Os erros do Brasil, mais uma vez eliminado por um europeu na Copa do Mundo


Emocional, escolhas de Tite e ingenuidade explicam queda da seleção brasileira para a Croácia nas quartas

Por Ricardo Magatti
Atualização:

O Brasil foi da euforia pela confiança no hexa à decepção com a eliminação nas quartas de final da Copa do Mundo do Catar. A derrota para a Croácia nos pênaltis representou a quinta queda seguida para um rival europeu e decreta o fim do ciclo de Tite no comando da seleção brasileira.

Se não foi tão vexatório quanto o histórico 7 a 1 sofrido para a Alemanha na Copa do Mundo de 2014, no Brasil, o revés para os resilientes croatas, que nunca perderam uma disputa de pênaltis em Copas, é muito sentido.

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Daniel Alves consola Neymar em campo após a eliminação da seleção brasileira para a Croácia. Foto: Alessandra Tarantino/AP Photo

É dolorido porque Tite e sua comissão técnica confiavam que a sexta estrela poderia vir em decorrência do trabalho feito e dos resultados alcançados antes do Mundial. Houve tempo para o treinador expor e executar suas ideias, trabalhar diferentes formações, selecionar os atletas que desejou. Ao contrário do ciclo anterior para a Copa da Rússia, desta vez ele teve quatro anos de trabalho, com competições e amistosos até o Mundial catariano.

A eliminação do Brasil no Catar escancara erros da CBF, comissão técnica e jogadores da seleção brasileira. Abaixo, o Estadão lista essas falhas e o que poderia ter sido feito de diferente no torneio no Oriente Médio e antes dele.

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Emocional

Ficou claro no Catar que parte dos atletas sentiu a pressão de jogar uma Copa do Mundo. 16 dos 26 disputaram seu primeiro Mundial. A impressão é que principalmente os mais novos, como Raphinha, lidaram mal com as cobranças.

O aspecto emocional parece ter pesado. Isso ficou evidente nos pênaltis. O garoto Rodrygo e o experiente Marquinhos erraram suas cobranças. Os croatas não falharam nenhuma vez da marca da cal. Cabe lembrar que Tite repetiu o que fizera na Rússia e mais uma vez dispensou a presença de um psicólogo na delegação e continuou atuando como uma espécie de coach motivador, haja vista as frases de autoajuda estampadas nas paredes do CT do Brasil em Doha.

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Escolhas

Éder Militão, exausto, pediu para sair na prorrogação contra a Croácia. O que fez Tite? Colocou um lateral baleado (Alex Sandro) e deixou um outro lateral cansado (Danilo) porque o reserva imediato é praticamente um ex-jogador em atividade. Muitos achavam que a convocação de Daniel Alves era um polêmica vazia. Não foi, como o Mundial provou. Tite deveria ter chamado outro para a posição, ainda que as opções eram escassas.

Ingenuidade

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Ingenuidade ou falta de malícia, da boa malandragem. Chame como quiser. Foi esse o maior erro contra a Croácia. Nenhuma seleção do mundo faria o que fez o Brasil ganhando por 1 a 0 na prorrogação. A quatro minutos para o fim do jogo, esperava-se que o time segurasse a bola no ataque, se fechasse e não fosse atacado. Não foi o que aconteceu. Um buraco inexplicável foi aberto para os croatas contra-atacarem e marcarem. Eram sete jogadores no campo de ataque. Um gol de contra-ataque inaceitável que começou com a perda de bola de Fred, um jogador cuja presença em duas Copas não se justifica.

Cobradores de pênalti

O melhor cobrador sempre abre ou fecha as cobranças. É fácil falar depois do acontecido, mas Neymar, sempre perfeito da marca da cal, deveria ter aberto a disputa. Ele sequer cobrou. Marquinhos raramente cobra pênaltis. Havia outros cobradores melhores no elenco. Thiago Silva e Antony, por exemplo. Tite escolheu mal seus batedores.

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Criatividade

Quando encontrou uma das melhores defesas da Copa, o Brasil não soube o que fazer. Foi incapaz de desmontar o sistema defensivo dos croatas, liderado pelo talentoso jovem Gvardiol, apontado como o melhor zagueiro deste Mundial.

Neymar é muitas vezes o “arco e a flecha”, como diz Tite, e até foi diante da Croácia, com um golaço. Mas quase ninguém o acompanhou. Paquetá não é essa figura criativa e os “perninhas rápidas” do elenco, como Vini Jr, poderiam ter feito mais. Decisivo nas Eliminatórias, Raphinha fracassou na Copa. Antony pouco fez, bem como Rodrygo, que errou seu pênalti. Richarlison, sozinho na frente, tentou sem sucesso deixar o seu contra a seleção balcânica. Ao menos se despediu da competição como o artilheiro da equipe. Fez três gols.

