Muitos jovens não conseguem realizar o sonho de se tornar um jogador profissional. Mas há, também, aqueles que desistem da carreira para buscar algo sólido para toda a vida. Recém-lançado, o livro Da Bola ao Bisturi, do ex-volante Marquinhos, campeão com o Internacional, é um estímulo para quem não obteve êxito com a bola buscar se destacar em outras áreas.
Hoje um conceituado cirurgião urologista e professor da USP, o Dr. Marcos Dall’Oglio resolveu usar sua história de ex-jogador aposentado aos 24 anos para mostrar aos meninos que batem na trave em peneiras e testes que eles podem desenvolver habilidades como médico, dentista, advogado, jornalista...
“Tenho muitos pacientes e amigos que me estimulam a contar histórias, pedem para eu revelar algo a mais. Surgiu a ideia do livro, mas quis mostrar a jovens guris que não conseguiram chegar ao profissional que eles têm condições de se destacar em outras profissões, basta buscar.”
Nem tudo foram flores para esse gaúcho de 56 anos, hoje referência no País, com consultório privado e ainda atendimentos em grandes hospitais, como Sírio-Libanês, Clínicas e Santa Marcelina, além de aulas de cirurgia para docentes.
Os primeiros passos com a bola foram no nanico 14 de Julho, que depois mudaria de nome para Passo Fundo, na Segunda Divisão do Gauchão. O volante se destacava em campo e ainda atacava em outra de suas paixões, o curso de Medicina.
A dedicação nos gramados o fez entrar no radar do Internacional, seu clube de coração A transferência para Porto Alegre ‘atrapalhou’ os planos na universidade. Conciliar era difícil. Não por acaso, foram 10 anos para concluir o curso. “Mas foi um grande aprendizado”, garante o médico, que também fez doutorado.
Marquinhos ganhou holofotes no Inter, conquistou o Estadual de 1984, foi vice na Copa União de 87, perdendo a decisão para o Flamengo. Nesta época, já perdia espaço. Ainda insistiu com o futebol até 1990, com passagens por Figueirense e Athletico-PR. Porém, Marquinhos já não estava plenamente feliz e escolheu, com aperto no coração, seguir a vida na medicina.
GUINADA
“Amava a medicina, um curso difícil. Fiz uma análise dos melhores momentos e os que não foram tão legais na carreira. As cicatrizes da vida já me faziam não sonhar mais com seleção, não estava feliz e resolvi buscar uma profissão sólida. Olhando para trás, vejo que fiz a escolha certa.” Marcos começou investindo nas áreas de ortopedia e traumatologia. Conheceu a cirurgia e se apaixonou.
No livro, que tem prefácio de Paulo Roberto Falcão, ídolo do Inter, boas histórias contam essa evolução e sucesso de 30 anos ajudando pacientes com câncer do sistema urinário e de outros problemas urológicos.
Dr. Marcos Dall’Oglio hoje tem uma jornada muito mais desgastante que as viagens, concentrações e partidas de quarta e domingo. Mas não consegue deixar de lado sua paixão pelo futebol. “Não tem como desligar.” Assim, ele encontra momentos livres para “bater uma bolinha” com os amigos. E está sempre acompanhando as partidas na televisão.