Neto de atriz e surfista nas horas vagas: quem é o único brasileiro no futebol argentino


Lenny Lobato vê situação econômica do país vizinho como impeditivo para atrair estrangeiros, mas valoriza o aprendizado tático oferecido na terra de Messi e Maradona

Por Bruno Accorsi

Lenny Lobato mora em Buenos Aires e passa os dias na metrópole com saudades das praias de Búzios, sua terra natal e onde costuma surfar nas férias. A residência em solo portenho se dá por motivos profissionais, mas também por ligação de sangue. Aos 23 anos, ele é atacante do Vélez Sarsfield e o único brasileiro que joga o Campeonato Argentino, situação à qual foi conduzido por sua árvore genealógica, pois é filho de argentinos radicados no litoral fluminense. Os pais, Maria Gabriela Romanelli e Adrián Ricardo Lobato, se mudaram para lá no início dos anos 2000, após se apaixonarem pelo local durante uma viagem.

Embora seja jogador de futebol, Lenny não é o membro mais famoso da família. Tal posto pertence à sua avó paterna, Nélida Lobato, dançarina, vedete, modelo e atriz argentina que fez sucesso entre as décadas de 1950 e 1970. A artista se apresentou no famoso clube Lido, de Paris, e gravou o filme Scream of The Butterfly nos EUA, além de ter sido bem-sucedida no cinema e um símbolo do teatro de seu país.

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O jovem atleta não conheceu Nélida, morta em 1982, e perdeu o pai quando ainda era criança. Por isso, ouviu pouco sobre a avó até começar a jogar no Vélez e ver o parentesco se tornar assunto recorrente na mídia e entre a torcida.

“Sempre comentavam sobre ela. Foi aí que tive mais interesse em procurar um pouco sobre a vida dela. Com era da parte do meu pai, não me contaram muito, contavam mais coisas do lado da minha mãe, mas agora eu tomei mais dimensão de quem ela foi, como foi a carreira dela”, conta Lenny ao Estadão.

Ícone do teatro argentino, Nélida Lobato morreu em 1982. Foto: Divulgação/Arquivo/Estúdio Luisita
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Foi o futebol que pavimentou o caminho para o atacante se conectar um pouco mais com a história de Nélida, a partir do momento em que deixou o Brasil, aos 16 anos, para fazer testes na Argentina. Antes da viagem definitiva à terra de origem da família, chegou a atuar nas categorias de base do Madureira, em passagem que durou cerca de cinco meses. “Lá eu não estava me sentindo bem. Estava longe da minha mãe, dos amigos. Por mais que fosse perto, no Rio, pensava que podia achar uma coisa melhor”, lembra.

Então, a mãe contatou parentes do país vizinho para tentar conseguir testes para o filho em algum clube argentino. Lenny chegou a passar na peneira do All Boys e treinou por um mês, mas foi impedido de se juntar ao time porque não tinha identidade argentina. Depois disso, um tio fanático pelo Vélez se animou com o fato de o sobrinho ter passado em um teste e se esforçou para colocá-lo no time de coração. Viu a notícia de uma peneira no site do clube, ajudou com a burocracia e ficou radiante quando soube que Lenny havia passado.

Desde 2017, portanto, o atacante mora na Argentina e defende a camisa do Vélez. No Brasil, deixou muitos amigos, a namorada e o surfe, uma de suas paixões. O litoral argentino até oferece boas ondas aos surfistas, como em Mar del Plata, por exemplo, mas a distância e a rotina como jogador impedem que Lenny desfrute disso.

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Só nas férias, quando consegue viajar para Búzios, volta a subir na prancha. Apesar da paixão, jamais esteve dividido entre o surfe e o futebol. “Nunca fui bom o suficiente para tentar ser profissional, mas é um esporte que eu amo muito, que eu acompanho profissionalmente. Sempre que eu tenho oportunidade, estou no mar tentando aprender um pouquinho mais”, explica.

Em Buenos Aires, cultivou outro hobby esportivo: o basquete, modalidade muito popular entre os ‘hermanos’. “Eu pratico há mais de um ano, mais ou menos. Ultimamente estou jogando bastante com o pessoal e gosto de assistir, mas ainda não torço pra nenhum time. Quero ir para os Estados Unidos assistir jogos e ver qual eu vou gostar”, afirma.

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Lenny Lobato é nascido em Búzios e tem o surfe como hobby Foto: Divulgação/Arquivo pessoal

Por que brasileiros não jogam na Argentina?

A ascendência argentina facilitou a adaptação de Lenny ao futebol e aos costumes do país, por isso ele é um caso raro de brasileiro jogando por lá. Poucos fãs do esporte conseguiriam listar ao menos cinco jogadores do Brasil que atuaram por times argentinos.

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A lista curta tem nomes como Domingos da Guia (Boca Juniors, 1935/1936), Heleno de Freitas (Boca Juniors, 1948), Iarley (Boca Juniors, 2003) e Jardel (Newell’s Old Boys, 2004). Para o atacante do Vélez, hoje em dia, o motivo para brasileiros não jogarem na Argentina é claramente a situação econômica do país.

