Marcelo Teixeira sonha com Neymar enquanto paga dívidas no Santos: ‘Recuperamos o protagonismo’


Em entrevista ao Estadão, presidente detalha plano para repatriar astro do Al-Hilal e diz que vê o time competindo com Palmeiras e Flamengo no futuro

Por Ricardo Magatti
Atualização:
Foto: Fernanda Luz
Entrevista comMarcelo Teixeirapresidente do Santos

Marcelo Teixeira senta-se à frente de quatro porta-retratos colocados em sua mesa com fotos dos filhos, Carolina e Marcelo, e da mulher, Valéria. Ao lado está um bolo que ganhou em comemoração aos 112 anos do Santos, celebrados na último domingo, dia 14. Ele sorri para a foto e se orgulha de que, como repete a cada resposta, conseguiu ter dado um “choque de gestão” no início de seu sétimo mandado no cargo mais importante do clube que faz, neste sábado, o primeiro jogo de sua história na Série B do Campeonato Brasileiro, a sua Copa do Mundo em 2024.

O cartola de 59 anos sonha com o retorno de Neymar, para quem desenhou um “projeto ambicioso”, enquanto paga contas. “São muitos os desafios. São na parte esportiva, financeira, estrutural. O Santos ficou, nitidamente, aquém dos nossos coirmãos, dos nossos principais adversários”, reconhece Teixeira, em entrevista ao Estadão em sua sala na Vila Belmiro.

Renovação de elenco, enxugamento da folha salarial para R$ 11,5 milhões, resolução de transfer ban que impedia o registro de novos atletas, pagamento de R$ 58 milhões em dívidas referentes a 2023, renegociação de contratos e sucessivas reuniões com a WTorre para viabilizar a nova Vila Belmiro. Esses foram e estão sendo alguns dos desafios de Teixeira em seus 100 primeiros dias de gestão no Santos, que estreia na segunda divisão contra o Paysandu. O jogo é em casa, mas sem torcida, resultado de punição aplicada pelo STJD.

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“O Santos tem uma força e potencial que já está voltando a demonstrar. É nítida a reação”, diz ele, segundo o qual, no futuro, será possível ver o Santos competindo com as principais potências do futebol nacional, como Palmeiras e Flamengo. Na entrevista, o cartola santista também falou sobre o desejo de que o time atue no Allianz Parque, os detalhes para repatriar Neymar, o acordo para jogar no Pacaembu e sua ideia em relação à possibilidade de o clube se tornar SAF no futuro.

Marcelo Teixeira diz que Santos vai competir Palmeiras e Flamengo no futuro Foto: Fernanda Luz/Estadao

Como você encontrou o Santos?

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Já sabia que a situação era grave. Não adianta ficar dizendo, justificando como estava, temos é que encontrar soluções e colocar algo diferente do que existia. Ficarmos aqui comentando se poderia ser de uma forma ou de outra não adianta porque já faz parte do passado. Eu assumi com a responsabilidade de equacionar os problemas, pelo menor tentar encaminhar as soluções, que é o que temos tentado fazer.

Foram detalhados os números dos seus 100 primeiros dias de gestão. Qual foi - ou está sendo - a maior dificuldade?

São muitos os desafios. São na parte esportiva, financeira, estrutural. O Santos ficou, nitidamente, aquém dos nossos coirmãos, dos nossos principais adversários. Tem clubes do interior, menores, que possuem estruturas, com departamento de base, campos, equipamentos que o Santos ainda não tem. É um desafio grande que a gente tem. São problemas de receita, uma despesa clara, um passivo relativamente alto, com compromissos a curto prazo. Aí você tem que encontrar meios para aumentar essa receita. E é preciso fazer um trabalho duro, de credibilidade, para aumentar essa receita.

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Nos livramos do transfer ban, resolvemos despesas que estavam abertas de dezembro. Isso relacionado apenas ao exercício de 2023. De janeiro a dezembro de 2023. Ao assumir, tínhamos que dar uma solução para aqueles números. Mostrei primeiro o que estava de realidade em aberto, depois o que nós fizemos.

Esperava que o time chegasse à final do Paulistão?

Eu esperava um bom desempenho. O objetivo era montar um time competitivo. Temos uma boa comissão técnica, uma equipe boa e remodelada, totalmente diferente daquela de 2023. Havia essa necessidade de remodelar o grupo. Hoje você nota perfil de jogadores experientes, com currículos vitoriosos e querendo mostrar mais. Eles entenderam, aceitaram o projeto e estão focados.

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A Série B é a Copa do Mundo do Santos?

É outra competição, um torneio à parte. O nível é forte, diferente da Série A, claro, mas com perfil diferente das equipes. Vamos encontrar dificuldades na logística e de outras naturezas, mas o Santos se planejou bem pra isso. Está tudo bem programado para a gente fazer uma boa campanha. O que aconteceu no Paulistão foi ótimo, está registrado, mas agora é apagar o que foi feito. É um outro momento, um outro objetivo bem claro.

Sem Copa do Brasil e na Série B, a receita cai significativamente. Antes de ser eleito, no ano passado, você falou que o marketing estava com ações fora da realidade, sem arrecadação. Você citou o aumento do patrocínio da Blaze e da Brax. Dá pra impulsionar mais a arrecadação e atrair novos investimentos?

