João Martins foi julgado e punido pelo Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) nesta segunda-feira. O auxiliar de Abel Ferreira no Palmeiras levou três jogos de gancho por insinuar que o time tem sido prejudicado pela arbitragem de forma sistemática e disparar críticas à CBF.
João Martins foi julgado pela 1ª Comissão Disciplinar por suas declarações após o empate com o Athletico-PR, no início de julho, quando declarou que é “ruim para o sistema” o Palmeiras ganhar o Brasileirão duas vezes seguidas e que, por isso, o clube tem sido prejudicado pela arbitragem.
“Nós entendemos que o futebol brasileiro passa uma imagem de que é o mais competitivo do mundo porque ganham vários. Mas ganham vários porque, muitas vezes, não deixam os melhores ganhar”, havia dito o auxiliar. Seu principal questionamento dizia respeito ao fato de o árbitro Jean Pierre Gonçalves não ter expulsado o zagueiro Zé Ivaldo depois que ele acertou uma cotovelada no rosto de Endrick, que perdeu o pênalti, marcado apenas após revisão do VAR.
Acusado de xenofobia pela CBF em dura nota publicada depois de suas falas, o profissional português foi denunciado no artigo 243-F do Código Brasileiro de Justiça Desportiva (CBJD), que fala em “ofender alguém em sua honra, por fato relacionado diretamente ao desporto”.
A CBF havia prometido ir ao STJD para Martins revelar “qual o esquema ou o sistema no futebol brasileiro que não permite que o melhor vença” dentro de campo, alegou que ele foi protagonista de um “desfile de grosserias” e o acusou de “uma tentativa infantil e até xenofóbica de reduzir a relevância do futebol brasileiro na Europa”.
O auxiliar do Palmeiras não participou presencialmente da sessão, que teve o auditor João Miguel Cançado como relator. Ele se defendeu em participação remota, por vídeo, e disse que não questionou a lisura do campeonato. O entendimento da comissão foi de que, como Martins não é reu primário, deveria aplicar uma pena mais dura.
O Palmeiras se revoltou com a punição e vai recorrer. O clube entende que a arbitragem não tem dado o mesmo tratamento aos membros da comissão técnica e que o STJD não agiu com isonomia, uma vez que Luiz Felipe Scolari foi julgado no mesmo artigo há uma semana, mas recebeu uma pena menor, de duas partidas de suspensão.
Martins é o principal auxiliar de Abel Ferreira. É ele que substitui o chefe quando este está suspenso ou tem outro problema que o impeça de comandar o Palmeiras. Os outros integrantes da comissão técnica palmeirense são Vitor Castanheira, Carlos Martinho e Tiago Costa.
Enérgico e explosivo, o auxiliar, muitas vezes, é quem toma a frente e reclama com a arbitragem à beira do gramado para evitar um desgaste ainda maior de Abel com os juízes. Em abril passado, ele usou um esparadrapo verde na boca para insinuar que estava sendo censurado pelos árbitros.
No último sábado, no duelo com o Fluminense, no Maracanã, Martins foi mais uma vez expulso. O árbitro Ramon Abatti Abel apresentou o vermelho ao português por, de acordo com o que escreveu na súmula “continuar protestando de forma acintosa contra as decisões da arbitragem”. Depois de ser expulso, o auxiliar repetiu em frente à câmera que o jogo estava “condicionado”.
Fernando Diniz, técnico do Fluminense, também reclamou, mas não foi advertido pelo árbitro, daí o motivo de o Palmeiras entender que o tratamento não é o mesmo para todos os times.