“Acho que é 100% econômico, além de o Brasileiro ser midiaticamente muito melhor. Você tem tem mais times que podem brigar pelo campeonato, tem elencos que brigam com a Europa. Aqui é um país que economicamente está mal há muitos anos. A economia da Argentina é ruim. Os salários são muito baixos comparado ao Brasil, não tem como competir. Acho que um time do Chile, um grande do Paraguai ou até do Uruguai paga mais do que aqui... é impossível brigar com o Brasil. Para os daqui, o sonho é ir para o Brasil, para Europa”, avalia.

Atualmente, o Campeonato Argentino, disputado por 28 clubes, tem 48 jogadores de origem ou ascendência estrangeira. Destes, 21 têm também, como Lenny, a nacionalidade argentina. Há casos como o de Ezequiel Ham, do Independiente Rivadavia, que nasceu em Buenos Aires e defende a seleção da Síria, e como o dos irmãos Alan (Huracán) e Joel Soñora (Rivadavia), americanos de pai argentino.

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O Uruguai é o país que tem mais jogadores atuando no campeonato dos ‘hermanos’. São 48 uruguaios, dos quais Tiago Palacios, do Boca Juniors, é o único que tem nacionalidade argentina, mas defende a seleção celeste.

Lenny vem ganhando espaço no Vélez na atual temporada. Foto: Divulgação/Vélez Sarsfield

Ascensão na carreira e objetivos

No futebol de poucos estrangeiros e salários baixos, Lenny Lobato não deixa de ver os pontos positivos e destaca o aprendizado tático que teve desde que passou a jogar na terra de seus pais. “É um campeonato que te prepara para qualquer torneio mundo afora, porque é muito evoluído taticamente. Você pode ver, hoje em dia, treinadores argentinos estão entre os melhores do mundo. Os times com menos economia conseguem brigar. É um futebol muito tático, muito pegado com muita intensidade. Isso ajuda qualquer jogador que sai daqui a brilhar tanto na Europa como no Brasil”.

O atacante vive um momento de ascensão na carreira. Ele fez a primeira aparição no time profissional do Vélez em 2019, mas só começou a receber mais oportunidades no ano passado, quando fez 22 jogos, marcou um gol e deu duas assistências. Na atual temporada, vem sendo mais aproveitado e já tem dois gols em 13 partidas. Foram nove saindo do banco e quatro como titular.

“É o meu melhor momento, estou crescendo na minha carreira profissional. Ano passado eu tive bastante oportunidade com o Gareca (Ricardo, ex-técnico do Palmeiras). Agora, com o treinador novo, o Gustavo Quinteros, estou tendo muita oportunidade. Estou participando mais do time, fazendo gols e ajudando a equipe”, diz o jogador.

Lenny espera que a evolução continue e, um dia, o leve a ter oportunidades de jogar no Brasil. “É um sonho poder jogar no Brasil, cresci vendo o futebol brasileiro. Então, eu sempre sonhava em jogar um Campeonato Brasileiro. Lógico, jogar na Europa e tudo mais, mas no Brasil seria um sonho”, conta.

Se um dia tiver de escolher entre defender uma seleção ou outra, a decisão não viria com facilidade. “Quando eu era criança, eu falava que eu que eu jogaria pela seleção brasileira, sem pensar duas vezes. Só que hoje, morando aqui há tantos anos, tendo toda a minha família aqui, seria difícil.”

Lenny Lobato mora em Buenos Aires e passa os dias na metrópole com saudades das praias de Búzios, sua terra natal e onde costuma surfar nas férias. A residência em solo portenho se dá por motivos profissionais, mas também por ligação de sangue. Aos 23 anos, ele é atacante do Vélez Sarsfield e o único brasileiro que joga o Campeonato Argentino, situação à qual foi conduzido por sua árvore genealógica, pois é filho de argentinos radicados no litoral fluminense. Os pais, Maria Gabriela Romanelli e Adrián Ricardo Lobato, se mudaram para lá no início dos anos 2000, após se apaixonarem pelo local durante uma viagem.

Embora seja jogador de futebol, Lenny não é o membro mais famoso da família. Tal posto pertence à sua avó paterna, Nélida Lobato, dançarina, vedete, modelo e atriz argentina que fez sucesso entre as décadas de 1950 e 1970. A artista se apresentou no famoso clube Lido, de Paris, e gravou o filme Scream of The Butterfly nos EUA, além de ter sido bem-sucedida no cinema e um símbolo do teatro de seu país.

O jovem atleta não conheceu Nélida, morta em 1982, e perdeu o pai quando ainda era criança. Por isso, ouviu pouco sobre a avó até começar a jogar no Vélez e ver o parentesco se tornar assunto recorrente na mídia e entre a torcida.

“Sempre comentavam sobre ela. Foi aí que tive mais interesse em procurar um pouco sobre a vida dela. Com era da parte do meu pai, não me contaram muito, contavam mais coisas do lado da minha mãe, mas agora eu tomei mais dimensão de quem ela foi, como foi a carreira dela”, conta Lenny ao Estadão.

