O que sabemos sobre os sites de apostas, sua regulamentação e as fraudes nos jogos de futebol


Em forma de perguntas e respostas, jogo luz ao tema que tem gerado discussão, ações do Ministério Público e prisões de pessoas envolvidas com manipulação de resultados e ações dentro de campo; zagueiro Bauermann, do Santos, tem conversa com criminosos reveladas

Por Robson Morelli
Atualização:

O Ministério Público de Goiás conduziu recentemente mais uma operação com mandados de busca e apreensão a jogadores de futebol suspeitos de cometer atividades dentro das quatro linhas no Brasileirão do ano passado, como expulsões, e de gangues que cooptam esses atletas para a realização do crime nas casas de apostas pelo País. O que sabemos sobre o assunto? Abaixo, em forma de perguntas e resposta, tento esclarecer alguns fatos.

Nesta segunda-feira, o jogador Bauermann, do Santos, teve uma gravação sua vazada com possíveis criminosos cobrando o atleta por uma ‘não expulsão’ na partida do time da Vila com o Avaí, e depois em outra diante do Botafogo. A revelação foi da revista Veja. O clube vai analisar os fatos e tomar decisões sobre o caso. O jogador ainda não se manifestou. Ele pode ser o primeiro jogador punido pelo envolvimento criminoso de manipulação de resultados.

Sites de apostas ainda não foram regulamentadas pelo governo brasileiro, que visa arrecadar impostos com a taxação Foto: Felipe Rau/ Estadão
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O que fez o jogador do Santos?

Ele teria combinado com criminosos que seria expulso em duas partidas do Santos, contra o Avaí e diante do Botafogo. Na primeira, ele não foi. Na segunda, ele provocou o cartão vermelho depois de o jogo ter acabado. Ele foi cobrado pelos criminosos.

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O zagueiro do Santos, Bauermann, recebeu dinheiro para cometer o crime no futebol?

De acordo com as revelações da conversas dele com um criminoso não identificado, ele teria recebido sua parte do combinado. O Ministério Público de Goiás informa que os pagamentos eram de R$ 60 mil a R$ 100 mil.

Há registro das conversas do jogador com o criminoso?

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Sim. Gravações foram interceptadas pela investigação. Veja algumas delas:

  • Eduardo Bauermann: “Mano, só me avisa antes se realmente vai dar pra fazer, senão nem tomo cartão a toa, entende”.
  • Apostador: “Fica em paz, irmão. Vai dar certo. Nois (sic) sempre dá um jeito. Mano se você falou pra alguém (da) aposta manda não apostar mais, demoro (sic). Tmj vamos pra cima”.
  • Eduardo Bauermann: “Não, não, nem falei nada mano... quem comentou que faria uma aposta também foi o Luiz Taveira (empresário do zagueiro), mas ele falou brincando.. acho que não iria fazer. Mas se alguém me chamar aqui pra fazer vou cortar já”.
  • (Horas depois) Apostador: “Truta, o que você fez da sua vida, mano? Qual a fita? Truta, você foi pago para fazer o que, mano???? Você vai pagar todo meu prejuízo, mano. E aí, truta?????”.

As casas de apostas já foram regulamentadas no Brasil?

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Não. Os brasileiros são permitidos jogar nos sites, mas eles não estão dentro do território nacional. Todos eles são fixados no exterior. O governo Jair Bolsonaro ficou de aprovar essa regulamentação em seu governo, mas não conseguiu fazer isso a tempo. Ficou então para o governo Lula, que até agora também não mexeu no assunto, embora dê indicações de fazer isso no primeiro semestre desde ano.

Por que o governo quer regulamentar as casas de apostas?

Para arrecadar impostos. Estima-se que elas movimentam mais de R$ 15 bilhões por ano. Os impostos seriam taxados em cima do montante dos sites e também dos prêmios pagos aos vencedores. Do jeito que está, o governo não ganha um único centavo com as casas de apostas. Há também a criação de empregos em todos os Estados brasileiros.

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Qualquer pessoa pode jogar nos sites de apostas?

Sim. Para isso, é preciso fazer um cadastro com informações pessoais e seguir todas as orientações necessárias. Os ganhos também são depositados na conta corrente informada neste cadastro pelo apostador. Não há atendente físico nos sites. Tudo é feito de forma online.

