Palmeiras e Flamengo são modelo para o Corinthians, afirma ex-presidente Mário Gobbi


Delegado de 63 anos é um dos líderes do grupo de conselheiros que pede o impeachment de Augusto Melo: ‘Ele é vítima da má gestão dele mesmo’

Por Ricardo Magatti
Atualização:

Mário Gobbi não pensa em tentar voltar à presidência do Corinthians, mas indicou o que faria caso estivesse na mesma cadeira ocupada hoje por Augusto Melo. Um dos líderes do movimento de oposição ao atual presidente do clube e um dos 86 conselheiros que assinaram documento pedindo a abertura do processo de impeachment de Melo, o ex-mandatário entende que a agremiação carece de uma gestão austera.

Para Gobbi, Flamengo e Palmeiras servem de modelo para o Corinthians, uma vez que ambos se reestruturaram há uma década e colhem há alguns anos os frutos dessa reorganização financeira, erguendo taças com frequência.

“Tem que fazer mais ou menos aquilo que o Flamengo e o Palmeiras fizeram. Primeiro tem que arrumar a casa, aí a casa pode dar frutos todos os anos”, sugere Gobbi, em entrevista ao Estadão. “O que são frutos? São títulos, mantendo sempre uma equipe de qualidade, na base e no profissional, sem a ingerência de amadores lá dentro, ou seja, profissionalizando tudo, até chegar à perfeição”, completa o delegado de polícia de 63 anos.

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Mário Gobbi, ex-presidente do Corinthians, diz que clube precisa de gestão austera Foto: Victor Almeida

A dívida do Corinthians, hoje superior a R$ 2 bilhões, obriga o gestor a enxugar gastos para arrumar a casa na opinião de Gobbi, mas não impede que seja montado um time competitivo.

A prioridade seria entregar um clube saudável. Depois disso, mais pra frente, o Corinthians iria se tornar um clube vencedor sempre, não esporadicamente, que ganha e depois tem o time desmontado.. Seria sempre protagonista.

Mário Gobbi, ex-presidente do Corinthians

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Gobbi comandou o Corinthians de 2012 a 2015. Ele foi antecedido por Andrés Sanchez e deu lugar a Roberto de Andrade. Foi em sua gestão que o Corinthians ganhou seus mais festejados títulos: a Libertadores e o Mundial de Clubes, ambos em 2012.

Também foi diretor de futebol em grande parte da administração de Andrés Sanchez. Sua trajetória no Corinthians guarda um episódio de tensão com torcidas organizadas. Ele chegou a ser agredido com uma cadeira e afastou-se do clube em 2010, antes de ser presidente.

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‘Augusto Melo está sofrendo oposição de si mesmo’

Gobbi é um dos fundadores do movimento Renovação e Transparência, que ficou no poder entre 2007 e 2023. Augusto Melo foi quem interrompeu essa dinastia ao ser eleito presidente no fim do ano passado. Articulado, o ex-presidente diz não ser líder do “Movimento Reconstrução SCCP”, formado por diferentes correntes políticas no Corinthians, que, em comum, desejam que o atual presidente seja destituído do cargo.

Oposição acusa Augusto Melo de mentir e fazer gestão temerária Foto: Oposição acusa Augusto Melo de mentir e fazer gestão temerária
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Mas é o ex-mandatário a figura destacada pelo grupo que se opõe a Melo para falar sobre o que considera problemas da gestão atual. “Ele (Augusto Melo) não está sofrendo um processo de oposição, que não teve tempo para se reunir e começar um trabalho de oposição. Ele está sofrendo oposição de si mesmo”, argumenta. “Tudo isso começa por uma denúncia do vice-presidente. Foi a maior denúncia de todas, que foi o pagamento de R$ 25 milhões de comissão a intermediário. Ele é vítima da má gestão dele mesmo”, completa o ex-dirigente, citando o valor pago como comissão a Alex Cassundé, empresário que intermediou o contrato de patrocínio com a Vai de Bet.

Para explicar as razões de ele e o grupo pedirem o impedimento de Augusto Melo, Lobbi lista o desempenho do time no Brasileirão, influência de empresário nas contratações, falhas no departamento de futebol, trocas constantes e três investigações policiais para apurar sobre: contrato com a vai de bet, milícias digitais e a agressão de Augusto Melo a um torcedor no Mineirão.

“Ele não muda um milímetro a forma de administrar o clube. Nesses oito meses, ele não muda o modelo de gestão dele. Ele não reformula o critério”, ressalta Gobbi, segundo o qual existe má fé na gestão de Augusto Melo. “Fora a má fé, existe uma gestão temerária. Ou existe ausência de gestão ou gestão temerária”.