Ícone do teatro argentino, Nélida Lobato morreu em 1982. Foto: Divulgação/Arquivo/Estúdio Luisita

Foi o futebol que pavimentou o caminho para o atacante se conectar um pouco mais com a história de Nélida, a partir do momento em que deixou o Brasil, aos 16 anos, para fazer testes na Argentina. Antes da viagem definitiva à terra de origem da família, chegou a atuar nas categorias de base do Madureira, em passagem que durou cerca de cinco meses. “Lá eu não estava me sentindo bem. Estava longe da minha mãe, dos amigos. Por mais que fosse perto, no Rio, pensava que podia achar uma coisa melhor”, lembra.

Então, a mãe contatou parentes do país vizinho para tentar conseguir testes para o filho em algum clube argentino. Lenny chegou a passar na peneira do All Boys e treinou por um mês, mas foi impedido de se juntar ao time porque não tinha identidade argentina. Depois disso, um tio fanático pelo Vélez se animou com o fato de o sobrinho ter passado em um teste e se esforçou para colocá-lo no time de coração. Viu a notícia de uma peneira no site do clube, ajudou com a burocracia e ficou radiante quando soube que Lenny havia passado.

Desde 2017, portanto, o atacante mora na Argentina e defende a camisa do Vélez. No Brasil, deixou muitos amigos, a namorada e o surfe, uma de suas paixões. O litoral argentino até oferece boas ondas aos surfistas, como em Mar del Plata, por exemplo, mas a distância e a rotina como jogador impedem que Lenny desfrute disso.

Só nas férias, quando consegue viajar para Búzios, volta a subir na prancha. Apesar da paixão, jamais esteve dividido entre o surfe e o futebol. “Nunca fui bom o suficiente para tentar ser profissional, mas é um esporte que eu amo muito, que eu acompanho profissionalmente. Sempre que eu tenho oportunidade, estou no mar tentando aprender um pouquinho mais”, explica.

Em Buenos Aires, cultivou outro hobby esportivo: o basquete, modalidade muito popular entre os ‘hermanos’. “Eu pratico há mais de um ano, mais ou menos. Ultimamente estou jogando bastante com o pessoal e gosto de assistir, mas ainda não torço pra nenhum time. Quero ir para os Estados Unidos assistir jogos e ver qual eu vou gostar”, afirma.

Lenny Lobato é nascido em Búzios e tem o surfe como hobby Foto: Divulgação/Arquivo pessoal

Por que brasileiros não jogam na Argentina?

A ascendência argentina facilitou a adaptação de Lenny ao futebol e aos costumes do país, por isso ele é um caso raro de brasileiro jogando por lá. Poucos fãs do esporte conseguiriam listar ao menos cinco jogadores do Brasil que atuaram por times argentinos.

A lista curta tem nomes como Domingos da Guia (Boca Juniors, 1935/1936), Heleno de Freitas (Boca Juniors, 1948), Iarley (Boca Juniors, 2003) e Jardel (Newell’s Old Boys, 2004). Para o atacante do Vélez, hoje em dia, o motivo para brasileiros não jogarem na Argentina é claramente a situação econômica do país.

“Acho que é 100% econômico, além de o Brasileiro ser midiaticamente muito melhor. Você tem tem mais times que podem brigar pelo campeonato, tem elencos que brigam com a Europa. Aqui é um país que economicamente está mal há muitos anos. A economia da Argentina é ruim. Os salários são muito baixos comparado ao Brasil, não tem como competir. Acho que um time do Chile, um grande do Paraguai ou até do Uruguai paga mais do que aqui... é impossível brigar com o Brasil. Para os daqui, o sonho é ir para o Brasil, para Europa”, avalia.

Atualmente, o Campeonato Argentino, disputado por 28 clubes, tem 48 jogadores de origem ou ascendência estrangeira. Destes, 21 têm também, como Lenny, a nacionalidade argentina. Há casos como o de Ezequiel Ham, do Independiente Rivadavia, que nasceu em Buenos Aires e defende a seleção da Síria, e como o dos irmãos Alan (Huracán) e Joel Soñora (Rivadavia), americanos de pai argentino.

O Uruguai é o país que tem mais jogadores atuando no campeonato dos ‘hermanos’. São 48 uruguaios, dos quais Tiago Palacios, do Boca Juniors, é o único que tem nacionalidade argentina, mas defende a seleção celeste.

Lenny vem ganhando espaço no Vélez na atual temporada. Foto: Divulgação/Vélez Sarsfield

Ascensão na carreira e objetivos

No futebol de poucos estrangeiros e salários baixos, Lenny Lobato não deixa de ver os pontos positivos e destaca o aprendizado tático que teve desde que passou a jogar na terra de seus pais. “É um campeonato que te prepara para qualquer torneio mundo afora, porque é muito evoluído taticamente. Você pode ver, hoje em dia, treinadores argentinos estão entre os melhores do mundo. Os times com menos economia conseguem brigar. É um futebol muito tático, muito pegado com muita intensidade. Isso ajuda qualquer jogador que sai daqui a brilhar tanto na Europa como no Brasil”.

