SÃO PAULO - A torcida do Bradford não comemora um título há muito tempo e nem mesmo na última conquista teve a chance de festejar porque não havia clima para isso. Em 11 de maio de 1985 o time jogava em casa contra o Lincoln em uma tarde que marcava a entrega do troféu de campeão da terceira divisão. Toda a alegria pela volta à segunda divisão depois de 48 anos de ausência ficou esquecida em uma partida marcada pelo incêndio na arquibancada e no teto do setor principal do estádio Valley Parade. Mais de 250 pessoas ficaram feridas e outras 56 morreram.
O fogo começou no fim do primeiro tempo, quando os times empatavam sem gols. Um cigarro caiu acidentalmente entre as fendas da arquibancada e passou a queimar o lixo que se acumulava logo abaixo. O grande erro foi que toda a estrutura era de madeira, com revestimento de lona na cobertura e jamais tinha passado por qualquer obra de modernização desde a inauguração do estádio, em 1908.
Todo esse material ajudou o fogo a aumentar rapidamente e a causar o caos.
Em um local sem nenhuma saída de emergência, sem brigadistas e muito menos extintores, o público teve que pular para o gramado na fuga do incêndio. "O episódio foi a chance de repensar em como reforçar a segurança dos estádios e estabelecer normas para isso", explicou o historiador do Bradford, John Dewhirst. A partir de então, arquibancadas de madeira não foram mais vistas nas praças esportivas inglesas.
O Valley Parade ficou fechado para reforma durante um ano e meio. Durante esse período o Bradford usou outro estádio da cidade e organizou um fundo que arrecadou na época 4 milhões de libras para ajudar os atingidos pelo desastre.
Além disso, a equipe de cirurgiões do hospital local se tornou referência no país na recuperação de queimados e no ano seguinte ao incêndio recebeu inclusive a Ordem do Império Britânico em reconhecimento pelo trabalho realizado.
Até hoje o episódio é muito vivo na memória do Bradford. Todo dia 11 de maio é realizada uma celebração em memória dos mortos. Em homenagem às vítimas, foi montado no centro da cidade um memorial e em todo jogo no estádio fica exposto um banner próximo ao foco do incêndio traumático.