O Palmeiras intensificou sua cruzada contra a WTorre e decidiu que não jogará mais no Allianz Parque enquanto o gramado sintético não for arrumado. O time mandará seus jogos na Arena Barueri, a segunda casa da equipe desde o ano passado. O estádio é administrado pela Crefipar, empresa de Leila Pereira, que venceu licitação e faz a gestão do local desde o ano passado. Ela é presidente do Palmeiras e da Crefisa também.
O clube já avisou à Federação Paulista de Futebol (FPF) que o seu próximo compromisso, diante do Ituano, dia 8 de fevereiro, quinta-feira da próxima semana, será no estádio em Barueri. O duelo seguinte pelo Paulistão em casa será o clássico com o Corinthians, dia 18. A equipe de Abel Ferreira deve jogar o dérbi em Barueri. A expecativa é de que volte a usar o Allianz Parque no confronto com o Mirassol, dia 24. Espera-se que, até lá, a WTorre troque o composto termoplástico do campo.
O Palmeiras exige que a Real Arenas “honre com a sua obrigação de realizar a manutenção adequada do campo” e ameaça pedir a interdição do local. O clube quer que o piso sintético seja trocado, mas a empresa que gere a arena apenas informou que trocará o composto termoplástico, muito deteriorado em razão do calor e da poluição.
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Arena Barueri é administrada por empresa de Leila
Como a parceria do Palmeiras com a WTorre prevê a utilização do Allianz para shows e eventos, a diretoria transformou a Arena Barueri na segunda casa do time. Leila alega não haver conflito de interesses em administrar o estádio que virou a principal opção para o Palmeiras mandar seus jogos quando não tem o estádio no clube disponível e diz que não cobrará aluguel. O Palmeiras vai arcar somente com as despesas operacionais, como fez no ano passado.
A dirigente afirma que a decisão de onde o time vai jogar caberá, sempre, à comissão técnica e aos próprios jogadores. “O Palmeiras não tem obrigação nenhuma de jogar na Arena Barueri, em hipótese alguma”, garantiu ela, em entrevista recente. Leila citou até o Pacaembu, que continua em obras e que, segundo Eduardo Barella, CEO da concessionária que administra o local, será reinaugurado em junho.
“Se todos decidirem que seria melhor o Palmeiras jogar em Barueri, joga em Barueri, e se não for em Barueri, joga no Pacaembu. Então, cada jogo é um jogo, cada caso é um caso”, argumentou a presidente.
Ao ganhar a licitação aberta pela Prefeitura no ano passado, a Crefipar tem a obrigação de fazer a modernização, operação, manutenção e gestão da Arena Barueri, situada na região metropolitana de São Paulo. A gestão municipal transferiu a administração do estádio para a iniciativa privada por causa das dificuldades em arcar com os altos custos gerados pelo equipamento esportivo.
Segundo consta no edital de concessão, ao qual o Estadão teve acesso, o valor estimado do contrato é de R$ 525 milhões. O montante corresponde ao valor dos investimentos e das despesas e custos operacionais obrigatórios estimados para execução das obrigações do acordo, cumulado com o somatório dos valores de outorga.
Já estava nos planos da empresa de Leila a implantação do gramado sintético, mas a instalação foi adiada porque o Palmeiras jogará no local. A Crefipar tem o direito de explorar a arena comercialmente e a possibilidade de modificar o nome do local, com a opção de “preferencialmente” manter Barueri na nomenclatura.
Ganhos e gastos
Em 2023, o Palmeiras mandou três partidas no estádio em Barueri:
- 08/10/2023 - Palmeiras 1 x 2 Santos
- 04/11/2023 - Palmeiras 1 x 0 Athletico-PR
- 11/11/2023 - Palmeiras 3 x 0 Inter
O clube joga a custo zero no estádio administrado pela empresa de Leila, mas a arrecadação é significativamente menor do que consegue atuando no Allianz Parque. O Palmeiras arrecadou R$ 394.580,43, R$ 505.471,66 e 501.797,84 nas partidas que fez contra Santos, Athletico-PR e Inter, respectivamente, na reta final do Brasileirão de 2023.
Em comparação, em seu último jogo que fez no Allianz no ano passado, diante do Fluminense, ganhou R$ R$ 1.785.478,14, mesmo com a capacidade reduzida da arena, já que um dos setores, o Gol Norte, estava indisponível devido à montagem do palco para uma das muitas apresentações musicais em que lá ocorreu.
O clube está ciente de que perderá receitas relevantes em razão da necessidade de atuar longe de casa, mas entende ter feito a melhor decisão ao pressionar a WTorre e a Soccer Grass, empresa com a qual rescindiu o contrato que mantinha para o fornecimento do gramado sintético na Academia de Futebol.
O Palmeiras considera que as duas empresas demoraram para agir de forma efetiva, o que resultou em um grande prejuízo para o clube. Também defende que os problemas observados na superfície artificial não estão relacionados ao fato de o gramado ser sintético, além de mostrar preocupação com a integridade dos atletas, até porque as condições do solo têm sido apontadas como causadoras de lesões. O último a se machucar foi o atacante Bruno Rodrigues. Depois do clássico, Giuliano, do Santos, também apontou o estado do campo como motivo de sua lesão.