Futebol uruguaio inspira trama sobre ‘falso craque’ e esquema de apostas


Jornalista Lucas Amorim estreia na escrita com ‘Risca da Área’, romance sobre brasileiro que se muda ao país vizinho e finge ser veterano da bola; setorista da seleção celeste define ‘expectativa alta’ para a Copa América

Por Leonardo Catto
Atualização:

Foi no sonho de infância de ser jogador de futebol que o jornalista Lucas Amorim tomou a primeira inspiração para o romance Risca da Área, lançado no começo deste ano pela editora Letramento. Mais do que a vontade infantil, o autor inclui também uma paixão que se desenvolveu enquanto adulto: o futebol uruguaio. O protagonista, então, é o também jornalista Dárcio, que “foge” do Brasil e tenta reiniciar a vida no país vizinho sob a identidade de Júnior Cabral, um suposto veterano com passagens por 10 clubes em seis ligas.

A obra tem mais elementos que dão verossimilhança à narrativa. A desilusão de Dárcio com a vida adulta é o cenário apresentado. Ele mora em São Paulo, em um apartamento acima de um bar, no qual é freguês assíduo. Após publicar uma reportagem sobre um senador, o repórter passa a ser atacado nas redes sociais. Foi esse o gancho para tirar do papel o plano de fugir, junto da namorada, Lara.

O Uruguai era o destino natural, segundo Amorim. “Gosto de ser minoria. Sempre me interessei por times fora do eixo. Seria difícil trazer uma história do personagem que joga no Flamengo. A história só fica redonda tirando o jornalista do Brasil, indo para um ambiente em que ele não era conhecido. Não tinha como fugir, tinha que ser Uruguai, Paraguai, Argentina... Gosto dessa cultura”, conta o autor, que é torcedor do Avaí, de Santa Catarina. Do país escolhido, ele tem duas paixões: o Defensor e a mulher, com quem é casado há 20 anos.

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De Arrascaeta, da seleção uruguaia e do Flamengo, foi revelado pelo Defensor, time que o jornalista Lucas Amorim admira. Foto: @Uruguay via X

“O Defensor é mais ou menos um resumo do que é o futebol uruguaio. Estádio na beira do Rio da Plata, ao lado de um parque de diversões. Nada além de um estádio de um time pequeno em São Paulo. Mas também joga Libertadores, revelou De Arrascaeta...”, comenta Amorim.

A trama de ‘Risca da área’, contudo, não é só romantização da aventura do personagem principal. Antes da estreia de Dárcio como Júnior Cabral, o presidente do clube alerta que ele precisa ser expulso com 10 minutos de jogo. A advertência era parte de um acordo de fraude em apostas no qual o clube estava envolvido. “Ficou importante, o tema. Era para trabalhar nas sombras (no livro), mas com certeza é algo que ganha mais relevância (com recentes acontecimentos)”, aponta o autor.

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A narrativa desenvolve a história a partir da mistura de Júnior Cabral, o jogador, e Dárcio, o jornalista. Sem deixar o lado repórter totalmente para trás, o romance ganha ares investigativos. A obra, ainda assim, não busca tratar a temática como grande desvio moral. “O livro não tem pretensão de ser uma análise da sociedade, mas vem muito dessa lacuna de a literatura usar o futebol para explicar o dia a dia. Acho muito legal trazer esse aspecto social para o futebol. O livro tenta fazer isso com todas as limitações de um escritor de ficção iniciante”, comenta Amorim.

Festa da torcida do Defensor em partida do Campeonato Uruguaio. Foto: @Uruguay via X

Uruguai tem elenco mais competitivo

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Perguntado sobre a torcida na Copa América, o autor aponta que acredita que o Uruguai possa ser uma “segunda seleção” de muitos brasileiros. Entre os melhores jogadores do torneio, ele até aponta Messi, na Argentina, e Vini Jr, no Brasil, mas faz questão de citar o meio-campista uruguaio do Real Madrid, Valverde. “Sempre espero 1950 voltar. Uma grande final. E não acontece. Esse é Uruguai do Bielsa, além de tudo, ainda joga bola. Combinação de veteranos com mais novos”, analisa.