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Desempenho ofensivo

O Brasil havia feito um ciclo pré-Copa irretocável, com apenas três derrotas. Os resultados foram positivos porque a defesa mostrou segurança e o ataque, eficiência, com apenas 19 gols sofridos e 111 marcados. No Catar, os defensores corresponderam, mas os atacantes, nem tanto.

A equipe se despediu da competição com apenas sete gols marcados em cinco partidas, um aproveitamento que poderia ter sido melhor, considerando o poder de fogo e o talento de Neymar, Vini Jr, Raphinha e Richarlison, sem citar reservas como Rodrygo. O ataque funcionou bem apenas na goleada sobre os sul-coreanos. O “nível de excelência”, na definição de Tite, não foi repetido diante dos croatas. Foram 19 chutes, 11 em direção à meta, e só um gol. E a defesa, que vinha bem, deu espaço para um contra-ataque armado e executado à perfeição pelo rival a três minutos do fim da prorrogação que não poderia ter dado.

Poucos testes em posições fundamentais

Tite poderia ter testado mais vezes atletas versáteis e também falhou em não dar chance a alguns jogadores que atuam em posições importantes. O treinador perdeu o titular Danilo no primeiro jogo e improvisou Éder Militão em três partidas. O questionado Daniel Alves foi titular apenas diante de Camarões, quando somente os reservas jogaram.

Outros meio-campistas com capacidade de articulação poderiam ter sido mais usados durante o ciclo. Neymar, que começou a carreira como ponta e passou a ser esse 10 da seleção, não teve sombra no Catar. Rodrygo era considerado o jogador que mais se aproximava do craque do PSG quanto às características. Philippe Coutinho teria sido convocado não fosse a lesão que sofreu às vésperas do Mundial. Ainda que sejam poucos, existem outros meias criativos.

Nomes questionáveis entre convocados

Tite, como outros técnicos, teve a desaprovação de parte da torcida em relação a alguns dos 26 convocados que levou ao Catar. O principal deles foi Daniel Alves. O veterano lateral-direito chegou à Copa há dois meses sem jogar e em um de seus piores momentos tecnicamente.

Foi chamado pela liderança que exerce, na argumentação de Tite, e porque é um “lateral construtor de qualidade técnica indiscutível”. “Ele transcende o futebol. É muito mais do que jogar bola”, explicara o treinador. A opção por Gabriel Jesus também foi alvo de críticas. O atacante do Arsenal jogou seu segundo Mundial e, como na Rússia, despediu-se sem marcar. Desta vez, sua participação foi abreviada graças a uma lesão no joelho.

Muitos também lembraram de atletas que Tite deixou de fora da lista, como Roberto Firmino, atacante que vive grande fase no Liverpool. “Eu faço escolhas que agradam uns e não agradam outros. Mas os atletas se escolheram também”, havia dito o treinador para justificar suas preferências.

O Brasil foi da euforia pela confiança no hexa à decepção com a eliminação nas quartas de final da Copa do Mundo do Catar. A derrota para a Croácia nos pênaltis representou a quinta queda seguida para um rival europeu e decreta o fim do ciclo de Tite no comando da seleção brasileira.

Se não foi tão vexatório quanto o histórico 7 a 1 sofrido para a Alemanha na Copa do Mundo de 2014, no Brasil, o revés para os resilientes croatas, que nunca perderam uma disputa de pênaltis em Copas, é muito sentido.

Daniel Alves consola Neymar em campo após a eliminação da seleção brasileira para a Croácia. Foto: Alessandra Tarantino/AP Photo

É dolorido porque Tite e sua comissão técnica confiavam que a sexta estrela poderia vir em decorrência do trabalho feito e dos resultados alcançados antes do Mundial. Houve tempo para o treinador expor e executar suas ideias, trabalhar diferentes formações, selecionar os atletas que desejou. Ao contrário do ciclo anterior para a Copa da Rússia, desta vez ele teve quatro anos de trabalho, com competições e amistosos até o Mundial catariano.

A eliminação do Brasil no Catar escancara erros da CBF, comissão técnica e jogadores da seleção brasileira. Abaixo, o Estadão lista essas falhas e o que poderia ter sido feito de diferente no torneio no Oriente Médio e antes dele.

Emocional

Ficou claro no Catar que parte dos atletas sentiu a pressão de jogar uma Copa do Mundo. 16 dos 26 disputaram seu primeiro Mundial. A impressão é que principalmente os mais novos, como Raphinha, lidaram mal com as cobranças.