O atacante vive um momento de ascensão na carreira. Ele fez a primeira aparição no time profissional do Vélez em 2019, mas só começou a receber mais oportunidades no ano passado, quando fez 22 jogos, marcou um gol e deu duas assistências. Na atual temporada, vem sendo mais aproveitado e já tem dois gols em 13 partidas. Foram nove saindo do banco e quatro como titular.

“É o meu melhor momento, estou crescendo na minha carreira profissional. Ano passado eu tive bastante oportunidade com o Gareca (Ricardo, ex-técnico do Palmeiras). Agora, com o treinador novo, o Gustavo Quinteros, estou tendo muita oportunidade. Estou participando mais do time, fazendo gols e ajudando a equipe”, diz o jogador.

Lenny espera que a evolução continue e, um dia, o leve a ter oportunidades de jogar no Brasil. “É um sonho poder jogar no Brasil, cresci vendo o futebol brasileiro. Então, eu sempre sonhava em jogar um Campeonato Brasileiro. Lógico, jogar na Europa e tudo mais, mas no Brasil seria um sonho”, conta.

Se um dia tiver de escolher entre defender uma seleção ou outra, a decisão não viria com facilidade. “Quando eu era criança, eu falava que eu que eu jogaria pela seleção brasileira, sem pensar duas vezes. Só que hoje, morando aqui há tantos anos, tendo toda a minha família aqui, seria difícil.”

Lenny Lobato mora em Buenos Aires e passa os dias na metrópole com saudades das praias de Búzios, sua terra natal e onde costuma surfar nas férias. A residência em solo portenho se dá por motivos profissionais, mas também por ligação de sangue. Aos 23 anos, ele é atacante do Vélez Sarsfield e o único brasileiro que joga o Campeonato Argentino, situação à qual foi conduzido por sua árvore genealógica, pois é filho de argentinos radicados no litoral fluminense. Os pais, Maria Gabriela Romanelli e Adrián Ricardo Lobato, se mudaram para lá no início dos anos 2000, após se apaixonarem pelo local durante uma viagem.

Embora seja jogador de futebol, Lenny não é o membro mais famoso da família. Tal posto pertence à sua avó paterna, Nélida Lobato, dançarina, vedete, modelo e atriz argentina que fez sucesso entre as décadas de 1950 e 1970. A artista se apresentou no famoso clube Lido, de Paris, e gravou o filme Scream of The Butterfly nos EUA, além de ter sido bem-sucedida no cinema e um símbolo do teatro de seu país.

O jovem atleta não conheceu Nélida, morta em 1982, e perdeu o pai quando ainda era criança. Por isso, ouviu pouco sobre a avó até começar a jogar no Vélez e ver o parentesco se tornar assunto recorrente na mídia e entre a torcida.

“Sempre comentavam sobre ela. Foi aí que tive mais interesse em procurar um pouco sobre a vida dela. Com era da parte do meu pai, não me contaram muito, contavam mais coisas do lado da minha mãe, mas agora eu tomei mais dimensão de quem ela foi, como foi a carreira dela”, conta Lenny ao Estadão.

Ícone do teatro argentino, Nélida Lobato morreu em 1982. Foto: Divulgação/Arquivo/Estúdio Luisita

Foi o futebol que pavimentou o caminho para o atacante se conectar um pouco mais com a história de Nélida, a partir do momento em que deixou o Brasil, aos 16 anos, para fazer testes na Argentina. Antes da viagem definitiva à terra de origem da família, chegou a atuar nas categorias de base do Madureira, em passagem que durou cerca de cinco meses. “Lá eu não estava me sentindo bem. Estava longe da minha mãe, dos amigos. Por mais que fosse perto, no Rio, pensava que podia achar uma coisa melhor”, lembra.

Então, a mãe contatou parentes do país vizinho para tentar conseguir testes para o filho em algum clube argentino. Lenny chegou a passar na peneira do All Boys e treinou por um mês, mas foi impedido de se juntar ao time porque não tinha identidade argentina. Depois disso, um tio fanático pelo Vélez se animou com o fato de o sobrinho ter passado em um teste e se esforçou para colocá-lo no time de coração. Viu a notícia de uma peneira no site do clube, ajudou com a burocracia e ficou radiante quando soube que Lenny havia passado.

Desde 2017, portanto, o atacante mora na Argentina e defende a camisa do Vélez. No Brasil, deixou muitos amigos, a namorada e o surfe, uma de suas paixões. O litoral argentino até oferece boas ondas aos surfistas, como em Mar del Plata, por exemplo, mas a distância e a rotina como jogador impedem que Lenny desfrute disso.

Só nas férias, quando consegue viajar para Búzios, volta a subir na prancha. Apesar da paixão, jamais esteve dividido entre o surfe e o futebol. “Nunca fui bom o suficiente para tentar ser profissional, mas é um esporte que eu amo muito, que eu acompanho profissionalmente. Sempre que eu tenho oportunidade, estou no mar tentando aprender um pouquinho mais”, explica.

Em Buenos Aires, cultivou outro hobby esportivo: o basquete, modalidade muito popular entre os ‘hermanos’. “Eu pratico há mais de um ano, mais ou menos. Ultimamente estou jogando bastante com o pessoal e gosto de assistir, mas ainda não torço pra nenhum time. Quero ir para os Estados Unidos assistir jogos e ver qual eu vou gostar”, afirma.

