Presidente do Palmeiras, Leila Pereira conseguiu, na Justiça, uma medida protetiva contra três integrantes líderes da Mancha Alvi Verde, principal organizada ligada ao clube. A empresária e patrocinadora da equipe alegou ter recebido ameaças em um protesto da uniformizada em frente à sede da Crefisa, uma de suas empresas, e foi à polícia e à Justiça. Antes de duelo com o Boca Juniors pela Libertadores nesta quinta-feira, cobrou as autoridades públicas pelas ameaças que sofreu.
Em decisão proferida em 24 de agosto, o juiz Fabrício Reali Zia, determinou que Jorge Luis Sampaio Santos, presidente da Mancha, e os vice-presidentes Thiago Melo, o Pato Roko, e Felipe de Mattos, o Fezinho, ficam impedidos de ter contato com Leila e têm de manter distância de ao menos 300 metros da dirigente. Caso não respeitem a medida, podem ser presos preventivamente.
“Quem tem que resolver as coisas são as autoridades policiais e o Ministério Público. Quem tem que tomar providências é a autoridade pública. Como as ameaças que eu sofro, o torcedor me ameaça de morte, gente! Tanto é que eu tenho uma medida protetiva agora. É um absurdo”, afirmou a presidente, em chegada à Argentina para duelo com o Boca Juniors nesta quinta-feira. “Quem tem que tomar providência são as autoridades públicas. Se nós quisermos melhorar o futebol no Brasil, tem que começar a ir às autoridades, tomar providências contra quem lesa patrimônio do clube.”
No fim de junho, a organizada realizou um protesto direcionado a Leila com faixas e músicas, em frente à sede da Crefisa, em São Paulo. Eles manifestaram o descontentamento com a dirigente, que não se manifestou. Não houve críticas ao elenco e ao técnico Abel Ferreira.
A manifestação foi transmitida ao vivo no perfil da Mancha Alvi Verde em uma rede social, o que foi mencionada pelo juiz Reali Zia, que considerou que “o principal representante da torcida palmeirense postou o referido ato em seus perfis e, segundo a vítima, utilizou-se do protesto para se promover em suas redes sociais”.
O magistrado destacou alguns comentários em forma de ameaça que teriam sido feitos durante a live:
- Tem que meter bala na Leila”
- “Se me arrumar uma arma, eu mato a Leila”
- “Vou aparecer nos jornais por ter encomendado a morte da Leila”
- “Não tem como usar de violência para cobrar a Leila?”
- “Leila deveria ser espancada com barras de ferro”
- “Coroa de flores para a Leila”
- “Tem que quebrar a sede da Crefisa”
O juiz cita em sua decisão que Leila é “pessoa pública” e “pode sofrer constrangimentos desnecessários em virtude da exposição de seus dados sensíveis ao público”. Ele oficiou Instagram e X, antigo Twitter, para que forneçam dados de 19 usuários suspeitos de terem ameaçado a dirigente.
Naquele protesto, a Mancha cobrou contratações, questionou os preços dos ingressos e ironizou a aquisição de um avião para uso do Palmeiras. A aeronave pertence à empresa de Leila Pereira, a Placar.
Depois, em julho, a torcida usou até um dos telões da Times Square, famoso ponto de Nova York situado em travessas importantes da cidade americana, para cobrar contratações. “Cadê nossos reforços?”, lia-se na mensagem em um dos telões. Na ocasião, Leila passava férias nos Estados Unidos.
A organizada era aliada de Leila até o início do ano passado, quando a empresária, em seus primeiros meses na presidência do clube, rompeu com a uniformizada após os primeiros protestos que enfrentou. O rompimento a fez pedir de volta R$ 200 mil que havia dado para o grupo levar torcedores para Abu Dabi no Mundial de Clubes.
‘Não houve ameaça’
Por meio de sua assessoria, Leila Pereira disse não comentar assuntos ligados a Mancha Alvi Verde. O Estadão também procurou os membros da organizada. Presidente da torcida, Jorge Luís Sampaio Santos afirmou que não ter sido notificado judicialmente e disse ter recebido com “estranheza” a decisão que o impede de se aproximar da mandatária.
Não entendo o porquê disso. Nós, em nenhum momento, ameaçamos ela”, alegou ele em contato com a reportagem. “Todos acompanharam nosso protesto. Pedimos jogadores e ironizamos o avião. Em nenhum momento fomos agressivos, nem em frase nem em cânticos, nem em nota oficial. Não ameaçamos ela”, acrescentou.
Jorge alega que ele e outros líderes da torcida nunca conversaram nem se aproximaram de Leila todas as vezes em que viram a presidente do Palmeiras depois que ela rompeu com a organizada.
“Nós somos sócios do clube, vira e mexe a gente se encontra com ela. A gente nunca falou com ela. Nunca ofendemos ela. Até porque se fizéssemos isso tem mecanismo pra punir ou expulsar a gente do clube”, afirmou. “Ela pode estar se sentindo incomodada com a nossa presença”, especulou o líder da torcida.