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Procurado pelo Estadão para responder às declarações de Gobbi, Augusto Melo disse estar “focado em resolver a situação do time” e acreditar “em dois pontos fundamentais: o ônus da prova cabe a quem acusa e, portanto, ao conselheiro em questão”. Também reafirmou “seu compromisso com a transparência e reforçou que todos os assuntos relativos ao caso Vai de Bet “estão sendo tratados pelas autoridades competentes e que é, como sempre, o maior interessado em solucionar toda a questão”.

Aumento da dívida

O ex-presidente do Corinthians acusa Melo de mentir “ou faltar com a verdade em várias ocasiões”, acredita haver “zero transparência” na atual administração e diz que as dívidas do clube aumentaram em oito meses.

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De fato, a dívida bruta subiu para R$ 2,3 bilhões, com R$ 139 milhões somente em juros no primeiro semestre, segundo revelaram dirigentes corintianos na última sexta-feira, quando, em entrevista coletiva, passaram a limpo números da antiga e atual gestão no que chamaram de “Dia da Transparência”. Os números foram apresentados com base num relatório elaborado em conjunto por Ernst & Young (EY), o escritório Alvarez & Marsal, e o departamento financeiro do clube,

Fred Luz, CEO da agremiação, defendeu que não há aumento de gastos de maneira desordenada e apontou que apesar do aumento no valor das despesas, de R$ 311 mi a R$ 326 milhões, o número ainda está abaixo do orçado. Para o segundo semestre, uma revisão orçamentária será realizada.

Na última coletiva de que participou, o presidente fez um curto desabafo. “Tudo que eu peço é que nos deixem trabalhar. Todos nós somos corintianos e queremos o melhor. Se todos derem as mãos, ninguém segura o Corinthians”.

Mário Gobbi não pensa em tentar voltar à presidência do Corinthians, mas indicou o que faria caso estivesse na mesma cadeira ocupada hoje por Augusto Melo. Um dos líderes do movimento de oposição ao atual presidente do clube e um dos 86 conselheiros que assinaram documento pedindo a abertura do processo de impeachment de Melo, o ex-mandatário entende que a agremiação carece de uma gestão austera.

Para Gobbi, Flamengo e Palmeiras servem de modelo para o Corinthians, uma vez que ambos se reestruturaram há uma década e colhem há alguns anos os frutos dessa reorganização financeira, erguendo taças com frequência.

“Tem que fazer mais ou menos aquilo que o Flamengo e o Palmeiras fizeram. Primeiro tem que arrumar a casa, aí a casa pode dar frutos todos os anos”, sugere Gobbi, em entrevista ao Estadão. “O que são frutos? São títulos, mantendo sempre uma equipe de qualidade, na base e no profissional, sem a ingerência de amadores lá dentro, ou seja, profissionalizando tudo, até chegar à perfeição”, completa o delegado de polícia de 63 anos.

Mário Gobbi, ex-presidente do Corinthians, diz que clube precisa de gestão austera Foto: Victor Almeida

A dívida do Corinthians, hoje superior a R$ 2 bilhões, obriga o gestor a enxugar gastos para arrumar a casa na opinião de Gobbi, mas não impede que seja montado um time competitivo.

A prioridade seria entregar um clube saudável. Depois disso, mais pra frente, o Corinthians iria se tornar um clube vencedor sempre, não esporadicamente, que ganha e depois tem o time desmontado.. Seria sempre protagonista.

Mário Gobbi, ex-presidente do Corinthians

Gobbi comandou o Corinthians de 2012 a 2015. Ele foi antecedido por Andrés Sanchez e deu lugar a Roberto de Andrade. Foi em sua gestão que o Corinthians ganhou seus mais festejados títulos: a Libertadores e o Mundial de Clubes, ambos em 2012.

Também foi diretor de futebol em grande parte da administração de Andrés Sanchez. Sua trajetória no Corinthians guarda um episódio de tensão com torcidas organizadas. Ele chegou a ser agredido com uma cadeira e afastou-se do clube em 2010, antes de ser presidente.

‘Augusto Melo está sofrendo oposição de si mesmo’

Gobbi é um dos fundadores do movimento Renovação e Transparência, que ficou no poder entre 2007 e 2023. Augusto Melo foi quem interrompeu essa dinastia ao ser eleito presidente no fim do ano passado. Articulado, o ex-presidente diz não ser líder do “Movimento Reconstrução SCCP”, formado por diferentes correntes políticas no Corinthians, que, em comum, desejam que o atual presidente seja destituído do cargo.