Há um lugar físico para estas casas de apostas no Brasil?

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Não. Nem pode haver porque elas não estão regulamentadas para operar no Brasil. São sites fixados em outros países. Isso só deverá ser permitido quando o governo aprovar a lei.

Por que o Ministério Público começou a investigar sobre o assunto?

Porque ele recebeu uma denúncia do Vila Nova, um time de Goiás, de que havia um jogador sendo cooptado para armar situações de jogo a fim de favorecer uma gangue criminosa de apostadores. A partir daí, se deu uma série de investigações, descobrindo grupos que agiam para burlar as apostas e ganhar dinheiro fácil. Tudo era uma armação.

Por que essas gangues cooptam jogadores de futebol?

Porque eles são a parte mais fraca nesse elo e estão dentro de campo, podendo criar situações de jogo que casam com as apostas feitas nos sites, como ser expulso, ganhar cartões e provocar escanteios. Eles atendem as apostas das gangues, e recebem por isso.

O que esses jogadores ganham com isso?

Dinheiro. São seduzidos a cometer o crime em troca de dinheiro fácil. O MP divulgou que eram pagos cotas de até R$ 100 mil por ações dentro de uma partida. Havia valores menores, de R$ 60 mil.

Mas esses jogadores já não têm salários nos clubes?

Sim, todos eles têm ou deveriam ter. Mas eles ganham pouco comparado aos jogadores das grandes equipes. Alguns não têm contratos longos. Outros já sabem que não terão emprego em breve porque o seu time pode não ter calendário no futebol durante o ano todo. Nada disso, no entanto, justifica cometer o crime. Eles são seduzidos pelo dinheiro.

Os sites de apostas estão envolvidos nessas armações?

Por ora, o MP não achou evidências de que os sites de apostas estejam envolvidos com essas armações. Alguns estão ajudando nas investigações. Outros têm mecanismos para verificar movimentações suspeitas de apostas. Quando isso acontece ou é percebido, os sites se recusam, num primeiro momento, a aceitar as apostas. E fazem as denúncias.

Os clubes que têm seus jogos contaminados devem se preocupar com isso?

Sim. Os clubes que têm jogadores envolvidos devem, sim, se preocupar. O atleta, se comprovado o crime, deverá ser preso e ter sua carreira interrompida, com contrato rompido. Mancha a imagem do clube indiretamente, porque se trata de uma ação individual do jogador, mas que veste a camisa de um time. Os times que não têm jogadores envolvidos e são vítimas dos rivais, não devem temer nada.

Os jogos contaminados terão seus resultados alterados?

Segundo a CBF, não. Nenhum jogo desses todos que estão sendo investigados e foram divulgados pelo MP sofrerão alteração em seus resultados, tampouco qualquer torneio, como do Brasileirão de 2022 e Estaduais 2023, terão seus campeões recusados. O que aconteceu em campo continua valendo.

Há pessoas presas?

Sim. Há jogadores e membros dessas gangues.

O Ministério Público de Goiás conduziu recentemente mais uma operação com mandados de busca e apreensão a jogadores de futebol suspeitos de cometer atividades dentro das quatro linhas no Brasileirão do ano passado, como expulsões, e de gangues que cooptam esses atletas para a realização do crime nas casas de apostas pelo País. O que sabemos sobre o assunto? Abaixo, em forma de perguntas e resposta, tento esclarecer alguns fatos.

Nesta segunda-feira, o jogador Bauermann, do Santos, teve uma gravação sua vazada com possíveis criminosos cobrando o atleta por uma ‘não expulsão’ na partida do time da Vila com o Avaí, e depois em outra diante do Botafogo. A revelação foi da revista Veja. O clube vai analisar os fatos e tomar decisões sobre o caso. O jogador ainda não se manifestou. Ele pode ser o primeiro jogador punido pelo envolvimento criminoso de manipulação de resultados.

Sites de apostas ainda não foram regulamentadas pelo governo brasileiro, que visa arrecadar impostos com a taxação Foto: Felipe Rau/ Estadão


O que fez o jogador do Santos?

Ele teria combinado com criminosos que seria expulso em duas partidas do Santos, contra o Avaí e diante do Botafogo. Na primeira, ele não foi. Na segunda, ele provocou o cartão vermelho depois de o jogo ter acabado. Ele foi cobrado pelos criminosos.

