Miguel Ángel Ramírez não se arrepende de recusa ao Palmeiras antes da chegada de Abel Ferreira


Em entrevista ao ‘Estadão’, técnico explica recusa ao clube alviverde em 2020; hoje ele treina o Sporting de Gijón, na Segunda Divisão da Espanha

Por Marcos Antomil
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Em entrevista ao ‘Estadão’, técnico explica recusa ao clube alviverde em 2020; hoje ele treina o Sporting de Gijón na Segunda Divisão da Espanha

Miguel Ángel Ramírez mudou o patamar do futebol equatoriano no cenário sul-americano, impressionou com seu estilo de jogo e conquistou títulos pelo Independiente del Valle. O espanhol, ainda jovem treinador, com 39 anos, despertou o interesse de times brasileiros, mas pouco durou no País - quando dirigiu o Internacional. Antes disso, ficou marcado por um “não” que mudou a história do Palmeiras. Ele foi a prioridade do clube para substituir Vanderlei Luxemburgo, em 2020. Com sua negativa, o time alviverde partiu para o plano “B”, Abel Ferreira. O português, desde então, faturou nove títulos e se tornou ídolo.

Ramírez atualmente comanda o Sporting de Gijón na Segunda Divisão da Espanha. Sua batalha é para levar a equipe à elite e tem como um dos rivais o Valladolid, de Ronaldo Fenômeno. Se ficar entre os dois primeiros lugares, o acesso é direto. Caso o time asturiano esteja entre a terceira e a sexta colocação participará de uma repescagem para definir o último classificado para La Liga.

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Em entrevista ao Estadão, Ramírez falou sobre a negativa dada ao Palmeiras. Em 2020, após demitir Luxemburgo, o vice-presidente Paulo Buosi e o diretor de futebol, Anderson Barros, viajaram até Quito, no auge da pandemia, para convencer o espanhol a assumir o comando técnico da equipe. O grande foco seria a disputa da Libertadores - que o time voltaria a conquistar poucos meses depois, no Maracanã. No entanto, os dirigentes escutaram o que não queriam e voltaram para o Brasil sem treinador. Ramírez explica os motivos que o fizeram recusar a proposta palmeirense.

Não me arrependo, porque a decisão estava baseada em respeito e carinho com o Independiente del Valle. Há certos valores que estão acima de dinheiro e êxito esportivo. Tenho um grande carinho pelo pessoal do Palmeiras

Miguel Ángel Ramírez, técnico do Real Sporting de Gijón ao 'Estadão'

Miguel Ángel Ramírez assumiu o comando do Real Sporting de Gijón em janeiro de 2023. Foto: Real Sporting via X
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Nascido em Las Palmas, nas Ilhas Canárias, Ramírez virou um andarilho da bola. Sua especialidade são as categorias de base. Passou por Grécia e Catar antes de se mudar para a América do Sul. No Independiente del Valle, encontrou um clube que tem em seu centro de formação de atletas uma potência. Apesar do foco nas categorias de base, não desperdiçou a chance de assumir o time profissional. Logo em seu primeiro ano na equipe equatoriana, faturou a Copa Sul-Americana. O estilo de muita posse de bola e a capacidade de incorporar os jovens atletas fez o Palmeiras se interessar. Ao fim, o time alviverde ficou com Abel, que tem uma maneira de jogar bastante diferente, com foco na verticalidade.

“O futebol sul-americano e o futebol da Segunda Divisão da Espanha são muito distintos. Não se pode comparar. Na América do Sul, há muito talento individual, com atletas que vão às grandes ligas por têm capacidade. Já a Segunda Divisão espanhola não tem tanto talento individual, mas tem um bom conhecimento de jogo e coletividade, com jogadores disciplinados tecnicamente. Assim, todos os jogos são muito equilibrados, há poucos espaços, diferentemente da América do Sul. Aqui é muito mais difícil marcar gols, chegar à área... Na América do Sul é tudo ao contrário. Parecem esportes diferentes”, disse Ramírez.