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Fizemos ações fortes para valorizar os parceiros, a continuidade deles. Existiam outros que queriam participar desse momento. O departamento de marketing trabalhou bem, teve uma boa aceitação do projeto. A prioridade era a permanência dos parceiros. Parte permaneceu, outros o contrato foi encerrado. Houve uma valorização dos contratos existentes. Foi um ganho importante em relação ao que o Santos tinha no orçamento anterior. O Santos, mesmo na Série B, alcançou um nível forte. Era o choque de gestão que queríamos dar. Ainda tem uma série de projetos existentes que não estão em execução. Visamos o aumento da arrecadação.

Santos tem projeto para repatriar Neymar, segundo Marcelo Teixeira Foto: Fernanda Luz/Estadao

Como estão as conversas com a WTorre sobre a nova Vila Belmiro?

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As conversas têm avançado, têm evoluído. As reuniões são constantes, é que as pautas são muito de detalhes que exigem um cuidado de ambas as partes para deixar a coisa bem clara, sem problemas. Temos as conversas com a Prefeitura também nesse processo. Tenho uma tendência à Vila Belmiro moderna, nesse local, nesse espaço, reconhecendo que o terreno é diferente. É a Vila, tem uma importância e um significado enorme. Se conseguirmos fazer aqui, na Vila, um estádio moderno e multiuso é o ideal para o Santos.

Isso se arrasta há muito tempo, é verdade, mas assumi em janeiro. O que fizemos em quatro meses ninguém fez em cinco anos. Queremos ampliar de forma responsável, a WTorre está cumprindo e negociando, aceitando ou não. Estamos dialogando para se fazer um documento onde não vamos fazer do que daqui anos um futuro presidente venha aqui e fale ‘o contrato que a gestão de 2024 está trazendo problemas, Santos e WTorre na Justiça’. Não vou e não posso fazer isso. Vai ser criteriosa sendo na Vila ou não.

Depois de jogar no Morumbi e na Neo Química Arena, o Santos pretende jogar no Allianz Parque neste ano?

No momento, não há conversas. Nós temos o impedimento dos primeiros jogos na Vila. Vamos aguardar o início do campeonato. Mas temos o desejo de jogar lá.

O Santos tem um acordo com a Allegra para jogar no Pacaembu já neste ano. Quantas partidas o clube pretende fazer por lá?

Tem o mínimo e o máximo de jogos. O máximo acho que são 10 jogos. A gente tinha a chance de reinaugurar o Pacaembu antes, mas foi adiando e agora é difícil prever a quantidade de jogos até ter a definição do dia.

Marcelo Teixeira é favorável às SAFs, mas quer 'preparar' o Santos antes de migrar para modelo empresarial Foto: Fernanda Luz/Estadao

Você deixou claro que existe o desejo de repatriar o Neymar no futuro. O que vocês conversaram na última vez em que ele esteve na Vila Belmiro, na final do Paulistão?

Não conversei com ele sobre um possível retorno. É tudo muito rápido. Ele vem, participa das ações. De vez em quando eu converso com o pai, mas nada sobre o retorno do Neymar. Ele está em recuperação de lesão, não é momento para falar sobre a sua volta. Ele tem que se firmar, praticamente não jogou na Arábia, e tem um contrato em vigência. Mas o desejo é recíproco. É um projeto mais amplo, ambicioso para as duas partes. O que representa o Santos para ele e ele para o Santos. É uma relação muito forte. Ele foi criado aqui e obteve grandes conquistas.

É possível enxergar no futuro o Santos competindo com as principais potências do País, como Flamengo e Palmeiras?

O Santos tem uma força e potencial que já está voltando a demonstrar. É nítida a reação. Pelo que representa o Santos, a marca, o Santos é um clube simpático, querido por muitos torcedores. Não é um clube que apresenta rejeição. O protagonismo já começou a ser retomado. Tem a possibilidade de uma nova liga, que é um fator importante também. Vai facilitar muito, vai se abrir uma nova fase. Temos a esperança de que se crie uma liga única. Cada um discute suas questões, mas que se tenha um bloco unido. Tudo isso facilita o trabalho dos grandes no futebol brasileiro.

O que pensa das SAFs no futebol brasileiro?

Sou favorável, mas acho que tem que maturar um pouco e mudar a cultura do futebol brasileiro para que as SAFs tenham sucessos. Todo clube tem que ser profissional, independentemente de ser SAF. Tem que haver um amadurecimento de propostas, valores e filosofia. Não é porque o clube esteja em dificuldade, com passivos altos, que tem de virar SAF. A obrigatoriedade é do gestor preparar o clube para uma possível transformação. Isso vai depender da vontade do associado. Hoje, se você perguntar, talvez certos perfis de torcedores não querem que seu time vire SAF. Tem clubes que demonstram ter gestões profissionais e com resultados esportivos e financeiros com sucesso.

Como santista, gostaria que o clube aderisse ao modelo empresarial no futuro?

