Mulheres se organizam para viajar e reforçar torcida do Brasil na Copa do Mundo no Catar


Integrantes do grupo Elas no Movimento Verde e Amarelo, 65 torcedoras vão acompanhar o evento in loco

Por Ricardo Magatti e Lara Castelo

“Não iria sozinha para um jogo. A gente vai se organizar para irmos juntas”, conta Mariana Neme, 42, uma das fundadoras do Elas no Movimento Verde e Amarelo, grupo que reúne 65 torcedoras que irão à Copa do Mundo que começa neste domingo, 20, no Catar. “Estamos indo com coração e cabeça abertos, mas muito receio”, completa.

Mariana explica que há uma sensação geral de incerteza entre as mulheres que vão para o evento, devido às grandes diferenças culturais entre o Brasil e o Catar. Trata-se de um país muçulmano conservador, que criminaliza a homossexualidade e é muito criticado pela violação de direitos das mulheres e da comunidade LGBT+.

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Na contramão, Gianni Infantino, presidente da Fifa, organizadora do evento, declarou publicamente que todos serão bem-vindos ao torneio “independente da sua raça, origem, religião, gênero, orientação sexual ou nacionalidade”. Estão previstos mais de um milhão de visitantes para o evento, dentre os quais, muitos que nunca tiveram contato direto com a cultura árabe.

Elas no Movimento Verde e Amarelo, grupo que reúne 65 torcedoras que irão à Copa do Mundo que começa este mês no Catar. Foto: Arquivo pessoal

Mariana conta que no início do ano, pouquíssimas mulheres tinham confirmado a ida, mas com a proximidade das datas, este cenário mudou. “Eu acho que tem a ver com um frenesi, uma energia indescritível, que só sentimos em eventos dessa magnitude”, conta. Razão pela qual, mesmo com as incertezas sobre o país anfitrião do evento, ela diz continuar achando que vale a pena ir.

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Para Isabelle de Castro, professora do curso de Relações Internacionais da Fundação Armando Álvares Penteado (FAAP) e especialista em Oriente Médio, porém, por se tratar da Copa e de um país com mais de 90% da população composta por estrangeiros, os visitantes devem ser bem recebidos. “Um evento deste tamanho num país super pequeno, vai ter muito policiamento, muita gente olhando, eu acredito que vai ser super seguro, respeitadas as diferenças”.

Neste sentido, a especialista frisa a importância dos brasileiros respeitarem as regras locais, como a cobertura dos joelhos, ombros e cabelos em prédios públicos, museus e mesquitas, além de evitar demonstrações de afeto, como beijos e abraços, em locais públicos e o consumo de álcool apenas nos locais permitidos. Apesar de acreditar que não será necessário cobrir o cabelo na maior parte das situações, Isabelle sugere que as mulheres levem sempre consigo um lenço, em caso de necessidade.

Sobre os riscos de violência de gênero, Isabelle diz que as mulheres latino-americanas, infelizmente, já lidam com este receio no dia a dia e, por isso, conhecem alguns mecanismos para se proteger. “Minha recomendação é a mesma para qualquer mulher que viaje sozinha, independente do destino: respeitem as regras locais e tenham bom senso de andar em lugares com gente e iluminados”, diz Isabelle.

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A expectativa do Elas no MVA, contudo, é que nenhuma das participantes do grupo fique sozinha durante o evento. “Estamos organizando uma planilha com os horários de voos e jogos de cada uma para conseguirmos ficar juntas o máximo de tempo possível. Haverá encontros pré-jogo, caminhada para o estádio, com todos juntos”, conta Mariana, fazendo referência também aos demais participantes do Movimento Verde e Amarelo, que estarão lá.

Além disso, elas têm buscado se manter informadas com conhecidos que moram no Catar e, no caso de algum problema, pretendem recorrer a Embaixada do Brasil ou ao Qatar Supreme Committee for Delivery & Legacy, um dos Comitês organizadores do Catar. “Temos um canal de comunicação aberto com o Comitê e acreditamos que, caso necessário, eles, ao menos, possam endereçar as nossas demandas”, completa Mariana.

Elas no Movimento Verde e Amarelo, grupo que reúne 65 torcedoras que irão à Copa do Mundo que começa este mês no Catar.  Foto: Arquivo pessoal
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O país anfitrião também é alvo de acusações a respeito do uso de trabalho análogo à escravidão. Uma análise revelada em fevereiro de 2021 pelo jornal britânico The Guardian mostrou que, desde 2010, quando o Catar foi escolhido para sediar o evento, mais de 6,5 mil estrangeiros, da Índia, Paquistão, Nepal, Bangladesh e Sri Lanka morreram na construção de novos hotéis, estádios e infraestruturas relacionados ao evento. Segundo a reportagem, o governo do Catar declarou que este número seria proporcional ao tamanho da força de trabalho migrante local e que os óbitos nas construções representam menos de 10% deste total.