Miguel Ángel Ramírez agradece a torcida do Real Sporting em jogo da Segunda Divisão da Espanha. Foto: Real Sporting via X
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No início de 2021, ao pôr fim na temporada com o Independiente del Valle - prorrogada por causa da pandemia de covid-19 -, Ramírez aceitou o desafio de treinar o Internacional, que havia acabado de perder o título brasileiro para o Flamengo com requintes de crueldade, na rodada final. Foram cerca de três meses no time colorado, com um total de 22 jogos. O derradeiro aconteceu diante do Vitória, no Beira-Rio, pela Copa do Brasil. A derrota por 3 a 1 para uma equipe da Série B esgotou o trabalho do espanhol em Porto Alegre.

“No Internacional melhoramos o que foi o ano anterior. No Gauchão, chegamos à final. Na Libertadores, ficamos em primeiro na fase de grupos. A eliminação na Copa com um rival de categoria inferior é o suficiente para demitir um treinador que não tem o escudo como um técnico brasileiro veterano”, comentou Ramírez, que disse acompanhar o futebol brasileiro. “Vejo a classificação, os resultados, algum jogo pontual, porque tenho amizade com jogadores que treinei no Inter e no Del Valle.”

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Ramírez entende que seu trabalho como treinador não pode se limitar à montagem de um time que pense exclusivamente em vencer suas partidas. Para o espanhol, sua tarefa é ajudar a construir um clube que incorpore as categorias de base e promova um hábito positivo capaz de fazê-lo prosperar.

“Sinceramente, não me considero um treinador para ganhar jogos de fim de semana. Eu gosto de estar nos clubes para ajudar a equipe a ser melhor. Tentei fazer no Inter, no Charlotte e agora no Sporting. Quero gerar bons hábitos para colocar o clube em outro nível. Se não tivesse feito todas as paradas por esses países, eu não seria o treinador e a pessoa que sou hoje. Sou melhor técnico e pessoa por isso. Fiz muitos amigos. Agora recebo mensagens do Brasil, EUA, Catar e Equador de apoio ao Sporting. Isso é o mais bonito do futebol”, afirmou Ramírez.

Em tom bem humorado, o espanhol relembrou as dificuldades do calendário do futebol brasileiro. Com tantos jogos, resta pouco tempo para um treinador implementar seu estilo e construir o que quer fora dos gramados. “Algum momento alguém terá de parar e questionar o calendário, os Estaduais, o Brasileirão. Sei que não vai mudar, mas seria bom que fizessem ao menos uma reflexão.”

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Apesar da curta passagem no Brasill, Ramírez vislumbra um retorno ao País no futuro. “Quando me tornei treinador profissional queria ir para o Brasil. Com tantas ligações que estava recebendo de clubes brasileiros, tive de responder aos sinais, mesmo sabendo que duraria pouco. Mas quis viver a experiência. Eu gostaria de um dia voltar a viver essa experiência, porque ficou uma lembrança muito bonita do futebol e das pessoas do Brasil.”

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Em entrevista ao ‘Estadão’, técnico explica recusa ao clube alviverde em 2020; hoje ele treina o Sporting de Gijón na Segunda Divisão da Espanha

Miguel Ángel Ramírez mudou o patamar do futebol equatoriano no cenário sul-americano, impressionou com seu estilo de jogo e conquistou títulos pelo Independiente del Valle. O espanhol, ainda jovem treinador, com 39 anos, despertou o interesse de times brasileiros, mas pouco durou no País - quando dirigiu o Internacional. Antes disso, ficou marcado por um “não” que mudou a história do Palmeiras. Ele foi a prioridade do clube para substituir Vanderlei Luxemburgo, em 2020. Com sua negativa, o time alviverde partiu para o plano “B”, Abel Ferreira. O português, desde então, faturou nove títulos e se tornou ídolo.

Ramírez atualmente comanda o Sporting de Gijón na Segunda Divisão da Espanha. Sua batalha é para levar a equipe à elite e tem como um dos rivais o Valladolid, de Ronaldo Fenômeno. Se ficar entre os dois primeiros lugares, o acesso é direto. Caso o time asturiano esteja entre a terceira e a sexta colocação participará de uma repescagem para definir o último classificado para La Liga.