A opinião de Amorim é ratificada por Mateo Vázquez, repórter do El País do Uruguai que acompanha a seleção na Copa América. “A seleção passa por um bom momento. Mostrou que pode ter ‘duas faces’, como na partida contra o Panamá. Uma no primeiro tempo, outra no segundo. Mas o que estamos acostumados desde que chegou Bielsa é uma equipe como no primeiro, muito intensa, dinâmica, desequilibrando pelos lados com velocidade e com chegada dos laterais ao ataque. O meio-campo é a competência mais forte. Tem muitos jogadores que podem entrar ali. E de primeiro nível”, avalia Vázquez.

No meio de campo, por exemplo, Bentancur e De La Cruz têm características de distintas, mas, podem ser opções para a mesma posição. Outro caso citado por Vázquez é de Suárez, que assumiu o papel no banco de reservas. “Temos um grande centro-avante, que é Darwin. Mas Luis é uma cartada super importante. O mesmo acontece pelos lados, no meio e na defesa. O Uruguai está com um plantel competitivo”, diz.

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Segundo o jornalista, o ponto fraco da equipe se dá quando ela não consegue impor seu jogo, em momentos sem a bola. “É difícil encontrar pontos fracos, embora existam. A equipe sente quando os extremas precisam integrar muito o meio-campo. Quando a equipe uruguaia não assume o protagonismo, se complica”, pontua e conclui: “As expectativas são altas, mas sabemos que, nas quartas, vem Brasil ou Colômbia. É difícil, mas Uruguai tem um elenco para disputar”.

A seleção uruguaia estreou na Copa América diante do Panamá, no domingo, 23, e venceu por 3 a 1. O segundo compromisso é contra a Bolívia, no MetLife Stadium, em Nova Jersey, nesta quinta-feira, 27, às 22h (horário de Brasília).

Risca da área conta história de falso craque brasileiro no Uruguai. Foto: Editora Letramento/Divulgação
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Risca da área

  • Autor: Lucas Amorim
  • Editora: Letramento (109 páginas, R$ 49,90)

Foi no sonho de infância de ser jogador de futebol que o jornalista Lucas Amorim tomou a primeira inspiração para o romance Risca da Área, lançado no começo deste ano pela editora Letramento. Mais do que a vontade infantil, o autor inclui também uma paixão que se desenvolveu enquanto adulto: o futebol uruguaio. O protagonista, então, é o também jornalista Dárcio, que “foge” do Brasil e tenta reiniciar a vida no país vizinho sob a identidade de Júnior Cabral, um suposto veterano com passagens por 10 clubes em seis ligas.

A obra tem mais elementos que dão verossimilhança à narrativa. A desilusão de Dárcio com a vida adulta é o cenário apresentado. Ele mora em São Paulo, em um apartamento acima de um bar, no qual é freguês assíduo. Após publicar uma reportagem sobre um senador, o repórter passa a ser atacado nas redes sociais. Foi esse o gancho para tirar do papel o plano de fugir, junto da namorada, Lara.

O Uruguai era o destino natural, segundo Amorim. “Gosto de ser minoria. Sempre me interessei por times fora do eixo. Seria difícil trazer uma história do personagem que joga no Flamengo. A história só fica redonda tirando o jornalista do Brasil, indo para um ambiente em que ele não era conhecido. Não tinha como fugir, tinha que ser Uruguai, Paraguai, Argentina... Gosto dessa cultura”, conta o autor, que é torcedor do Avaí, de Santa Catarina. Do país escolhido, ele tem duas paixões: o Defensor e a mulher, com quem é casado há 20 anos.