Sobre o tema, a Fifa declarou na última sexta-feira que “medidas para garantir a saúde e o bem estar dos operários que atuam nas obras da Copa do Mundo são uma prioridade”. Para Isabelle, porém, já passou da hora da entidade apurar essas denúncias e colocar luz sobre a questão dos direitos humanos nos países que escolhem como sede.

Organizada

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O Movimento Verde e Amarelo (MVA), espécie de torcida organizada presente em todos os jogos do Brasil em qualquer modalidade, vai apoiar a seleção brasileira pela quarta Copa consecutiva. No Catar, a estimativa é de que tenham cerca de cinco mil torcedores do movimento apoiando a equipe nacional em todas as partidas, fora os “torcedores comuns”, que acabam se juntando ao grupo.

Na contagem não estão inclusos os estrangeiros, sobretudo os indianos, principal reforço da torcida brasileira. “Também teremos torcedores de Bangladesh, do Sri Lanka, do Líbano, Paquistão, enfim, de uma série de países que possuem fãs da seleção brasileira”, conta Luiz Carvalho, cujo apelido é Vasco.

Ele é um dos fundadores da torcida e o criador de “Mil Gols”, primeira música que o movimento conseguiu emplacar na Copa de 2014, como provocação aos argentinos, e também de outros hits que se tornaram virais, como “Único penta é o Brasilzão”, lançado na Copa da Rússia, em 2018.

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O grupo criou quatro músicas para a Copa do Catar. A principal delas é “Camisa Amarela”, que Carvalho confia que tem potencial para viralizar. A canção é inspirada e segue o mesmo ritmo de “Minha Camisa Vermelha”, entoada pela torcida do Inter.

O repertório musical já foi todo passado aos indianos, que tentam superar a barreira do idioma para ajudar a engrossar o coro na festa verde e amarela no Catar. “Claro que vai ser um desafio, mas acredito que pelo menos uma música ou outra eles vão aprender e vão cantar com a gente no estádio”, acredita Carvalho.

Em 14 anos, o Movimento Verde Amarelo se estruturou. Hoje conta com mais de 3 mil torcedores, 200 em cargos de lideranças, e sete diretores, além de 170 embaixadas espalhadas pelo País. Em quatro anos, o perfil da torcida no Instagram saltou de 2 mil para 128 mil seguidores.

Além das músicas e da atuação nas arquibancadas, o grupo se destaca pelas mobilizações pré-jogo, oficinas de bateria, projetos sociais, recepções de seleções em hotéis, coleta de lixo nas arenas e caminhadas até os estádios. O MVA atualmente é um dos padrinhos do Time Olímpico do Brasil, nomeado pelo COB.

“Não iria sozinha para um jogo. A gente vai se organizar para irmos juntas”, conta Mariana Neme, 42, uma das fundadoras do Elas no Movimento Verde e Amarelo, grupo que reúne 65 torcedoras que irão à Copa do Mundo que começa neste domingo, 20, no Catar. “Estamos indo com coração e cabeça abertos, mas muito receio”, completa.

Mariana explica que há uma sensação geral de incerteza entre as mulheres que vão para o evento, devido às grandes diferenças culturais entre o Brasil e o Catar. Trata-se de um país muçulmano conservador, que criminaliza a homossexualidade e é muito criticado pela violação de direitos das mulheres e da comunidade LGBT+.

Na contramão, Gianni Infantino, presidente da Fifa, organizadora do evento, declarou publicamente que todos serão bem-vindos ao torneio “independente da sua raça, origem, religião, gênero, orientação sexual ou nacionalidade”. Estão previstos mais de um milhão de visitantes para o evento, dentre os quais, muitos que nunca tiveram contato direto com a cultura árabe.

Elas no Movimento Verde e Amarelo, grupo que reúne 65 torcedoras que irão à Copa do Mundo que começa este mês no Catar. Foto: Arquivo pessoal

Mariana conta que no início do ano, pouquíssimas mulheres tinham confirmado a ida, mas com a proximidade das datas, este cenário mudou. “Eu acho que tem a ver com um frenesi, uma energia indescritível, que só sentimos em eventos dessa magnitude”, conta. Razão pela qual, mesmo com as incertezas sobre o país anfitrião do evento, ela diz continuar achando que vale a pena ir.