Em entrevista ao Estadão, Ramírez falou sobre a negativa dada ao Palmeiras. Em 2020, após demitir Luxemburgo, o vice-presidente Paulo Buosi e o diretor de futebol, Anderson Barros, viajaram até Quito, no auge da pandemia, para convencer o espanhol a assumir o comando técnico da equipe. O grande foco seria a disputa da Libertadores - que o time voltaria a conquistar poucos meses depois, no Maracanã. No entanto, os dirigentes escutaram o que não queriam e voltaram para o Brasil sem treinador. Ramírez explica os motivos que o fizeram recusar a proposta palmeirense.

Não me arrependo, porque a decisão estava baseada em respeito e carinho com o Independiente del Valle. Há certos valores que estão acima de dinheiro e êxito esportivo. Tenho um grande carinho pelo pessoal do Palmeiras

Miguel Ángel Ramírez, técnico do Real Sporting de Gijón ao 'Estadão'

Miguel Ángel Ramírez assumiu o comando do Real Sporting de Gijón em janeiro de 2023. Foto: Real Sporting via X

Nascido em Las Palmas, nas Ilhas Canárias, Ramírez virou um andarilho da bola. Sua especialidade são as categorias de base. Passou por Grécia e Catar antes de se mudar para a América do Sul. No Independiente del Valle, encontrou um clube que tem em seu centro de formação de atletas uma potência. Apesar do foco nas categorias de base, não desperdiçou a chance de assumir o time profissional. Logo em seu primeiro ano na equipe equatoriana, faturou a Copa Sul-Americana. O estilo de muita posse de bola e a capacidade de incorporar os jovens atletas fez o Palmeiras se interessar. Ao fim, o time alviverde ficou com Abel, que tem uma maneira de jogar bastante diferente, com foco na verticalidade.

“O futebol sul-americano e o futebol da Segunda Divisão da Espanha são muito distintos. Não se pode comparar. Na América do Sul, há muito talento individual, com atletas que vão às grandes ligas por têm capacidade. Já a Segunda Divisão espanhola não tem tanto talento individual, mas tem um bom conhecimento de jogo e coletividade, com jogadores disciplinados tecnicamente. Assim, todos os jogos são muito equilibrados, há poucos espaços, diferentemente da América do Sul. Aqui é muito mais difícil marcar gols, chegar à área... Na América do Sul é tudo ao contrário. Parecem esportes diferentes”, disse Ramírez.

Miguel Ángel Ramírez agradece a torcida do Real Sporting em jogo da Segunda Divisão da Espanha. Foto: Real Sporting via X

No início de 2021, ao pôr fim na temporada com o Independiente del Valle - prorrogada por causa da pandemia de covid-19 -, Ramírez aceitou o desafio de treinar o Internacional, que havia acabado de perder o título brasileiro para o Flamengo com requintes de crueldade, na rodada final. Foram cerca de três meses no time colorado, com um total de 22 jogos. O derradeiro aconteceu diante do Vitória, no Beira-Rio, pela Copa do Brasil. A derrota por 3 a 1 para uma equipe da Série B esgotou o trabalho do espanhol em Porto Alegre.

“No Internacional melhoramos o que foi o ano anterior. No Gauchão, chegamos à final. Na Libertadores, ficamos em primeiro na fase de grupos. A eliminação na Copa com um rival de categoria inferior é o suficiente para demitir um treinador que não tem o escudo como um técnico brasileiro veterano”, comentou Ramírez, que disse acompanhar o futebol brasileiro. “Vejo a classificação, os resultados, algum jogo pontual, porque tenho amizade com jogadores que treinei no Inter e no Del Valle.”

Ramírez entende que seu trabalho como treinador não pode se limitar à montagem de um time que pense exclusivamente em vencer suas partidas. Para o espanhol, sua tarefa é ajudar a construir um clube que incorpore as categorias de base e promova um hábito positivo capaz de fazê-lo prosperar.

“Sinceramente, não me considero um treinador para ganhar jogos de fim de semana. Eu gosto de estar nos clubes para ajudar a equipe a ser melhor. Tentei fazer no Inter, no Charlotte e agora no Sporting. Quero gerar bons hábitos para colocar o clube em outro nível. Se não tivesse feito todas as paradas por esses países, eu não seria o treinador e a pessoa que sou hoje. Sou melhor técnico e pessoa por isso. Fiz muitos amigos. Agora recebo mensagens do Brasil, EUA, Catar e Equador de apoio ao Sporting. Isso é o mais bonito do futebol”, afirmou Ramírez.