O zagueiro do Santos, Bauermann, recebeu dinheiro para cometer o crime no futebol?

De acordo com as revelações da conversas dele com um criminoso não identificado, ele teria recebido sua parte do combinado. O Ministério Público de Goiás informa que os pagamentos eram de R$ 60 mil a R$ 100 mil.

Há registro das conversas do jogador com o criminoso?

Sim. Gravações foram interceptadas pela investigação. Veja algumas delas:

  • Eduardo Bauermann: “Mano, só me avisa antes se realmente vai dar pra fazer, senão nem tomo cartão a toa, entende”.
  • Apostador: “Fica em paz, irmão. Vai dar certo. Nois (sic) sempre dá um jeito. Mano se você falou pra alguém (da) aposta manda não apostar mais, demoro (sic). Tmj vamos pra cima”.
  • Eduardo Bauermann: “Não, não, nem falei nada mano... quem comentou que faria uma aposta também foi o Luiz Taveira (empresário do zagueiro), mas ele falou brincando.. acho que não iria fazer. Mas se alguém me chamar aqui pra fazer vou cortar já”.
  • (Horas depois) Apostador: “Truta, o que você fez da sua vida, mano? Qual a fita? Truta, você foi pago para fazer o que, mano???? Você vai pagar todo meu prejuízo, mano. E aí, truta?????”.

As casas de apostas já foram regulamentadas no Brasil?

Não. Os brasileiros são permitidos jogar nos sites, mas eles não estão dentro do território nacional. Todos eles são fixados no exterior. O governo Jair Bolsonaro ficou de aprovar essa regulamentação em seu governo, mas não conseguiu fazer isso a tempo. Ficou então para o governo Lula, que até agora também não mexeu no assunto, embora dê indicações de fazer isso no primeiro semestre desde ano.

Por que o governo quer regulamentar as casas de apostas?

Para arrecadar impostos. Estima-se que elas movimentam mais de R$ 15 bilhões por ano. Os impostos seriam taxados em cima do montante dos sites e também dos prêmios pagos aos vencedores. Do jeito que está, o governo não ganha um único centavo com as casas de apostas. Há também a criação de empregos em todos os Estados brasileiros.

Qualquer pessoa pode jogar nos sites de apostas?

Sim. Para isso, é preciso fazer um cadastro com informações pessoais e seguir todas as orientações necessárias. Os ganhos também são depositados na conta corrente informada neste cadastro pelo apostador. Não há atendente físico nos sites. Tudo é feito de forma online.

Há um lugar físico para estas casas de apostas no Brasil?

Não. Nem pode haver porque elas não estão regulamentadas para operar no Brasil. São sites fixados em outros países. Isso só deverá ser permitido quando o governo aprovar a lei.

Por que o Ministério Público começou a investigar sobre o assunto?

Porque ele recebeu uma denúncia do Vila Nova, um time de Goiás, de que havia um jogador sendo cooptado para armar situações de jogo a fim de favorecer uma gangue criminosa de apostadores. A partir daí, se deu uma série de investigações, descobrindo grupos que agiam para burlar as apostas e ganhar dinheiro fácil. Tudo era uma armação.

Por que essas gangues cooptam jogadores de futebol?

Porque eles são a parte mais fraca nesse elo e estão dentro de campo, podendo criar situações de jogo que casam com as apostas feitas nos sites, como ser expulso, ganhar cartões e provocar escanteios. Eles atendem as apostas das gangues, e recebem por isso.

O que esses jogadores ganham com isso?

Dinheiro. São seduzidos a cometer o crime em troca de dinheiro fácil. O MP divulgou que eram pagos cotas de até R$ 100 mil por ações dentro de uma partida. Havia valores menores, de R$ 60 mil.

Mas esses jogadores já não têm salários nos clubes?

Sim, todos eles têm ou deveriam ter. Mas eles ganham pouco comparado aos jogadores das grandes equipes. Alguns não têm contratos longos. Outros já sabem que não terão emprego em breve porque o seu time pode não ter calendário no futebol durante o ano todo. Nada disso, no entanto, justifica cometer o crime. Eles são seduzidos pelo dinheiro.

Os sites de apostas estão envolvidos nessas armações?

