Tornaram-se rotina para a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) as turbulências. Ora ou outra surgem problemas que impactam a seleção brasileira. Dessa vez, respaldado por desavenças de ordem política, o imbróglio jurídico que retirou momentaneamente Ednaldo Rodrigues da presidência adiou e modificou decisões importantes que deveriam ser tomadas pelo comando do futebol brasileiro. Nesta segunda-feira, começa a visita da Fifa e da Conmebol à entidade para debater o caos instaurado na CBF.
A primeira delas já encontrou uma solução. A princípio, conforme a própria CBF reafirmava, o novo técnico do Brasil seria o italiano Carlo Ancelotti a partir de junho. No entanto, a bagunça na entidade e o conforto no Real Madrid fizeram o treinador renovar seu vínculo com o time merengue. Assim, Ednaldo optou por demitir o interino Fernando Diniz e contratar Dorival Júnior em definitivo.
Com técnico escolhido, o presidente da CBF tem nova missão: encontrar finalmente um novo diretor de seleções, já que o cargo está vago desde a saída de Juninho Paulista após a Copa de 2022. Especula-se que o recém-aposentado dos gramados Filipe Luís seria uma opção. Quem ocupar essa função tem como obrigações estruturar a logística de treinamentos e viagens da seleção, definir adversários de amistosos, ser interlocutor entre comissão técnica, jogadores e direção, entre outras tarefas.
Seleção brasileira
Com relação à seleção brasileira, há alguns pontos de interrogação no calendário de 2024. O primeiro deles é a data do amistoso com a Espanha, marcado para o Estádio Santiago Bernabéu, em Madri, em março. Tudo indica que será no dia 26, mas o martelo não foi batido. Há ainda uma lacuna em junho. O Brasil medirá forças com o México antes da Copa América, mas pode fazer ainda mais um amistoso preparatório.
Em setembro, voltam as Eliminatórias Sul-Americanas para a Copa do Mundo de 2026. A seleção brasileira surge na modesta sexta colocação. Até o fim de 2024, com as Datas Fifa de outubro e novembro, serão três jogos como mandante (Equador, Peru e Uruguai) e outros três como visitante (Paraguai, Chile e Venezuela).
A CBF precisa apontar onde serão realizados os duelos da seleção como mandante. O ideal é que essa definição saia o quanto antes, com a abertura da venda de ingressos ocorrendo de forma antecipada para evitar os enormes transtornos que marcaram a derrota do Brasil para a Argentina no Maracanã, em novembro de 2023. O presidente da entidade havia indicado a ideia de realizar jogos em todas as regiões do País. Já houve jogos no Norte, Centro-Oeste e Sudeste. Assim, os próximos dois poderiam ser no Nordeste e no Sul.
Supercopa e calendário
A CBF precisa correr contra o tempo para determinar onde será realizada, em 3 de fevereiro, a Supercopa do Brasil entre Palmeiras, campeão brasileiro, e São Paulo, vencedor da Copa do Brasil. O Maracanã é o preferido dos times paulistas, mas há um impasse com o Flamengo. Minas Gerais pode ser um destino, com os estádios do Mineirão, em Belo Horizonte, e Parque do Sabiá, em Uberlândia, como candidatos. Os confrontos da Copa do Brasil 2024 também precisam ser sorteados, uma vez que o torneio começa em 21 de fevereiro.
Outra dor de cabeça para a CBF diz respeito ao calendário de competições para 2025. A próxima temporada será atípica, dado que três clubes brasileiros ao menos integrarão o novo Mundial de Clubes da Fifa, cuja disputa será realizada entre os dias 15 de junho e 13 de julho. Alguém sairá prejudicado dessa história: seleção brasileira, Estaduais ou Copa do Brasil. Não há espaço para tantos jogos, respeitando - ao menos parcialmente - as pausas para Datas Fifa.
Política
Por fim, mas talvez o assunto mais importante é novamente a política. Em fevereiro, o imbróglio envolvendo Ednaldo e opositores deverá ser pautado para análise colegiada na Suprema Corte. Por enquanto, Ednaldo preside a entidade por efeito de uma liminar concedida por Gilmar Mendes, que suspendeu a validade de uma decisão do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJRJ) sobre um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) assinado pela CBF e pelo Ministério Público que garantiu a realização da eleição que alçou Ednaldo ao cargo de mandatário da entidade.
Reinaldo Carneiro Bastos, presidente da Federação Paulista de Futebol (FPF) e Flávio Zveiter, ex-presidente do Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) projetaram seus nomes para a eleição, que, por ora, está suspensa. A decisão judicial, no entanto, não deixa Ednaldo imune de seus desafetos. Alguns deles defendem que o mandatário renuncie ou seja retirado do cargo internamente, por ordem dos presidentes das federações estaduais. O clima é de insatisfação de parte a parte e sem uma solução apaziguadora no horizonte.