Em tom bem humorado, o espanhol relembrou as dificuldades do calendário do futebol brasileiro. Com tantos jogos, resta pouco tempo para um treinador implementar seu estilo e construir o que quer fora dos gramados. “Algum momento alguém terá de parar e questionar o calendário, os Estaduais, o Brasileirão. Sei que não vai mudar, mas seria bom que fizessem ao menos uma reflexão.”

Apesar da curta passagem no Brasill, Ramírez vislumbra um retorno ao País no futuro. “Quando me tornei treinador profissional queria ir para o Brasil. Com tantas ligações que estava recebendo de clubes brasileiros, tive de responder aos sinais, mesmo sabendo que duraria pouco. Mas quis viver a experiência. Eu gostaria de um dia voltar a viver essa experiência, porque ficou uma lembrança muito bonita do futebol e das pessoas do Brasil.”

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Miguel Ángel Ramírez mudou o patamar do futebol equatoriano no cenário sul-americano, impressionou com seu estilo de jogo e conquistou títulos pelo Independiente del Valle. O espanhol, ainda jovem treinador, com 39 anos, despertou o interesse de times brasileiros, mas pouco durou no País - quando dirigiu o Internacional. Antes disso, ficou marcado por um “não” que mudou a história do Palmeiras. Ele foi a prioridade do clube para substituir Vanderlei Luxemburgo, em 2020. Com sua negativa, o time alviverde partiu para o plano “B”, Abel Ferreira. O português, desde então, faturou nove títulos e se tornou ídolo.

Ramírez atualmente comanda o Sporting de Gijón na Segunda Divisão da Espanha. Sua batalha é para levar a equipe à elite e tem como um dos rivais o Valladolid, de Ronaldo Fenômeno. Se ficar entre os dois primeiros lugares, o acesso é direto. Caso o time asturiano esteja entre a terceira e a sexta colocação participará de uma repescagem para definir o último classificado para La Liga.

Em entrevista ao Estadão, Ramírez falou sobre a negativa dada ao Palmeiras. Em 2020, após demitir Luxemburgo, o vice-presidente Paulo Buosi e o diretor de futebol, Anderson Barros, viajaram até Quito, no auge da pandemia, para convencer o espanhol a assumir o comando técnico da equipe. O grande foco seria a disputa da Libertadores - que o time voltaria a conquistar poucos meses depois, no Maracanã. No entanto, os dirigentes escutaram o que não queriam e voltaram para o Brasil sem treinador. Ramírez explica os motivos que o fizeram recusar a proposta palmeirense.

Não me arrependo, porque a decisão estava baseada em respeito e carinho com o Independiente del Valle. Há certos valores que estão acima de dinheiro e êxito esportivo. Tenho um grande carinho pelo pessoal do Palmeiras

Miguel Ángel Ramírez, técnico do Real Sporting de Gijón ao 'Estadão'

Miguel Ángel Ramírez assumiu o comando do Real Sporting de Gijón em janeiro de 2023. Foto: Real Sporting via X

Nascido em Las Palmas, nas Ilhas Canárias, Ramírez virou um andarilho da bola. Sua especialidade são as categorias de base. Passou por Grécia e Catar antes de se mudar para a América do Sul. No Independiente del Valle, encontrou um clube que tem em seu centro de formação de atletas uma potência. Apesar do foco nas categorias de base, não desperdiçou a chance de assumir o time profissional. Logo em seu primeiro ano na equipe equatoriana, faturou a Copa Sul-Americana. O estilo de muita posse de bola e a capacidade de incorporar os jovens atletas fez o Palmeiras se interessar. Ao fim, o time alviverde ficou com Abel, que tem uma maneira de jogar bastante diferente, com foco na verticalidade.