Por ora, o MP não achou evidências de que os sites de apostas estejam envolvidos com essas armações. Alguns estão ajudando nas investigações. Outros têm mecanismos para verificar movimentações suspeitas de apostas. Quando isso acontece ou é percebido, os sites se recusam, num primeiro momento, a aceitar as apostas. E fazem as denúncias.

Os clubes que têm seus jogos contaminados devem se preocupar com isso?

Sim. Os clubes que têm jogadores envolvidos devem, sim, se preocupar. O atleta, se comprovado o crime, deverá ser preso e ter sua carreira interrompida, com contrato rompido. Mancha a imagem do clube indiretamente, porque se trata de uma ação individual do jogador, mas que veste a camisa de um time. Os times que não têm jogadores envolvidos e são vítimas dos rivais, não devem temer nada.

Os jogos contaminados terão seus resultados alterados?

Segundo a CBF, não. Nenhum jogo desses todos que estão sendo investigados e foram divulgados pelo MP sofrerão alteração em seus resultados, tampouco qualquer torneio, como do Brasileirão de 2022 e Estaduais 2023, terão seus campeões recusados. O que aconteceu em campo continua valendo.

Há pessoas presas?

Sim. Há jogadores e membros dessas gangues.

O Ministério Público de Goiás conduziu recentemente mais uma operação com mandados de busca e apreensão a jogadores de futebol suspeitos de cometer atividades dentro das quatro linhas no Brasileirão do ano passado, como expulsões, e de gangues que cooptam esses atletas para a realização do crime nas casas de apostas pelo País. O que sabemos sobre o assunto? Abaixo, em forma de perguntas e resposta, tento esclarecer alguns fatos.

Nesta segunda-feira, o jogador Bauermann, do Santos, teve uma gravação sua vazada com possíveis criminosos cobrando o atleta por uma ‘não expulsão’ na partida do time da Vila com o Avaí, e depois em outra diante do Botafogo. A revelação foi da revista Veja. O clube vai analisar os fatos e tomar decisões sobre o caso. O jogador ainda não se manifestou. Ele pode ser o primeiro jogador punido pelo envolvimento criminoso de manipulação de resultados.

Sites de apostas ainda não foram regulamentadas pelo governo brasileiro, que visa arrecadar impostos com a taxação Foto: Felipe Rau/ Estadão


O que fez o jogador do Santos?

Ele teria combinado com criminosos que seria expulso em duas partidas do Santos, contra o Avaí e diante do Botafogo. Na primeira, ele não foi. Na segunda, ele provocou o cartão vermelho depois de o jogo ter acabado. Ele foi cobrado pelos criminosos.

O zagueiro do Santos, Bauermann, recebeu dinheiro para cometer o crime no futebol?

De acordo com as revelações da conversas dele com um criminoso não identificado, ele teria recebido sua parte do combinado. O Ministério Público de Goiás informa que os pagamentos eram de R$ 60 mil a R$ 100 mil.

Há registro das conversas do jogador com o criminoso?

Sim. Gravações foram interceptadas pela investigação. Veja algumas delas:

  • Eduardo Bauermann: “Mano, só me avisa antes se realmente vai dar pra fazer, senão nem tomo cartão a toa, entende”.
  • Apostador: “Fica em paz, irmão. Vai dar certo. Nois (sic) sempre dá um jeito. Mano se você falou pra alguém (da) aposta manda não apostar mais, demoro (sic). Tmj vamos pra cima”.
  • Eduardo Bauermann: “Não, não, nem falei nada mano... quem comentou que faria uma aposta também foi o Luiz Taveira (empresário do zagueiro), mas ele falou brincando.. acho que não iria fazer. Mas se alguém me chamar aqui pra fazer vou cortar já”.
  • (Horas depois) Apostador: “Truta, o que você fez da sua vida, mano? Qual a fita? Truta, você foi pago para fazer o que, mano???? Você vai pagar todo meu prejuízo, mano. E aí, truta?????”.

As casas de apostas já foram regulamentadas no Brasil?

Não. Os brasileiros são permitidos jogar nos sites, mas eles não estão dentro do território nacional. Todos eles são fixados no exterior. O governo Jair Bolsonaro ficou de aprovar essa regulamentação em seu governo, mas não conseguiu fazer isso a tempo. Ficou então para o governo Lula, que até agora também não mexeu no assunto, embora dê indicações de fazer isso no primeiro semestre desde ano.