O aspecto emocional parece ter pesado. Isso ficou evidente nos pênaltis. O garoto Rodrygo e o experiente Marquinhos erraram suas cobranças. Os croatas não falharam nenhuma vez da marca da cal. Cabe lembrar que Tite repetiu o que fizera na Rússia e mais uma vez dispensou a presença de um psicólogo na delegação e continuou atuando como uma espécie de coach motivador, haja vista as frases de autoajuda estampadas nas paredes do CT do Brasil em Doha.

Escolhas

Éder Militão, exausto, pediu para sair na prorrogação contra a Croácia. O que fez Tite? Colocou um lateral baleado (Alex Sandro) e deixou um outro lateral cansado (Danilo) porque o reserva imediato é praticamente um ex-jogador em atividade. Muitos achavam que a convocação de Daniel Alves era um polêmica vazia. Não foi, como o Mundial provou. Tite deveria ter chamado outro para a posição, ainda que as opções eram escassas.

Ingenuidade

Ingenuidade ou falta de malícia, da boa malandragem. Chame como quiser. Foi esse o maior erro contra a Croácia. Nenhuma seleção do mundo faria o que fez o Brasil ganhando por 1 a 0 na prorrogação. A quatro minutos para o fim do jogo, esperava-se que o time segurasse a bola no ataque, se fechasse e não fosse atacado. Não foi o que aconteceu. Um buraco inexplicável foi aberto para os croatas contra-atacarem e marcarem. Eram sete jogadores no campo de ataque. Um gol de contra-ataque inaceitável que começou com a perda de bola de Fred, um jogador cuja presença em duas Copas não se justifica.

Cobradores de pênalti

O melhor cobrador sempre abre ou fecha as cobranças. É fácil falar depois do acontecido, mas Neymar, sempre perfeito da marca da cal, deveria ter aberto a disputa. Ele sequer cobrou. Marquinhos raramente cobra pênaltis. Havia outros cobradores melhores no elenco. Thiago Silva e Antony, por exemplo. Tite escolheu mal seus batedores.

Criatividade

Quando encontrou uma das melhores defesas da Copa, o Brasil não soube o que fazer. Foi incapaz de desmontar o sistema defensivo dos croatas, liderado pelo talentoso jovem Gvardiol, apontado como o melhor zagueiro deste Mundial.

Neymar é muitas vezes o “arco e a flecha”, como diz Tite, e até foi diante da Croácia, com um golaço. Mas quase ninguém o acompanhou. Paquetá não é essa figura criativa e os “perninhas rápidas” do elenco, como Vini Jr, poderiam ter feito mais. Decisivo nas Eliminatórias, Raphinha fracassou na Copa. Antony pouco fez, bem como Rodrygo, que errou seu pênalti. Richarlison, sozinho na frente, tentou sem sucesso deixar o seu contra a seleção balcânica. Ao menos se despediu da competição como o artilheiro da equipe. Fez três gols.

Desempenho ofensivo

O Brasil havia feito um ciclo pré-Copa irretocável, com apenas três derrotas. Os resultados foram positivos porque a defesa mostrou segurança e o ataque, eficiência, com apenas 19 gols sofridos e 111 marcados. No Catar, os defensores corresponderam, mas os atacantes, nem tanto.

A equipe se despediu da competição com apenas sete gols marcados em cinco partidas, um aproveitamento que poderia ter sido melhor, considerando o poder de fogo e o talento de Neymar, Vini Jr, Raphinha e Richarlison, sem citar reservas como Rodrygo. O ataque funcionou bem apenas na goleada sobre os sul-coreanos. O “nível de excelência”, na definição de Tite, não foi repetido diante dos croatas. Foram 19 chutes, 11 em direção à meta, e só um gol. E a defesa, que vinha bem, deu espaço para um contra-ataque armado e executado à perfeição pelo rival a três minutos do fim da prorrogação que não poderia ter dado.

Poucos testes em posições fundamentais

Tite poderia ter testado mais vezes atletas versáteis e também falhou em não dar chance a alguns jogadores que atuam em posições importantes. O treinador perdeu o titular Danilo no primeiro jogo e improvisou Éder Militão em três partidas. O questionado Daniel Alves foi titular apenas diante de Camarões, quando somente os reservas jogaram.

Outros meio-campistas com capacidade de articulação poderiam ter sido mais usados durante o ciclo. Neymar, que começou a carreira como ponta e passou a ser esse 10 da seleção, não teve sombra no Catar. Rodrygo era considerado o jogador que mais se aproximava do craque do PSG quanto às características. Philippe Coutinho teria sido convocado não fosse a lesão que sofreu às vésperas do Mundial. Ainda que sejam poucos, existem outros meias criativos.

