A CBF teme que as revelações sobre o suposto esquema montado pela Portuguesa abra um “terremoto” no futebol brasileiro, envolvendo eventualmente outros clubes e agentes. Oficialmente, a cúpula da entidade mantém um silêncio total sobre o caso e indica que, por enquanto, não vai agir enquanto não receber os resultados finais da investigação. José Maria Marin, presidente da CBF, chegou a fugir da imprensa ao ser questionado sobre o caso. Em sua edição da última quarta-feira, o Estado revelou que meia Héverton foi escalado premeditadamente de maneira irregular pela Portuguesa na última rodada do Brasileirão do ano passado em troca de vantagens financeiras para funcionários do clube. Pessoas próximas à cúpula da CBF apontam que a entidade passou a tratar o assunto como prioridade diante do risco que o caso pode representar para o futebol. O cálculo é de que, se as suspeitas se confirmarem, haverá uma pressão por uma ação maior contra a Portuguesa, eventualmente rebaixando o clube ainda mais - já está na Série C. Mas o impacto também envolveria quem pagou o suborno, o que abriria uma “caixa de Pandora”.
Outro temor se refere aos patrocínios e o efeito que o escândalo poderia ter, além de manchar a imagem do futebol brasileiro, já fortemente deteriorada depois do vexame da Copa do Mundo. Oficialmente, porém, a CBF não dá sinais de que vá agir por enquanto. Cauteloso, o presidente eleito da CBF, Marco Polo Del Nero, apenas disse ao Estado que ficou sabendo das conclusões do MP “pelo jornal”. “Precisamos ver o que está no inquérito”, declarou o cartola, minimizando a notícia. “Vamos avaliar uma vez que tenhamos sido informados oficialmente sobre o caso”, disse. Del Nero fez o mesmo questionamento do MP. “Se o caso foi vendido, quem é que comprou?”. MAL-ESTARApesar de se esquivar de dar uma resposta, Del Nero não disfarçava o mal-estar diante do assunto. “Queremos saber exatamente do que se trata”, insistiu. Ele assume a presidência da CBF em abril e deverá encontrar o caso sobre sua mesa. Quem fugiu da imprensa ao ser questionado sobre o caso foi o presidente da CBF, José Maria Marin. “Eu falo com vocês em Viena”, declarou, em referência ao próximo amistoso da seleção, na semana que vem. Escoltado, ele fez ainda um sinal negativo ao ser questionado se poderia comentar o caso. Na Fifa, a entidade se recusou a falar do caso.