La 12: torcida organizada do Boca que jurou ‘guerra’ no Rio acumula acusações e casos de violência


Tradicional uniformizada boquense ganhou alcunha de ‘a mais temida’ por envolvimento com o tráfico, cambismo e prisões; antigos rivais, chefes do grupo acompanham juntos, no Rio, a final da Libertadores com o Fluminense

Por Rodrigo Sampaio
Atualização:

Na véspera da final da Copa Libertadores entre Fluminense e Boca Juniors, no Maracanã, vários argentinos já estão no Rio para acompanhar a decisão. Entre eles há membros da La 12, principal torcida organizada do time de Buenos Aires e conhecida por acumular inúmeras polêmicas ao longo de sua história. A reputação da barra-brava fez a uniformizada ganhar a alcunha de “a mais temida” na Argentina.

Os ânimos para a decisão entre brasileiros e argentinos começaram a ficar exaltados no domingo. Rafael Di Zeo, um dos líderes da La 12, compartilhou publicação nas redes sociais sobre um suposto esquema de uma uniformizada do tricolor carioca para atacar a barra-brava e respondeu em tom de ameaça. “Se querem guerra, guerra vamos lhe dar”. Em uma outra postagem, ele aparece em uma foto com outros integrantes da organizada dentro de um ônibus a caminho do Brasil. Na imagem, também aparece Mauro Martín, outro nome forte da La 12. As confusões no Rio, em Copacabana, já começaram, mas ainda sem o envolvimento da organizada argentina.

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A história da tradicional organizada boquense foi contada no livro “La Doce: A Explosiva História da Torcida Organizada Mais Temida do Mundo”, do jornalista argentino Gustavo Grabia. As polêmicas envolvendo o grupo iniciaram na década de 1980, durante a gestão de José Barrita. Além de tomar o controle dos estacionamentos nos arredores de La Bombonera, a organizada passou a ser financiada por meio de doações de dirigentes, empresários e jogadores, que se sentiam ameaçados pelo grupo. Di Zeo assumiu como presidente da La 12 em 1994, após a morte de Barrita, e ficou no cargo até 2006. Neste período, a barra-brava passou a se envolver com o tráfico de drogas em Buenos Aires e a venda de ingressos por meio cambistas.

“É a única torcida do mundo a criar uma fundação legal para lavagem de dinheiro proveniente da extorsão de políticos, empresários e jogadores, bem como o financiamento sem escrúpulos pela revenda de ingressos, a gestão de ônibus para levar torcedores ao interior (da Argentina), o estacionamento nas ruas de La Boca cada vez que havia uma partida, e o merchandising. Isso sem contar a porcentagem arrecadada pelas concessões feitas a barracas de alimentos e bebidas no estádio”, diz trecho da obra de Gustavo Grabia.

Rafael di Zeo (centro) and Mauro Martin (dir.) torcem para o Boca nas arquibancadas de La Bombonera.  Foto: JUAN MABROMATA / AFP
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Em 2007, Di Zeo foi preso por porte de arma de fogo e acabou sendo condenado por uma emboscada violenta contra torcedores do Chacarita Juniors, ocorrida em 1999. Ele foi solto em 2011, mesmo ano em que foi apontado como o mandante de uma tentativa de homicídio contra Richard Laluz Fernández, membro da La 12 que conheceu na prisão e que se aliou a Mauro Martín, então chefe da organizada, no período em que Di Zeo ficou atrás das grades.

Fernández levou dois tiros nas costas e sobreviveu, mas passou o resto da vida em uma cadeira de rodas até a sua morte, em 2019. Di Zeo foi absolvido pela Justiça quatro anos após o incidente. Após Di Zeo sair da prisão, ele e Mauro Martín travaram uma batalha pela liderança da La 12, com juras de morte de ambos os lados — Martín chegou a ser baleado em um atentado, ocorrido em 2011.

Em 2013, a Justiça proibiu os dois de frequentarem jogos em La Bombonera, o estádio do Boca, e a rixa foi amenizada, com ambos figurando juntos na arquibancada em partidas do time como visitante. Di Zeo reassumiu como chefe da organizada, enquanto Martín é atualmente o seu braço-direito. Aos 61 anos, Rafael Di Zeo já admitiu que sonha em ser presidente do Boca Juniors.