Nomes questionáveis entre convocados

Tite, como outros técnicos, teve a desaprovação de parte da torcida em relação a alguns dos 26 convocados que levou ao Catar. O principal deles foi Daniel Alves. O veterano lateral-direito chegou à Copa há dois meses sem jogar e em um de seus piores momentos tecnicamente.

Foi chamado pela liderança que exerce, na argumentação de Tite, e porque é um “lateral construtor de qualidade técnica indiscutível”. “Ele transcende o futebol. É muito mais do que jogar bola”, explicara o treinador. A opção por Gabriel Jesus também foi alvo de críticas. O atacante do Arsenal jogou seu segundo Mundial e, como na Rússia, despediu-se sem marcar. Desta vez, sua participação foi abreviada graças a uma lesão no joelho.

Muitos também lembraram de atletas que Tite deixou de fora da lista, como Roberto Firmino, atacante que vive grande fase no Liverpool. “Eu faço escolhas que agradam uns e não agradam outros. Mas os atletas se escolheram também”, havia dito o treinador para justificar suas preferências.

O Brasil foi da euforia pela confiança no hexa à decepção com a eliminação nas quartas de final da Copa do Mundo do Catar. A derrota para a Croácia nos pênaltis representou a quinta queda seguida para um rival europeu e decreta o fim do ciclo de Tite no comando da seleção brasileira.

Se não foi tão vexatório quanto o histórico 7 a 1 sofrido para a Alemanha na Copa do Mundo de 2014, no Brasil, o revés para os resilientes croatas, que nunca perderam uma disputa de pênaltis em Copas, é muito sentido.

Daniel Alves consola Neymar em campo após a eliminação da seleção brasileira para a Croácia. Foto: Alessandra Tarantino/AP Photo

É dolorido porque Tite e sua comissão técnica confiavam que a sexta estrela poderia vir em decorrência do trabalho feito e dos resultados alcançados antes do Mundial. Houve tempo para o treinador expor e executar suas ideias, trabalhar diferentes formações, selecionar os atletas que desejou. Ao contrário do ciclo anterior para a Copa da Rússia, desta vez ele teve quatro anos de trabalho, com competições e amistosos até o Mundial catariano.

A eliminação do Brasil no Catar escancara erros da CBF, comissão técnica e jogadores da seleção brasileira. Abaixo, o Estadão lista essas falhas e o que poderia ter sido feito de diferente no torneio no Oriente Médio e antes dele.

Emocional

Ficou claro no Catar que parte dos atletas sentiu a pressão de jogar uma Copa do Mundo. 16 dos 26 disputaram seu primeiro Mundial. A impressão é que principalmente os mais novos, como Raphinha, lidaram mal com as cobranças.

O aspecto emocional parece ter pesado. Isso ficou evidente nos pênaltis. O garoto Rodrygo e o experiente Marquinhos erraram suas cobranças. Os croatas não falharam nenhuma vez da marca da cal. Cabe lembrar que Tite repetiu o que fizera na Rússia e mais uma vez dispensou a presença de um psicólogo na delegação e continuou atuando como uma espécie de coach motivador, haja vista as frases de autoajuda estampadas nas paredes do CT do Brasil em Doha.

Escolhas

Éder Militão, exausto, pediu para sair na prorrogação contra a Croácia. O que fez Tite? Colocou um lateral baleado (Alex Sandro) e deixou um outro lateral cansado (Danilo) porque o reserva imediato é praticamente um ex-jogador em atividade. Muitos achavam que a convocação de Daniel Alves era um polêmica vazia. Não foi, como o Mundial provou. Tite deveria ter chamado outro para a posição, ainda que as opções eram escassas.

Ingenuidade

Ingenuidade ou falta de malícia, da boa malandragem. Chame como quiser. Foi esse o maior erro contra a Croácia. Nenhuma seleção do mundo faria o que fez o Brasil ganhando por 1 a 0 na prorrogação. A quatro minutos para o fim do jogo, esperava-se que o time segurasse a bola no ataque, se fechasse e não fosse atacado. Não foi o que aconteceu. Um buraco inexplicável foi aberto para os croatas contra-atacarem e marcarem. Eram sete jogadores no campo de ataque. Um gol de contra-ataque inaceitável que começou com a perda de bola de Fred, um jogador cuja presença em duas Copas não se justifica.

Cobradores de pênalti

O melhor cobrador sempre abre ou fecha as cobranças. É fácil falar depois do acontecido, mas Neymar, sempre perfeito da marca da cal, deveria ter aberto a disputa. Ele sequer cobrou. Marquinhos raramente cobra pênaltis. Havia outros cobradores melhores no elenco. Thiago Silva e Antony, por exemplo. Tite escolheu mal seus batedores.

