. “O Enquadro’s tem mais condições do que muitos times profissionais”, compara.

O time é de várzea, mas a gestão, é profissional

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O Enquadro’s nasceu em 2010, quando um grupo de amigos que trabalhavam numa lanchonete homônima se juntou e criou o time, que escalou as divisões em poucos anos até chegar à elite da categoria. “Estamos na primeira divisão desde 2015. De 2018 pra cá, fomos finalistas em todos os campeonatos que a gente jogou no veterano”, conta Odenir Willian, o Nir, um dos fundadores.

Volante Alê, campeão mundial pelo São Paulo em 2005, é outro a migrar para a várzea Foto: Epitacio Pessoa/Estadão

O time é hoje o mais famoso entre os que jogam na várzea de Sorocaba porque investe alto. Mas de onde vem o dinheiro? “Temos 40 patrocinadores, empresários grandes e pequenos, torcedores que doam, fazemos vaquinha, rifa, doação dos fogos... Um dá 20, outro 30, outro 40″, explica Nir. O custo para manter a equipe por jogo, em média, é de R$ 15 mil. “Também ponho dinheiro do bolso, não tem como não colocar”, admite.

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O Enquadro’s tem roupeiro, massagista e fisioterapeuta. A estrutura, dizem os atletas, é melhor do que em muitos times profissionais, daí uma das razões de eles escolherem jogar na várzea. “Pra mim, foi apresentado um projeto ambicioso, de disputar campeonato amador, mas com estrutura de time profissional”, conta Doriva.

Para Doriva, jogar na várzea é mais difícil do que encarar um Morumbi ou um Maracanã lotado. “É mais difícil porque os torcedores são meus amigos. Sou da cidade, tenho empresa aqui. A semana toda as pessoas mandam mensagem, apoiam. Quero que meus amigos tenham orgulho de mim”, justifica.

Presidente do Enquadro's, Roni Zinkoski, dentro do vestiário com os jogadores  Foto: Epitacio Pessoa/Estadão

“O time é de várzea, mas a gestão é profissional. O clube é varzeano, mas organizado”, orgulha-se o fundador. “Às vezes, o cara joga campeonato de três meses no profissional é sai sem receber. Os Estaduais são assim. Aqui, é garantido”. Nir é um dos fundadores, mas o sujeito mais conhecido dentro do clube e a quem todos procuram antes, durante e depois das partidas se chama Roni Zinkoski.

Empresário do ramo alimentício, Zinkoski era fornecedor de batata palha para a lanchonete onde trabalhavam os fundadores do Enquadro’s e hoje é o vice-presidente do clube. O cargo não é remunerado nem estatuário. Por ter mais habilidades com as finanças e ter sido cartola de outros times de várzea, é ele que administra a agremiação. “Temos patrocínio de R$ 100 a R$ 5 mil em cada jogo. Não somos auto sustentáveis porque não existe um planejamento financeiro. Chegamos perto disso, mas não dá ainda”, detalha.

Briga, festa e choro

A final do Supercampeonato Veterano entre Enquadro’s e Paulistano estava marcada para as 15h deste domingo. Fazia 38 graus, com sensação térmica muito superior, em Sorocaba. Sem aviso, a decisão começou com atraso de uma hora para que o calor não fosse tão sentido em campo.

Antes de a bola rolar, uma caixa de som colocada atrás de um dos gols tocava uma espécie de paródia do famoso hino da Champions League, composta pelo britânico Tony Britten. Nas arquibancadas, os torcedores do Enquadro’s eram maioria e, diferentemente de alguns estádios da elite, não havia restrições na festa.

Nir, fundador do Enquadro's, à frente do time antes da final do campeonato de várzea  Foto: Epitacio Pessoa/Estadão

A “Torcida Bomba”, como é chamada a organizada do time sorocabana, soltou fogos, acendeu sinalizadores, estendeu bandeirão e faixas. Com bateria, cantou suas músicas de apoio, todas inspiradas em conhecidos cantos de grandes uniformizadas. A decisão, definida em jogo único, reuniu cerca de 2 mil torcedores. A entrada era gratuita.

Não estava em jogo premiação em dinheiro, só um troféu, “um pedaço de lata no peito e o nome na história”, na definição de Zinkoski, mas o resultado importa muito. Por isso, todo artifício que coloque um time em vantagem é válido. O Enquadro’s tem melhor campanha e decide que sua comissão técnica ocupará o lado direito à beira do campo em toda a partida. O motivo? Ficar próximo de um dos bandeirinhas para pressioná-lo quando julgar necessário.