Depende de uma série de coisas. Não é não ter uma posição, mas eu tenho uma proposta primeiro de criar uma gestão, e não dela fazer com que a solução seja a SAF. Não é dessa maneira que o Santos trabalha. O Santos trabalha para que seja uma consequência. Melhor que seja equilibrado financeiramente, com mais recursos, valorizados. Na Série B, não, lógico, porque existe uma desvalorização. Mas estamos retomando o protagonismo.

Marcelo Teixeira senta-se à frente de quatro porta-retratos colocados em sua mesa com fotos dos filhos, Carolina e Marcelo, e da mulher, Valéria. Ao lado está um bolo que ganhou em comemoração aos 112 anos do Santos, celebrados na último domingo, dia 14. Ele sorri para a foto e se orgulha de que, como repete a cada resposta, conseguiu ter dado um “choque de gestão” no início de seu sétimo mandado no cargo mais importante do clube que faz, neste sábado, o primeiro jogo de sua história na Série B do Campeonato Brasileiro, a sua Copa do Mundo em 2024.

O cartola de 59 anos sonha com o retorno de Neymar, para quem desenhou um “projeto ambicioso”, enquanto paga contas. “São muitos os desafios. São na parte esportiva, financeira, estrutural. O Santos ficou, nitidamente, aquém dos nossos coirmãos, dos nossos principais adversários”, reconhece Teixeira, em entrevista ao Estadão em sua sala na Vila Belmiro.

Renovação de elenco, enxugamento da folha salarial para R$ 11,5 milhões, resolução de transfer ban que impedia o registro de novos atletas, pagamento de R$ 58 milhões em dívidas referentes a 2023, renegociação de contratos e sucessivas reuniões com a WTorre para viabilizar a nova Vila Belmiro. Esses foram e estão sendo alguns dos desafios de Teixeira em seus 100 primeiros dias de gestão no Santos, que estreia na segunda divisão contra o Paysandu. O jogo é em casa, mas sem torcida, resultado de punição aplicada pelo STJD.

“O Santos tem uma força e potencial que já está voltando a demonstrar. É nítida a reação”, diz ele, segundo o qual, no futuro, será possível ver o Santos competindo com as principais potências do futebol nacional, como Palmeiras e Flamengo. Na entrevista, o cartola santista também falou sobre o desejo de que o time atue no Allianz Parque, os detalhes para repatriar Neymar, o acordo para jogar no Pacaembu e sua ideia em relação à possibilidade de o clube se tornar SAF no futuro.

Marcelo Teixeira diz que Santos vai competir Palmeiras e Flamengo no futuro Foto: Fernanda Luz/Estadao

Como você encontrou o Santos?

Já sabia que a situação era grave. Não adianta ficar dizendo, justificando como estava, temos é que encontrar soluções e colocar algo diferente do que existia. Ficarmos aqui comentando se poderia ser de uma forma ou de outra não adianta porque já faz parte do passado. Eu assumi com a responsabilidade de equacionar os problemas, pelo menor tentar encaminhar as soluções, que é o que temos tentado fazer.

Foram detalhados os números dos seus 100 primeiros dias de gestão. Qual foi - ou está sendo - a maior dificuldade?

São muitos os desafios. São na parte esportiva, financeira, estrutural. O Santos ficou, nitidamente, aquém dos nossos coirmãos, dos nossos principais adversários. Tem clubes do interior, menores, que possuem estruturas, com departamento de base, campos, equipamentos que o Santos ainda não tem. É um desafio grande que a gente tem. São problemas de receita, uma despesa clara, um passivo relativamente alto, com compromissos a curto prazo. Aí você tem que encontrar meios para aumentar essa receita. E é preciso fazer um trabalho duro, de credibilidade, para aumentar essa receita.

Nos livramos do transfer ban, resolvemos despesas que estavam abertas de dezembro. Isso relacionado apenas ao exercício de 2023. De janeiro a dezembro de 2023. Ao assumir, tínhamos que dar uma solução para aqueles números. Mostrei primeiro o que estava de realidade em aberto, depois o que nós fizemos.

Esperava que o time chegasse à final do Paulistão?

Eu esperava um bom desempenho. O objetivo era montar um time competitivo. Temos uma boa comissão técnica, uma equipe boa e remodelada, totalmente diferente daquela de 2023. Havia essa necessidade de remodelar o grupo. Hoje você nota perfil de jogadores experientes, com currículos vitoriosos e querendo mostrar mais. Eles entenderam, aceitaram o projeto e estão focados.

A Série B é a Copa do Mundo do Santos?

É outra competição, um torneio à parte. O nível é forte, diferente da Série A, claro, mas com perfil diferente das equipes. Vamos encontrar dificuldades na logística e de outras naturezas, mas o Santos se planejou bem pra isso. Está tudo bem programado para a gente fazer uma boa campanha. O que aconteceu no Paulistão foi ótimo, está registrado, mas agora é apagar o que foi feito. É um outro momento, um outro objetivo bem claro.

Sem Copa do Brasil e na Série B, a receita cai significativamente. Antes de ser eleito, no ano passado, você falou que o marketing estava com ações fora da realidade, sem arrecadação. Você citou o aumento do patrocínio da Blaze e da Brax. Dá pra impulsionar mais a arrecadação e atrair novos investimentos?