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Torcedores sobem em alambrado para ver jogo do Boca enquanto bandeirão da La 12 tremula na arquibancada.  Foto: Marcos Brindicci

Tensão no Rio

Segundo Eduardo Paes, prefeito do Rio, a cidade deve receber cerca de 100 mil argentinos para a decisão de sábado. A grande maioria não tem ingresso e aproveita desfrutando as praias e os hotéis cariocas, especialmente no bairro de Copacabana, onde bandeiras do Boca ganharam espaço nas areias. A chegada dos hermanos ligou o sinal da alerta da polícia para possíveis casos de violência e discriminação, como ocorreu nesta quinta-feira e teve ações da polícia. Da mesma forma antes do duelo com o Palmeiras, em São Paulo, o clube orientou seus torcedores a não provocarem ou ofenderem brasileiros.

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Na terça-feira, dois torcedores do Boca foram agredidos em Copacabana. Ao Estadão, a Polícia Civil informou que três homens foram levados à Delegacia Especial de Apoio ao Turismo (Deat) por agentes do programa Segurança Presente. Eles foram autuados em flagrante pelos crimes de lesão corporal, associação criminosa e tentativa de roubo. Imagens de brasileiros com objetos roubados do argentinos, como documentos, camisas e carteiras, foram compartilhadas nas redes sociais.

Já nesta quinta-feira, torcedores de Fluminense e Boca Juniors entraram em conflito na tarde desta quinta-feira, na Praia de Copacabana, no Rio. A briga aconteceu próximo da fan zone, local promovido pela Conmebol com espaços temáticos em homenagem aos finalistas. Segundo a Polícia Civil, duas pessoas foram detidas.

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A Conmebol publicou uma nota repudiando atos de violência e racismo “que possa ocorrer no âmbito desta final”, sem mencionar o episódio na Praia de Copacabana. “A Conmebol convoca torcedores de Boca Juniors e Fluminense para compartilharem juntos os momentos de alegria e celebração que nosso futebol nos proporciona. Os valores do desporto que mais nos apaixona devem inspirar comportamentos de paz e harmonia”, diz o texto.

A CBF confirmou aos Estadão que a foi convidada pela Conmebol para uma reunião com dirigentes da Associação de Futebol Argentino (AFA), Fluminense e Boca Juniors para discutir os episódios de violência entre brasileiros e argentinos no Rio de Janeiro, e a hipótese de realizar a final da Libertadores, no Maracanã, com portões fechados foi levantada. Após o encontro, Ednaldo Rodrigues, presidente da CBF, confirmou a decisão com a presença dos torcida, mas disse que ainda há a possibilidade de o jogo se realizado com as arquibancadas vazias se a violência persistir.

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“Foi uma reunião para pregar paz. Futebol é alegria. Aqueles que estão sem esse propósito é melhor não ir para o jogo. Assista pela TV. Vamos com os espíritos desarmados de qualquer tipo de violência e que possa conviver bem as duas torcidas. Tanto o presidente do Fluminense quanto do Boca Juniors, quanto da AFA e da Conmebol, pregam a paz. A CBF também quer paz nos estádios”, disse Ednaldo Rodrigues, ao SporTV. “A partir de agora, os torcedores têm que se unir em torno da paz porque a segurança está acima de tudo. Se por acaso não tiver essa paz, é lógico que pode ter a possibilidade de ser sem público”, afirmou.

Na véspera da final da Copa Libertadores entre Fluminense e Boca Juniors, no Maracanã, vários argentinos já estão no Rio para acompanhar a decisão. Entre eles há membros da La 12, principal torcida organizada do time de Buenos Aires e conhecida por acumular inúmeras polêmicas ao longo de sua história. A reputação da barra-brava fez a uniformizada ganhar a alcunha de “a mais temida” na Argentina.