“O futebol sul-americano e o futebol da Segunda Divisão da Espanha são muito distintos. Não se pode comparar. Na América do Sul, há muito talento individual, com atletas que vão às grandes ligas por têm capacidade. Já a Segunda Divisão espanhola não tem tanto talento individual, mas tem um bom conhecimento de jogo e coletividade, com jogadores disciplinados tecnicamente. Assim, todos os jogos são muito equilibrados, há poucos espaços, diferentemente da América do Sul. Aqui é muito mais difícil marcar gols, chegar à área... Na América do Sul é tudo ao contrário. Parecem esportes diferentes”, disse Ramírez.

Miguel Ángel Ramírez agradece a torcida do Real Sporting em jogo da Segunda Divisão da Espanha. Foto: Real Sporting via X

No início de 2021, ao pôr fim na temporada com o Independiente del Valle - prorrogada por causa da pandemia de covid-19 -, Ramírez aceitou o desafio de treinar o Internacional, que havia acabado de perder o título brasileiro para o Flamengo com requintes de crueldade, na rodada final. Foram cerca de três meses no time colorado, com um total de 22 jogos. O derradeiro aconteceu diante do Vitória, no Beira-Rio, pela Copa do Brasil. A derrota por 3 a 1 para uma equipe da Série B esgotou o trabalho do espanhol em Porto Alegre.

“No Internacional melhoramos o que foi o ano anterior. No Gauchão, chegamos à final. Na Libertadores, ficamos em primeiro na fase de grupos. A eliminação na Copa com um rival de categoria inferior é o suficiente para demitir um treinador que não tem o escudo como um técnico brasileiro veterano”, comentou Ramírez, que disse acompanhar o futebol brasileiro. “Vejo a classificação, os resultados, algum jogo pontual, porque tenho amizade com jogadores que treinei no Inter e no Del Valle.”

Ramírez entende que seu trabalho como treinador não pode se limitar à montagem de um time que pense exclusivamente em vencer suas partidas. Para o espanhol, sua tarefa é ajudar a construir um clube que incorpore as categorias de base e promova um hábito positivo capaz de fazê-lo prosperar.

“Sinceramente, não me considero um treinador para ganhar jogos de fim de semana. Eu gosto de estar nos clubes para ajudar a equipe a ser melhor. Tentei fazer no Inter, no Charlotte e agora no Sporting. Quero gerar bons hábitos para colocar o clube em outro nível. Se não tivesse feito todas as paradas por esses países, eu não seria o treinador e a pessoa que sou hoje. Sou melhor técnico e pessoa por isso. Fiz muitos amigos. Agora recebo mensagens do Brasil, EUA, Catar e Equador de apoio ao Sporting. Isso é o mais bonito do futebol”, afirmou Ramírez.

Em tom bem humorado, o espanhol relembrou as dificuldades do calendário do futebol brasileiro. Com tantos jogos, resta pouco tempo para um treinador implementar seu estilo e construir o que quer fora dos gramados. “Algum momento alguém terá de parar e questionar o calendário, os Estaduais, o Brasileirão. Sei que não vai mudar, mas seria bom que fizessem ao menos uma reflexão.”

Apesar da curta passagem no Brasill, Ramírez vislumbra um retorno ao País no futuro. “Quando me tornei treinador profissional queria ir para o Brasil. Com tantas ligações que estava recebendo de clubes brasileiros, tive de responder aos sinais, mesmo sabendo que duraria pouco. Mas quis viver a experiência. Eu gostaria de um dia voltar a viver essa experiência, porque ficou uma lembrança muito bonita do futebol e das pessoas do Brasil.”

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Em entrevista ao ‘Estadão’, técnico explica recusa ao clube alviverde em 2020; hoje ele treina o Sporting de Gijón na Segunda Divisão da Espanha

Miguel Ángel Ramírez mudou o patamar do futebol equatoriano no cenário sul-americano, impressionou com seu estilo de jogo e conquistou títulos pelo Independiente del Valle. O espanhol, ainda jovem treinador, com 39 anos, despertou o interesse de times brasileiros, mas pouco durou no País - quando dirigiu o Internacional. Antes disso, ficou marcado por um “não” que mudou a história do Palmeiras. Ele foi a prioridade do clube para substituir Vanderlei Luxemburgo, em 2020. Com sua negativa, o time alviverde partiu para o plano “B”, Abel Ferreira. O português, desde então, faturou nove títulos e se tornou ídolo.