Criatividade

Quando encontrou uma das melhores defesas da Copa, o Brasil não soube o que fazer. Foi incapaz de desmontar o sistema defensivo dos croatas, liderado pelo talentoso jovem Gvardiol, apontado como o melhor zagueiro deste Mundial.

Neymar é muitas vezes o “arco e a flecha”, como diz Tite, e até foi diante da Croácia, com um golaço. Mas quase ninguém o acompanhou. Paquetá não é essa figura criativa e os “perninhas rápidas” do elenco, como Vini Jr, poderiam ter feito mais. Decisivo nas Eliminatórias, Raphinha fracassou na Copa. Antony pouco fez, bem como Rodrygo, que errou seu pênalti. Richarlison, sozinho na frente, tentou sem sucesso deixar o seu contra a seleção balcânica. Ao menos se despediu da competição como o artilheiro da equipe. Fez três gols.

Desempenho ofensivo

O Brasil havia feito um ciclo pré-Copa irretocável, com apenas três derrotas. Os resultados foram positivos porque a defesa mostrou segurança e o ataque, eficiência, com apenas 19 gols sofridos e 111 marcados. No Catar, os defensores corresponderam, mas os atacantes, nem tanto.

A equipe se despediu da competição com apenas sete gols marcados em cinco partidas, um aproveitamento que poderia ter sido melhor, considerando o poder de fogo e o talento de Neymar, Vini Jr, Raphinha e Richarlison, sem citar reservas como Rodrygo. O ataque funcionou bem apenas na goleada sobre os sul-coreanos. O “nível de excelência”, na definição de Tite, não foi repetido diante dos croatas. Foram 19 chutes, 11 em direção à meta, e só um gol. E a defesa, que vinha bem, deu espaço para um contra-ataque armado e executado à perfeição pelo rival a três minutos do fim da prorrogação que não poderia ter dado.

Poucos testes em posições fundamentais

Tite poderia ter testado mais vezes atletas versáteis e também falhou em não dar chance a alguns jogadores que atuam em posições importantes. O treinador perdeu o titular Danilo no primeiro jogo e improvisou Éder Militão em três partidas. O questionado Daniel Alves foi titular apenas diante de Camarões, quando somente os reservas jogaram.

Outros meio-campistas com capacidade de articulação poderiam ter sido mais usados durante o ciclo. Neymar, que começou a carreira como ponta e passou a ser esse 10 da seleção, não teve sombra no Catar. Rodrygo era considerado o jogador que mais se aproximava do craque do PSG quanto às características. Philippe Coutinho teria sido convocado não fosse a lesão que sofreu às vésperas do Mundial. Ainda que sejam poucos, existem outros meias criativos.

Nomes questionáveis entre convocados

Tite, como outros técnicos, teve a desaprovação de parte da torcida em relação a alguns dos 26 convocados que levou ao Catar. O principal deles foi Daniel Alves. O veterano lateral-direito chegou à Copa há dois meses sem jogar e em um de seus piores momentos tecnicamente.

Foi chamado pela liderança que exerce, na argumentação de Tite, e porque é um “lateral construtor de qualidade técnica indiscutível”. “Ele transcende o futebol. É muito mais do que jogar bola”, explicara o treinador. A opção por Gabriel Jesus também foi alvo de críticas. O atacante do Arsenal jogou seu segundo Mundial e, como na Rússia, despediu-se sem marcar. Desta vez, sua participação foi abreviada graças a uma lesão no joelho.

Muitos também lembraram de atletas que Tite deixou de fora da lista, como Roberto Firmino, atacante que vive grande fase no Liverpool. “Eu faço escolhas que agradam uns e não agradam outros. Mas os atletas se escolheram também”, havia dito o treinador para justificar suas preferências.

O Brasil foi da euforia pela confiança no hexa à decepção com a eliminação nas quartas de final da Copa do Mundo do Catar. A derrota para a Croácia nos pênaltis representou a quinta queda seguida para um rival europeu e decreta o fim do ciclo de Tite no comando da seleção brasileira.

Se não foi tão vexatório quanto o histórico 7 a 1 sofrido para a Alemanha na Copa do Mundo de 2014, no Brasil, o revés para os resilientes croatas, que nunca perderam uma disputa de pênaltis em Copas, é muito sentido.