Torcedores comemoram com Jailson título do campeonato de várzea Foto: Epitacio Pessoa/Estadão

“Isso é futebol de várzea”, diz Zinkoski, talvez o cartola mais famoso da várzea sorocabana, depois de discutir com integrantes da comissão técnica do adversário. A decisão varzeana reúne todos os elementos comuns a uma final de futebol profissional. Houve discussões, briga, cartões em profusões, catimba e reclamações em excesso. Quis o destino que o herói fosse uma das estrelas.

Quando o Enquadro’s já vencia por 1 a 0, Jailson defendeu um pênalti e foi fundamental para o título, comemorado com invasão de campo e lágrimas. “É quase como uma Libertadores”, define o goleiro, extenuado depois de muitas selfies e abraços dos torcedores que pularam o alambrado e tomaram o gramado na festa do campeão.

Em novembro de 2021, o goleiro Jailson erguia o troféu da Libertadores em Montevidéu, no Uruguai. Dois anos depois, o jogador do Palmeiras decidiu retornar às raízes. Aos 42 anos, desloca-se de São José dos Campos, onde mora, até Sorocaba jogar aos finais de semana um torneio de futebol de várzea que reúne atletas veteranos, todos com mais de 35 anos.

Jailson é a estrela do Enquadro’s, time de Sorocaba a ser batido no futebol amador. Foi o goleiro multicampeão com a camisa do Palmeiras a principal contratação da equipe da várzea para a temporada. Todos os atletas ganham um dinheiro por jogo e o valor varia entre R$ 500 e R$ 2 mil, segundo dirigentes do time contaram à reportagem do Estadão.

O goleiro de 42 anos recebe o maior salário. “O valor é bom, dá pra ajudar a escola do moleque”, brinca o veterano, que justificou o investimento feito pelo vice-presidente do clube, o empresário Roni Zinkoski, em seu “passe” na várzea. Bicampeão da Libertadores, em 2020 e 2021, ele terminou a carreira profissional no começo desse ano após deixar o América Mineiro, primeiro clube rebaixado para a Série B no Brasileirão.

Na final do Supercampeonato Veterano de 2023, disputada no último sábado, dia11, Jailson foi o protagonista ao defender um pênalti e assegurar que sua meta não fosse vazada. O Enquadro’s ganhou por 1 a 0 do Paulistano no Estádio Walter Ribeiro e ergueu o troféu que havia perdido no ano passado.

Aos 42 anos, goleiro Jailson defende o Enquadro's, time de várzea de Sorocaba Foto: Epitacio Pessoa/Estadão

‘O pau canta’

A equipe em Sorocaba é formada por ex-atletas profissionais. Alguns ainda estão na ativa profissionalmente, como o volante Alê, campeão da Libertadores e do Mundial de Clubes em 2005 pelo São Paulo. Ele diz se preparar para as partidas de várzea como fazia nos torneios profissionais. “O futebol aqui é levado muito a sério”, afirma o jogador de 37 anos.

“Costumo dizer que o futebol é igual, não muda”, complementa ele. Segundo Alê, no amador, “o pau canta”. “Não aliso nem um pouco”, avisa. De fato, o camisa 5 e capitão do time não afinou em campo. As faltas, divididas, discussões e reclamações são semelhantes às que os jogadores protagonizam em campeonatos profissionais.

“O nível entre o profissional e a várzea não é tão diferente. Nosso time bateria de frente com alguns times profissionais”, acredita o volante Doriva. Em sua trajetória profissional, o sorocabano de 36 anos defendeu times do interior de São Paulo e do Rio e passou anos no futebol japonês e grego. Na Grécia, há dez anos, conheceu sua mulher, Dora. “Ela ama o Brasil”, conta.

Os dois têm dois filhos, a menina Zoi e o menino Ioannis, que joga no sub-13 do Palmeiras. Foi para dar atenção ao garoto e poder acompanhá-lo nos treinos que Doriva decidiu parar de jogar profissionalmente. Seu último clube foi o São Bento, de sua cidade natal.