Por que o governo quer regulamentar as casas de apostas?

Para arrecadar impostos. Estima-se que elas movimentam mais de R$ 15 bilhões por ano. Os impostos seriam taxados em cima do montante dos sites e também dos prêmios pagos aos vencedores. Do jeito que está, o governo não ganha um único centavo com as casas de apostas. Há também a criação de empregos em todos os Estados brasileiros.

Qualquer pessoa pode jogar nos sites de apostas?

Sim. Para isso, é preciso fazer um cadastro com informações pessoais e seguir todas as orientações necessárias. Os ganhos também são depositados na conta corrente informada neste cadastro pelo apostador. Não há atendente físico nos sites. Tudo é feito de forma online.

Há um lugar físico para estas casas de apostas no Brasil?

Não. Nem pode haver porque elas não estão regulamentadas para operar no Brasil. São sites fixados em outros países. Isso só deverá ser permitido quando o governo aprovar a lei.

Por que o Ministério Público começou a investigar sobre o assunto?

Porque ele recebeu uma denúncia do Vila Nova, um time de Goiás, de que havia um jogador sendo cooptado para armar situações de jogo a fim de favorecer uma gangue criminosa de apostadores. A partir daí, se deu uma série de investigações, descobrindo grupos que agiam para burlar as apostas e ganhar dinheiro fácil. Tudo era uma armação.

Por que essas gangues cooptam jogadores de futebol?

Porque eles são a parte mais fraca nesse elo e estão dentro de campo, podendo criar situações de jogo que casam com as apostas feitas nos sites, como ser expulso, ganhar cartões e provocar escanteios. Eles atendem as apostas das gangues, e recebem por isso.

O que esses jogadores ganham com isso?

Dinheiro. São seduzidos a cometer o crime em troca de dinheiro fácil. O MP divulgou que eram pagos cotas de até R$ 100 mil por ações dentro de uma partida. Havia valores menores, de R$ 60 mil.

Mas esses jogadores já não têm salários nos clubes?

Sim, todos eles têm ou deveriam ter. Mas eles ganham pouco comparado aos jogadores das grandes equipes. Alguns não têm contratos longos. Outros já sabem que não terão emprego em breve porque o seu time pode não ter calendário no futebol durante o ano todo. Nada disso, no entanto, justifica cometer o crime. Eles são seduzidos pelo dinheiro.

Os sites de apostas estão envolvidos nessas armações?

Por ora, o MP não achou evidências de que os sites de apostas estejam envolvidos com essas armações. Alguns estão ajudando nas investigações. Outros têm mecanismos para verificar movimentações suspeitas de apostas. Quando isso acontece ou é percebido, os sites se recusam, num primeiro momento, a aceitar as apostas. E fazem as denúncias.

Os clubes que têm seus jogos contaminados devem se preocupar com isso?

Sim. Os clubes que têm jogadores envolvidos devem, sim, se preocupar. O atleta, se comprovado o crime, deverá ser preso e ter sua carreira interrompida, com contrato rompido. Mancha a imagem do clube indiretamente, porque se trata de uma ação individual do jogador, mas que veste a camisa de um time. Os times que não têm jogadores envolvidos e são vítimas dos rivais, não devem temer nada.

Os jogos contaminados terão seus resultados alterados?

Segundo a CBF, não. Nenhum jogo desses todos que estão sendo investigados e foram divulgados pelo MP sofrerão alteração em seus resultados, tampouco qualquer torneio, como do Brasileirão de 2022 e Estaduais 2023, terão seus campeões recusados. O que aconteceu em campo continua valendo.

Há pessoas presas?

Sim. Há jogadores e membros dessas gangues.

O Ministério Público de Goiás conduziu recentemente mais uma operação com mandados de busca e apreensão a jogadores de futebol suspeitos de cometer atividades dentro das quatro linhas no Brasileirão do ano passado, como expulsões, e de gangues que cooptam esses atletas para a realização do crime nas casas de apostas pelo País. O que sabemos sobre o assunto? Abaixo, em forma de perguntas e resposta, tento esclarecer alguns fatos.

Nesta segunda-feira, o jogador Bauermann, do Santos, teve uma gravação sua vazada com possíveis criminosos cobrando o atleta por uma ‘não expulsão’ na partida do time da Vila com o Avaí, e depois em outra diante do Botafogo. A revelação foi da revista Veja. O clube vai analisar os fatos e tomar decisões sobre o caso. O jogador ainda não se manifestou. Ele pode ser o primeiro jogador punido pelo envolvimento criminoso de manipulação de resultados.