Para Isabelle de Castro, professora do curso de Relações Internacionais da Fundação Armando Álvares Penteado (FAAP) e especialista em Oriente Médio, porém, por se tratar da Copa e de um país com mais de 90% da população composta por estrangeiros, os visitantes devem ser bem recebidos. “Um evento deste tamanho num país super pequeno, vai ter muito policiamento, muita gente olhando, eu acredito que vai ser super seguro, respeitadas as diferenças”.

Neste sentido, a especialista frisa a importância dos brasileiros respeitarem as regras locais, como a cobertura dos joelhos, ombros e cabelos em prédios públicos, museus e mesquitas, além de evitar demonstrações de afeto, como beijos e abraços, em locais públicos e o consumo de álcool apenas nos locais permitidos. Apesar de acreditar que não será necessário cobrir o cabelo na maior parte das situações, Isabelle sugere que as mulheres levem sempre consigo um lenço, em caso de necessidade.

Sobre os riscos de violência de gênero, Isabelle diz que as mulheres latino-americanas, infelizmente, já lidam com este receio no dia a dia e, por isso, conhecem alguns mecanismos para se proteger. “Minha recomendação é a mesma para qualquer mulher que viaje sozinha, independente do destino: respeitem as regras locais e tenham bom senso de andar em lugares com gente e iluminados”, diz Isabelle.

A expectativa do Elas no MVA, contudo, é que nenhuma das participantes do grupo fique sozinha durante o evento. “Estamos organizando uma planilha com os horários de voos e jogos de cada uma para conseguirmos ficar juntas o máximo de tempo possível. Haverá encontros pré-jogo, caminhada para o estádio, com todos juntos”, conta Mariana, fazendo referência também aos demais participantes do Movimento Verde e Amarelo, que estarão lá.

Além disso, elas têm buscado se manter informadas com conhecidos que moram no Catar e, no caso de algum problema, pretendem recorrer a Embaixada do Brasil ou ao Qatar Supreme Committee for Delivery & Legacy, um dos Comitês organizadores do Catar. “Temos um canal de comunicação aberto com o Comitê e acreditamos que, caso necessário, eles, ao menos, possam endereçar as nossas demandas”, completa Mariana.

Elas no Movimento Verde e Amarelo, grupo que reúne 65 torcedoras que irão à Copa do Mundo que começa este mês no Catar.  Foto: Arquivo pessoal

O país anfitrião também é alvo de acusações a respeito do uso de trabalho análogo à escravidão. Uma análise revelada em fevereiro de 2021 pelo jornal britânico The Guardian mostrou que, desde 2010, quando o Catar foi escolhido para sediar o evento, mais de 6,5 mil estrangeiros, da Índia, Paquistão, Nepal, Bangladesh e Sri Lanka morreram na construção de novos hotéis, estádios e infraestruturas relacionados ao evento. Segundo a reportagem, o governo do Catar declarou que este número seria proporcional ao tamanho da força de trabalho migrante local e que os óbitos nas construções representam menos de 10% deste total.

Sobre o tema, a Fifa declarou na última sexta-feira que “medidas para garantir a saúde e o bem estar dos operários que atuam nas obras da Copa do Mundo são uma prioridade”. Para Isabelle, porém, já passou da hora da entidade apurar essas denúncias e colocar luz sobre a questão dos direitos humanos nos países que escolhem como sede.

Organizada

O Movimento Verde e Amarelo (MVA), espécie de torcida organizada presente em todos os jogos do Brasil em qualquer modalidade, vai apoiar a seleção brasileira pela quarta Copa consecutiva. No Catar, a estimativa é de que tenham cerca de cinco mil torcedores do movimento apoiando a equipe nacional em todas as partidas, fora os “torcedores comuns”, que acabam se juntando ao grupo.

Na contagem não estão inclusos os estrangeiros, sobretudo os indianos, principal reforço da torcida brasileira. “Também teremos torcedores de Bangladesh, do Sri Lanka, do Líbano, Paquistão, enfim, de uma série de países que possuem fãs da seleção brasileira”, conta Luiz Carvalho, cujo apelido é Vasco.

Ele é um dos fundadores da torcida e o criador de “Mil Gols”, primeira música que o movimento conseguiu emplacar na Copa de 2014, como provocação aos argentinos, e também de outros hits que se tornaram virais, como “Único penta é o Brasilzão”, lançado na Copa da Rússia, em 2018.

O grupo criou quatro músicas para a Copa do Catar. A principal delas é “Camisa Amarela”, que Carvalho confia que tem potencial para viralizar. A canção é inspirada e segue o mesmo ritmo de “Minha Camisa Vermelha”, entoada pela torcida do Inter.