Os ânimos para a decisão entre brasileiros e argentinos começaram a ficar exaltados no domingo. Rafael Di Zeo, um dos líderes da La 12, compartilhou publicação nas redes sociais sobre um suposto esquema de uma uniformizada do tricolor carioca para atacar a barra-brava e respondeu em tom de ameaça. “Se querem guerra, guerra vamos lhe dar”. Em uma outra postagem, ele aparece em uma foto com outros integrantes da organizada dentro de um ônibus a caminho do Brasil. Na imagem, também aparece Mauro Martín, outro nome forte da La 12. As confusões no Rio, em Copacabana, já começaram, mas ainda sem o envolvimento da organizada argentina.

A história da tradicional organizada boquense foi contada no livro “La Doce: A Explosiva História da Torcida Organizada Mais Temida do Mundo”, do jornalista argentino Gustavo Grabia. As polêmicas envolvendo o grupo iniciaram na década de 1980, durante a gestão de José Barrita. Além de tomar o controle dos estacionamentos nos arredores de La Bombonera, a organizada passou a ser financiada por meio de doações de dirigentes, empresários e jogadores, que se sentiam ameaçados pelo grupo. Di Zeo assumiu como presidente da La 12 em 1994, após a morte de Barrita, e ficou no cargo até 2006. Neste período, a barra-brava passou a se envolver com o tráfico de drogas em Buenos Aires e a venda de ingressos por meio cambistas.

“É a única torcida do mundo a criar uma fundação legal para lavagem de dinheiro proveniente da extorsão de políticos, empresários e jogadores, bem como o financiamento sem escrúpulos pela revenda de ingressos, a gestão de ônibus para levar torcedores ao interior (da Argentina), o estacionamento nas ruas de La Boca cada vez que havia uma partida, e o merchandising. Isso sem contar a porcentagem arrecadada pelas concessões feitas a barracas de alimentos e bebidas no estádio”, diz trecho da obra de Gustavo Grabia.

Rafael di Zeo (centro) and Mauro Martin (dir.) torcem para o Boca nas arquibancadas de La Bombonera.  Foto: JUAN MABROMATA / AFP

Em 2007, Di Zeo foi preso por porte de arma de fogo e acabou sendo condenado por uma emboscada violenta contra torcedores do Chacarita Juniors, ocorrida em 1999. Ele foi solto em 2011, mesmo ano em que foi apontado como o mandante de uma tentativa de homicídio contra Richard Laluz Fernández, membro da La 12 que conheceu na prisão e que se aliou a Mauro Martín, então chefe da organizada, no período em que Di Zeo ficou atrás das grades.

Fernández levou dois tiros nas costas e sobreviveu, mas passou o resto da vida em uma cadeira de rodas até a sua morte, em 2019. Di Zeo foi absolvido pela Justiça quatro anos após o incidente. Após Di Zeo sair da prisão, ele e Mauro Martín travaram uma batalha pela liderança da La 12, com juras de morte de ambos os lados — Martín chegou a ser baleado em um atentado, ocorrido em 2011.

Em 2013, a Justiça proibiu os dois de frequentarem jogos em La Bombonera, o estádio do Boca, e a rixa foi amenizada, com ambos figurando juntos na arquibancada em partidas do time como visitante. Di Zeo reassumiu como chefe da organizada, enquanto Martín é atualmente o seu braço-direito. Aos 61 anos, Rafael Di Zeo já admitiu que sonha em ser presidente do Boca Juniors.

Torcedores sobem em alambrado para ver jogo do Boca enquanto bandeirão da La 12 tremula na arquibancada.  Foto: Marcos Brindicci

Tensão no Rio

Segundo Eduardo Paes, prefeito do Rio, a cidade deve receber cerca de 100 mil argentinos para a decisão de sábado. A grande maioria não tem ingresso e aproveita desfrutando as praias e os hotéis cariocas, especialmente no bairro de Copacabana, onde bandeiras do Boca ganharam espaço nas areias. A chegada dos hermanos ligou o sinal da alerta da polícia para possíveis casos de violência e discriminação, como ocorreu nesta quinta-feira e teve ações da polícia. Da mesma forma antes do duelo com o Palmeiras, em São Paulo, o clube orientou seus torcedores a não provocarem ou ofenderem brasileiros.