De Arrascaeta, da seleção uruguaia e do Flamengo, foi revelado pelo Defensor, time que o jornalista Lucas Amorim admira. Foto: @Uruguay via X

“O Defensor é mais ou menos um resumo do que é o futebol uruguaio. Estádio na beira do Rio da Plata, ao lado de um parque de diversões. Nada além de um estádio de um time pequeno em São Paulo. Mas também joga Libertadores, revelou De Arrascaeta...”, comenta Amorim.

A trama de ‘Risca da área’, contudo, não é só romantização da aventura do personagem principal. Antes da estreia de Dárcio como Júnior Cabral, o presidente do clube alerta que ele precisa ser expulso com 10 minutos de jogo. A advertência era parte de um acordo de fraude em apostas no qual o clube estava envolvido. “Ficou importante, o tema. Era para trabalhar nas sombras (no livro), mas com certeza é algo que ganha mais relevância (com recentes acontecimentos)”, aponta o autor.

A narrativa desenvolve a história a partir da mistura de Júnior Cabral, o jogador, e Dárcio, o jornalista. Sem deixar o lado repórter totalmente para trás, o romance ganha ares investigativos. A obra, ainda assim, não busca tratar a temática como grande desvio moral. “O livro não tem pretensão de ser uma análise da sociedade, mas vem muito dessa lacuna de a literatura usar o futebol para explicar o dia a dia. Acho muito legal trazer esse aspecto social para o futebol. O livro tenta fazer isso com todas as limitações de um escritor de ficção iniciante”, comenta Amorim.

Festa da torcida do Defensor em partida do Campeonato Uruguaio. Foto: @Uruguay via X

Uruguai tem elenco mais competitivo

Perguntado sobre a torcida na Copa América, o autor aponta que acredita que o Uruguai possa ser uma “segunda seleção” de muitos brasileiros. Entre os melhores jogadores do torneio, ele até aponta Messi, na Argentina, e Vini Jr, no Brasil, mas faz questão de citar o meio-campista uruguaio do Real Madrid, Valverde. “Sempre espero 1950 voltar. Uma grande final. E não acontece. Esse é Uruguai do Bielsa, além de tudo, ainda joga bola. Combinação de veteranos com mais novos”, analisa.

A opinião de Amorim é ratificada por Mateo Vázquez, repórter do El País do Uruguai que acompanha a seleção na Copa América. “A seleção passa por um bom momento. Mostrou que pode ter ‘duas faces’, como na partida contra o Panamá. Uma no primeiro tempo, outra no segundo. Mas o que estamos acostumados desde que chegou Bielsa é uma equipe como no primeiro, muito intensa, dinâmica, desequilibrando pelos lados com velocidade e com chegada dos laterais ao ataque. O meio-campo é a competência mais forte. Tem muitos jogadores que podem entrar ali. E de primeiro nível”, avalia Vázquez.

No meio de campo, por exemplo, Bentancur e De La Cruz têm características de distintas, mas, podem ser opções para a mesma posição. Outro caso citado por Vázquez é de Suárez, que assumiu o papel no banco de reservas. “Temos um grande centro-avante, que é Darwin. Mas Luis é uma cartada super importante. O mesmo acontece pelos lados, no meio e na defesa. O Uruguai está com um plantel competitivo”, diz.

Segundo o jornalista, o ponto fraco da equipe se dá quando ela não consegue impor seu jogo, em momentos sem a bola. “É difícil encontrar pontos fracos, embora existam. A equipe sente quando os extremas precisam integrar muito o meio-campo. Quando a equipe uruguaia não assume o protagonismo, se complica”, pontua e conclui: “As expectativas são altas, mas sabemos que, nas quartas, vem Brasil ou Colômbia. É difícil, mas Uruguai tem um elenco para disputar”.

A seleção uruguaia estreou na Copa América diante do Panamá, no domingo, 23, e venceu por 3 a 1. O segundo compromisso é contra a Bolívia, no MetLife Stadium, em Nova Jersey, nesta quinta-feira, 27, às 22h (horário de Brasília).