Fizemos ações fortes para valorizar os parceiros, a continuidade deles. Existiam outros que queriam participar desse momento. O departamento de marketing trabalhou bem, teve uma boa aceitação do projeto. A prioridade era a permanência dos parceiros. Parte permaneceu, outros o contrato foi encerrado. Houve uma valorização dos contratos existentes. Foi um ganho importante em relação ao que o Santos tinha no orçamento anterior. O Santos, mesmo na Série B, alcançou um nível forte. Era o choque de gestão que queríamos dar. Ainda tem uma série de projetos existentes que não estão em execução. Visamos o aumento da arrecadação.

Santos tem projeto para repatriar Neymar, segundo Marcelo Teixeira Foto: Fernanda Luz/Estadao

Como estão as conversas com a WTorre sobre a nova Vila Belmiro?

As conversas têm avançado, têm evoluído. As reuniões são constantes, é que as pautas são muito de detalhes que exigem um cuidado de ambas as partes para deixar a coisa bem clara, sem problemas. Temos as conversas com a Prefeitura também nesse processo. Tenho uma tendência à Vila Belmiro moderna, nesse local, nesse espaço, reconhecendo que o terreno é diferente. É a Vila, tem uma importância e um significado enorme. Se conseguirmos fazer aqui, na Vila, um estádio moderno e multiuso é o ideal para o Santos.

Isso se arrasta há muito tempo, é verdade, mas assumi em janeiro. O que fizemos em quatro meses ninguém fez em cinco anos. Queremos ampliar de forma responsável, a WTorre está cumprindo e negociando, aceitando ou não. Estamos dialogando para se fazer um documento onde não vamos fazer do que daqui anos um futuro presidente venha aqui e fale ‘o contrato que a gestão de 2024 está trazendo problemas, Santos e WTorre na Justiça’. Não vou e não posso fazer isso. Vai ser criteriosa sendo na Vila ou não.

Depois de jogar no Morumbi e na Neo Química Arena, o Santos pretende jogar no Allianz Parque neste ano?

No momento, não há conversas. Nós temos o impedimento dos primeiros jogos na Vila. Vamos aguardar o início do campeonato. Mas temos o desejo de jogar lá.

O Santos tem um acordo com a Allegra para jogar no Pacaembu já neste ano. Quantas partidas o clube pretende fazer por lá?

Tem o mínimo e o máximo de jogos. O máximo acho que são 10 jogos. A gente tinha a chance de reinaugurar o Pacaembu antes, mas foi adiando e agora é difícil prever a quantidade de jogos até ter a definição do dia.

Marcelo Teixeira é favorável às SAFs, mas quer 'preparar' o Santos antes de migrar para modelo empresarial Foto: Fernanda Luz/Estadao

Você deixou claro que existe o desejo de repatriar o Neymar no futuro. O que vocês conversaram na última vez em que ele esteve na Vila Belmiro, na final do Paulistão?

Não conversei com ele sobre um possível retorno. É tudo muito rápido. Ele vem, participa das ações. De vez em quando eu converso com o pai, mas nada sobre o retorno do Neymar. Ele está em recuperação de lesão, não é momento para falar sobre a sua volta. Ele tem que se firmar, praticamente não jogou na Arábia, e tem um contrato em vigência. Mas o desejo é recíproco. É um projeto mais amplo, ambicioso para as duas partes. O que representa o Santos para ele e ele para o Santos. É uma relação muito forte. Ele foi criado aqui e obteve grandes conquistas.

É possível enxergar no futuro o Santos competindo com as principais potências do País, como Flamengo e Palmeiras?

O Santos tem uma força e potencial que já está voltando a demonstrar. É nítida a reação. Pelo que representa o Santos, a marca, o Santos é um clube simpático, querido por muitos torcedores. Não é um clube que apresenta rejeição. O protagonismo já começou a ser retomado. Tem a possibilidade de uma nova liga, que é um fator importante também. Vai facilitar muito, vai se abrir uma nova fase. Temos a esperança de que se crie uma liga única. Cada um discute suas questões, mas que se tenha um bloco unido. Tudo isso facilita o trabalho dos grandes no futebol brasileiro.

O que pensa das SAFs no futebol brasileiro?

Sou favorável, mas acho que tem que maturar um pouco e mudar a cultura do futebol brasileiro para que as SAFs tenham sucessos. Todo clube tem que ser profissional, independentemente de ser SAF. Tem que haver um amadurecimento de propostas, valores e filosofia. Não é porque o clube esteja em dificuldade, com passivos altos, que tem de virar SAF. A obrigatoriedade é do gestor preparar o clube para uma possível transformação. Isso vai depender da vontade do associado. Hoje, se você perguntar, talvez certos perfis de torcedores não querem que seu time vire SAF. Tem clubes que demonstram ter gestões profissionais e com resultados esportivos e financeiros com sucesso.

Como santista, gostaria que o clube aderisse ao modelo empresarial no futuro?

Depende de uma série de coisas. Não é não ter uma posição, mas eu tenho uma proposta primeiro de criar uma gestão, e não dela fazer com que a solução seja a SAF. Não é dessa maneira que o Santos trabalha. O Santos trabalha para que seja uma consequência. Melhor que seja equilibrado financeiramente, com mais recursos, valorizados. Na Série B, não, lógico, porque existe uma desvalorização. Mas estamos retomando o protagonismo.