Lenny Lobato é nascido em Búzios e tem o surfe como hobby Foto: Divulgação/Arquivo pessoal

Por que brasileiros não jogam na Argentina?

A ascendência argentina facilitou a adaptação de Lenny ao futebol e aos costumes do país, por isso ele é um caso raro de brasileiro jogando por lá. Poucos fãs do esporte conseguiriam listar ao menos cinco jogadores do Brasil que atuaram por times argentinos.

A lista curta tem nomes como Domingos da Guia (Boca Juniors, 1935/1936), Heleno de Freitas (Boca Juniors, 1948), Iarley (Boca Juniors, 2003) e Jardel (Newell’s Old Boys, 2004). Para o atacante do Vélez, hoje em dia, o motivo para brasileiros não jogarem na Argentina é claramente a situação econômica do país.

“Acho que é 100% econômico, além de o Brasileiro ser midiaticamente muito melhor. Você tem tem mais times que podem brigar pelo campeonato, tem elencos que brigam com a Europa. Aqui é um país que economicamente está mal há muitos anos. A economia da Argentina é ruim. Os salários são muito baixos comparado ao Brasil, não tem como competir. Acho que um time do Chile, um grande do Paraguai ou até do Uruguai paga mais do que aqui... é impossível brigar com o Brasil. Para os daqui, o sonho é ir para o Brasil, para Europa”, avalia.

Atualmente, o Campeonato Argentino, disputado por 28 clubes, tem 48 jogadores de origem ou ascendência estrangeira. Destes, 21 têm também, como Lenny, a nacionalidade argentina. Há casos como o de Ezequiel Ham, do Independiente Rivadavia, que nasceu em Buenos Aires e defende a seleção da Síria, e como o dos irmãos Alan (Huracán) e Joel Soñora (Rivadavia), americanos de pai argentino.

O Uruguai é o país que tem mais jogadores atuando no campeonato dos ‘hermanos’. São 48 uruguaios, dos quais Tiago Palacios, do Boca Juniors, é o único que tem nacionalidade argentina, mas defende a seleção celeste.

Lenny vem ganhando espaço no Vélez na atual temporada. Foto: Divulgação/Vélez Sarsfield

Ascensão na carreira e objetivos

No futebol de poucos estrangeiros e salários baixos, Lenny Lobato não deixa de ver os pontos positivos e destaca o aprendizado tático que teve desde que passou a jogar na terra de seus pais. “É um campeonato que te prepara para qualquer torneio mundo afora, porque é muito evoluído taticamente. Você pode ver, hoje em dia, treinadores argentinos estão entre os melhores do mundo. Os times com menos economia conseguem brigar. É um futebol muito tático, muito pegado com muita intensidade. Isso ajuda qualquer jogador que sai daqui a brilhar tanto na Europa como no Brasil”.

O atacante vive um momento de ascensão na carreira. Ele fez a primeira aparição no time profissional do Vélez em 2019, mas só começou a receber mais oportunidades no ano passado, quando fez 22 jogos, marcou um gol e deu duas assistências. Na atual temporada, vem sendo mais aproveitado e já tem dois gols em 13 partidas. Foram nove saindo do banco e quatro como titular.

“É o meu melhor momento, estou crescendo na minha carreira profissional. Ano passado eu tive bastante oportunidade com o Gareca (Ricardo, ex-técnico do Palmeiras). Agora, com o treinador novo, o Gustavo Quinteros, estou tendo muita oportunidade. Estou participando mais do time, fazendo gols e ajudando a equipe”, diz o jogador.

Lenny espera que a evolução continue e, um dia, o leve a ter oportunidades de jogar no Brasil. “É um sonho poder jogar no Brasil, cresci vendo o futebol brasileiro. Então, eu sempre sonhava em jogar um Campeonato Brasileiro. Lógico, jogar na Europa e tudo mais, mas no Brasil seria um sonho”, conta.

Se um dia tiver de escolher entre defender uma seleção ou outra, a decisão não viria com facilidade. “Quando eu era criança, eu falava que eu que eu jogaria pela seleção brasileira, sem pensar duas vezes. Só que hoje, morando aqui há tantos anos, tendo toda a minha família aqui, seria difícil.”

Lenny Lobato mora em Buenos Aires e passa os dias na metrópole com saudades das praias de Búzios, sua terra natal e onde costuma surfar nas férias. A residência em solo portenho se dá por motivos profissionais, mas também por ligação de sangue. Aos 23 anos, ele é atacante do Vélez Sarsfield e o único brasileiro que joga o Campeonato Argentino, situação à qual foi conduzido por sua árvore genealógica, pois é filho de argentinos radicados no litoral fluminense. Os pais, Maria Gabriela Romanelli e Adrián Ricardo Lobato, se mudaram para lá no início dos anos 2000, após se apaixonarem pelo local durante uma viagem.

Embora seja jogador de futebol, Lenny não é o membro mais famoso da família. Tal posto pertence à sua avó paterna, Nélida Lobato, dançarina, vedete, modelo e atriz argentina que fez sucesso entre as décadas de 1950 e 1970. A artista se apresentou no famoso clube Lido, de Paris, e gravou o filme Scream of The Butterfly nos EUA, além de ter sido bem-sucedida no cinema e um símbolo do teatro de seu país.