Sites de apostas ainda não foram regulamentadas pelo governo brasileiro, que visa arrecadar impostos com a taxação Foto: Felipe Rau/ Estadão


O que fez o jogador do Santos?

Ele teria combinado com criminosos que seria expulso em duas partidas do Santos, contra o Avaí e diante do Botafogo. Na primeira, ele não foi. Na segunda, ele provocou o cartão vermelho depois de o jogo ter acabado. Ele foi cobrado pelos criminosos.

O zagueiro do Santos, Bauermann, recebeu dinheiro para cometer o crime no futebol?

De acordo com as revelações da conversas dele com um criminoso não identificado, ele teria recebido sua parte do combinado. O Ministério Público de Goiás informa que os pagamentos eram de R$ 60 mil a R$ 100 mil.

Há registro das conversas do jogador com o criminoso?

Sim. Gravações foram interceptadas pela investigação. Veja algumas delas:

  • Eduardo Bauermann: “Mano, só me avisa antes se realmente vai dar pra fazer, senão nem tomo cartão a toa, entende”.
  • Apostador: “Fica em paz, irmão. Vai dar certo. Nois (sic) sempre dá um jeito. Mano se você falou pra alguém (da) aposta manda não apostar mais, demoro (sic). Tmj vamos pra cima”.
  • Eduardo Bauermann: “Não, não, nem falei nada mano... quem comentou que faria uma aposta também foi o Luiz Taveira (empresário do zagueiro), mas ele falou brincando.. acho que não iria fazer. Mas se alguém me chamar aqui pra fazer vou cortar já”.
  • (Horas depois) Apostador: “Truta, o que você fez da sua vida, mano? Qual a fita? Truta, você foi pago para fazer o que, mano???? Você vai pagar todo meu prejuízo, mano. E aí, truta?????”.

As casas de apostas já foram regulamentadas no Brasil?

Não. Os brasileiros são permitidos jogar nos sites, mas eles não estão dentro do território nacional. Todos eles são fixados no exterior. O governo Jair Bolsonaro ficou de aprovar essa regulamentação em seu governo, mas não conseguiu fazer isso a tempo. Ficou então para o governo Lula, que até agora também não mexeu no assunto, embora dê indicações de fazer isso no primeiro semestre desde ano.

Por que o governo quer regulamentar as casas de apostas?

Para arrecadar impostos. Estima-se que elas movimentam mais de R$ 15 bilhões por ano. Os impostos seriam taxados em cima do montante dos sites e também dos prêmios pagos aos vencedores. Do jeito que está, o governo não ganha um único centavo com as casas de apostas. Há também a criação de empregos em todos os Estados brasileiros.

Qualquer pessoa pode jogar nos sites de apostas?

Sim. Para isso, é preciso fazer um cadastro com informações pessoais e seguir todas as orientações necessárias. Os ganhos também são depositados na conta corrente informada neste cadastro pelo apostador. Não há atendente físico nos sites. Tudo é feito de forma online.

Há um lugar físico para estas casas de apostas no Brasil?

Não. Nem pode haver porque elas não estão regulamentadas para operar no Brasil. São sites fixados em outros países. Isso só deverá ser permitido quando o governo aprovar a lei.

Por que o Ministério Público começou a investigar sobre o assunto?

Porque ele recebeu uma denúncia do Vila Nova, um time de Goiás, de que havia um jogador sendo cooptado para armar situações de jogo a fim de favorecer uma gangue criminosa de apostadores. A partir daí, se deu uma série de investigações, descobrindo grupos que agiam para burlar as apostas e ganhar dinheiro fácil. Tudo era uma armação.

Por que essas gangues cooptam jogadores de futebol?

Porque eles são a parte mais fraca nesse elo e estão dentro de campo, podendo criar situações de jogo que casam com as apostas feitas nos sites, como ser expulso, ganhar cartões e provocar escanteios. Eles atendem as apostas das gangues, e recebem por isso.

O que esses jogadores ganham com isso?

Dinheiro. São seduzidos a cometer o crime em troca de dinheiro fácil. O MP divulgou que eram pagos cotas de até R$ 100 mil por ações dentro de uma partida. Havia valores menores, de R$ 60 mil.