Há no elenco do Enquadro’s outros jogadores que tiveram a oportunidade de defender tradicionais clubes da elite do futebol brasileiro, casos do zagueiro Maurício Ramos e do volante Corrêa, ambos ex-Palmeiras, além do meio-campista Wellington Bruno, profissional com passagem pelo Flamengo.

Volante Corrêa, ex-Palmeiras, é um dos destaque do futebol amador em Sorocaba Foto: Epitacio Pessoa/Estadão

“A competitividade grande é o que torna gostoso jogar na várzea”, opina Corrêa. Conhecido pela precisão nas cobranças de falta, ele abandonou o futebol de alto nível no ano passado. Seu último clube foi o Capivariano, de Capivari, no interior paulista. Aos 42 anos, relutava em aceitar os convites para atuar no amador. “Mas os amigos insistiram, falavam bem e deu certo”, diz.

Corrêa mora em Limeira e percorre 130 km ao menos duas vezes por mês para jogar na várzea de Sorocaba. “A gente está aqui porque gosta”, garante o volante, um andarilho da bola que vestiu também as camisas de Atlético Mineiro, Flamengo e Fortaleza. Não há, ele diz, tantas diferenças estruturais em comparação com alguns times profissionais que já defendeu. “O Enquadro’s tem mais condições do que muitos times profissionais”, compara.

O time é de várzea, mas a gestão, é profissional

O Enquadro’s nasceu em 2010, quando um grupo de amigos que trabalhavam numa lanchonete homônima se juntou e criou o time, que escalou as divisões em poucos anos até chegar à elite da categoria. “Estamos na primeira divisão desde 2015. De 2018 pra cá, fomos finalistas em todos os campeonatos que a gente jogou no veterano”, conta Odenir Willian, o Nir, um dos fundadores.

Volante Alê, campeão mundial pelo São Paulo em 2005, é outro a migrar para a várzea Foto: Epitacio Pessoa/Estadão

O time é hoje o mais famoso entre os que jogam na várzea de Sorocaba porque investe alto. Mas de onde vem o dinheiro? “Temos 40 patrocinadores, empresários grandes e pequenos, torcedores que doam, fazemos vaquinha, rifa, doação dos fogos... Um dá 20, outro 30, outro 40″, explica Nir. O custo para manter a equipe por jogo, em média, é de R$ 15 mil. “Também ponho dinheiro do bolso, não tem como não colocar”, admite.

O Enquadro’s tem roupeiro, massagista e fisioterapeuta. A estrutura, dizem os atletas, é melhor do que em muitos times profissionais, daí uma das razões de eles escolherem jogar na várzea. “Pra mim, foi apresentado um projeto ambicioso, de disputar campeonato amador, mas com estrutura de time profissional”, conta Doriva.

Para Doriva, jogar na várzea é mais difícil do que encarar um Morumbi ou um Maracanã lotado. “É mais difícil porque os torcedores são meus amigos. Sou da cidade, tenho empresa aqui. A semana toda as pessoas mandam mensagem, apoiam. Quero que meus amigos tenham orgulho de mim”, justifica.

Presidente do Enquadro's, Roni Zinkoski, dentro do vestiário com os jogadores  Foto: Epitacio Pessoa/Estadão

“O time é de várzea, mas a gestão é profissional. O clube é varzeano, mas organizado”, orgulha-se o fundador. “Às vezes, o cara joga campeonato de três meses no profissional é sai sem receber. Os Estaduais são assim. Aqui, é garantido”. Nir é um dos fundadores, mas o sujeito mais conhecido dentro do clube e a quem todos procuram antes, durante e depois das partidas se chama Roni Zinkoski.

Empresário do ramo alimentício, Zinkoski era fornecedor de batata palha para a lanchonete onde trabalhavam os fundadores do Enquadro’s e hoje é o vice-presidente do clube. O cargo não é remunerado nem estatuário. Por ter mais habilidades com as finanças e ter sido cartola de outros times de várzea, é ele que administra a agremiação. “Temos patrocínio de R$ 100 a R$ 5 mil em cada jogo. Não somos auto sustentáveis porque não existe um planejamento financeiro. Chegamos perto disso, mas não dá ainda”, detalha.

Briga, festa e choro

A final do Supercampeonato Veterano entre Enquadro’s e Paulistano estava marcada para as 15h deste domingo. Fazia 38 graus, com sensação térmica muito superior, em Sorocaba. Sem aviso, a decisão começou com atraso de uma hora para que o calor não fosse tão sentido em campo.