O repertório musical já foi todo passado aos indianos, que tentam superar a barreira do idioma para ajudar a engrossar o coro na festa verde e amarela no Catar. “Claro que vai ser um desafio, mas acredito que pelo menos uma música ou outra eles vão aprender e vão cantar com a gente no estádio”, acredita Carvalho.

Em 14 anos, o Movimento Verde Amarelo se estruturou. Hoje conta com mais de 3 mil torcedores, 200 em cargos de lideranças, e sete diretores, além de 170 embaixadas espalhadas pelo País. Em quatro anos, o perfil da torcida no Instagram saltou de 2 mil para 128 mil seguidores.

Além das músicas e da atuação nas arquibancadas, o grupo se destaca pelas mobilizações pré-jogo, oficinas de bateria, projetos sociais, recepções de seleções em hotéis, coleta de lixo nas arenas e caminhadas até os estádios. O MVA atualmente é um dos padrinhos do Time Olímpico do Brasil, nomeado pelo COB.

“Não iria sozinha para um jogo. A gente vai se organizar para irmos juntas”, conta Mariana Neme, 42, uma das fundadoras do Elas no Movimento Verde e Amarelo, grupo que reúne 65 torcedoras que irão à Copa do Mundo que começa neste domingo, 20, no Catar. “Estamos indo com coração e cabeça abertos, mas muito receio”, completa.

Mariana explica que há uma sensação geral de incerteza entre as mulheres que vão para o evento, devido às grandes diferenças culturais entre o Brasil e o Catar. Trata-se de um país muçulmano conservador, que criminaliza a homossexualidade e é muito criticado pela violação de direitos das mulheres e da comunidade LGBT+.

Na contramão, Gianni Infantino, presidente da Fifa, organizadora do evento, declarou publicamente que todos serão bem-vindos ao torneio “independente da sua raça, origem, religião, gênero, orientação sexual ou nacionalidade”. Estão previstos mais de um milhão de visitantes para o evento, dentre os quais, muitos que nunca tiveram contato direto com a cultura árabe.

Elas no Movimento Verde e Amarelo, grupo que reúne 65 torcedoras que irão à Copa do Mundo que começa este mês no Catar. Foto: Arquivo pessoal

Mariana conta que no início do ano, pouquíssimas mulheres tinham confirmado a ida, mas com a proximidade das datas, este cenário mudou. “Eu acho que tem a ver com um frenesi, uma energia indescritível, que só sentimos em eventos dessa magnitude”, conta. Razão pela qual, mesmo com as incertezas sobre o país anfitrião do evento, ela diz continuar achando que vale a pena ir.

Para Isabelle de Castro, professora do curso de Relações Internacionais da Fundação Armando Álvares Penteado (FAAP) e especialista em Oriente Médio, porém, por se tratar da Copa e de um país com mais de 90% da população composta por estrangeiros, os visitantes devem ser bem recebidos. “Um evento deste tamanho num país super pequeno, vai ter muito policiamento, muita gente olhando, eu acredito que vai ser super seguro, respeitadas as diferenças”.

Neste sentido, a especialista frisa a importância dos brasileiros respeitarem as regras locais, como a cobertura dos joelhos, ombros e cabelos em prédios públicos, museus e mesquitas, além de evitar demonstrações de afeto, como beijos e abraços, em locais públicos e o consumo de álcool apenas nos locais permitidos. Apesar de acreditar que não será necessário cobrir o cabelo na maior parte das situações, Isabelle sugere que as mulheres levem sempre consigo um lenço, em caso de necessidade.

Sobre os riscos de violência de gênero, Isabelle diz que as mulheres latino-americanas, infelizmente, já lidam com este receio no dia a dia e, por isso, conhecem alguns mecanismos para se proteger. “Minha recomendação é a mesma para qualquer mulher que viaje sozinha, independente do destino: respeitem as regras locais e tenham bom senso de andar em lugares com gente e iluminados”, diz Isabelle.

A expectativa do Elas no MVA, contudo, é que nenhuma das participantes do grupo fique sozinha durante o evento. “Estamos organizando uma planilha com os horários de voos e jogos de cada uma para conseguirmos ficar juntas o máximo de tempo possível. Haverá encontros pré-jogo, caminhada para o estádio, com todos juntos”, conta Mariana, fazendo referência também aos demais participantes do Movimento Verde e Amarelo, que estarão lá.