Daniel Alves consola Neymar em campo após a eliminação da seleção brasileira para a Croácia. Foto: Alessandra Tarantino/AP Photo

É dolorido porque Tite e sua comissão técnica confiavam que a sexta estrela poderia vir em decorrência do trabalho feito e dos resultados alcançados antes do Mundial. Houve tempo para o treinador expor e executar suas ideias, trabalhar diferentes formações, selecionar os atletas que desejou. Ao contrário do ciclo anterior para a Copa da Rússia, desta vez ele teve quatro anos de trabalho, com competições e amistosos até o Mundial catariano.

A eliminação do Brasil no Catar escancara erros da CBF, comissão técnica e jogadores da seleção brasileira. Abaixo, o Estadão lista essas falhas e o que poderia ter sido feito de diferente no torneio no Oriente Médio e antes dele.

Emocional

Ficou claro no Catar que parte dos atletas sentiu a pressão de jogar uma Copa do Mundo. 16 dos 26 disputaram seu primeiro Mundial. A impressão é que principalmente os mais novos, como Raphinha, lidaram mal com as cobranças.

O aspecto emocional parece ter pesado. Isso ficou evidente nos pênaltis. O garoto Rodrygo e o experiente Marquinhos erraram suas cobranças. Os croatas não falharam nenhuma vez da marca da cal. Cabe lembrar que Tite repetiu o que fizera na Rússia e mais uma vez dispensou a presença de um psicólogo na delegação e continuou atuando como uma espécie de coach motivador, haja vista as frases de autoajuda estampadas nas paredes do CT do Brasil em Doha.

Escolhas

Éder Militão, exausto, pediu para sair na prorrogação contra a Croácia. O que fez Tite? Colocou um lateral baleado (Alex Sandro) e deixou um outro lateral cansado (Danilo) porque o reserva imediato é praticamente um ex-jogador em atividade. Muitos achavam que a convocação de Daniel Alves era um polêmica vazia. Não foi, como o Mundial provou. Tite deveria ter chamado outro para a posição, ainda que as opções eram escassas.

Ingenuidade

Ingenuidade ou falta de malícia, da boa malandragem. Chame como quiser. Foi esse o maior erro contra a Croácia. Nenhuma seleção do mundo faria o que fez o Brasil ganhando por 1 a 0 na prorrogação. A quatro minutos para o fim do jogo, esperava-se que o time segurasse a bola no ataque, se fechasse e não fosse atacado. Não foi o que aconteceu. Um buraco inexplicável foi aberto para os croatas contra-atacarem e marcarem. Eram sete jogadores no campo de ataque. Um gol de contra-ataque inaceitável que começou com a perda de bola de Fred, um jogador cuja presença em duas Copas não se justifica.

Cobradores de pênalti

O melhor cobrador sempre abre ou fecha as cobranças. É fácil falar depois do acontecido, mas Neymar, sempre perfeito da marca da cal, deveria ter aberto a disputa. Ele sequer cobrou. Marquinhos raramente cobra pênaltis. Havia outros cobradores melhores no elenco. Thiago Silva e Antony, por exemplo. Tite escolheu mal seus batedores.

Criatividade

Quando encontrou uma das melhores defesas da Copa, o Brasil não soube o que fazer. Foi incapaz de desmontar o sistema defensivo dos croatas, liderado pelo talentoso jovem Gvardiol, apontado como o melhor zagueiro deste Mundial.

Neymar é muitas vezes o “arco e a flecha”, como diz Tite, e até foi diante da Croácia, com um golaço. Mas quase ninguém o acompanhou. Paquetá não é essa figura criativa e os “perninhas rápidas” do elenco, como Vini Jr, poderiam ter feito mais. Decisivo nas Eliminatórias, Raphinha fracassou na Copa. Antony pouco fez, bem como Rodrygo, que errou seu pênalti. Richarlison, sozinho na frente, tentou sem sucesso deixar o seu contra a seleção balcânica. Ao menos se despediu da competição como o artilheiro da equipe. Fez três gols.

Desempenho ofensivo

O Brasil havia feito um ciclo pré-Copa irretocável, com apenas três derrotas. Os resultados foram positivos porque a defesa mostrou segurança e o ataque, eficiência, com apenas 19 gols sofridos e 111 marcados. No Catar, os defensores corresponderam, mas os atacantes, nem tanto.

A equipe se despediu da competição com apenas sete gols marcados em cinco partidas, um aproveitamento que poderia ter sido melhor, considerando o poder de fogo e o talento de Neymar, Vini Jr, Raphinha e Richarlison, sem citar reservas como Rodrygo. O ataque funcionou bem apenas na goleada sobre os sul-coreanos. O “nível de excelência”, na definição de Tite, não foi repetido diante dos croatas. Foram 19 chutes, 11 em direção à meta, e só um gol. E a defesa, que vinha bem, deu espaço para um contra-ataque armado e executado à perfeição pelo rival a três minutos do fim da prorrogação que não poderia ter dado.

