Da base da Portuguesa para os Estados Unidos e agora dividindo o vestiário com ninguém menos do que Messi. A carreira de Jean Mota pode ser explicada mais ou menos assim: formado no clube do estádio do Canindé, com passagem por Fortaleza e Santos, o brasileiro está no Inter Miami desde outubro de 2021 e, mais recentemente, é companheiro de equipe do astro argentino, campeão do mundo no Catar em 2022. Só isso.
Totalmente acostumado com a vida nos EUA, Jean Mota não esconde a surpresa de ter ao seu lado nesta temporada um dos maiores jogadores de todos os tempos. Disse ao Estadão que a ficha demorou para cair. No começo, ainda com a possibilidade de Messi assinar com o Inter Miami, havia muita desconfiança. Ninguém acreditava. Quando ele assinou o contrato e o clube conformou a contratação, Jean Mota diz que passou a viver um sonho na carreira: atuar ao lado de Messi.
“É difícil até entender isso quando se trata de um dos maiores da história do futebol, sem dúvidas fiquei feliz e honrado de ter essa oportunidade de trabalhar ao seu lado. Desde pequeno, sonhamos em jogar em grandes times e com grandes jogadores, então, pra mim, foi mais um sonho realizado na carreira. Ficará guardado para sempre na minha memória”, disse o brasileiro.
Convivendo com Messi há cerca de dois meses quase que diariamente, Jean Mota demorou um pouco para bater bola com o craque argentino. Quando ele chegou, vindo do PSG, o meia brasileiro se recuperava de grave lesão no joelho e os encontros entre ambos aconteciam apenas na sala de fisioterapia do clube. Messi é muito amigo de alguns brasileiros, como Neymar e Ronaldinho Gaúcho. Agora, apesar de ter voltado a atuar recentemente, Mota voltou a ter um problema físico e continua em recuperação.
“Meu dia a dia é mais na parte da fisioterapia com ele, por causa da minha lesão. Porém, Messi é bem tranquilo, é uma pessoa extremamente humilde, trata todos da mesma forma, não reclama de nada. Pra gente, é gratificante ver isso porque também podemos aprender com ele, pois é um jogador com uma história incrível, um espelho para os mais jovens”, disse Mota.
MUDANÇA DE PATAMAR
Messi faz tudo que os outros jogadores fazem, conta. Não reclama dos treinamentos nem de nenhuma condição do dia a dia, da estrutura do time. Ele sabe a diferença do futebol americano comparado aos grandes times da Europa, como PSG e Barcelona. Quando Messi foi anunciado, o Inter Miami não estava bem na temporada 2023 da MLS. Na época, o clube era um dos piores da competição, que estava parada para a disputa da primeira edição da Leagues Cup. Foi no novo torneio que Messi estreou e mostrou o que faria com o Miami. Com o camisa 10, o time conseguiu cinco vitórias em sete jogos e ficou com o título ao vencer o Nashville FC nos pênaltis.
Para Jean Mota, a presença do argentino, mesmo neste curto espaço de tempo, fez com que uma mudança de patamar acontecesse na equipe. O estádio ficou mais lotado, estrelas de outras modalidades esportivas e segmentos apareceram para vê-lo jogar e a equipe já foi campeã.
“Quem está perto já consegue ver a mudança que ele trouxe tanto para a MLS (a liga de futebol dos Estados Unidos) quanto ao Inter Miami. Chegou e fez história, trouxe, junto com os outros jogadores que vieram, o primeiro título para o clube. Hoje, a MLS cresce visivelmente no mundo inteiro por causa desses jogadores novos, principalmente Messi. Muitas pessoas estão acompanhando a liga e também querem conhecer mais do Inter Miami”, disse.