Marcelo Teixeira senta-se à frente de quatro porta-retratos colocados em sua mesa com fotos dos filhos, Carolina e Marcelo, e da mulher, Valéria. Ao lado está um bolo que ganhou em comemoração aos 112 anos do Santos, celebrados na último domingo, dia 14. Ele sorri para a foto e se orgulha de que, como repete a cada resposta, conseguiu ter dado um “choque de gestão” no início de seu sétimo mandado no cargo mais importante do clube que faz, neste sábado, o primeiro jogo de sua história na Série B do Campeonato Brasileiro, a sua Copa do Mundo em 2024.

O cartola de 59 anos sonha com o retorno de Neymar, para quem desenhou um “projeto ambicioso”, enquanto paga contas. “São muitos os desafios. São na parte esportiva, financeira, estrutural. O Santos ficou, nitidamente, aquém dos nossos coirmãos, dos nossos principais adversários”, reconhece Teixeira, em entrevista ao Estadão em sua sala na Vila Belmiro.

Renovação de elenco, enxugamento da folha salarial para R$ 11,5 milhões, resolução de transfer ban que impedia o registro de novos atletas, pagamento de R$ 58 milhões em dívidas referentes a 2023, renegociação de contratos e sucessivas reuniões com a WTorre para viabilizar a nova Vila Belmiro. Esses foram e estão sendo alguns dos desafios de Teixeira em seus 100 primeiros dias de gestão no Santos, que estreia na segunda divisão contra o Paysandu. O jogo é em casa, mas sem torcida, resultado de punição aplicada pelo STJD.

“O Santos tem uma força e potencial que já está voltando a demonstrar. É nítida a reação”, diz ele, segundo o qual, no futuro, será possível ver o Santos competindo com as principais potências do futebol nacional, como Palmeiras e Flamengo. Na entrevista, o cartola santista também falou sobre o desejo de que o time atue no Allianz Parque, os detalhes para repatriar Neymar, o acordo para jogar no Pacaembu e sua ideia em relação à possibilidade de o clube se tornar SAF no futuro.

Marcelo Teixeira diz que Santos vai competir Palmeiras e Flamengo no futuro Foto: Fernanda Luz/Estadao

Como você encontrou o Santos?

Já sabia que a situação era grave. Não adianta ficar dizendo, justificando como estava, temos é que encontrar soluções e colocar algo diferente do que existia. Ficarmos aqui comentando se poderia ser de uma forma ou de outra não adianta porque já faz parte do passado. Eu assumi com a responsabilidade de equacionar os problemas, pelo menor tentar encaminhar as soluções, que é o que temos tentado fazer.

Foram detalhados os números dos seus 100 primeiros dias de gestão. Qual foi - ou está sendo - a maior dificuldade?

São muitos os desafios. São na parte esportiva, financeira, estrutural. O Santos ficou, nitidamente, aquém dos nossos coirmãos, dos nossos principais adversários. Tem clubes do interior, menores, que possuem estruturas, com departamento de base, campos, equipamentos que o Santos ainda não tem. É um desafio grande que a gente tem. São problemas de receita, uma despesa clara, um passivo relativamente alto, com compromissos a curto prazo. Aí você tem que encontrar meios para aumentar essa receita. E é preciso fazer um trabalho duro, de credibilidade, para aumentar essa receita.

Nos livramos do transfer ban, resolvemos despesas que estavam abertas de dezembro. Isso relacionado apenas ao exercício de 2023. De janeiro a dezembro de 2023. Ao assumir, tínhamos que dar uma solução para aqueles números. Mostrei primeiro o que estava de realidade em aberto, depois o que nós fizemos.

Esperava que o time chegasse à final do Paulistão?

Eu esperava um bom desempenho. O objetivo era montar um time competitivo. Temos uma boa comissão técnica, uma equipe boa e remodelada, totalmente diferente daquela de 2023. Havia essa necessidade de remodelar o grupo. Hoje você nota perfil de jogadores experientes, com currículos vitoriosos e querendo mostrar mais. Eles entenderam, aceitaram o projeto e estão focados.

A Série B é a Copa do Mundo do Santos?

É outra competição, um torneio à parte. O nível é forte, diferente da Série A, claro, mas com perfil diferente das equipes. Vamos encontrar dificuldades na logística e de outras naturezas, mas o Santos se planejou bem pra isso. Está tudo bem programado para a gente fazer uma boa campanha. O que aconteceu no Paulistão foi ótimo, está registrado, mas agora é apagar o que foi feito. É um outro momento, um outro objetivo bem claro.

Sem Copa do Brasil e na Série B, a receita cai significativamente. Antes de ser eleito, no ano passado, você falou que o marketing estava com ações fora da realidade, sem arrecadação. Você citou o aumento do patrocínio da Blaze e da Brax. Dá pra impulsionar mais a arrecadação e atrair novos investimentos?