Na terça-feira, dois torcedores do Boca foram agredidos em Copacabana. Ao Estadão, a Polícia Civil informou que três homens foram levados à Delegacia Especial de Apoio ao Turismo (Deat) por agentes do programa Segurança Presente. Eles foram autuados em flagrante pelos crimes de lesão corporal, associação criminosa e tentativa de roubo. Imagens de brasileiros com objetos roubados do argentinos, como documentos, camisas e carteiras, foram compartilhadas nas redes sociais.

Já nesta quinta-feira, torcedores de Fluminense e Boca Juniors entraram em conflito na tarde desta quinta-feira, na Praia de Copacabana, no Rio. A briga aconteceu próximo da fan zone, local promovido pela Conmebol com espaços temáticos em homenagem aos finalistas. Segundo a Polícia Civil, duas pessoas foram detidas.

A Conmebol publicou uma nota repudiando atos de violência e racismo “que possa ocorrer no âmbito desta final”, sem mencionar o episódio na Praia de Copacabana. “A Conmebol convoca torcedores de Boca Juniors e Fluminense para compartilharem juntos os momentos de alegria e celebração que nosso futebol nos proporciona. Os valores do desporto que mais nos apaixona devem inspirar comportamentos de paz e harmonia”, diz o texto.

A CBF confirmou aos Estadão que a foi convidada pela Conmebol para uma reunião com dirigentes da Associação de Futebol Argentino (AFA), Fluminense e Boca Juniors para discutir os episódios de violência entre brasileiros e argentinos no Rio de Janeiro, e a hipótese de realizar a final da Libertadores, no Maracanã, com portões fechados foi levantada. Após o encontro, Ednaldo Rodrigues, presidente da CBF, confirmou a decisão com a presença dos torcida, mas disse que ainda há a possibilidade de o jogo se realizado com as arquibancadas vazias se a violência persistir.

“Foi uma reunião para pregar paz. Futebol é alegria. Aqueles que estão sem esse propósito é melhor não ir para o jogo. Assista pela TV. Vamos com os espíritos desarmados de qualquer tipo de violência e que possa conviver bem as duas torcidas. Tanto o presidente do Fluminense quanto do Boca Juniors, quanto da AFA e da Conmebol, pregam a paz. A CBF também quer paz nos estádios”, disse Ednaldo Rodrigues, ao SporTV. “A partir de agora, os torcedores têm que se unir em torno da paz porque a segurança está acima de tudo. Se por acaso não tiver essa paz, é lógico que pode ter a possibilidade de ser sem público”, afirmou.

Na véspera da final da Copa Libertadores entre Fluminense e Boca Juniors, no Maracanã, vários argentinos já estão no Rio para acompanhar a decisão. Entre eles há membros da La 12, principal torcida organizada do time de Buenos Aires e conhecida por acumular inúmeras polêmicas ao longo de sua história. A reputação da barra-brava fez a uniformizada ganhar a alcunha de “a mais temida” na Argentina.

Os ânimos para a decisão entre brasileiros e argentinos começaram a ficar exaltados no domingo. Rafael Di Zeo, um dos líderes da La 12, compartilhou publicação nas redes sociais sobre um suposto esquema de uma uniformizada do tricolor carioca para atacar a barra-brava e respondeu em tom de ameaça. “Se querem guerra, guerra vamos lhe dar”. Em uma outra postagem, ele aparece em uma foto com outros integrantes da organizada dentro de um ônibus a caminho do Brasil. Na imagem, também aparece Mauro Martín, outro nome forte da La 12. As confusões no Rio, em Copacabana, já começaram, mas ainda sem o envolvimento da organizada argentina.

A história da tradicional organizada boquense foi contada no livro “La Doce: A Explosiva História da Torcida Organizada Mais Temida do Mundo”, do jornalista argentino Gustavo Grabia. As polêmicas envolvendo o grupo iniciaram na década de 1980, durante a gestão de José Barrita. Além de tomar o controle dos estacionamentos nos arredores de La Bombonera, a organizada passou a ser financiada por meio de doações de dirigentes, empresários e jogadores, que se sentiam ameaçados pelo grupo. Di Zeo assumiu como presidente da La 12 em 1994, após a morte de Barrita, e ficou no cargo até 2006. Neste período, a barra-brava passou a se envolver com o tráfico de drogas em Buenos Aires e a venda de ingressos por meio cambistas.