Antes de a bola rolar, uma caixa de som colocada atrás de um dos gols tocava uma espécie de paródia do famoso hino da Champions League, composta pelo britânico Tony Britten. Nas arquibancadas, os torcedores do Enquadro’s eram maioria e, diferentemente de alguns estádios da elite, não havia restrições na festa.

Nir, fundador do Enquadro's, à frente do time antes da final do campeonato de várzea  Foto: Epitacio Pessoa/Estadão

A “Torcida Bomba”, como é chamada a organizada do time sorocabana, soltou fogos, acendeu sinalizadores, estendeu bandeirão e faixas. Com bateria, cantou suas músicas de apoio, todas inspiradas em conhecidos cantos de grandes uniformizadas. A decisão, definida em jogo único, reuniu cerca de 2 mil torcedores. A entrada era gratuita.

Não estava em jogo premiação em dinheiro, só um troféu, “um pedaço de lata no peito e o nome na história”, na definição de Zinkoski, mas o resultado importa muito. Por isso, todo artifício que coloque um time em vantagem é válido. O Enquadro’s tem melhor campanha e decide que sua comissão técnica ocupará o lado direito à beira do campo em toda a partida. O motivo? Ficar próximo de um dos bandeirinhas para pressioná-lo quando julgar necessário.

Torcedores comemoram com Jailson título do campeonato de várzea Foto: Epitacio Pessoa/Estadão

“Isso é futebol de várzea”, diz Zinkoski, talvez o cartola mais famoso da várzea sorocabana, depois de discutir com integrantes da comissão técnica do adversário. A decisão varzeana reúne todos os elementos comuns a uma final de futebol profissional. Houve discussões, briga, cartões em profusões, catimba e reclamações em excesso. Quis o destino que o herói fosse uma das estrelas.

Quando o Enquadro’s já vencia por 1 a 0, Jailson defendeu um pênalti e foi fundamental para o título, comemorado com invasão de campo e lágrimas. “É quase como uma Libertadores”, define o goleiro, extenuado depois de muitas selfies e abraços dos torcedores que pularam o alambrado e tomaram o gramado na festa do campeão.

Em novembro de 2021, o goleiro Jailson erguia o troféu da Libertadores em Montevidéu, no Uruguai. Dois anos depois, o jogador do Palmeiras decidiu retornar às raízes. Aos 42 anos, desloca-se de São José dos Campos, onde mora, até Sorocaba jogar aos finais de semana um torneio de futebol de várzea que reúne atletas veteranos, todos com mais de 35 anos.

Jailson é a estrela do Enquadro’s, time de Sorocaba a ser batido no futebol amador. Foi o goleiro multicampeão com a camisa do Palmeiras a principal contratação da equipe da várzea para a temporada. Todos os atletas ganham um dinheiro por jogo e o valor varia entre R$ 500 e R$ 2 mil, segundo dirigentes do time contaram à reportagem do Estadão.

O goleiro de 42 anos recebe o maior salário. “O valor é bom, dá pra ajudar a escola do moleque”, brinca o veterano, que justificou o investimento feito pelo vice-presidente do clube, o empresário Roni Zinkoski, em seu “passe” na várzea. Bicampeão da Libertadores, em 2020 e 2021, ele terminou a carreira profissional no começo desse ano após deixar o América Mineiro, primeiro clube rebaixado para a Série B no Brasileirão.

Na final do Supercampeonato Veterano de 2023, disputada no último sábado, dia11, Jailson foi o protagonista ao defender um pênalti e assegurar que sua meta não fosse vazada. O Enquadro’s ganhou por 1 a 0 do Paulistano no Estádio Walter Ribeiro e ergueu o troféu que havia perdido no ano passado.

Aos 42 anos, goleiro Jailson defende o Enquadro's, time de várzea de Sorocaba Foto: Epitacio Pessoa/Estadão

‘O pau canta’

A equipe em Sorocaba é formada por ex-atletas profissionais. Alguns ainda estão na ativa profissionalmente, como o volante Alê, campeão da Libertadores e do Mundial de Clubes em 2005 pelo São Paulo. Ele diz se preparar para as partidas de várzea como fazia nos torneios profissionais. “O futebol aqui é levado muito a sério”, afirma o jogador de 37 anos.