Ramírez atualmente comanda o Sporting de Gijón na Segunda Divisão da Espanha. Sua batalha é para levar a equipe à elite e tem como um dos rivais o Valladolid, de Ronaldo Fenômeno. Se ficar entre os dois primeiros lugares, o acesso é direto. Caso o time asturiano esteja entre a terceira e a sexta colocação participará de uma repescagem para definir o último classificado para La Liga.

Em entrevista ao Estadão, Ramírez falou sobre a negativa dada ao Palmeiras. Em 2020, após demitir Luxemburgo, o vice-presidente Paulo Buosi e o diretor de futebol, Anderson Barros, viajaram até Quito, no auge da pandemia, para convencer o espanhol a assumir o comando técnico da equipe. O grande foco seria a disputa da Libertadores - que o time voltaria a conquistar poucos meses depois, no Maracanã. No entanto, os dirigentes escutaram o que não queriam e voltaram para o Brasil sem treinador. Ramírez explica os motivos que o fizeram recusar a proposta palmeirense.

Não me arrependo, porque a decisão estava baseada em respeito e carinho com o Independiente del Valle. Há certos valores que estão acima de dinheiro e êxito esportivo. Tenho um grande carinho pelo pessoal do Palmeiras

Miguel Ángel Ramírez, técnico do Real Sporting de Gijón ao 'Estadão'

Miguel Ángel Ramírez assumiu o comando do Real Sporting de Gijón em janeiro de 2023. Foto: Real Sporting via X

Nascido em Las Palmas, nas Ilhas Canárias, Ramírez virou um andarilho da bola. Sua especialidade são as categorias de base. Passou por Grécia e Catar antes de se mudar para a América do Sul. No Independiente del Valle, encontrou um clube que tem em seu centro de formação de atletas uma potência. Apesar do foco nas categorias de base, não desperdiçou a chance de assumir o time profissional. Logo em seu primeiro ano na equipe equatoriana, faturou a Copa Sul-Americana. O estilo de muita posse de bola e a capacidade de incorporar os jovens atletas fez o Palmeiras se interessar. Ao fim, o time alviverde ficou com Abel, que tem uma maneira de jogar bastante diferente, com foco na verticalidade.

“O futebol sul-americano e o futebol da Segunda Divisão da Espanha são muito distintos. Não se pode comparar. Na América do Sul, há muito talento individual, com atletas que vão às grandes ligas por têm capacidade. Já a Segunda Divisão espanhola não tem tanto talento individual, mas tem um bom conhecimento de jogo e coletividade, com jogadores disciplinados tecnicamente. Assim, todos os jogos são muito equilibrados, há poucos espaços, diferentemente da América do Sul. Aqui é muito mais difícil marcar gols, chegar à área... Na América do Sul é tudo ao contrário. Parecem esportes diferentes”, disse Ramírez.

Miguel Ángel Ramírez agradece a torcida do Real Sporting em jogo da Segunda Divisão da Espanha. Foto: Real Sporting via X

No início de 2021, ao pôr fim na temporada com o Independiente del Valle - prorrogada por causa da pandemia de covid-19 -, Ramírez aceitou o desafio de treinar o Internacional, que havia acabado de perder o título brasileiro para o Flamengo com requintes de crueldade, na rodada final. Foram cerca de três meses no time colorado, com um total de 22 jogos. O derradeiro aconteceu diante do Vitória, no Beira-Rio, pela Copa do Brasil. A derrota por 3 a 1 para uma equipe da Série B esgotou o trabalho do espanhol em Porto Alegre.

“No Internacional melhoramos o que foi o ano anterior. No Gauchão, chegamos à final. Na Libertadores, ficamos em primeiro na fase de grupos. A eliminação na Copa com um rival de categoria inferior é o suficiente para demitir um treinador que não tem o escudo como um técnico brasileiro veterano”, comentou Ramírez, que disse acompanhar o futebol brasileiro. “Vejo a classificação, os resultados, algum jogo pontual, porque tenho amizade com jogadores que treinei no Inter e no Del Valle.”