Risca da área conta história de falso craque brasileiro no Uruguai. Foto: Editora Letramento/Divulgação

Risca da área

  • Autor: Lucas Amorim
  • Editora: Letramento (109 páginas, R$ 49,90)

Foi no sonho de infância de ser jogador de futebol que o jornalista Lucas Amorim tomou a primeira inspiração para o romance Risca da Área, lançado no começo deste ano pela editora Letramento. Mais do que a vontade infantil, o autor inclui também uma paixão que se desenvolveu enquanto adulto: o futebol uruguaio. O protagonista, então, é o também jornalista Dárcio, que “foge” do Brasil e tenta reiniciar a vida no país vizinho sob a identidade de Júnior Cabral, um suposto veterano com passagens por 10 clubes em seis ligas.

A obra tem mais elementos que dão verossimilhança à narrativa. A desilusão de Dárcio com a vida adulta é o cenário apresentado. Ele mora em São Paulo, em um apartamento acima de um bar, no qual é freguês assíduo. Após publicar uma reportagem sobre um senador, o repórter passa a ser atacado nas redes sociais. Foi esse o gancho para tirar do papel o plano de fugir, junto da namorada, Lara.

O Uruguai era o destino natural, segundo Amorim. “Gosto de ser minoria. Sempre me interessei por times fora do eixo. Seria difícil trazer uma história do personagem que joga no Flamengo. A história só fica redonda tirando o jornalista do Brasil, indo para um ambiente em que ele não era conhecido. Não tinha como fugir, tinha que ser Uruguai, Paraguai, Argentina... Gosto dessa cultura”, conta o autor, que é torcedor do Avaí, de Santa Catarina. Do país escolhido, ele tem duas paixões: o Defensor e a mulher, com quem é casado há 20 anos.

De Arrascaeta, da seleção uruguaia e do Flamengo, foi revelado pelo Defensor, time que o jornalista Lucas Amorim admira. Foto: @Uruguay via X

“O Defensor é mais ou menos um resumo do que é o futebol uruguaio. Estádio na beira do Rio da Plata, ao lado de um parque de diversões. Nada além de um estádio de um time pequeno em São Paulo. Mas também joga Libertadores, revelou De Arrascaeta...”, comenta Amorim.

A trama de ‘Risca da área’, contudo, não é só romantização da aventura do personagem principal. Antes da estreia de Dárcio como Júnior Cabral, o presidente do clube alerta que ele precisa ser expulso com 10 minutos de jogo. A advertência era parte de um acordo de fraude em apostas no qual o clube estava envolvido. “Ficou importante, o tema. Era para trabalhar nas sombras (no livro), mas com certeza é algo que ganha mais relevância (com recentes acontecimentos)”, aponta o autor.

A narrativa desenvolve a história a partir da mistura de Júnior Cabral, o jogador, e Dárcio, o jornalista. Sem deixar o lado repórter totalmente para trás, o romance ganha ares investigativos. A obra, ainda assim, não busca tratar a temática como grande desvio moral. “O livro não tem pretensão de ser uma análise da sociedade, mas vem muito dessa lacuna de a literatura usar o futebol para explicar o dia a dia. Acho muito legal trazer esse aspecto social para o futebol. O livro tenta fazer isso com todas as limitações de um escritor de ficção iniciante”, comenta Amorim.

Festa da torcida do Defensor em partida do Campeonato Uruguaio. Foto: @Uruguay via X

Uruguai tem elenco mais competitivo

Perguntado sobre a torcida na Copa América, o autor aponta que acredita que o Uruguai possa ser uma “segunda seleção” de muitos brasileiros. Entre os melhores jogadores do torneio, ele até aponta Messi, na Argentina, e Vini Jr, no Brasil, mas faz questão de citar o meio-campista uruguaio do Real Madrid, Valverde. “Sempre espero 1950 voltar. Uma grande final. E não acontece. Esse é Uruguai do Bielsa, além de tudo, ainda joga bola. Combinação de veteranos com mais novos”, analisa.