Oposição acusa Augusto Melo de mentir e fazer gestão temerária Foto: Oposição acusa Augusto Melo de mentir e fazer gestão temerária

Mas é o ex-mandatário a figura destacada pelo grupo que se opõe a Melo para falar sobre o que considera problemas da gestão atual. “Ele (Augusto Melo) não está sofrendo um processo de oposição, que não teve tempo para se reunir e começar um trabalho de oposição. Ele está sofrendo oposição de si mesmo”, argumenta. “Tudo isso começa por uma denúncia do vice-presidente. Foi a maior denúncia de todas, que foi o pagamento de R$ 25 milhões de comissão a intermediário. Ele é vítima da má gestão dele mesmo”, completa o ex-dirigente, citando o valor pago como comissão a Alex Cassundé, empresário que intermediou o contrato de patrocínio com a Vai de Bet.

Para explicar as razões de ele e o grupo pedirem o impedimento de Augusto Melo, Lobbi lista o desempenho do time no Brasileirão, influência de empresário nas contratações, falhas no departamento de futebol, trocas constantes e três investigações policiais para apurar sobre: contrato com a vai de bet, milícias digitais e a agressão de Augusto Melo a um torcedor no Mineirão.

“Ele não muda um milímetro a forma de administrar o clube. Nesses oito meses, ele não muda o modelo de gestão dele. Ele não reformula o critério”, ressalta Gobbi, segundo o qual existe má fé na gestão de Augusto Melo. “Fora a má fé, existe uma gestão temerária. Ou existe ausência de gestão ou gestão temerária”.

Procurado pelo Estadão para responder às declarações de Gobbi, Augusto Melo disse estar “focado em resolver a situação do time” e acreditar “em dois pontos fundamentais: o ônus da prova cabe a quem acusa e, portanto, ao conselheiro em questão”. Também reafirmou “seu compromisso com a transparência e reforçou que todos os assuntos relativos ao caso Vai de Bet “estão sendo tratados pelas autoridades competentes e que é, como sempre, o maior interessado em solucionar toda a questão”.

Aumento da dívida

O ex-presidente do Corinthians acusa Melo de mentir “ou faltar com a verdade em várias ocasiões”, acredita haver “zero transparência” na atual administração e diz que as dívidas do clube aumentaram em oito meses.

De fato, a dívida bruta subiu para R$ 2,3 bilhões, com R$ 139 milhões somente em juros no primeiro semestre, segundo revelaram dirigentes corintianos na última sexta-feira, quando, em entrevista coletiva, passaram a limpo números da antiga e atual gestão no que chamaram de “Dia da Transparência”. Os números foram apresentados com base num relatório elaborado em conjunto por Ernst & Young (EY), o escritório Alvarez & Marsal, e o departamento financeiro do clube,

Fred Luz, CEO da agremiação, defendeu que não há aumento de gastos de maneira desordenada e apontou que apesar do aumento no valor das despesas, de R$ 311 mi a R$ 326 milhões, o número ainda está abaixo do orçado. Para o segundo semestre, uma revisão orçamentária será realizada.

Na última coletiva de que participou, o presidente fez um curto desabafo. “Tudo que eu peço é que nos deixem trabalhar. Todos nós somos corintianos e queremos o melhor. Se todos derem as mãos, ninguém segura o Corinthians”.

Mário Gobbi não pensa em tentar voltar à presidência do Corinthians, mas indicou o que faria caso estivesse na mesma cadeira ocupada hoje por Augusto Melo. Um dos líderes do movimento de oposição ao atual presidente do clube e um dos 86 conselheiros que assinaram documento pedindo a abertura do processo de impeachment de Melo, o ex-mandatário entende que a agremiação carece de uma gestão austera.

Para Gobbi, Flamengo e Palmeiras servem de modelo para o Corinthians, uma vez que ambos se reestruturaram há uma década e colhem há alguns anos os frutos dessa reorganização financeira, erguendo taças com frequência.

“Tem que fazer mais ou menos aquilo que o Flamengo e o Palmeiras fizeram. Primeiro tem que arrumar a casa, aí a casa pode dar frutos todos os anos”, sugere Gobbi, em entrevista ao Estadão. “O que são frutos? São títulos, mantendo sempre uma equipe de qualidade, na base e no profissional, sem a ingerência de amadores lá dentro, ou seja, profissionalizando tudo, até chegar à perfeição”, completa o delegado de polícia de 63 anos.

Mário Gobbi, ex-presidente do Corinthians, diz que clube precisa de gestão austera Foto: Victor Almeida

A dívida do Corinthians, hoje superior a R$ 2 bilhões, obriga o gestor a enxugar gastos para arrumar a casa na opinião de Gobbi, mas não impede que seja montado um time competitivo.