Além disso, elas têm buscado se manter informadas com conhecidos que moram no Catar e, no caso de algum problema, pretendem recorrer a Embaixada do Brasil ou ao Qatar Supreme Committee for Delivery & Legacy, um dos Comitês organizadores do Catar. “Temos um canal de comunicação aberto com o Comitê e acreditamos que, caso necessário, eles, ao menos, possam endereçar as nossas demandas”, completa Mariana.

Elas no Movimento Verde e Amarelo, grupo que reúne 65 torcedoras que irão à Copa do Mundo que começa este mês no Catar.  Foto: Arquivo pessoal

O país anfitrião também é alvo de acusações a respeito do uso de trabalho análogo à escravidão. Uma análise revelada em fevereiro de 2021 pelo jornal britânico The Guardian mostrou que, desde 2010, quando o Catar foi escolhido para sediar o evento, mais de 6,5 mil estrangeiros, da Índia, Paquistão, Nepal, Bangladesh e Sri Lanka morreram na construção de novos hotéis, estádios e infraestruturas relacionados ao evento. Segundo a reportagem, o governo do Catar declarou que este número seria proporcional ao tamanho da força de trabalho migrante local e que os óbitos nas construções representam menos de 10% deste total.

Sobre o tema, a Fifa declarou na última sexta-feira que “medidas para garantir a saúde e o bem estar dos operários que atuam nas obras da Copa do Mundo são uma prioridade”. Para Isabelle, porém, já passou da hora da entidade apurar essas denúncias e colocar luz sobre a questão dos direitos humanos nos países que escolhem como sede.

Organizada

O Movimento Verde e Amarelo (MVA), espécie de torcida organizada presente em todos os jogos do Brasil em qualquer modalidade, vai apoiar a seleção brasileira pela quarta Copa consecutiva. No Catar, a estimativa é de que tenham cerca de cinco mil torcedores do movimento apoiando a equipe nacional em todas as partidas, fora os “torcedores comuns”, que acabam se juntando ao grupo.

Na contagem não estão inclusos os estrangeiros, sobretudo os indianos, principal reforço da torcida brasileira. “Também teremos torcedores de Bangladesh, do Sri Lanka, do Líbano, Paquistão, enfim, de uma série de países que possuem fãs da seleção brasileira”, conta Luiz Carvalho, cujo apelido é Vasco.

Ele é um dos fundadores da torcida e o criador de “Mil Gols”, primeira música que o movimento conseguiu emplacar na Copa de 2014, como provocação aos argentinos, e também de outros hits que se tornaram virais, como “Único penta é o Brasilzão”, lançado na Copa da Rússia, em 2018.

O grupo criou quatro músicas para a Copa do Catar. A principal delas é “Camisa Amarela”, que Carvalho confia que tem potencial para viralizar. A canção é inspirada e segue o mesmo ritmo de “Minha Camisa Vermelha”, entoada pela torcida do Inter.

O repertório musical já foi todo passado aos indianos, que tentam superar a barreira do idioma para ajudar a engrossar o coro na festa verde e amarela no Catar. “Claro que vai ser um desafio, mas acredito que pelo menos uma música ou outra eles vão aprender e vão cantar com a gente no estádio”, acredita Carvalho.

Em 14 anos, o Movimento Verde Amarelo se estruturou. Hoje conta com mais de 3 mil torcedores, 200 em cargos de lideranças, e sete diretores, além de 170 embaixadas espalhadas pelo País. Em quatro anos, o perfil da torcida no Instagram saltou de 2 mil para 128 mil seguidores.

Além das músicas e da atuação nas arquibancadas, o grupo se destaca pelas mobilizações pré-jogo, oficinas de bateria, projetos sociais, recepções de seleções em hotéis, coleta de lixo nas arenas e caminhadas até os estádios. O MVA atualmente é um dos padrinhos do Time Olímpico do Brasil, nomeado pelo COB.

“Não iria sozinha para um jogo. A gente vai se organizar para irmos juntas”, conta Mariana Neme, 42, uma das fundadoras do Elas no Movimento Verde e Amarelo, grupo que reúne 65 torcedoras que irão à Copa do Mundo que começa neste domingo, 20, no Catar. “Estamos indo com coração e cabeça abertos, mas muito receio”, completa.

Mariana explica que há uma sensação geral de incerteza entre as mulheres que vão para o evento, devido às grandes diferenças culturais entre o Brasil e o Catar. Trata-se de um país muçulmano conservador, que criminaliza a homossexualidade e é muito criticado pela violação de direitos das mulheres e da comunidade LGBT+.