Fizemos ações fortes para valorizar os parceiros, a continuidade deles. Existiam outros que queriam participar desse momento. O departamento de marketing trabalhou bem, teve uma boa aceitação do projeto. A prioridade era a permanência dos parceiros. Parte permaneceu, outros o contrato foi encerrado. Houve uma valorização dos contratos existentes. Foi um ganho importante em relação ao que o Santos tinha no orçamento anterior. O Santos, mesmo na Série B, alcançou um nível forte. Era o choque de gestão que queríamos dar. Ainda tem uma série de projetos existentes que não estão em execução. Visamos o aumento da arrecadação.

Santos tem projeto para repatriar Neymar, segundo Marcelo Teixeira Foto: Fernanda Luz/Estadao

Como estão as conversas com a WTorre sobre a nova Vila Belmiro?

As conversas têm avançado, têm evoluído. As reuniões são constantes, é que as pautas são muito de detalhes que exigem um cuidado de ambas as partes para deixar a coisa bem clara, sem problemas. Temos as conversas com a Prefeitura também nesse processo. Tenho uma tendência à Vila Belmiro moderna, nesse local, nesse espaço, reconhecendo que o terreno é diferente. É a Vila, tem uma importância e um significado enorme. Se conseguirmos fazer aqui, na Vila, um estádio moderno e multiuso é o ideal para o Santos.

Isso se arrasta há muito tempo, é verdade, mas assumi em janeiro. O que fizemos em quatro meses ninguém fez em cinco anos. Queremos ampliar de forma responsável, a WTorre está cumprindo e negociando, aceitando ou não. Estamos dialogando para se fazer um documento onde não vamos fazer do que daqui anos um futuro presidente venha aqui e fale ‘o contrato que a gestão de 2024 está trazendo problemas, Santos e WTorre na Justiça’. Não vou e não posso fazer isso. Vai ser criteriosa sendo na Vila ou não.

Depois de jogar no Morumbi e na Neo Química Arena, o Santos pretende jogar no Allianz Parque neste ano?

No momento, não há conversas. Nós temos o impedimento dos primeiros jogos na Vila. Vamos aguardar o início do campeonato. Mas temos o desejo de jogar lá.

O Santos tem um acordo com a Allegra para jogar no Pacaembu já neste ano. Quantas partidas o clube pretende fazer por lá?

Tem o mínimo e o máximo de jogos. O máximo acho que são 10 jogos. A gente tinha a chance de reinaugurar o Pacaembu antes, mas foi adiando e agora é difícil prever a quantidade de jogos até ter a definição do dia.

Marcelo Teixeira é favorável às SAFs, mas quer 'preparar' o Santos antes de migrar para modelo empresarial Foto: Fernanda Luz/Estadao

Você deixou claro que existe o desejo de repatriar o Neymar no futuro. O que vocês conversaram na última vez em que ele esteve na Vila Belmiro, na final do Paulistão?

Não conversei com ele sobre um possível retorno. É tudo muito rápido. Ele vem, participa das ações. De vez em quando eu converso com o pai, mas nada sobre o retorno do Neymar. Ele está em recuperação de lesão, não é momento para falar sobre a sua volta. Ele tem que se firmar, praticamente não jogou na Arábia, e tem um contrato em vigência. Mas o desejo é recíproco. É um projeto mais amplo, ambicioso para as duas partes. O que representa o Santos para ele e ele para o Santos. É uma relação muito forte. Ele foi criado aqui e obteve grandes conquistas.

É possível enxergar no futuro o Santos competindo com as principais potências do País, como Flamengo e Palmeiras?

O Santos tem uma força e potencial que já está voltando a demonstrar. É nítida a reação. Pelo que representa o Santos, a marca, o Santos é um clube simpático, querido por muitos torcedores. Não é um clube que apresenta rejeição. O protagonismo já começou a ser retomado. Tem a possibilidade de uma nova liga, que é um fator importante também. Vai facilitar muito, vai se abrir uma nova fase. Temos a esperança de que se crie uma liga única. Cada um discute suas questões, mas que se tenha um bloco unido. Tudo isso facilita o trabalho dos grandes no futebol brasileiro.

O que pensa das SAFs no futebol brasileiro?

Sou favorável, mas acho que tem que maturar um pouco e mudar a cultura do futebol brasileiro para que as SAFs tenham sucessos. Todo clube tem que ser profissional, independentemente de ser SAF. Tem que haver um amadurecimento de propostas, valores e filosofia. Não é porque o clube esteja em dificuldade, com passivos altos, que tem de virar SAF. A obrigatoriedade é do gestor preparar o clube para uma possível transformação. Isso vai depender da vontade do associado. Hoje, se você perguntar, talvez certos perfis de torcedores não querem que seu time vire SAF. Tem clubes que demonstram ter gestões profissionais e com resultados esportivos e financeiros com sucesso.

Como santista, gostaria que o clube aderisse ao modelo empresarial no futuro?

Depende de uma série de coisas. Não é não ter uma posição, mas eu tenho uma proposta primeiro de criar uma gestão, e não dela fazer com que a solução seja a SAF. Não é dessa maneira que o Santos trabalha. O Santos trabalha para que seja uma consequência. Melhor que seja equilibrado financeiramente, com mais recursos, valorizados. Na Série B, não, lógico, porque existe uma desvalorização. Mas estamos retomando o protagonismo.

