Aos 37 anos, Marta chegará em 2023 à incrível marca de seis Copas do Mundo com a disputa da edição na Austrália e Nova Zelândia, que será também sua última. Para encerrar a carreira com a amarelinha em grande estilo, nada melhor do que um título inédito, mas este não é o único sonho da seis vezes melhor do planeta. Em entrevista ao Esporte Espetacular, da Globo, ela revelou que, além dos objetivos no esporte, também tem um de vida: ser mãe.
Ter um filho ou filha, além de ser uma maneira de passar à frente seu legado, também “preencheria” uma lacuna na história da jogadora. Quando era criança, sua mãe teve que batalhar para criar ela e os irmãos sozinha, e por isso, não tinha dinheiro nem para pagar um fotógrafo que registrasse as imagens da infância. Logicamente, ainda não havia a facilidade digital da modernidade na época.
“Sempre tive esse desejo, essa vontade”, diz Marta. “Eu não tenho uma foto de quando era bebê, pela dificuldade da minha família. Minha mãe criou a gente sozinha, (eram) quatro filhos. Não tinha condições de pedir um fotógrafo pra tirar uma foto, e quando pediu, deve ter perdido”, completa. Além disso, gostar de crianças é mais um fator para realizar o sonho da maternidade.
Sobre sua trajetória na seleção, ela não dá indícios de que tentará uma sétima Copa do Mundo, número que somente sua antiga companheira de time, Formiga, alcançou. “Só ela conseguiu, e até hoje nunca me falou o segredo”, brinca Marta. “A gente também tem que pensar em outras coisas”.
Mesmo que não tenha um título mundial ou ouro olímpico no currículo, para ela, o Brasil tem conquistas significativas. A prata nos jogos de Pequim-2008, por exemplo, é um feito que deveria ser mais valorizado, segundo a jogadora. “Se você observar, se chegar na final e ganhar a prata, não tem a mesma comemoração do que se fosse em outro esporte, porque, no futebol, é como se fosse uma derrota”, comenta.
“Na verdade, não foi, e sim uma vitória, conquistamos uma medalha numa olimpíada”, acrescenta Marta, que, independentemente do número de troféus faturados, tem seu nome marcado na história do futebol, apesar de ela não se colocar como “rainha”, apelido pelo qual é conhecida: “Sou uma simples mortal como todo mundo, mas receber o carinho das pessoas é, sem dúvida, a coisa mais gratificante que tem. Não tem preço”.
A Copa do Mundo Feminina de 2023 começa em 20 de julho, com o jogo de abertura entre Nova Zelândia e Noruega. A seleção brasileira entra em campo pela primeira vez no dia 24, contra Panamá. As outras adversárias do Grupo F são França e Jamaica.