Na contramão, Gianni Infantino, presidente da Fifa, organizadora do evento, declarou publicamente que todos serão bem-vindos ao torneio “independente da sua raça, origem, religião, gênero, orientação sexual ou nacionalidade”. Estão previstos mais de um milhão de visitantes para o evento, dentre os quais, muitos que nunca tiveram contato direto com a cultura árabe.

Elas no Movimento Verde e Amarelo, grupo que reúne 65 torcedoras que irão à Copa do Mundo que começa este mês no Catar. Foto: Arquivo pessoal

Mariana conta que no início do ano, pouquíssimas mulheres tinham confirmado a ida, mas com a proximidade das datas, este cenário mudou. “Eu acho que tem a ver com um frenesi, uma energia indescritível, que só sentimos em eventos dessa magnitude”, conta. Razão pela qual, mesmo com as incertezas sobre o país anfitrião do evento, ela diz continuar achando que vale a pena ir.

Para Isabelle de Castro, professora do curso de Relações Internacionais da Fundação Armando Álvares Penteado (FAAP) e especialista em Oriente Médio, porém, por se tratar da Copa e de um país com mais de 90% da população composta por estrangeiros, os visitantes devem ser bem recebidos. “Um evento deste tamanho num país super pequeno, vai ter muito policiamento, muita gente olhando, eu acredito que vai ser super seguro, respeitadas as diferenças”.

Neste sentido, a especialista frisa a importância dos brasileiros respeitarem as regras locais, como a cobertura dos joelhos, ombros e cabelos em prédios públicos, museus e mesquitas, além de evitar demonstrações de afeto, como beijos e abraços, em locais públicos e o consumo de álcool apenas nos locais permitidos. Apesar de acreditar que não será necessário cobrir o cabelo na maior parte das situações, Isabelle sugere que as mulheres levem sempre consigo um lenço, em caso de necessidade.

Sobre os riscos de violência de gênero, Isabelle diz que as mulheres latino-americanas, infelizmente, já lidam com este receio no dia a dia e, por isso, conhecem alguns mecanismos para se proteger. “Minha recomendação é a mesma para qualquer mulher que viaje sozinha, independente do destino: respeitem as regras locais e tenham bom senso de andar em lugares com gente e iluminados”, diz Isabelle.

A expectativa do Elas no MVA, contudo, é que nenhuma das participantes do grupo fique sozinha durante o evento. “Estamos organizando uma planilha com os horários de voos e jogos de cada uma para conseguirmos ficar juntas o máximo de tempo possível. Haverá encontros pré-jogo, caminhada para o estádio, com todos juntos”, conta Mariana, fazendo referência também aos demais participantes do Movimento Verde e Amarelo, que estarão lá.

Além disso, elas têm buscado se manter informadas com conhecidos que moram no Catar e, no caso de algum problema, pretendem recorrer a Embaixada do Brasil ou ao Qatar Supreme Committee for Delivery & Legacy, um dos Comitês organizadores do Catar. “Temos um canal de comunicação aberto com o Comitê e acreditamos que, caso necessário, eles, ao menos, possam endereçar as nossas demandas”, completa Mariana.

Elas no Movimento Verde e Amarelo, grupo que reúne 65 torcedoras que irão à Copa do Mundo que começa este mês no Catar.  Foto: Arquivo pessoal

O país anfitrião também é alvo de acusações a respeito do uso de trabalho análogo à escravidão. Uma análise revelada em fevereiro de 2021 pelo jornal britânico The Guardian mostrou que, desde 2010, quando o Catar foi escolhido para sediar o evento, mais de 6,5 mil estrangeiros, da Índia, Paquistão, Nepal, Bangladesh e Sri Lanka morreram na construção de novos hotéis, estádios e infraestruturas relacionados ao evento. Segundo a reportagem, o governo do Catar declarou que este número seria proporcional ao tamanho da força de trabalho migrante local e que os óbitos nas construções representam menos de 10% deste total.

Sobre o tema, a Fifa declarou na última sexta-feira que “medidas para garantir a saúde e o bem estar dos operários que atuam nas obras da Copa do Mundo são uma prioridade”. Para Isabelle, porém, já passou da hora da entidade apurar essas denúncias e colocar luz sobre a questão dos direitos humanos nos países que escolhem como sede.

Organizada

O Movimento Verde e Amarelo (MVA), espécie de torcida organizada presente em todos os jogos do Brasil em qualquer modalidade, vai apoiar a seleção brasileira pela quarta Copa consecutiva. No Catar, a estimativa é de que tenham cerca de cinco mil torcedores do movimento apoiando a equipe nacional em todas as partidas, fora os “torcedores comuns”, que acabam se juntando ao grupo.