O jovem atleta não conheceu Nélida, morta em 1982, e perdeu o pai quando ainda era criança. Por isso, ouviu pouco sobre a avó até começar a jogar no Vélez e ver o parentesco se tornar assunto recorrente na mídia e entre a torcida.

“Sempre comentavam sobre ela. Foi aí que tive mais interesse em procurar um pouco sobre a vida dela. Com era da parte do meu pai, não me contaram muito, contavam mais coisas do lado da minha mãe, mas agora eu tomei mais dimensão de quem ela foi, como foi a carreira dela”, conta Lenny ao Estadão.

Ícone do teatro argentino, Nélida Lobato morreu em 1982. Foto: Divulgação/Arquivo/Estúdio Luisita

Foi o futebol que pavimentou o caminho para o atacante se conectar um pouco mais com a história de Nélida, a partir do momento em que deixou o Brasil, aos 16 anos, para fazer testes na Argentina. Antes da viagem definitiva à terra de origem da família, chegou a atuar nas categorias de base do Madureira, em passagem que durou cerca de cinco meses. “Lá eu não estava me sentindo bem. Estava longe da minha mãe, dos amigos. Por mais que fosse perto, no Rio, pensava que podia achar uma coisa melhor”, lembra.

Então, a mãe contatou parentes do país vizinho para tentar conseguir testes para o filho em algum clube argentino. Lenny chegou a passar na peneira do All Boys e treinou por um mês, mas foi impedido de se juntar ao time porque não tinha identidade argentina. Depois disso, um tio fanático pelo Vélez se animou com o fato de o sobrinho ter passado em um teste e se esforçou para colocá-lo no time de coração. Viu a notícia de uma peneira no site do clube, ajudou com a burocracia e ficou radiante quando soube que Lenny havia passado.

Desde 2017, portanto, o atacante mora na Argentina e defende a camisa do Vélez. No Brasil, deixou muitos amigos, a namorada e o surfe, uma de suas paixões. O litoral argentino até oferece boas ondas aos surfistas, como em Mar del Plata, por exemplo, mas a distância e a rotina como jogador impedem que Lenny desfrute disso.

Só nas férias, quando consegue viajar para Búzios, volta a subir na prancha. Apesar da paixão, jamais esteve dividido entre o surfe e o futebol. “Nunca fui bom o suficiente para tentar ser profissional, mas é um esporte que eu amo muito, que eu acompanho profissionalmente. Sempre que eu tenho oportunidade, estou no mar tentando aprender um pouquinho mais”, explica.

Em Buenos Aires, cultivou outro hobby esportivo: o basquete, modalidade muito popular entre os ‘hermanos’. “Eu pratico há mais de um ano, mais ou menos. Ultimamente estou jogando bastante com o pessoal e gosto de assistir, mas ainda não torço pra nenhum time. Quero ir para os Estados Unidos assistir jogos e ver qual eu vou gostar”, afirma.

Lenny Lobato é nascido em Búzios e tem o surfe como hobby Foto: Divulgação/Arquivo pessoal

Por que brasileiros não jogam na Argentina?

A ascendência argentina facilitou a adaptação de Lenny ao futebol e aos costumes do país, por isso ele é um caso raro de brasileiro jogando por lá. Poucos fãs do esporte conseguiriam listar ao menos cinco jogadores do Brasil que atuaram por times argentinos.

A lista curta tem nomes como Domingos da Guia (Boca Juniors, 1935/1936), Heleno de Freitas (Boca Juniors, 1948), Iarley (Boca Juniors, 2003) e Jardel (Newell’s Old Boys, 2004). Para o atacante do Vélez, hoje em dia, o motivo para brasileiros não jogarem na Argentina é claramente a situação econômica do país.

“Acho que é 100% econômico, além de o Brasileiro ser midiaticamente muito melhor. Você tem tem mais times que podem brigar pelo campeonato, tem elencos que brigam com a Europa. Aqui é um país que economicamente está mal há muitos anos. A economia da Argentina é ruim. Os salários são muito baixos comparado ao Brasil, não tem como competir. Acho que um time do Chile, um grande do Paraguai ou até do Uruguai paga mais do que aqui... é impossível brigar com o Brasil. Para os daqui, o sonho é ir para o Brasil, para Europa”, avalia.

Atualmente, o Campeonato Argentino, disputado por 28 clubes, tem 48 jogadores de origem ou ascendência estrangeira. Destes, 21 têm também, como Lenny, a nacionalidade argentina. Há casos como o de Ezequiel Ham, do Independiente Rivadavia, que nasceu em Buenos Aires e defende a seleção da Síria, e como o dos irmãos Alan (Huracán) e Joel Soñora (Rivadavia), americanos de pai argentino.

O Uruguai é o país que tem mais jogadores atuando no campeonato dos ‘hermanos’. São 48 uruguaios, dos quais Tiago Palacios, do Boca Juniors, é o único que tem nacionalidade argentina, mas defende a seleção celeste.