A opinião de Amorim é ratificada por Mateo Vázquez, repórter do El País do Uruguai que acompanha a seleção na Copa América. “A seleção passa por um bom momento. Mostrou que pode ter ‘duas faces’, como na partida contra o Panamá. Uma no primeiro tempo, outra no segundo. Mas o que estamos acostumados desde que chegou Bielsa é uma equipe como no primeiro, muito intensa, dinâmica, desequilibrando pelos lados com velocidade e com chegada dos laterais ao ataque. O meio-campo é a competência mais forte. Tem muitos jogadores que podem entrar ali. E de primeiro nível”, avalia Vázquez.

No meio de campo, por exemplo, Bentancur e De La Cruz têm características de distintas, mas, podem ser opções para a mesma posição. Outro caso citado por Vázquez é de Suárez, que assumiu o papel no banco de reservas. “Temos um grande centro-avante, que é Darwin. Mas Luis é uma cartada super importante. O mesmo acontece pelos lados, no meio e na defesa. O Uruguai está com um plantel competitivo”, diz.

Segundo o jornalista, o ponto fraco da equipe se dá quando ela não consegue impor seu jogo, em momentos sem a bola. “É difícil encontrar pontos fracos, embora existam. A equipe sente quando os extremas precisam integrar muito o meio-campo. Quando a equipe uruguaia não assume o protagonismo, se complica”, pontua e conclui: “As expectativas são altas, mas sabemos que, nas quartas, vem Brasil ou Colômbia. É difícil, mas Uruguai tem um elenco para disputar”.

A seleção uruguaia estreou na Copa América diante do Panamá, no domingo, 23, e venceu por 3 a 1. O segundo compromisso é contra a Bolívia, no MetLife Stadium, em Nova Jersey, nesta quinta-feira, 27, às 22h (horário de Brasília).

Risca da área conta história de falso craque brasileiro no Uruguai. Foto: Editora Letramento/Divulgação

Risca da área

  • Autor: Lucas Amorim
  • Editora: Letramento (109 páginas, R$ 49,90)

Foi no sonho de infância de ser jogador de futebol que o jornalista Lucas Amorim tomou a primeira inspiração para o romance Risca da Área, lançado no começo deste ano pela editora Letramento. Mais do que a vontade infantil, o autor inclui também uma paixão que se desenvolveu enquanto adulto: o futebol uruguaio. O protagonista, então, é o também jornalista Dárcio, que “foge” do Brasil e tenta reiniciar a vida no país vizinho sob a identidade de Júnior Cabral, um suposto veterano com passagens por 10 clubes em seis ligas.

A obra tem mais elementos que dão verossimilhança à narrativa. A desilusão de Dárcio com a vida adulta é o cenário apresentado. Ele mora em São Paulo, em um apartamento acima de um bar, no qual é freguês assíduo. Após publicar uma reportagem sobre um senador, o repórter passa a ser atacado nas redes sociais. Foi esse o gancho para tirar do papel o plano de fugir, junto da namorada, Lara.

O Uruguai era o destino natural, segundo Amorim. “Gosto de ser minoria. Sempre me interessei por times fora do eixo. Seria difícil trazer uma história do personagem que joga no Flamengo. A história só fica redonda tirando o jornalista do Brasil, indo para um ambiente em que ele não era conhecido. Não tinha como fugir, tinha que ser Uruguai, Paraguai, Argentina... Gosto dessa cultura”, conta o autor, que é torcedor do Avaí, de Santa Catarina. Do país escolhido, ele tem duas paixões: o Defensor e a mulher, com quem é casado há 20 anos.

De Arrascaeta, da seleção uruguaia e do Flamengo, foi revelado pelo Defensor, time que o jornalista Lucas Amorim admira. Foto: @Uruguay via X

“O Defensor é mais ou menos um resumo do que é o futebol uruguaio. Estádio na beira do Rio da Plata, ao lado de um parque de diversões. Nada além de um estádio de um time pequeno em São Paulo. Mas também joga Libertadores, revelou De Arrascaeta...”, comenta Amorim.