Mas esses jogadores já não têm salários nos clubes?

Sim, todos eles têm ou deveriam ter. Mas eles ganham pouco comparado aos jogadores das grandes equipes. Alguns não têm contratos longos. Outros já sabem que não terão emprego em breve porque o seu time pode não ter calendário no futebol durante o ano todo. Nada disso, no entanto, justifica cometer o crime. Eles são seduzidos pelo dinheiro.

Os sites de apostas estão envolvidos nessas armações?

Por ora, o MP não achou evidências de que os sites de apostas estejam envolvidos com essas armações. Alguns estão ajudando nas investigações. Outros têm mecanismos para verificar movimentações suspeitas de apostas. Quando isso acontece ou é percebido, os sites se recusam, num primeiro momento, a aceitar as apostas. E fazem as denúncias.

Os clubes que têm seus jogos contaminados devem se preocupar com isso?

Sim. Os clubes que têm jogadores envolvidos devem, sim, se preocupar. O atleta, se comprovado o crime, deverá ser preso e ter sua carreira interrompida, com contrato rompido. Mancha a imagem do clube indiretamente, porque se trata de uma ação individual do jogador, mas que veste a camisa de um time. Os times que não têm jogadores envolvidos e são vítimas dos rivais, não devem temer nada.

Os jogos contaminados terão seus resultados alterados?

Segundo a CBF, não. Nenhum jogo desses todos que estão sendo investigados e foram divulgados pelo MP sofrerão alteração em seus resultados, tampouco qualquer torneio, como do Brasileirão de 2022 e Estaduais 2023, terão seus campeões recusados. O que aconteceu em campo continua valendo.

Há pessoas presas?

Sim. Há jogadores e membros dessas gangues.

O Ministério Público de Goiás conduziu recentemente mais uma operação com mandados de busca e apreensão a jogadores de futebol suspeitos de cometer atividades dentro das quatro linhas no Brasileirão do ano passado, como expulsões, e de gangues que cooptam esses atletas para a realização do crime nas casas de apostas pelo País. O que sabemos sobre o assunto? Abaixo, em forma de perguntas e resposta, tento esclarecer alguns fatos.

Nesta segunda-feira, o jogador Bauermann, do Santos, teve uma gravação sua vazada com possíveis criminosos cobrando o atleta por uma ‘não expulsão’ na partida do time da Vila com o Avaí, e depois em outra diante do Botafogo. A revelação foi da revista Veja. O clube vai analisar os fatos e tomar decisões sobre o caso. O jogador ainda não se manifestou. Ele pode ser o primeiro jogador punido pelo envolvimento criminoso de manipulação de resultados.

Sites de apostas ainda não foram regulamentadas pelo governo brasileiro, que visa arrecadar impostos com a taxação Foto: Felipe Rau/ Estadão


O que fez o jogador do Santos?

Ele teria combinado com criminosos que seria expulso em duas partidas do Santos, contra o Avaí e diante do Botafogo. Na primeira, ele não foi. Na segunda, ele provocou o cartão vermelho depois de o jogo ter acabado. Ele foi cobrado pelos criminosos.

O zagueiro do Santos, Bauermann, recebeu dinheiro para cometer o crime no futebol?

De acordo com as revelações da conversas dele com um criminoso não identificado, ele teria recebido sua parte do combinado. O Ministério Público de Goiás informa que os pagamentos eram de R$ 60 mil a R$ 100 mil.

Há registro das conversas do jogador com o criminoso?

Sim. Gravações foram interceptadas pela investigação. Veja algumas delas:

  • Eduardo Bauermann: “Mano, só me avisa antes se realmente vai dar pra fazer, senão nem tomo cartão a toa, entende”.
  • Apostador: “Fica em paz, irmão. Vai dar certo. Nois (sic) sempre dá um jeito. Mano se você falou pra alguém (da) aposta manda não apostar mais, demoro (sic). Tmj vamos pra cima”.
  • Eduardo Bauermann: “Não, não, nem falei nada mano... quem comentou que faria uma aposta também foi o Luiz Taveira (empresário do zagueiro), mas ele falou brincando.. acho que não iria fazer. Mas se alguém me chamar aqui pra fazer vou cortar já”.
  • (Horas depois) Apostador: “Truta, o que você fez da sua vida, mano? Qual a fita? Truta, você foi pago para fazer o que, mano???? Você vai pagar todo meu prejuízo, mano. E aí, truta?????”.

