Garoto-propaganda da Vai de Bet, casa de aposta que patrocina o Corinthians, Gusttavo Lima queria, desde o ano passado, investir no futebol. Sua ideia era comprar um clube. Amigo do cantor sertanejo, o ex-atleta Adriano Spadoto resolveu ajudar. Hoje agente de jogadores como Pepê (ex-Grêmio) e Bernard, que voltará ao Atlético-MG no meio do ano, ele se reuniu com o artista e alguns nomes foram debatidos.
Pensou-se no Vila Nova, de Goiás, e na Portuguesa, tradicional clube da capital paulista. Mas a sugestão que agradou a todos foi outra. “Eu falei: tenho uma ideia. Por que a gente não compra o Paranavaí?”, recomendou Spadoto ao cantor e empresários em um jantar. “É uma ideia boa”, ouviu o agente.
Empresário com escritórios em São Paulo, Goiânia e Dubai, o ex-defensor natural de Piracicaba queria se envolver de novo, de alguma forma, com o time pelo qual foi campeão paranaense em 2007, um ano antes de se aposentar, e retornar à cidade onde nasceram sua mulher e suas filhas.
“Conheço o clube, conheço as pessoas de lá, vamos ter a caneta, a dívida é pequena”, explica ele, em entrevista ao Estadão. Por telefone, Spadoto detalhou como Gusttavo Lima virou dono da SAF do Atlético Clube Paranavaí e ele, consultor esportivo do ACP.
Ele não quis abrir quanto será investido no projeto, que diz ser “grandioso”. Mas o Estadão apurou que o plano do cantor é investir, anualmente, cerca de R$ 10 milhões. Os recursos serão destinados, principalmente, para a melhoria das instalações.
A Vai de Bet é maior patrocinadora do time do interior do Paraná. Mas, depois que o sertanejo decidiu se tornar sócio majoritário da SAF, outras empresas, como o Centro Universitário UniFatecie e Prat’s, empresa líder de mercado na produção e venda de suco de laranja, surgiram e vão ajudar no projeto, diz Spadoto.
“É um mundo totalmente novo. A parceria da VaiDeBet com o Corinthians abriu um horizonte para mim e está me trazendo uma maior ligação com esse ramo dos esportes”, disse Gusttavo Lima quando o acordo foi anunciado.
Nova estrutura
A prioridade é construir um centro de treinamento e reformar os alojamentos. Haverá, segundo os novos donos do clube paranaense, um vultoso investimento nas categorias de base. “Nosso objetivo é estabelecer uma estrutura de alto padrão que sirva como referência para a região, proporcionando aos jovens atletas uma base sólida para seu desenvolvimento”, afirma Leonardo Franchi, consultor de negócios da SAF do Paranavaí. “Acreditamos que investir nessa infraestrutura é crucial para o crescimento sustentável do clube e para o desenvolvimento dos nossos talentos”.
Franchi se tornou o gestor da SAF por indicação de Gusttavo Lima, que detém 60% do Paranavaí. O clube manteve 1% da propriedade. O restante é da Full Sports, empresa que opera com gestão de carreira de atletas e treinadores e pertence ao empresário local Fábio Lino. O valor da aquisição foi de R$ 3 milhões, sendo que R$ 2 milhões serão usados para quitar dívidas, a maioria delas trabalhistas. “O clube estava na UTI, quase acabando”, recorda-se Spadoto.
Meses antes do acordo, ele se reuniu com os dirigentes do clube para saber se seria viável a negociação e ouviu dos cartolas que era possível. Em outubro, o “Vermelhinho”, como é chamada a equipe, teve sua SAF aprovada. Um mês depois, o acordo foi selado e, em janeiro, aconteceu o anúncio.
Metas
As principais metas dos novos donos do Paranavaí são levar o time de volta à elite estadual e consolidá-lo como clube formador de atletas. “Os patrocinadores vão fazer um aporte para trazer jogadores. Mas o pensamento é olhar para a base e revelar jogadores”, diz Spadoto.
O cantor sertanejo detém 60% do Paranavaí. O clube manteve 1% da propriedade. O restante é da Full Sports, empresa que opera com gestão de carreira de atletas e treinadores e pertence ao empresário local Fábio Lino.
A curto prazo, os novos donos da agremiação querem colocá-la na primeira divisão do futebol paranaense. O foi campeão da terceira divisão ano passado e, neste ano, disputa a segunda a partir de abril.
“Planejamos classificar para a Copa do Brasil, buscando competir em um cenário nacional e estabelecer nosso nome como um competidor relevante no panorama do futebol brasileiro”, projeta Franchi.
Segundo o gestor, caso a equipe consiga o acesso, no ano que vem, será criada uma equipe sub-20, visando um ciclo de desenvolvimento contínuo dos jogadores juvenis até a transição para o time profissional. A intenção é ter “uma das melhores categorias de base do País”.
Um ou dois medalhões
O pensamento dos administradores passa por investir nas categorias de base e revelar jovens jogadores. Mas, não está descartado contratar nomes conhecidos do futebol brasileiro. “Estamos totalmente comprometidos em montar um elenco de alto nível para conquistar o acesso à elite do futebol paranaense nesta temporada”, afirma Franchi.
“Vamos montar um elenco compatível. Talvez no ano que vem, se formos bem-sucedidos, ai reforçamos com um ou dois nomes de experiência para dar malandragem ao elenco”, prevê Marcelo Matuza, que é sócio de Gusttavo Lima e uma espécie de braço-direito do cantor.
Antes de o acordo ser concluído, Matuza passou três dias em Paranavaí em reuniões com dirigentes e membros do conselho e devassou as finanças do clube. “É um projeto audacioso. Vamos fazer de dentro pra fora. Montar bons elencos, mas com pé no chão”.