Poucos testes em posições fundamentais

Tite poderia ter testado mais vezes atletas versáteis e também falhou em não dar chance a alguns jogadores que atuam em posições importantes. O treinador perdeu o titular Danilo no primeiro jogo e improvisou Éder Militão em três partidas. O questionado Daniel Alves foi titular apenas diante de Camarões, quando somente os reservas jogaram.

Outros meio-campistas com capacidade de articulação poderiam ter sido mais usados durante o ciclo. Neymar, que começou a carreira como ponta e passou a ser esse 10 da seleção, não teve sombra no Catar. Rodrygo era considerado o jogador que mais se aproximava do craque do PSG quanto às características. Philippe Coutinho teria sido convocado não fosse a lesão que sofreu às vésperas do Mundial. Ainda que sejam poucos, existem outros meias criativos.

Nomes questionáveis entre convocados

Tite, como outros técnicos, teve a desaprovação de parte da torcida em relação a alguns dos 26 convocados que levou ao Catar. O principal deles foi Daniel Alves. O veterano lateral-direito chegou à Copa há dois meses sem jogar e em um de seus piores momentos tecnicamente.

Foi chamado pela liderança que exerce, na argumentação de Tite, e porque é um “lateral construtor de qualidade técnica indiscutível”. “Ele transcende o futebol. É muito mais do que jogar bola”, explicara o treinador. A opção por Gabriel Jesus também foi alvo de críticas. O atacante do Arsenal jogou seu segundo Mundial e, como na Rússia, despediu-se sem marcar. Desta vez, sua participação foi abreviada graças a uma lesão no joelho.

Muitos também lembraram de atletas que Tite deixou de fora da lista, como Roberto Firmino, atacante que vive grande fase no Liverpool. “Eu faço escolhas que agradam uns e não agradam outros. Mas os atletas se escolheram também”, havia dito o treinador para justificar suas preferências.

O Brasil foi da euforia pela confiança no hexa à decepção com a eliminação nas quartas de final da Copa do Mundo do Catar. A derrota para a Croácia nos pênaltis representou a quinta queda seguida para um rival europeu e decreta o fim do ciclo de Tite no comando da seleção brasileira.

Se não foi tão vexatório quanto o histórico 7 a 1 sofrido para a Alemanha na Copa do Mundo de 2014, no Brasil, o revés para os resilientes croatas, que nunca perderam uma disputa de pênaltis em Copas, é muito sentido.

Daniel Alves consola Neymar em campo após a eliminação da seleção brasileira para a Croácia. Foto: Alessandra Tarantino/AP Photo

É dolorido porque Tite e sua comissão técnica confiavam que a sexta estrela poderia vir em decorrência do trabalho feito e dos resultados alcançados antes do Mundial. Houve tempo para o treinador expor e executar suas ideias, trabalhar diferentes formações, selecionar os atletas que desejou. Ao contrário do ciclo anterior para a Copa da Rússia, desta vez ele teve quatro anos de trabalho, com competições e amistosos até o Mundial catariano.

A eliminação do Brasil no Catar escancara erros da CBF, comissão técnica e jogadores da seleção brasileira. Abaixo, o Estadão lista essas falhas e o que poderia ter sido feito de diferente no torneio no Oriente Médio e antes dele.

Emocional

Ficou claro no Catar que parte dos atletas sentiu a pressão de jogar uma Copa do Mundo. 16 dos 26 disputaram seu primeiro Mundial. A impressão é que principalmente os mais novos, como Raphinha, lidaram mal com as cobranças.

O aspecto emocional parece ter pesado. Isso ficou evidente nos pênaltis. O garoto Rodrygo e o experiente Marquinhos erraram suas cobranças. Os croatas não falharam nenhuma vez da marca da cal. Cabe lembrar que Tite repetiu o que fizera na Rússia e mais uma vez dispensou a presença de um psicólogo na delegação e continuou atuando como uma espécie de coach motivador, haja vista as frases de autoajuda estampadas nas paredes do CT do Brasil em Doha.

Escolhas

Éder Militão, exausto, pediu para sair na prorrogação contra a Croácia. O que fez Tite? Colocou um lateral baleado (Alex Sandro) e deixou um outro lateral cansado (Danilo) porque o reserva imediato é praticamente um ex-jogador em atividade. Muitos achavam que a convocação de Daniel Alves era um polêmica vazia. Não foi, como o Mundial provou. Tite deveria ter chamado outro para a posição, ainda que as opções eram escassas.