As casas de apostas já foram regulamentadas no Brasil?

Não. Os brasileiros são permitidos jogar nos sites, mas eles não estão dentro do território nacional. Todos eles são fixados no exterior. O governo Jair Bolsonaro ficou de aprovar essa regulamentação em seu governo, mas não conseguiu fazer isso a tempo. Ficou então para o governo Lula, que até agora também não mexeu no assunto, embora dê indicações de fazer isso no primeiro semestre desde ano.

Por que o governo quer regulamentar as casas de apostas?

Para arrecadar impostos. Estima-se que elas movimentam mais de R$ 15 bilhões por ano. Os impostos seriam taxados em cima do montante dos sites e também dos prêmios pagos aos vencedores. Do jeito que está, o governo não ganha um único centavo com as casas de apostas. Há também a criação de empregos em todos os Estados brasileiros.

Qualquer pessoa pode jogar nos sites de apostas?

Sim. Para isso, é preciso fazer um cadastro com informações pessoais e seguir todas as orientações necessárias. Os ganhos também são depositados na conta corrente informada neste cadastro pelo apostador. Não há atendente físico nos sites. Tudo é feito de forma online.

Há um lugar físico para estas casas de apostas no Brasil?

Não. Nem pode haver porque elas não estão regulamentadas para operar no Brasil. São sites fixados em outros países. Isso só deverá ser permitido quando o governo aprovar a lei.

Por que o Ministério Público começou a investigar sobre o assunto?

Porque ele recebeu uma denúncia do Vila Nova, um time de Goiás, de que havia um jogador sendo cooptado para armar situações de jogo a fim de favorecer uma gangue criminosa de apostadores. A partir daí, se deu uma série de investigações, descobrindo grupos que agiam para burlar as apostas e ganhar dinheiro fácil. Tudo era uma armação.

Por que essas gangues cooptam jogadores de futebol?

Porque eles são a parte mais fraca nesse elo e estão dentro de campo, podendo criar situações de jogo que casam com as apostas feitas nos sites, como ser expulso, ganhar cartões e provocar escanteios. Eles atendem as apostas das gangues, e recebem por isso.

O que esses jogadores ganham com isso?

Dinheiro. São seduzidos a cometer o crime em troca de dinheiro fácil. O MP divulgou que eram pagos cotas de até R$ 100 mil por ações dentro de uma partida. Havia valores menores, de R$ 60 mil.

Mas esses jogadores já não têm salários nos clubes?

Sim, todos eles têm ou deveriam ter. Mas eles ganham pouco comparado aos jogadores das grandes equipes. Alguns não têm contratos longos. Outros já sabem que não terão emprego em breve porque o seu time pode não ter calendário no futebol durante o ano todo. Nada disso, no entanto, justifica cometer o crime. Eles são seduzidos pelo dinheiro.

Os sites de apostas estão envolvidos nessas armações?

Por ora, o MP não achou evidências de que os sites de apostas estejam envolvidos com essas armações. Alguns estão ajudando nas investigações. Outros têm mecanismos para verificar movimentações suspeitas de apostas. Quando isso acontece ou é percebido, os sites se recusam, num primeiro momento, a aceitar as apostas. E fazem as denúncias.

Os clubes que têm seus jogos contaminados devem se preocupar com isso?

Sim. Os clubes que têm jogadores envolvidos devem, sim, se preocupar. O atleta, se comprovado o crime, deverá ser preso e ter sua carreira interrompida, com contrato rompido. Mancha a imagem do clube indiretamente, porque se trata de uma ação individual do jogador, mas que veste a camisa de um time. Os times que não têm jogadores envolvidos e são vítimas dos rivais, não devem temer nada.

Os jogos contaminados terão seus resultados alterados?

Segundo a CBF, não. Nenhum jogo desses todos que estão sendo investigados e foram divulgados pelo MP sofrerão alteração em seus resultados, tampouco qualquer torneio, como do Brasileirão de 2022 e Estaduais 2023, terão seus campeões recusados. O que aconteceu em campo continua valendo.

Há pessoas presas?

Sim. Há jogadores e membros dessas gangues.

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