“É a única torcida do mundo a criar uma fundação legal para lavagem de dinheiro proveniente da extorsão de políticos, empresários e jogadores, bem como o financiamento sem escrúpulos pela revenda de ingressos, a gestão de ônibus para levar torcedores ao interior (da Argentina), o estacionamento nas ruas de La Boca cada vez que havia uma partida, e o merchandising. Isso sem contar a porcentagem arrecadada pelas concessões feitas a barracas de alimentos e bebidas no estádio”, diz trecho da obra de Gustavo Grabia.

Rafael di Zeo (centro) and Mauro Martin (dir.) torcem para o Boca nas arquibancadas de La Bombonera.  Foto: JUAN MABROMATA / AFP

Em 2007, Di Zeo foi preso por porte de arma de fogo e acabou sendo condenado por uma emboscada violenta contra torcedores do Chacarita Juniors, ocorrida em 1999. Ele foi solto em 2011, mesmo ano em que foi apontado como o mandante de uma tentativa de homicídio contra Richard Laluz Fernández, membro da La 12 que conheceu na prisão e que se aliou a Mauro Martín, então chefe da organizada, no período em que Di Zeo ficou atrás das grades.

Fernández levou dois tiros nas costas e sobreviveu, mas passou o resto da vida em uma cadeira de rodas até a sua morte, em 2019. Di Zeo foi absolvido pela Justiça quatro anos após o incidente. Após Di Zeo sair da prisão, ele e Mauro Martín travaram uma batalha pela liderança da La 12, com juras de morte de ambos os lados — Martín chegou a ser baleado em um atentado, ocorrido em 2011.

Em 2013, a Justiça proibiu os dois de frequentarem jogos em La Bombonera, o estádio do Boca, e a rixa foi amenizada, com ambos figurando juntos na arquibancada em partidas do time como visitante. Di Zeo reassumiu como chefe da organizada, enquanto Martín é atualmente o seu braço-direito. Aos 61 anos, Rafael Di Zeo já admitiu que sonha em ser presidente do Boca Juniors.

Torcedores sobem em alambrado para ver jogo do Boca enquanto bandeirão da La 12 tremula na arquibancada.  Foto: Marcos Brindicci

Tensão no Rio

Segundo Eduardo Paes, prefeito do Rio, a cidade deve receber cerca de 100 mil argentinos para a decisão de sábado. A grande maioria não tem ingresso e aproveita desfrutando as praias e os hotéis cariocas, especialmente no bairro de Copacabana, onde bandeiras do Boca ganharam espaço nas areias. A chegada dos hermanos ligou o sinal da alerta da polícia para possíveis casos de violência e discriminação, como ocorreu nesta quinta-feira e teve ações da polícia. Da mesma forma antes do duelo com o Palmeiras, em São Paulo, o clube orientou seus torcedores a não provocarem ou ofenderem brasileiros.

Na terça-feira, dois torcedores do Boca foram agredidos em Copacabana. Ao Estadão, a Polícia Civil informou que três homens foram levados à Delegacia Especial de Apoio ao Turismo (Deat) por agentes do programa Segurança Presente. Eles foram autuados em flagrante pelos crimes de lesão corporal, associação criminosa e tentativa de roubo. Imagens de brasileiros com objetos roubados do argentinos, como documentos, camisas e carteiras, foram compartilhadas nas redes sociais.

Já nesta quinta-feira, torcedores de Fluminense e Boca Juniors entraram em conflito na tarde desta quinta-feira, na Praia de Copacabana, no Rio. A briga aconteceu próximo da fan zone, local promovido pela Conmebol com espaços temáticos em homenagem aos finalistas. Segundo a Polícia Civil, duas pessoas foram detidas.

A Conmebol publicou uma nota repudiando atos de violência e racismo “que possa ocorrer no âmbito desta final”, sem mencionar o episódio na Praia de Copacabana. “A Conmebol convoca torcedores de Boca Juniors e Fluminense para compartilharem juntos os momentos de alegria e celebração que nosso futebol nos proporciona. Os valores do desporto que mais nos apaixona devem inspirar comportamentos de paz e harmonia”, diz o texto.