“Costumo dizer que o futebol é igual, não muda”, complementa ele. Segundo Alê, no amador, “o pau canta”. “Não aliso nem um pouco”, avisa. De fato, o camisa 5 e capitão do time não afinou em campo. As faltas, divididas, discussões e reclamações são semelhantes às que os jogadores protagonizam em campeonatos profissionais.

“O nível entre o profissional e a várzea não é tão diferente. Nosso time bateria de frente com alguns times profissionais”, acredita o volante Doriva. Em sua trajetória profissional, o sorocabano de 36 anos defendeu times do interior de São Paulo e do Rio e passou anos no futebol japonês e grego. Na Grécia, há dez anos, conheceu sua mulher, Dora. “Ela ama o Brasil”, conta.

Os dois têm dois filhos, a menina Zoi e o menino Ioannis, que joga no sub-13 do Palmeiras. Foi para dar atenção ao garoto e poder acompanhá-lo nos treinos que Doriva decidiu parar de jogar profissionalmente. Seu último clube foi o São Bento, de sua cidade natal.

Há no elenco do Enquadro’s outros jogadores que tiveram a oportunidade de defender tradicionais clubes da elite do futebol brasileiro, casos do zagueiro Maurício Ramos e do volante Corrêa, ambos ex-Palmeiras, além do meio-campista Wellington Bruno, profissional com passagem pelo Flamengo.

Volante Corrêa, ex-Palmeiras, é um dos destaque do futebol amador em Sorocaba Foto: Epitacio Pessoa/Estadão

“A competitividade grande é o que torna gostoso jogar na várzea”, opina Corrêa. Conhecido pela precisão nas cobranças de falta, ele abandonou o futebol de alto nível no ano passado. Seu último clube foi o Capivariano, de Capivari, no interior paulista. Aos 42 anos, relutava em aceitar os convites para atuar no amador. “Mas os amigos insistiram, falavam bem e deu certo”, diz.

Corrêa mora em Limeira e percorre 130 km ao menos duas vezes por mês para jogar na várzea de Sorocaba. “A gente está aqui porque gosta”, garante o volante, um andarilho da bola que vestiu também as camisas de Atlético Mineiro, Flamengo e Fortaleza. Não há, ele diz, tantas diferenças estruturais em comparação com alguns times profissionais que já defendeu. “O Enquadro’s tem mais condições do que muitos times profissionais”, compara.

O time é de várzea, mas a gestão, é profissional

O Enquadro’s nasceu em 2010, quando um grupo de amigos que trabalhavam numa lanchonete homônima se juntou e criou o time, que escalou as divisões em poucos anos até chegar à elite da categoria. “Estamos na primeira divisão desde 2015. De 2018 pra cá, fomos finalistas em todos os campeonatos que a gente jogou no veterano”, conta Odenir Willian, o Nir, um dos fundadores.

Volante Alê, campeão mundial pelo São Paulo em 2005, é outro a migrar para a várzea Foto: Epitacio Pessoa/Estadão

O time é hoje o mais famoso entre os que jogam na várzea de Sorocaba porque investe alto. Mas de onde vem o dinheiro? “Temos 40 patrocinadores, empresários grandes e pequenos, torcedores que doam, fazemos vaquinha, rifa, doação dos fogos... Um dá 20, outro 30, outro 40″, explica Nir. O custo para manter a equipe por jogo, em média, é de R$ 15 mil. “Também ponho dinheiro do bolso, não tem como não colocar”, admite.

O Enquadro’s tem roupeiro, massagista e fisioterapeuta. A estrutura, dizem os atletas, é melhor do que em muitos times profissionais, daí uma das razões de eles escolherem jogar na várzea. “Pra mim, foi apresentado um projeto ambicioso, de disputar campeonato amador, mas com estrutura de time profissional”, conta Doriva.

Para Doriva, jogar na várzea é mais difícil do que encarar um Morumbi ou um Maracanã lotado. “É mais difícil porque os torcedores são meus amigos. Sou da cidade, tenho empresa aqui. A semana toda as pessoas mandam mensagem, apoiam. Quero que meus amigos tenham orgulho de mim”, justifica.

Presidente do Enquadro's, Roni Zinkoski, dentro do vestiário com os jogadores  Foto: Epitacio Pessoa/Estadão

“O time é de várzea, mas a gestão é profissional. O clube é varzeano, mas organizado”, orgulha-se o fundador. “Às vezes, o cara joga campeonato de três meses no profissional é sai sem receber. Os Estaduais são assim. Aqui, é garantido”. Nir é um dos fundadores, mas o sujeito mais conhecido dentro do clube e a quem todos procuram antes, durante e depois das partidas se chama Roni Zinkoski.