Na contagem não estão inclusos os estrangeiros, sobretudo os indianos, principal reforço da torcida brasileira. “Também teremos torcedores de Bangladesh, do Sri Lanka, do Líbano, Paquistão, enfim, de uma série de países que possuem fãs da seleção brasileira”, conta Luiz Carvalho, cujo apelido é Vasco.

Ele é um dos fundadores da torcida e o criador de “Mil Gols”, primeira música que o movimento conseguiu emplacar na Copa de 2014, como provocação aos argentinos, e também de outros hits que se tornaram virais, como “Único penta é o Brasilzão”, lançado na Copa da Rússia, em 2018.

O grupo criou quatro músicas para a Copa do Catar. A principal delas é “Camisa Amarela”, que Carvalho confia que tem potencial para viralizar. A canção é inspirada e segue o mesmo ritmo de “Minha Camisa Vermelha”, entoada pela torcida do Inter.

O repertório musical já foi todo passado aos indianos, que tentam superar a barreira do idioma para ajudar a engrossar o coro na festa verde e amarela no Catar. “Claro que vai ser um desafio, mas acredito que pelo menos uma música ou outra eles vão aprender e vão cantar com a gente no estádio”, acredita Carvalho.

Em 14 anos, o Movimento Verde Amarelo se estruturou. Hoje conta com mais de 3 mil torcedores, 200 em cargos de lideranças, e sete diretores, além de 170 embaixadas espalhadas pelo País. Em quatro anos, o perfil da torcida no Instagram saltou de 2 mil para 128 mil seguidores.

Além das músicas e da atuação nas arquibancadas, o grupo se destaca pelas mobilizações pré-jogo, oficinas de bateria, projetos sociais, recepções de seleções em hotéis, coleta de lixo nas arenas e caminhadas até os estádios. O MVA atualmente é um dos padrinhos do Time Olímpico do Brasil, nomeado pelo COB.

“Não iria sozinha para um jogo. A gente vai se organizar para irmos juntas”, conta Mariana Neme, 42, uma das fundadoras do Elas no Movimento Verde e Amarelo, grupo que reúne 65 torcedoras que irão à Copa do Mundo que começa neste domingo, 20, no Catar. “Estamos indo com coração e cabeça abertos, mas muito receio”, completa.

Mariana explica que há uma sensação geral de incerteza entre as mulheres que vão para o evento, devido às grandes diferenças culturais entre o Brasil e o Catar. Trata-se de um país muçulmano conservador, que criminaliza a homossexualidade e é muito criticado pela violação de direitos das mulheres e da comunidade LGBT+.

Na contramão, Gianni Infantino, presidente da Fifa, organizadora do evento, declarou publicamente que todos serão bem-vindos ao torneio “independente da sua raça, origem, religião, gênero, orientação sexual ou nacionalidade”. Estão previstos mais de um milhão de visitantes para o evento, dentre os quais, muitos que nunca tiveram contato direto com a cultura árabe.

Elas no Movimento Verde e Amarelo, grupo que reúne 65 torcedoras que irão à Copa do Mundo que começa este mês no Catar. Foto: Arquivo pessoal

Mariana conta que no início do ano, pouquíssimas mulheres tinham confirmado a ida, mas com a proximidade das datas, este cenário mudou. “Eu acho que tem a ver com um frenesi, uma energia indescritível, que só sentimos em eventos dessa magnitude”, conta. Razão pela qual, mesmo com as incertezas sobre o país anfitrião do evento, ela diz continuar achando que vale a pena ir.

Para Isabelle de Castro, professora do curso de Relações Internacionais da Fundação Armando Álvares Penteado (FAAP) e especialista em Oriente Médio, porém, por se tratar da Copa e de um país com mais de 90% da população composta por estrangeiros, os visitantes devem ser bem recebidos. “Um evento deste tamanho num país super pequeno, vai ter muito policiamento, muita gente olhando, eu acredito que vai ser super seguro, respeitadas as diferenças”.

Neste sentido, a especialista frisa a importância dos brasileiros respeitarem as regras locais, como a cobertura dos joelhos, ombros e cabelos em prédios públicos, museus e mesquitas, além de evitar demonstrações de afeto, como beijos e abraços, em locais públicos e o consumo de álcool apenas nos locais permitidos. Apesar de acreditar que não será necessário cobrir o cabelo na maior parte das situações, Isabelle sugere que as mulheres levem sempre consigo um lenço, em caso de necessidade.