A CBF confirmou aos Estadão que a foi convidada pela Conmebol para uma reunião com dirigentes da Associação de Futebol Argentino (AFA), Fluminense e Boca Juniors para discutir os episódios de violência entre brasileiros e argentinos no Rio de Janeiro, e a hipótese de realizar a final da Libertadores, no Maracanã, com portões fechados foi levantada. Após o encontro, Ednaldo Rodrigues, presidente da CBF, confirmou a decisão com a presença dos torcida, mas disse que ainda há a possibilidade de o jogo se realizado com as arquibancadas vazias se a violência persistir.

“Foi uma reunião para pregar paz. Futebol é alegria. Aqueles que estão sem esse propósito é melhor não ir para o jogo. Assista pela TV. Vamos com os espíritos desarmados de qualquer tipo de violência e que possa conviver bem as duas torcidas. Tanto o presidente do Fluminense quanto do Boca Juniors, quanto da AFA e da Conmebol, pregam a paz. A CBF também quer paz nos estádios”, disse Ednaldo Rodrigues, ao SporTV. “A partir de agora, os torcedores têm que se unir em torno da paz porque a segurança está acima de tudo. Se por acaso não tiver essa paz, é lógico que pode ter a possibilidade de ser sem público”, afirmou.

Na véspera da final da Copa Libertadores entre Fluminense e Boca Juniors, no Maracanã, vários argentinos já estão no Rio para acompanhar a decisão. Entre eles há membros da La 12, principal torcida organizada do time de Buenos Aires e conhecida por acumular inúmeras polêmicas ao longo de sua história. A reputação da barra-brava fez a uniformizada ganhar a alcunha de “a mais temida” na Argentina.

Os ânimos para a decisão entre brasileiros e argentinos começaram a ficar exaltados no domingo. Rafael Di Zeo, um dos líderes da La 12, compartilhou publicação nas redes sociais sobre um suposto esquema de uma uniformizada do tricolor carioca para atacar a barra-brava e respondeu em tom de ameaça. “Se querem guerra, guerra vamos lhe dar”. Em uma outra postagem, ele aparece em uma foto com outros integrantes da organizada dentro de um ônibus a caminho do Brasil. Na imagem, também aparece Mauro Martín, outro nome forte da La 12. As confusões no Rio, em Copacabana, já começaram, mas ainda sem o envolvimento da organizada argentina.

A história da tradicional organizada boquense foi contada no livro “La Doce: A Explosiva História da Torcida Organizada Mais Temida do Mundo”, do jornalista argentino Gustavo Grabia. As polêmicas envolvendo o grupo iniciaram na década de 1980, durante a gestão de José Barrita. Além de tomar o controle dos estacionamentos nos arredores de La Bombonera, a organizada passou a ser financiada por meio de doações de dirigentes, empresários e jogadores, que se sentiam ameaçados pelo grupo. Di Zeo assumiu como presidente da La 12 em 1994, após a morte de Barrita, e ficou no cargo até 2006. Neste período, a barra-brava passou a se envolver com o tráfico de drogas em Buenos Aires e a venda de ingressos por meio cambistas.

“É a única torcida do mundo a criar uma fundação legal para lavagem de dinheiro proveniente da extorsão de políticos, empresários e jogadores, bem como o financiamento sem escrúpulos pela revenda de ingressos, a gestão de ônibus para levar torcedores ao interior (da Argentina), o estacionamento nas ruas de La Boca cada vez que havia uma partida, e o merchandising. Isso sem contar a porcentagem arrecadada pelas concessões feitas a barracas de alimentos e bebidas no estádio”, diz trecho da obra de Gustavo Grabia.

Rafael di Zeo (centro) and Mauro Martin (dir.) torcem para o Boca nas arquibancadas de La Bombonera.  Foto: JUAN MABROMATA / AFP

Em 2007, Di Zeo foi preso por porte de arma de fogo e acabou sendo condenado por uma emboscada violenta contra torcedores do Chacarita Juniors, ocorrida em 1999. Ele foi solto em 2011, mesmo ano em que foi apontado como o mandante de uma tentativa de homicídio contra Richard Laluz Fernández, membro da La 12 que conheceu na prisão e que se aliou a Mauro Martín, então chefe da organizada, no período em que Di Zeo ficou atrás das grades.