Empresário do ramo alimentício, Zinkoski era fornecedor de batata palha para a lanchonete onde trabalhavam os fundadores do Enquadro’s e hoje é o vice-presidente do clube. O cargo não é remunerado nem estatuário. Por ter mais habilidades com as finanças e ter sido cartola de outros times de várzea, é ele que administra a agremiação. “Temos patrocínio de R$ 100 a R$ 5 mil em cada jogo. Não somos auto sustentáveis porque não existe um planejamento financeiro. Chegamos perto disso, mas não dá ainda”, detalha.

Briga, festa e choro

A final do Supercampeonato Veterano entre Enquadro’s e Paulistano estava marcada para as 15h deste domingo. Fazia 38 graus, com sensação térmica muito superior, em Sorocaba. Sem aviso, a decisão começou com atraso de uma hora para que o calor não fosse tão sentido em campo.

Antes de a bola rolar, uma caixa de som colocada atrás de um dos gols tocava uma espécie de paródia do famoso hino da Champions League, composta pelo britânico Tony Britten. Nas arquibancadas, os torcedores do Enquadro’s eram maioria e, diferentemente de alguns estádios da elite, não havia restrições na festa.

Nir, fundador do Enquadro's, à frente do time antes da final do campeonato de várzea  Foto: Epitacio Pessoa/Estadão

A “Torcida Bomba”, como é chamada a organizada do time sorocabana, soltou fogos, acendeu sinalizadores, estendeu bandeirão e faixas. Com bateria, cantou suas músicas de apoio, todas inspiradas em conhecidos cantos de grandes uniformizadas. A decisão, definida em jogo único, reuniu cerca de 2 mil torcedores. A entrada era gratuita.

Não estava em jogo premiação em dinheiro, só um troféu, “um pedaço de lata no peito e o nome na história”, na definição de Zinkoski, mas o resultado importa muito. Por isso, todo artifício que coloque um time em vantagem é válido. O Enquadro’s tem melhor campanha e decide que sua comissão técnica ocupará o lado direito à beira do campo em toda a partida. O motivo? Ficar próximo de um dos bandeirinhas para pressioná-lo quando julgar necessário.

Torcedores comemoram com Jailson título do campeonato de várzea Foto: Epitacio Pessoa/Estadão

“Isso é futebol de várzea”, diz Zinkoski, talvez o cartola mais famoso da várzea sorocabana, depois de discutir com integrantes da comissão técnica do adversário. A decisão varzeana reúne todos os elementos comuns a uma final de futebol profissional. Houve discussões, briga, cartões em profusões, catimba e reclamações em excesso. Quis o destino que o herói fosse uma das estrelas.

Quando o Enquadro’s já vencia por 1 a 0, Jailson defendeu um pênalti e foi fundamental para o título, comemorado com invasão de campo e lágrimas. “É quase como uma Libertadores”, define o goleiro, extenuado depois de muitas selfies e abraços dos torcedores que pularam o alambrado e tomaram o gramado na festa do campeão.

Em novembro de 2021, o goleiro Jailson erguia o troféu da Libertadores em Montevidéu, no Uruguai. Dois anos depois, o jogador do Palmeiras decidiu retornar às raízes. Aos 42 anos, desloca-se de São José dos Campos, onde mora, até Sorocaba jogar aos finais de semana um torneio de futebol de várzea que reúne atletas veteranos, todos com mais de 35 anos.

Jailson é a estrela do Enquadro’s, time de Sorocaba a ser batido no futebol amador. Foi o goleiro multicampeão com a camisa do Palmeiras a principal contratação da equipe da várzea para a temporada. Todos os atletas ganham um dinheiro por jogo e o valor varia entre R$ 500 e R$ 2 mil, segundo dirigentes do time contaram à reportagem do Estadão.

O goleiro de 42 anos recebe o maior salário. “O valor é bom, dá pra ajudar a escola do moleque”, brinca o veterano, que justificou o investimento feito pelo vice-presidente do clube, o empresário Roni Zinkoski, em seu “passe” na várzea. Bicampeão da Libertadores, em 2020 e 2021, ele terminou a carreira profissional no começo desse ano após deixar o América Mineiro, primeiro clube rebaixado para a Série B no Brasileirão.