Lenny vem ganhando espaço no Vélez na atual temporada. Foto: Divulgação/Vélez Sarsfield

Ascensão na carreira e objetivos

No futebol de poucos estrangeiros e salários baixos, Lenny Lobato não deixa de ver os pontos positivos e destaca o aprendizado tático que teve desde que passou a jogar na terra de seus pais. “É um campeonato que te prepara para qualquer torneio mundo afora, porque é muito evoluído taticamente. Você pode ver, hoje em dia, treinadores argentinos estão entre os melhores do mundo. Os times com menos economia conseguem brigar. É um futebol muito tático, muito pegado com muita intensidade. Isso ajuda qualquer jogador que sai daqui a brilhar tanto na Europa como no Brasil”.

O atacante vive um momento de ascensão na carreira. Ele fez a primeira aparição no time profissional do Vélez em 2019, mas só começou a receber mais oportunidades no ano passado, quando fez 22 jogos, marcou um gol e deu duas assistências. Na atual temporada, vem sendo mais aproveitado e já tem dois gols em 13 partidas. Foram nove saindo do banco e quatro como titular.

“É o meu melhor momento, estou crescendo na minha carreira profissional. Ano passado eu tive bastante oportunidade com o Gareca (Ricardo, ex-técnico do Palmeiras). Agora, com o treinador novo, o Gustavo Quinteros, estou tendo muita oportunidade. Estou participando mais do time, fazendo gols e ajudando a equipe”, diz o jogador.

Lenny espera que a evolução continue e, um dia, o leve a ter oportunidades de jogar no Brasil. “É um sonho poder jogar no Brasil, cresci vendo o futebol brasileiro. Então, eu sempre sonhava em jogar um Campeonato Brasileiro. Lógico, jogar na Europa e tudo mais, mas no Brasil seria um sonho”, conta.

Se um dia tiver de escolher entre defender uma seleção ou outra, a decisão não viria com facilidade. “Quando eu era criança, eu falava que eu que eu jogaria pela seleção brasileira, sem pensar duas vezes. Só que hoje, morando aqui há tantos anos, tendo toda a minha família aqui, seria difícil.”

Lenny Lobato mora em Buenos Aires e passa os dias na metrópole com saudades das praias de Búzios, sua terra natal e onde costuma surfar nas férias. A residência em solo portenho se dá por motivos profissionais, mas também por ligação de sangue. Aos 23 anos, ele é atacante do Vélez Sarsfield e o único brasileiro que joga o Campeonato Argentino, situação à qual foi conduzido por sua árvore genealógica, pois é filho de argentinos radicados no litoral fluminense. Os pais, Maria Gabriela Romanelli e Adrián Ricardo Lobato, se mudaram para lá no início dos anos 2000, após se apaixonarem pelo local durante uma viagem.

Embora seja jogador de futebol, Lenny não é o membro mais famoso da família. Tal posto pertence à sua avó paterna, Nélida Lobato, dançarina, vedete, modelo e atriz argentina que fez sucesso entre as décadas de 1950 e 1970. A artista se apresentou no famoso clube Lido, de Paris, e gravou o filme Scream of The Butterfly nos EUA, além de ter sido bem-sucedida no cinema e um símbolo do teatro de seu país.

O jovem atleta não conheceu Nélida, morta em 1982, e perdeu o pai quando ainda era criança. Por isso, ouviu pouco sobre a avó até começar a jogar no Vélez e ver o parentesco se tornar assunto recorrente na mídia e entre a torcida.

“Sempre comentavam sobre ela. Foi aí que tive mais interesse em procurar um pouco sobre a vida dela. Com era da parte do meu pai, não me contaram muito, contavam mais coisas do lado da minha mãe, mas agora eu tomei mais dimensão de quem ela foi, como foi a carreira dela”, conta Lenny ao Estadão.

Ícone do teatro argentino, Nélida Lobato morreu em 1982. Foto: Divulgação/Arquivo/Estúdio Luisita

Foi o futebol que pavimentou o caminho para o atacante se conectar um pouco mais com a história de Nélida, a partir do momento em que deixou o Brasil, aos 16 anos, para fazer testes na Argentina. Antes da viagem definitiva à terra de origem da família, chegou a atuar nas categorias de base do Madureira, em passagem que durou cerca de cinco meses. “Lá eu não estava me sentindo bem. Estava longe da minha mãe, dos amigos. Por mais que fosse perto, no Rio, pensava que podia achar uma coisa melhor”, lembra.

Então, a mãe contatou parentes do país vizinho para tentar conseguir testes para o filho em algum clube argentino. Lenny chegou a passar na peneira do All Boys e treinou por um mês, mas foi impedido de se juntar ao time porque não tinha identidade argentina. Depois disso, um tio fanático pelo Vélez se animou com o fato de o sobrinho ter passado em um teste e se esforçou para colocá-lo no time de coração. Viu a notícia de uma peneira no site do clube, ajudou com a burocracia e ficou radiante quando soube que Lenny havia passado.