Marcelo Teixeira senta-se à frente de quatro porta-retratos colocados em sua mesa com fotos dos filhos, Carolina e Marcelo, e da mulher, Valéria. Ao lado está um bolo que ganhou em comemoração aos 112 anos do Santos, celebrados na último domingo, dia 14. Ele sorri para a foto e se orgulha de que, como repete a cada resposta, conseguiu ter dado um “choque de gestão” no início de seu sétimo mandado no cargo mais importante do clube que faz, neste sábado, o primeiro jogo de sua história na Série B do Campeonato Brasileiro, a sua Copa do Mundo em 2024.

O cartola de 59 anos sonha com o retorno de Neymar, para quem desenhou um “projeto ambicioso”, enquanto paga contas. “São muitos os desafios. São na parte esportiva, financeira, estrutural. O Santos ficou, nitidamente, aquém dos nossos coirmãos, dos nossos principais adversários”, reconhece Teixeira, em entrevista ao Estadão em sua sala na Vila Belmiro.

Renovação de elenco, enxugamento da folha salarial para R$ 11,5 milhões, resolução de transfer ban que impedia o registro de novos atletas, pagamento de R$ 58 milhões em dívidas referentes a 2023, renegociação de contratos e sucessivas reuniões com a WTorre para viabilizar a nova Vila Belmiro. Esses foram e estão sendo alguns dos desafios de Teixeira em seus 100 primeiros dias de gestão no Santos, que estreia na segunda divisão contra o Paysandu. O jogo é em casa, mas sem torcida, resultado de punição aplicada pelo STJD.

“O Santos tem uma força e potencial que já está voltando a demonstrar. É nítida a reação”, diz ele, segundo o qual, no futuro, será possível ver o Santos competindo com as principais potências do futebol nacional, como Palmeiras e Flamengo. Na entrevista, o cartola santista também falou sobre o desejo de que o time atue no Allianz Parque, os detalhes para repatriar Neymar, o acordo para jogar no Pacaembu e sua ideia em relação à possibilidade de o clube se tornar SAF no futuro.

Marcelo Teixeira diz que Santos vai competir Palmeiras e Flamengo no futuro Foto: Fernanda Luz/Estadao

Como você encontrou o Santos?

Já sabia que a situação era grave. Não adianta ficar dizendo, justificando como estava, temos é que encontrar soluções e colocar algo diferente do que existia. Ficarmos aqui comentando se poderia ser de uma forma ou de outra não adianta porque já faz parte do passado. Eu assumi com a responsabilidade de equacionar os problemas, pelo menor tentar encaminhar as soluções, que é o que temos tentado fazer.

Foram detalhados os números dos seus 100 primeiros dias de gestão. Qual foi - ou está sendo - a maior dificuldade?

São muitos os desafios. São na parte esportiva, financeira, estrutural. O Santos ficou, nitidamente, aquém dos nossos coirmãos, dos nossos principais adversários. Tem clubes do interior, menores, que possuem estruturas, com departamento de base, campos, equipamentos que o Santos ainda não tem. É um desafio grande que a gente tem. São problemas de receita, uma despesa clara, um passivo relativamente alto, com compromissos a curto prazo. Aí você tem que encontrar meios para aumentar essa receita. E é preciso fazer um trabalho duro, de credibilidade, para aumentar essa receita.

Nos livramos do transfer ban, resolvemos despesas que estavam abertas de dezembro. Isso relacionado apenas ao exercício de 2023. De janeiro a dezembro de 2023. Ao assumir, tínhamos que dar uma solução para aqueles números. Mostrei primeiro o que estava de realidade em aberto, depois o que nós fizemos.

Esperava que o time chegasse à final do Paulistão?

Eu esperava um bom desempenho. O objetivo era montar um time competitivo. Temos uma boa comissão técnica, uma equipe boa e remodelada, totalmente diferente daquela de 2023. Havia essa necessidade de remodelar o grupo. Hoje você nota perfil de jogadores experientes, com currículos vitoriosos e querendo mostrar mais. Eles entenderam, aceitaram o projeto e estão focados.

A Série B é a Copa do Mundo do Santos?

É outra competição, um torneio à parte. O nível é forte, diferente da Série A, claro, mas com perfil diferente das equipes. Vamos encontrar dificuldades na logística e de outras naturezas, mas o Santos se planejou bem pra isso. Está tudo bem programado para a gente fazer uma boa campanha. O que aconteceu no Paulistão foi ótimo, está registrado, mas agora é apagar o que foi feito. É um outro momento, um outro objetivo bem claro.

Sem Copa do Brasil e na Série B, a receita cai significativamente. Antes de ser eleito, no ano passado, você falou que o marketing estava com ações fora da realidade, sem arrecadação. Você citou o aumento do patrocínio da Blaze e da Brax. Dá pra impulsionar mais a arrecadação e atrair novos investimentos?

Fizemos ações fortes para valorizar os parceiros, a continuidade deles. Existiam outros que queriam participar desse momento. O departamento de marketing trabalhou bem, teve uma boa aceitação do projeto. A prioridade era a permanência dos parceiros. Parte permaneceu, outros o contrato foi encerrado. Houve uma valorização dos contratos existentes. Foi um ganho importante em relação ao que o Santos tinha no orçamento anterior. O Santos, mesmo na Série B, alcançou um nível forte. Era o choque de gestão que queríamos dar. Ainda tem uma série de projetos existentes que não estão em execução. Visamos o aumento da arrecadação.