Sobre os riscos de violência de gênero, Isabelle diz que as mulheres latino-americanas, infelizmente, já lidam com este receio no dia a dia e, por isso, conhecem alguns mecanismos para se proteger. “Minha recomendação é a mesma para qualquer mulher que viaje sozinha, independente do destino: respeitem as regras locais e tenham bom senso de andar em lugares com gente e iluminados”, diz Isabelle.

A expectativa do Elas no MVA, contudo, é que nenhuma das participantes do grupo fique sozinha durante o evento. “Estamos organizando uma planilha com os horários de voos e jogos de cada uma para conseguirmos ficar juntas o máximo de tempo possível. Haverá encontros pré-jogo, caminhada para o estádio, com todos juntos”, conta Mariana, fazendo referência também aos demais participantes do Movimento Verde e Amarelo, que estarão lá.

Além disso, elas têm buscado se manter informadas com conhecidos que moram no Catar e, no caso de algum problema, pretendem recorrer a Embaixada do Brasil ou ao Qatar Supreme Committee for Delivery & Legacy, um dos Comitês organizadores do Catar. “Temos um canal de comunicação aberto com o Comitê e acreditamos que, caso necessário, eles, ao menos, possam endereçar as nossas demandas”, completa Mariana.

Elas no Movimento Verde e Amarelo, grupo que reúne 65 torcedoras que irão à Copa do Mundo que começa este mês no Catar.  Foto: Arquivo pessoal

O país anfitrião também é alvo de acusações a respeito do uso de trabalho análogo à escravidão. Uma análise revelada em fevereiro de 2021 pelo jornal britânico The Guardian mostrou que, desde 2010, quando o Catar foi escolhido para sediar o evento, mais de 6,5 mil estrangeiros, da Índia, Paquistão, Nepal, Bangladesh e Sri Lanka morreram na construção de novos hotéis, estádios e infraestruturas relacionados ao evento. Segundo a reportagem, o governo do Catar declarou que este número seria proporcional ao tamanho da força de trabalho migrante local e que os óbitos nas construções representam menos de 10% deste total.

Sobre o tema, a Fifa declarou na última sexta-feira que “medidas para garantir a saúde e o bem estar dos operários que atuam nas obras da Copa do Mundo são uma prioridade”. Para Isabelle, porém, já passou da hora da entidade apurar essas denúncias e colocar luz sobre a questão dos direitos humanos nos países que escolhem como sede.

Organizada

O Movimento Verde e Amarelo (MVA), espécie de torcida organizada presente em todos os jogos do Brasil em qualquer modalidade, vai apoiar a seleção brasileira pela quarta Copa consecutiva. No Catar, a estimativa é de que tenham cerca de cinco mil torcedores do movimento apoiando a equipe nacional em todas as partidas, fora os “torcedores comuns”, que acabam se juntando ao grupo.

Na contagem não estão inclusos os estrangeiros, sobretudo os indianos, principal reforço da torcida brasileira. “Também teremos torcedores de Bangladesh, do Sri Lanka, do Líbano, Paquistão, enfim, de uma série de países que possuem fãs da seleção brasileira”, conta Luiz Carvalho, cujo apelido é Vasco.

Ele é um dos fundadores da torcida e o criador de “Mil Gols”, primeira música que o movimento conseguiu emplacar na Copa de 2014, como provocação aos argentinos, e também de outros hits que se tornaram virais, como “Único penta é o Brasilzão”, lançado na Copa da Rússia, em 2018.

O grupo criou quatro músicas para a Copa do Catar. A principal delas é “Camisa Amarela”, que Carvalho confia que tem potencial para viralizar. A canção é inspirada e segue o mesmo ritmo de “Minha Camisa Vermelha”, entoada pela torcida do Inter.

O repertório musical já foi todo passado aos indianos, que tentam superar a barreira do idioma para ajudar a engrossar o coro na festa verde e amarela no Catar. “Claro que vai ser um desafio, mas acredito que pelo menos uma música ou outra eles vão aprender e vão cantar com a gente no estádio”, acredita Carvalho.

Em 14 anos, o Movimento Verde Amarelo se estruturou. Hoje conta com mais de 3 mil torcedores, 200 em cargos de lideranças, e sete diretores, além de 170 embaixadas espalhadas pelo País. Em quatro anos, o perfil da torcida no Instagram saltou de 2 mil para 128 mil seguidores.

Além das músicas e da atuação nas arquibancadas, o grupo se destaca pelas mobilizações pré-jogo, oficinas de bateria, projetos sociais, recepções de seleções em hotéis, coleta de lixo nas arenas e caminhadas até os estádios. O MVA atualmente é um dos padrinhos do Time Olímpico do Brasil, nomeado pelo COB.

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