A trama de ‘Risca da área’, contudo, não é só romantização da aventura do personagem principal. Antes da estreia de Dárcio como Júnior Cabral, o presidente do clube alerta que ele precisa ser expulso com 10 minutos de jogo. A advertência era parte de um acordo de fraude em apostas no qual o clube estava envolvido. “Ficou importante, o tema. Era para trabalhar nas sombras (no livro), mas com certeza é algo que ganha mais relevância (com recentes acontecimentos)”, aponta o autor.

A narrativa desenvolve a história a partir da mistura de Júnior Cabral, o jogador, e Dárcio, o jornalista. Sem deixar o lado repórter totalmente para trás, o romance ganha ares investigativos. A obra, ainda assim, não busca tratar a temática como grande desvio moral. “O livro não tem pretensão de ser uma análise da sociedade, mas vem muito dessa lacuna de a literatura usar o futebol para explicar o dia a dia. Acho muito legal trazer esse aspecto social para o futebol. O livro tenta fazer isso com todas as limitações de um escritor de ficção iniciante”, comenta Amorim.

Festa da torcida do Defensor em partida do Campeonato Uruguaio. Foto: @Uruguay via X

Uruguai tem elenco mais competitivo

Perguntado sobre a torcida na Copa América, o autor aponta que acredita que o Uruguai possa ser uma “segunda seleção” de muitos brasileiros. Entre os melhores jogadores do torneio, ele até aponta Messi, na Argentina, e Vini Jr, no Brasil, mas faz questão de citar o meio-campista uruguaio do Real Madrid, Valverde. “Sempre espero 1950 voltar. Uma grande final. E não acontece. Esse é Uruguai do Bielsa, além de tudo, ainda joga bola. Combinação de veteranos com mais novos”, analisa.

A opinião de Amorim é ratificada por Mateo Vázquez, repórter do El País do Uruguai que acompanha a seleção na Copa América. “A seleção passa por um bom momento. Mostrou que pode ter ‘duas faces’, como na partida contra o Panamá. Uma no primeiro tempo, outra no segundo. Mas o que estamos acostumados desde que chegou Bielsa é uma equipe como no primeiro, muito intensa, dinâmica, desequilibrando pelos lados com velocidade e com chegada dos laterais ao ataque. O meio-campo é a competência mais forte. Tem muitos jogadores que podem entrar ali. E de primeiro nível”, avalia Vázquez.

No meio de campo, por exemplo, Bentancur e De La Cruz têm características de distintas, mas, podem ser opções para a mesma posição. Outro caso citado por Vázquez é de Suárez, que assumiu o papel no banco de reservas. “Temos um grande centro-avante, que é Darwin. Mas Luis é uma cartada super importante. O mesmo acontece pelos lados, no meio e na defesa. O Uruguai está com um plantel competitivo”, diz.

Segundo o jornalista, o ponto fraco da equipe se dá quando ela não consegue impor seu jogo, em momentos sem a bola. “É difícil encontrar pontos fracos, embora existam. A equipe sente quando os extremas precisam integrar muito o meio-campo. Quando a equipe uruguaia não assume o protagonismo, se complica”, pontua e conclui: “As expectativas são altas, mas sabemos que, nas quartas, vem Brasil ou Colômbia. É difícil, mas Uruguai tem um elenco para disputar”.

A seleção uruguaia estreou na Copa América diante do Panamá, no domingo, 23, e venceu por 3 a 1. O segundo compromisso é contra a Bolívia, no MetLife Stadium, em Nova Jersey, nesta quinta-feira, 27, às 22h (horário de Brasília).

Risca da área conta história de falso craque brasileiro no Uruguai. Foto: Editora Letramento/Divulgação

Risca da área

  • Autor: Lucas Amorim
  • Editora: Letramento (109 páginas, R$ 49,90)

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