Ramírez entende que seu trabalho como treinador não pode se limitar à montagem de um time que pense exclusivamente em vencer suas partidas. Para o espanhol, sua tarefa é ajudar a construir um clube que incorpore as categorias de base e promova um hábito positivo capaz de fazê-lo prosperar.

“Sinceramente, não me considero um treinador para ganhar jogos de fim de semana. Eu gosto de estar nos clubes para ajudar a equipe a ser melhor. Tentei fazer no Inter, no Charlotte e agora no Sporting. Quero gerar bons hábitos para colocar o clube em outro nível. Se não tivesse feito todas as paradas por esses países, eu não seria o treinador e a pessoa que sou hoje. Sou melhor técnico e pessoa por isso. Fiz muitos amigos. Agora recebo mensagens do Brasil, EUA, Catar e Equador de apoio ao Sporting. Isso é o mais bonito do futebol”, afirmou Ramírez.

Em tom bem humorado, o espanhol relembrou as dificuldades do calendário do futebol brasileiro. Com tantos jogos, resta pouco tempo para um treinador implementar seu estilo e construir o que quer fora dos gramados. “Algum momento alguém terá de parar e questionar o calendário, os Estaduais, o Brasileirão. Sei que não vai mudar, mas seria bom que fizessem ao menos uma reflexão.”

Apesar da curta passagem no Brasill, Ramírez vislumbra um retorno ao País no futuro. “Quando me tornei treinador profissional queria ir para o Brasil. Com tantas ligações que estava recebendo de clubes brasileiros, tive de responder aos sinais, mesmo sabendo que duraria pouco. Mas quis viver a experiência. Eu gostaria de um dia voltar a viver essa experiência, porque ficou uma lembrança muito bonita do futebol e das pessoas do Brasil.”

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Em entrevista ao ‘Estadão’, técnico explica recusa ao clube alviverde em 2020; hoje ele treina o Sporting de Gijón na Segunda Divisão da Espanha

Miguel Ángel Ramírez mudou o patamar do futebol equatoriano no cenário sul-americano, impressionou com seu estilo de jogo e conquistou títulos pelo Independiente del Valle. O espanhol, ainda jovem treinador, com 39 anos, despertou o interesse de times brasileiros, mas pouco durou no País - quando dirigiu o Internacional. Antes disso, ficou marcado por um “não” que mudou a história do Palmeiras. Ele foi a prioridade do clube para substituir Vanderlei Luxemburgo, em 2020. Com sua negativa, o time alviverde partiu para o plano “B”, Abel Ferreira. O português, desde então, faturou nove títulos e se tornou ídolo.

Ramírez atualmente comanda o Sporting de Gijón na Segunda Divisão da Espanha. Sua batalha é para levar a equipe à elite e tem como um dos rivais o Valladolid, de Ronaldo Fenômeno. Se ficar entre os dois primeiros lugares, o acesso é direto. Caso o time asturiano esteja entre a terceira e a sexta colocação participará de uma repescagem para definir o último classificado para La Liga.

Em entrevista ao Estadão, Ramírez falou sobre a negativa dada ao Palmeiras. Em 2020, após demitir Luxemburgo, o vice-presidente Paulo Buosi e o diretor de futebol, Anderson Barros, viajaram até Quito, no auge da pandemia, para convencer o espanhol a assumir o comando técnico da equipe. O grande foco seria a disputa da Libertadores - que o time voltaria a conquistar poucos meses depois, no Maracanã. No entanto, os dirigentes escutaram o que não queriam e voltaram para o Brasil sem treinador. Ramírez explica os motivos que o fizeram recusar a proposta palmeirense.

Não me arrependo, porque a decisão estava baseada em respeito e carinho com o Independiente del Valle. Há certos valores que estão acima de dinheiro e êxito esportivo. Tenho um grande carinho pelo pessoal do Palmeiras

Miguel Ángel Ramírez, técnico do Real Sporting de Gijón ao 'Estadão'

Miguel Ángel Ramírez assumiu o comando do Real Sporting de Gijón em janeiro de 2023. Foto: Real Sporting via X

Nascido em Las Palmas, nas Ilhas Canárias, Ramírez virou um andarilho da bola. Sua especialidade são as categorias de base. Passou por Grécia e Catar antes de se mudar para a América do Sul. No Independiente del Valle, encontrou um clube que tem em seu centro de formação de atletas uma potência. Apesar do foco nas categorias de base, não desperdiçou a chance de assumir o time profissional. Logo em seu primeiro ano na equipe equatoriana, faturou a Copa Sul-Americana. O estilo de muita posse de bola e a capacidade de incorporar os jovens atletas fez o Palmeiras se interessar. Ao fim, o time alviverde ficou com Abel, que tem uma maneira de jogar bastante diferente, com foco na verticalidade.