A prioridade seria entregar um clube saudável. Depois disso, mais pra frente, o Corinthians iria se tornar um clube vencedor sempre, não esporadicamente, que ganha e depois tem o time desmontado.. Seria sempre protagonista.

Mário Gobbi, ex-presidente do Corinthians

Gobbi comandou o Corinthians de 2012 a 2015. Ele foi antecedido por Andrés Sanchez e deu lugar a Roberto de Andrade. Foi em sua gestão que o Corinthians ganhou seus mais festejados títulos: a Libertadores e o Mundial de Clubes, ambos em 2012.

Também foi diretor de futebol em grande parte da administração de Andrés Sanchez. Sua trajetória no Corinthians guarda um episódio de tensão com torcidas organizadas. Ele chegou a ser agredido com uma cadeira e afastou-se do clube em 2010, antes de ser presidente.

‘Augusto Melo está sofrendo oposição de si mesmo’

Gobbi é um dos fundadores do movimento Renovação e Transparência, que ficou no poder entre 2007 e 2023. Augusto Melo foi quem interrompeu essa dinastia ao ser eleito presidente no fim do ano passado. Articulado, o ex-presidente diz não ser líder do “Movimento Reconstrução SCCP”, formado por diferentes correntes políticas no Corinthians, que, em comum, desejam que o atual presidente seja destituído do cargo.

Oposição acusa Augusto Melo de mentir e fazer gestão temerária Foto: Oposição acusa Augusto Melo de mentir e fazer gestão temerária

Mas é o ex-mandatário a figura destacada pelo grupo que se opõe a Melo para falar sobre o que considera problemas da gestão atual. “Ele (Augusto Melo) não está sofrendo um processo de oposição, que não teve tempo para se reunir e começar um trabalho de oposição. Ele está sofrendo oposição de si mesmo”, argumenta. “Tudo isso começa por uma denúncia do vice-presidente. Foi a maior denúncia de todas, que foi o pagamento de R$ 25 milhões de comissão a intermediário. Ele é vítima da má gestão dele mesmo”, completa o ex-dirigente, citando o valor pago como comissão a Alex Cassundé, empresário que intermediou o contrato de patrocínio com a Vai de Bet.

Para explicar as razões de ele e o grupo pedirem o impedimento de Augusto Melo, Lobbi lista o desempenho do time no Brasileirão, influência de empresário nas contratações, falhas no departamento de futebol, trocas constantes e três investigações policiais para apurar sobre: contrato com a vai de bet, milícias digitais e a agressão de Augusto Melo a um torcedor no Mineirão.

“Ele não muda um milímetro a forma de administrar o clube. Nesses oito meses, ele não muda o modelo de gestão dele. Ele não reformula o critério”, ressalta Gobbi, segundo o qual existe má fé na gestão de Augusto Melo. “Fora a má fé, existe uma gestão temerária. Ou existe ausência de gestão ou gestão temerária”.

Procurado pelo Estadão para responder às declarações de Gobbi, Augusto Melo disse estar “focado em resolver a situação do time” e acreditar “em dois pontos fundamentais: o ônus da prova cabe a quem acusa e, portanto, ao conselheiro em questão”. Também reafirmou “seu compromisso com a transparência e reforçou que todos os assuntos relativos ao caso Vai de Bet “estão sendo tratados pelas autoridades competentes e que é, como sempre, o maior interessado em solucionar toda a questão”.

Aumento da dívida

O ex-presidente do Corinthians acusa Melo de mentir “ou faltar com a verdade em várias ocasiões”, acredita haver “zero transparência” na atual administração e diz que as dívidas do clube aumentaram em oito meses.

De fato, a dívida bruta subiu para R$ 2,3 bilhões, com R$ 139 milhões somente em juros no primeiro semestre, segundo revelaram dirigentes corintianos na última sexta-feira, quando, em entrevista coletiva, passaram a limpo números da antiga e atual gestão no que chamaram de “Dia da Transparência”. Os números foram apresentados com base num relatório elaborado em conjunto por Ernst & Young (EY), o escritório Alvarez & Marsal, e o departamento financeiro do clube,

Fred Luz, CEO da agremiação, defendeu que não há aumento de gastos de maneira desordenada e apontou que apesar do aumento no valor das despesas, de R$ 311 mi a R$ 326 milhões, o número ainda está abaixo do orçado. Para o segundo semestre, uma revisão orçamentária será realizada.