Santos tem projeto para repatriar Neymar, segundo Marcelo Teixeira Foto: Fernanda Luz/Estadao

Como estão as conversas com a WTorre sobre a nova Vila Belmiro?

As conversas têm avançado, têm evoluído. As reuniões são constantes, é que as pautas são muito de detalhes que exigem um cuidado de ambas as partes para deixar a coisa bem clara, sem problemas. Temos as conversas com a Prefeitura também nesse processo. Tenho uma tendência à Vila Belmiro moderna, nesse local, nesse espaço, reconhecendo que o terreno é diferente. É a Vila, tem uma importância e um significado enorme. Se conseguirmos fazer aqui, na Vila, um estádio moderno e multiuso é o ideal para o Santos.

Isso se arrasta há muito tempo, é verdade, mas assumi em janeiro. O que fizemos em quatro meses ninguém fez em cinco anos. Queremos ampliar de forma responsável, a WTorre está cumprindo e negociando, aceitando ou não. Estamos dialogando para se fazer um documento onde não vamos fazer do que daqui anos um futuro presidente venha aqui e fale ‘o contrato que a gestão de 2024 está trazendo problemas, Santos e WTorre na Justiça’. Não vou e não posso fazer isso. Vai ser criteriosa sendo na Vila ou não.

Depois de jogar no Morumbi e na Neo Química Arena, o Santos pretende jogar no Allianz Parque neste ano?

No momento, não há conversas. Nós temos o impedimento dos primeiros jogos na Vila. Vamos aguardar o início do campeonato. Mas temos o desejo de jogar lá.

O Santos tem um acordo com a Allegra para jogar no Pacaembu já neste ano. Quantas partidas o clube pretende fazer por lá?

Tem o mínimo e o máximo de jogos. O máximo acho que são 10 jogos. A gente tinha a chance de reinaugurar o Pacaembu antes, mas foi adiando e agora é difícil prever a quantidade de jogos até ter a definição do dia.

Marcelo Teixeira é favorável às SAFs, mas quer 'preparar' o Santos antes de migrar para modelo empresarial Foto: Fernanda Luz/Estadao

Você deixou claro que existe o desejo de repatriar o Neymar no futuro. O que vocês conversaram na última vez em que ele esteve na Vila Belmiro, na final do Paulistão?

Não conversei com ele sobre um possível retorno. É tudo muito rápido. Ele vem, participa das ações. De vez em quando eu converso com o pai, mas nada sobre o retorno do Neymar. Ele está em recuperação de lesão, não é momento para falar sobre a sua volta. Ele tem que se firmar, praticamente não jogou na Arábia, e tem um contrato em vigência. Mas o desejo é recíproco. É um projeto mais amplo, ambicioso para as duas partes. O que representa o Santos para ele e ele para o Santos. É uma relação muito forte. Ele foi criado aqui e obteve grandes conquistas.

É possível enxergar no futuro o Santos competindo com as principais potências do País, como Flamengo e Palmeiras?

O Santos tem uma força e potencial que já está voltando a demonstrar. É nítida a reação. Pelo que representa o Santos, a marca, o Santos é um clube simpático, querido por muitos torcedores. Não é um clube que apresenta rejeição. O protagonismo já começou a ser retomado. Tem a possibilidade de uma nova liga, que é um fator importante também. Vai facilitar muito, vai se abrir uma nova fase. Temos a esperança de que se crie uma liga única. Cada um discute suas questões, mas que se tenha um bloco unido. Tudo isso facilita o trabalho dos grandes no futebol brasileiro.

O que pensa das SAFs no futebol brasileiro?

Sou favorável, mas acho que tem que maturar um pouco e mudar a cultura do futebol brasileiro para que as SAFs tenham sucessos. Todo clube tem que ser profissional, independentemente de ser SAF. Tem que haver um amadurecimento de propostas, valores e filosofia. Não é porque o clube esteja em dificuldade, com passivos altos, que tem de virar SAF. A obrigatoriedade é do gestor preparar o clube para uma possível transformação. Isso vai depender da vontade do associado. Hoje, se você perguntar, talvez certos perfis de torcedores não querem que seu time vire SAF. Tem clubes que demonstram ter gestões profissionais e com resultados esportivos e financeiros com sucesso.

Como santista, gostaria que o clube aderisse ao modelo empresarial no futuro?

Depende de uma série de coisas. Não é não ter uma posição, mas eu tenho uma proposta primeiro de criar uma gestão, e não dela fazer com que a solução seja a SAF. Não é dessa maneira que o Santos trabalha. O Santos trabalha para que seja uma consequência. Melhor que seja equilibrado financeiramente, com mais recursos, valorizados. Na Série B, não, lógico, porque existe uma desvalorização. Mas estamos retomando o protagonismo.

Entrevista por Ricardo Magatti

Repórter da editoria de Esportes desde 2018. Formado em Jornalismo pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC-Campinas), com pós-graduação em Jornalismo Esportivo e Multimídias pela Universidade Anhembi Morumbi. Cobriu a Copa do Mundo do Catar, em 2022.

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