“O futebol sul-americano e o futebol da Segunda Divisão da Espanha são muito distintos. Não se pode comparar. Na América do Sul, há muito talento individual, com atletas que vão às grandes ligas por têm capacidade. Já a Segunda Divisão espanhola não tem tanto talento individual, mas tem um bom conhecimento de jogo e coletividade, com jogadores disciplinados tecnicamente. Assim, todos os jogos são muito equilibrados, há poucos espaços, diferentemente da América do Sul. Aqui é muito mais difícil marcar gols, chegar à área... Na América do Sul é tudo ao contrário. Parecem esportes diferentes”, disse Ramírez.

Miguel Ángel Ramírez agradece a torcida do Real Sporting em jogo da Segunda Divisão da Espanha. Foto: Real Sporting via X

No início de 2021, ao pôr fim na temporada com o Independiente del Valle - prorrogada por causa da pandemia de covid-19 -, Ramírez aceitou o desafio de treinar o Internacional, que havia acabado de perder o título brasileiro para o Flamengo com requintes de crueldade, na rodada final. Foram cerca de três meses no time colorado, com um total de 22 jogos. O derradeiro aconteceu diante do Vitória, no Beira-Rio, pela Copa do Brasil. A derrota por 3 a 1 para uma equipe da Série B esgotou o trabalho do espanhol em Porto Alegre.

“No Internacional melhoramos o que foi o ano anterior. No Gauchão, chegamos à final. Na Libertadores, ficamos em primeiro na fase de grupos. A eliminação na Copa com um rival de categoria inferior é o suficiente para demitir um treinador que não tem o escudo como um técnico brasileiro veterano”, comentou Ramírez, que disse acompanhar o futebol brasileiro. “Vejo a classificação, os resultados, algum jogo pontual, porque tenho amizade com jogadores que treinei no Inter e no Del Valle.”

Ramírez entende que seu trabalho como treinador não pode se limitar à montagem de um time que pense exclusivamente em vencer suas partidas. Para o espanhol, sua tarefa é ajudar a construir um clube que incorpore as categorias de base e promova um hábito positivo capaz de fazê-lo prosperar.

“Sinceramente, não me considero um treinador para ganhar jogos de fim de semana. Eu gosto de estar nos clubes para ajudar a equipe a ser melhor. Tentei fazer no Inter, no Charlotte e agora no Sporting. Quero gerar bons hábitos para colocar o clube em outro nível. Se não tivesse feito todas as paradas por esses países, eu não seria o treinador e a pessoa que sou hoje. Sou melhor técnico e pessoa por isso. Fiz muitos amigos. Agora recebo mensagens do Brasil, EUA, Catar e Equador de apoio ao Sporting. Isso é o mais bonito do futebol”, afirmou Ramírez.

Em tom bem humorado, o espanhol relembrou as dificuldades do calendário do futebol brasileiro. Com tantos jogos, resta pouco tempo para um treinador implementar seu estilo e construir o que quer fora dos gramados. “Algum momento alguém terá de parar e questionar o calendário, os Estaduais, o Brasileirão. Sei que não vai mudar, mas seria bom que fizessem ao menos uma reflexão.”

Apesar da curta passagem no Brasill, Ramírez vislumbra um retorno ao País no futuro. “Quando me tornei treinador profissional queria ir para o Brasil. Com tantas ligações que estava recebendo de clubes brasileiros, tive de responder aos sinais, mesmo sabendo que duraria pouco. Mas quis viver a experiência. Eu gostaria de um dia voltar a viver essa experiência, porque ficou uma lembrança muito bonita do futebol e das pessoas do Brasil.”

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