Na final do Supercampeonato Veterano de 2023, disputada no último sábado, dia11, Jailson foi o protagonista ao defender um pênalti e assegurar que sua meta não fosse vazada. O Enquadro’s ganhou por 1 a 0 do Paulistano no Estádio Walter Ribeiro e ergueu o troféu que havia perdido no ano passado.

Aos 42 anos, goleiro Jailson defende o Enquadro's, time de várzea de Sorocaba Foto: Epitacio Pessoa/Estadão

‘O pau canta’

A equipe em Sorocaba é formada por ex-atletas profissionais. Alguns ainda estão na ativa profissionalmente, como o volante Alê, campeão da Libertadores e do Mundial de Clubes em 2005 pelo São Paulo. Ele diz se preparar para as partidas de várzea como fazia nos torneios profissionais. “O futebol aqui é levado muito a sério”, afirma o jogador de 37 anos.

“Costumo dizer que o futebol é igual, não muda”, complementa ele. Segundo Alê, no amador, “o pau canta”. “Não aliso nem um pouco”, avisa. De fato, o camisa 5 e capitão do time não afinou em campo. As faltas, divididas, discussões e reclamações são semelhantes às que os jogadores protagonizam em campeonatos profissionais.

“O nível entre o profissional e a várzea não é tão diferente. Nosso time bateria de frente com alguns times profissionais”, acredita o volante Doriva. Em sua trajetória profissional, o sorocabano de 36 anos defendeu times do interior de São Paulo e do Rio e passou anos no futebol japonês e grego. Na Grécia, há dez anos, conheceu sua mulher, Dora. “Ela ama o Brasil”, conta.

Os dois têm dois filhos, a menina Zoi e o menino Ioannis, que joga no sub-13 do Palmeiras. Foi para dar atenção ao garoto e poder acompanhá-lo nos treinos que Doriva decidiu parar de jogar profissionalmente. Seu último clube foi o São Bento, de sua cidade natal.

Há no elenco do Enquadro’s outros jogadores que tiveram a oportunidade de defender tradicionais clubes da elite do futebol brasileiro, casos do zagueiro Maurício Ramos e do volante Corrêa, ambos ex-Palmeiras, além do meio-campista Wellington Bruno, profissional com passagem pelo Flamengo.

Volante Corrêa, ex-Palmeiras, é um dos destaque do futebol amador em Sorocaba Foto: Epitacio Pessoa/Estadão

“A competitividade grande é o que torna gostoso jogar na várzea”, opina Corrêa. Conhecido pela precisão nas cobranças de falta, ele abandonou o futebol de alto nível no ano passado. Seu último clube foi o Capivariano, de Capivari, no interior paulista. Aos 42 anos, relutava em aceitar os convites para atuar no amador. “Mas os amigos insistiram, falavam bem e deu certo”, diz.

Corrêa mora em Limeira e percorre 130 km ao menos duas vezes por mês para jogar na várzea de Sorocaba. “A gente está aqui porque gosta”, garante o volante, um andarilho da bola que vestiu também as camisas de Atlético Mineiro, Flamengo e Fortaleza. Não há, ele diz, tantas diferenças estruturais em comparação com alguns times profissionais que já defendeu. “O Enquadro’s tem mais condições do que muitos times profissionais”, compara.

O time é de várzea, mas a gestão, é profissional

O Enquadro’s nasceu em 2010, quando um grupo de amigos que trabalhavam numa lanchonete homônima se juntou e criou o time, que escalou as divisões em poucos anos até chegar à elite da categoria. “Estamos na primeira divisão desde 2015. De 2018 pra cá, fomos finalistas em todos os campeonatos que a gente jogou no veterano”, conta Odenir Willian, o Nir, um dos fundadores.

Volante Alê, campeão mundial pelo São Paulo em 2005, é outro a migrar para a várzea Foto: Epitacio Pessoa/Estadão

O time é hoje o mais famoso entre os que jogam na várzea de Sorocaba porque investe alto. Mas de onde vem o dinheiro? “Temos 40 patrocinadores, empresários grandes e pequenos, torcedores que doam, fazemos vaquinha, rifa, doação dos fogos... Um dá 20, outro 30, outro 40″, explica Nir. O custo para manter a equipe por jogo, em média, é de R$ 15 mil. “Também ponho dinheiro do bolso, não tem como não colocar”, admite.