Fernández levou dois tiros nas costas e sobreviveu, mas passou o resto da vida em uma cadeira de rodas até a sua morte, em 2019. Di Zeo foi absolvido pela Justiça quatro anos após o incidente. Após Di Zeo sair da prisão, ele e Mauro Martín travaram uma batalha pela liderança da La 12, com juras de morte de ambos os lados — Martín chegou a ser baleado em um atentado, ocorrido em 2011.

Em 2013, a Justiça proibiu os dois de frequentarem jogos em La Bombonera, o estádio do Boca, e a rixa foi amenizada, com ambos figurando juntos na arquibancada em partidas do time como visitante. Di Zeo reassumiu como chefe da organizada, enquanto Martín é atualmente o seu braço-direito. Aos 61 anos, Rafael Di Zeo já admitiu que sonha em ser presidente do Boca Juniors.

Torcedores sobem em alambrado para ver jogo do Boca enquanto bandeirão da La 12 tremula na arquibancada.  Foto: Marcos Brindicci

Tensão no Rio

Segundo Eduardo Paes, prefeito do Rio, a cidade deve receber cerca de 100 mil argentinos para a decisão de sábado. A grande maioria não tem ingresso e aproveita desfrutando as praias e os hotéis cariocas, especialmente no bairro de Copacabana, onde bandeiras do Boca ganharam espaço nas areias. A chegada dos hermanos ligou o sinal da alerta da polícia para possíveis casos de violência e discriminação, como ocorreu nesta quinta-feira e teve ações da polícia. Da mesma forma antes do duelo com o Palmeiras, em São Paulo, o clube orientou seus torcedores a não provocarem ou ofenderem brasileiros.

Na terça-feira, dois torcedores do Boca foram agredidos em Copacabana. Ao Estadão, a Polícia Civil informou que três homens foram levados à Delegacia Especial de Apoio ao Turismo (Deat) por agentes do programa Segurança Presente. Eles foram autuados em flagrante pelos crimes de lesão corporal, associação criminosa e tentativa de roubo. Imagens de brasileiros com objetos roubados do argentinos, como documentos, camisas e carteiras, foram compartilhadas nas redes sociais.

Já nesta quinta-feira, torcedores de Fluminense e Boca Juniors entraram em conflito na tarde desta quinta-feira, na Praia de Copacabana, no Rio. A briga aconteceu próximo da fan zone, local promovido pela Conmebol com espaços temáticos em homenagem aos finalistas. Segundo a Polícia Civil, duas pessoas foram detidas.

A Conmebol publicou uma nota repudiando atos de violência e racismo “que possa ocorrer no âmbito desta final”, sem mencionar o episódio na Praia de Copacabana. “A Conmebol convoca torcedores de Boca Juniors e Fluminense para compartilharem juntos os momentos de alegria e celebração que nosso futebol nos proporciona. Os valores do desporto que mais nos apaixona devem inspirar comportamentos de paz e harmonia”, diz o texto.

A CBF confirmou aos Estadão que a foi convidada pela Conmebol para uma reunião com dirigentes da Associação de Futebol Argentino (AFA), Fluminense e Boca Juniors para discutir os episódios de violência entre brasileiros e argentinos no Rio de Janeiro, e a hipótese de realizar a final da Libertadores, no Maracanã, com portões fechados foi levantada. Após o encontro, Ednaldo Rodrigues, presidente da CBF, confirmou a decisão com a presença dos torcida, mas disse que ainda há a possibilidade de o jogo se realizado com as arquibancadas vazias se a violência persistir.

“Foi uma reunião para pregar paz. Futebol é alegria. Aqueles que estão sem esse propósito é melhor não ir para o jogo. Assista pela TV. Vamos com os espíritos desarmados de qualquer tipo de violência e que possa conviver bem as duas torcidas. Tanto o presidente do Fluminense quanto do Boca Juniors, quanto da AFA e da Conmebol, pregam a paz. A CBF também quer paz nos estádios”, disse Ednaldo Rodrigues, ao SporTV. “A partir de agora, os torcedores têm que se unir em torno da paz porque a segurança está acima de tudo. Se por acaso não tiver essa paz, é lógico que pode ter a possibilidade de ser sem público”, afirmou.

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