Ingenuidade

Ingenuidade ou falta de malícia, da boa malandragem. Chame como quiser. Foi esse o maior erro contra a Croácia. Nenhuma seleção do mundo faria o que fez o Brasil ganhando por 1 a 0 na prorrogação. A quatro minutos para o fim do jogo, esperava-se que o time segurasse a bola no ataque, se fechasse e não fosse atacado. Não foi o que aconteceu. Um buraco inexplicável foi aberto para os croatas contra-atacarem e marcarem. Eram sete jogadores no campo de ataque. Um gol de contra-ataque inaceitável que começou com a perda de bola de Fred, um jogador cuja presença em duas Copas não se justifica.

Cobradores de pênalti

O melhor cobrador sempre abre ou fecha as cobranças. É fácil falar depois do acontecido, mas Neymar, sempre perfeito da marca da cal, deveria ter aberto a disputa. Ele sequer cobrou. Marquinhos raramente cobra pênaltis. Havia outros cobradores melhores no elenco. Thiago Silva e Antony, por exemplo. Tite escolheu mal seus batedores.

Criatividade

Quando encontrou uma das melhores defesas da Copa, o Brasil não soube o que fazer. Foi incapaz de desmontar o sistema defensivo dos croatas, liderado pelo talentoso jovem Gvardiol, apontado como o melhor zagueiro deste Mundial.

Neymar é muitas vezes o “arco e a flecha”, como diz Tite, e até foi diante da Croácia, com um golaço. Mas quase ninguém o acompanhou. Paquetá não é essa figura criativa e os “perninhas rápidas” do elenco, como Vini Jr, poderiam ter feito mais. Decisivo nas Eliminatórias, Raphinha fracassou na Copa. Antony pouco fez, bem como Rodrygo, que errou seu pênalti. Richarlison, sozinho na frente, tentou sem sucesso deixar o seu contra a seleção balcânica. Ao menos se despediu da competição como o artilheiro da equipe. Fez três gols.

Desempenho ofensivo

O Brasil havia feito um ciclo pré-Copa irretocável, com apenas três derrotas. Os resultados foram positivos porque a defesa mostrou segurança e o ataque, eficiência, com apenas 19 gols sofridos e 111 marcados. No Catar, os defensores corresponderam, mas os atacantes, nem tanto.

A equipe se despediu da competição com apenas sete gols marcados em cinco partidas, um aproveitamento que poderia ter sido melhor, considerando o poder de fogo e o talento de Neymar, Vini Jr, Raphinha e Richarlison, sem citar reservas como Rodrygo. O ataque funcionou bem apenas na goleada sobre os sul-coreanos. O “nível de excelência”, na definição de Tite, não foi repetido diante dos croatas. Foram 19 chutes, 11 em direção à meta, e só um gol. E a defesa, que vinha bem, deu espaço para um contra-ataque armado e executado à perfeição pelo rival a três minutos do fim da prorrogação que não poderia ter dado.

Poucos testes em posições fundamentais

Tite poderia ter testado mais vezes atletas versáteis e também falhou em não dar chance a alguns jogadores que atuam em posições importantes. O treinador perdeu o titular Danilo no primeiro jogo e improvisou Éder Militão em três partidas. O questionado Daniel Alves foi titular apenas diante de Camarões, quando somente os reservas jogaram.

Outros meio-campistas com capacidade de articulação poderiam ter sido mais usados durante o ciclo. Neymar, que começou a carreira como ponta e passou a ser esse 10 da seleção, não teve sombra no Catar. Rodrygo era considerado o jogador que mais se aproximava do craque do PSG quanto às características. Philippe Coutinho teria sido convocado não fosse a lesão que sofreu às vésperas do Mundial. Ainda que sejam poucos, existem outros meias criativos.

Nomes questionáveis entre convocados

Tite, como outros técnicos, teve a desaprovação de parte da torcida em relação a alguns dos 26 convocados que levou ao Catar. O principal deles foi Daniel Alves. O veterano lateral-direito chegou à Copa há dois meses sem jogar e em um de seus piores momentos tecnicamente.

Foi chamado pela liderança que exerce, na argumentação de Tite, e porque é um “lateral construtor de qualidade técnica indiscutível”. “Ele transcende o futebol. É muito mais do que jogar bola”, explicara o treinador. A opção por Gabriel Jesus também foi alvo de críticas. O atacante do Arsenal jogou seu segundo Mundial e, como na Rússia, despediu-se sem marcar. Desta vez, sua participação foi abreviada graças a uma lesão no joelho.

Muitos também lembraram de atletas que Tite deixou de fora da lista, como Roberto Firmino, atacante que vive grande fase no Liverpool. “Eu faço escolhas que agradam uns e não agradam outros. Mas os atletas se escolheram também”, havia dito o treinador para justificar suas preferências.

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