O Enquadro’s tem roupeiro, massagista e fisioterapeuta. A estrutura, dizem os atletas, é melhor do que em muitos times profissionais, daí uma das razões de eles escolherem jogar na várzea. “Pra mim, foi apresentado um projeto ambicioso, de disputar campeonato amador, mas com estrutura de time profissional”, conta Doriva.

Para Doriva, jogar na várzea é mais difícil do que encarar um Morumbi ou um Maracanã lotado. “É mais difícil porque os torcedores são meus amigos. Sou da cidade, tenho empresa aqui. A semana toda as pessoas mandam mensagem, apoiam. Quero que meus amigos tenham orgulho de mim”, justifica.

Presidente do Enquadro's, Roni Zinkoski, dentro do vestiário com os jogadores  Foto: Epitacio Pessoa/Estadão

“O time é de várzea, mas a gestão é profissional. O clube é varzeano, mas organizado”, orgulha-se o fundador. “Às vezes, o cara joga campeonato de três meses no profissional é sai sem receber. Os Estaduais são assim. Aqui, é garantido”. Nir é um dos fundadores, mas o sujeito mais conhecido dentro do clube e a quem todos procuram antes, durante e depois das partidas se chama Roni Zinkoski.

Empresário do ramo alimentício, Zinkoski era fornecedor de batata palha para a lanchonete onde trabalhavam os fundadores do Enquadro’s e hoje é o vice-presidente do clube. O cargo não é remunerado nem estatuário. Por ter mais habilidades com as finanças e ter sido cartola de outros times de várzea, é ele que administra a agremiação. “Temos patrocínio de R$ 100 a R$ 5 mil em cada jogo. Não somos auto sustentáveis porque não existe um planejamento financeiro. Chegamos perto disso, mas não dá ainda”, detalha.

Briga, festa e choro

A final do Supercampeonato Veterano entre Enquadro’s e Paulistano estava marcada para as 15h deste domingo. Fazia 38 graus, com sensação térmica muito superior, em Sorocaba. Sem aviso, a decisão começou com atraso de uma hora para que o calor não fosse tão sentido em campo.

Antes de a bola rolar, uma caixa de som colocada atrás de um dos gols tocava uma espécie de paródia do famoso hino da Champions League, composta pelo britânico Tony Britten. Nas arquibancadas, os torcedores do Enquadro’s eram maioria e, diferentemente de alguns estádios da elite, não havia restrições na festa.

Nir, fundador do Enquadro's, à frente do time antes da final do campeonato de várzea  Foto: Epitacio Pessoa/Estadão

A “Torcida Bomba”, como é chamada a organizada do time sorocabana, soltou fogos, acendeu sinalizadores, estendeu bandeirão e faixas. Com bateria, cantou suas músicas de apoio, todas inspiradas em conhecidos cantos de grandes uniformizadas. A decisão, definida em jogo único, reuniu cerca de 2 mil torcedores. A entrada era gratuita.

Não estava em jogo premiação em dinheiro, só um troféu, “um pedaço de lata no peito e o nome na história”, na definição de Zinkoski, mas o resultado importa muito. Por isso, todo artifício que coloque um time em vantagem é válido. O Enquadro’s tem melhor campanha e decide que sua comissão técnica ocupará o lado direito à beira do campo em toda a partida. O motivo? Ficar próximo de um dos bandeirinhas para pressioná-lo quando julgar necessário.

Torcedores comemoram com Jailson título do campeonato de várzea Foto: Epitacio Pessoa/Estadão

“Isso é futebol de várzea”, diz Zinkoski, talvez o cartola mais famoso da várzea sorocabana, depois de discutir com integrantes da comissão técnica do adversário. A decisão varzeana reúne todos os elementos comuns a uma final de futebol profissional. Houve discussões, briga, cartões em profusões, catimba e reclamações em excesso. Quis o destino que o herói fosse uma das estrelas.

Quando o Enquadro’s já vencia por 1 a 0, Jailson defendeu um pênalti e foi fundamental para o título, comemorado com invasão de campo e lágrimas. “É quase como uma Libertadores”, define o goleiro, extenuado depois de muitas selfies e abraços dos torcedores que pularam o alambrado e tomaram o gramado na festa do campeão.

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