O caso de racismo sofrido por Vinícius Júnior em partida do Campeonato Espanhol no último domingo segue repercutindo pelo mundo. Nesta quinta-feira, manifestante ligados ao movimento negro se reuniram na embaixada da Espanha, em Brasília, e protestaram em apoio ao atleta do Real Madrid.
“Um jovem negro brasileiro vê sua humanidade sendo atacada ano após ano com a conivência de autoridades espanholas, que em vez de apoiá-lo e protegê-lo, o acusa de ser responsável pelos ataques que vem sofrendo nos últimos anos, como fez o presidente da La Liga (Javier Tebas). “Não podemos deixar que a narrativa anti-negra prevaleça à luta ancestral por dignidade e valorização da nossa identidade e cultura”, informou o coletivo Pelas Vidas Negras.
A manifestação aconteceu na capital federal na data em que é comemorado o dia mundial da África. A data foi escolhida em comemoração da fundação da Organização da Unidade Africana, hoje conhecida como União Africana, a 25 de Maio de 1963.
No início desta semana, outro grupo de manifestantes do movimento negro se reuniu na frente do consulado da Espanha, em São Paulo e também protestou em apoio ao atleta do Real Madrid. Em comunicado, a Uneafro, organizadora do protesto na capital paulista, foi direta ao explicar os motivos da manifestação.
“Pra quem ficou surpreso com a resposta do Javier Tebas, presidente da La Liga, que [culpou] Vini Jr. por ter sofrido racismo, é importante saber que essa não é a primeira vez que ele faz declarações absurdas como essa. Tebas é reconhecido por apoiar abertamente o Vox, partido de extrema-direita espanhol, que já se posicionou a favor da expulsão de imigrantes da Espanha e a revogação de leis em favor da comunidade LGBTIA+ e leis contra a violência machista”, publicou a Uneafro nas redes sociais explicando a razão do protesto desta terça-feira.
Entenda o caso de Vini Jr.
O brasileiro Vinícius Júnior foi mais uma vez vítima de racismo na Espanha. Parte da torcida do Valencia, que enfrentou e venceu o Real Madrid no domingo por 1 a 0, gritou insultos racistas direcionados ao jogador brasileiro no segundo tempo da partida, que foi paralisada e depois retomada pelo árbitro por causa das ofensas.
Nos acréscimos, o brasileiro, revoltado e desestabilizado pelos rivais, foi expulso depois de se desentender com o atacante Hugo Duro, em quem acertou o braço. Ele levou cartão amarelo, mas após revisão do lance pelo VAR, foi expulso pela arbitragem.
O episódio gerou revolta no Real Madrid, cujo técnico Carlo Ancelotti dedicou sua entrevista coletiva inteira para falar sobre o caso de racismo ao fim da partida. A polêmica aumentou em seguida quando o presidente da LaLiga, Javier Tebas, criticou Vinícius por ter reclamado da postura da entidade diante dos casos de racismo.
São muitos os episódios de preconceito racial contra Vini Jr. Recentemente, o brasileiro depôs na Justiça espanhola no âmbito do caso em que foi xingado de “macaco” por um torcedor do Mallorca em fevereiro deste ano. “Não foi a primeira vez nem a segunda nem a terceira. O racismo é o normal na LaLiga. A competição acha normal, a federação também e os adversários incentivam. Lamento muito. O campeonato que já foi de Ronaldinho, Ronaldo, Cristiano e Messi hoje é dos racistas”, afirmou o atleta em seu perfil no Twitter.
O brasileiro ainda alertou para a imagem que a Espanha passa para o exterior ao permitir que tais ataques aconteçam na maior competição esportiva da nação. “Uma nação linda, que me acolheu e que amo, mas que aceitou exportar a imagem para o mundo de um país racista. Lamento pelos espanhóis que não concordam, mas hoje, no Brasil, a Espanha é conhecida como um país de racistas.”