Desde 2017, portanto, o atacante mora na Argentina e defende a camisa do Vélez. No Brasil, deixou muitos amigos, a namorada e o surfe, uma de suas paixões. O litoral argentino até oferece boas ondas aos surfistas, como em Mar del Plata, por exemplo, mas a distância e a rotina como jogador impedem que Lenny desfrute disso.

Só nas férias, quando consegue viajar para Búzios, volta a subir na prancha. Apesar da paixão, jamais esteve dividido entre o surfe e o futebol. “Nunca fui bom o suficiente para tentar ser profissional, mas é um esporte que eu amo muito, que eu acompanho profissionalmente. Sempre que eu tenho oportunidade, estou no mar tentando aprender um pouquinho mais”, explica.

Em Buenos Aires, cultivou outro hobby esportivo: o basquete, modalidade muito popular entre os ‘hermanos’. “Eu pratico há mais de um ano, mais ou menos. Ultimamente estou jogando bastante com o pessoal e gosto de assistir, mas ainda não torço pra nenhum time. Quero ir para os Estados Unidos assistir jogos e ver qual eu vou gostar”, afirma.

Lenny Lobato é nascido em Búzios e tem o surfe como hobby Foto: Divulgação/Arquivo pessoal

Por que brasileiros não jogam na Argentina?

A ascendência argentina facilitou a adaptação de Lenny ao futebol e aos costumes do país, por isso ele é um caso raro de brasileiro jogando por lá. Poucos fãs do esporte conseguiriam listar ao menos cinco jogadores do Brasil que atuaram por times argentinos.

A lista curta tem nomes como Domingos da Guia (Boca Juniors, 1935/1936), Heleno de Freitas (Boca Juniors, 1948), Iarley (Boca Juniors, 2003) e Jardel (Newell’s Old Boys, 2004). Para o atacante do Vélez, hoje em dia, o motivo para brasileiros não jogarem na Argentina é claramente a situação econômica do país.

“Acho que é 100% econômico, além de o Brasileiro ser midiaticamente muito melhor. Você tem tem mais times que podem brigar pelo campeonato, tem elencos que brigam com a Europa. Aqui é um país que economicamente está mal há muitos anos. A economia da Argentina é ruim. Os salários são muito baixos comparado ao Brasil, não tem como competir. Acho que um time do Chile, um grande do Paraguai ou até do Uruguai paga mais do que aqui... é impossível brigar com o Brasil. Para os daqui, o sonho é ir para o Brasil, para Europa”, avalia.

Atualmente, o Campeonato Argentino, disputado por 28 clubes, tem 48 jogadores de origem ou ascendência estrangeira. Destes, 21 têm também, como Lenny, a nacionalidade argentina. Há casos como o de Ezequiel Ham, do Independiente Rivadavia, que nasceu em Buenos Aires e defende a seleção da Síria, e como o dos irmãos Alan (Huracán) e Joel Soñora (Rivadavia), americanos de pai argentino.

O Uruguai é o país que tem mais jogadores atuando no campeonato dos ‘hermanos’. São 48 uruguaios, dos quais Tiago Palacios, do Boca Juniors, é o único que tem nacionalidade argentina, mas defende a seleção celeste.

Lenny vem ganhando espaço no Vélez na atual temporada. Foto: Divulgação/Vélez Sarsfield

Ascensão na carreira e objetivos

No futebol de poucos estrangeiros e salários baixos, Lenny Lobato não deixa de ver os pontos positivos e destaca o aprendizado tático que teve desde que passou a jogar na terra de seus pais. “É um campeonato que te prepara para qualquer torneio mundo afora, porque é muito evoluído taticamente. Você pode ver, hoje em dia, treinadores argentinos estão entre os melhores do mundo. Os times com menos economia conseguem brigar. É um futebol muito tático, muito pegado com muita intensidade. Isso ajuda qualquer jogador que sai daqui a brilhar tanto na Europa como no Brasil”.

O atacante vive um momento de ascensão na carreira. Ele fez a primeira aparição no time profissional do Vélez em 2019, mas só começou a receber mais oportunidades no ano passado, quando fez 22 jogos, marcou um gol e deu duas assistências. Na atual temporada, vem sendo mais aproveitado e já tem dois gols em 13 partidas. Foram nove saindo do banco e quatro como titular.

“É o meu melhor momento, estou crescendo na minha carreira profissional. Ano passado eu tive bastante oportunidade com o Gareca (Ricardo, ex-técnico do Palmeiras). Agora, com o treinador novo, o Gustavo Quinteros, estou tendo muita oportunidade. Estou participando mais do time, fazendo gols e ajudando a equipe”, diz o jogador.

Lenny espera que a evolução continue e, um dia, o leve a ter oportunidades de jogar no Brasil. “É um sonho poder jogar no Brasil, cresci vendo o futebol brasileiro. Então, eu sempre sonhava em jogar um Campeonato Brasileiro. Lógico, jogar na Europa e tudo mais, mas no Brasil seria um sonho”, conta.

Se um dia tiver de escolher entre defender uma seleção ou outra, a decisão não viria com facilidade. “Quando eu era criança, eu falava que eu que eu jogaria pela seleção brasileira, sem pensar duas vezes. Só que hoje, morando aqui há tantos anos, tendo toda a minha família aqui, seria difícil.”

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