Na última coletiva de que participou, o presidente fez um curto desabafo. “Tudo que eu peço é que nos deixem trabalhar. Todos nós somos corintianos e queremos o melhor. Se todos derem as mãos, ninguém segura o Corinthians”.

Mário Gobbi não pensa em tentar voltar à presidência do Corinthians, mas indicou o que faria caso estivesse na mesma cadeira ocupada hoje por Augusto Melo. Um dos líderes do movimento de oposição ao atual presidente do clube e um dos 86 conselheiros que assinaram documento pedindo a abertura do processo de impeachment de Melo, o ex-mandatário entende que a agremiação carece de uma gestão austera.

Para Gobbi, Flamengo e Palmeiras servem de modelo para o Corinthians, uma vez que ambos se reestruturaram há uma década e colhem há alguns anos os frutos dessa reorganização financeira, erguendo taças com frequência.

“Tem que fazer mais ou menos aquilo que o Flamengo e o Palmeiras fizeram. Primeiro tem que arrumar a casa, aí a casa pode dar frutos todos os anos”, sugere Gobbi, em entrevista ao Estadão. “O que são frutos? São títulos, mantendo sempre uma equipe de qualidade, na base e no profissional, sem a ingerência de amadores lá dentro, ou seja, profissionalizando tudo, até chegar à perfeição”, completa o delegado de polícia de 63 anos.

Mário Gobbi, ex-presidente do Corinthians, diz que clube precisa de gestão austera Foto: Victor Almeida

A dívida do Corinthians, hoje superior a R$ 2 bilhões, obriga o gestor a enxugar gastos para arrumar a casa na opinião de Gobbi, mas não impede que seja montado um time competitivo.

A prioridade seria entregar um clube saudável. Depois disso, mais pra frente, o Corinthians iria se tornar um clube vencedor sempre, não esporadicamente, que ganha e depois tem o time desmontado.. Seria sempre protagonista.

Mário Gobbi, ex-presidente do Corinthians

Gobbi comandou o Corinthians de 2012 a 2015. Ele foi antecedido por Andrés Sanchez e deu lugar a Roberto de Andrade. Foi em sua gestão que o Corinthians ganhou seus mais festejados títulos: a Libertadores e o Mundial de Clubes, ambos em 2012.

Também foi diretor de futebol em grande parte da administração de Andrés Sanchez. Sua trajetória no Corinthians guarda um episódio de tensão com torcidas organizadas. Ele chegou a ser agredido com uma cadeira e afastou-se do clube em 2010, antes de ser presidente.

‘Augusto Melo está sofrendo oposição de si mesmo’

Gobbi é um dos fundadores do movimento Renovação e Transparência, que ficou no poder entre 2007 e 2023. Augusto Melo foi quem interrompeu essa dinastia ao ser eleito presidente no fim do ano passado. Articulado, o ex-presidente diz não ser líder do “Movimento Reconstrução SCCP”, formado por diferentes correntes políticas no Corinthians, que, em comum, desejam que o atual presidente seja destituído do cargo.

Oposição acusa Augusto Melo de mentir e fazer gestão temerária Foto: Oposição acusa Augusto Melo de mentir e fazer gestão temerária

Mas é o ex-mandatário a figura destacada pelo grupo que se opõe a Melo para falar sobre o que considera problemas da gestão atual. “Ele (Augusto Melo) não está sofrendo um processo de oposição, que não teve tempo para se reunir e começar um trabalho de oposição. Ele está sofrendo oposição de si mesmo”, argumenta. “Tudo isso começa por uma denúncia do vice-presidente. Foi a maior denúncia de todas, que foi o pagamento de R$ 25 milhões de comissão a intermediário. Ele é vítima da má gestão dele mesmo”, completa o ex-dirigente, citando o valor pago como comissão a Alex Cassundé, empresário que intermediou o contrato de patrocínio com a Vai de Bet.

Para explicar as razões de ele e o grupo pedirem o impedimento de Augusto Melo, Lobbi lista o desempenho do time no Brasileirão, influência de empresário nas contratações, falhas no departamento de futebol, trocas constantes e três investigações policiais para apurar sobre: contrato com a vai de bet, milícias digitais e a agressão de Augusto Melo a um torcedor no Mineirão.

“Ele não muda um milímetro a forma de administrar o clube. Nesses oito meses, ele não muda o modelo de gestão dele. Ele não reformula o critério”, ressalta Gobbi, segundo o qual existe má fé na gestão de Augusto Melo. “Fora a má fé, existe uma gestão temerária. Ou existe ausência de gestão ou gestão temerária”.

Procurado pelo Estadão para responder às declarações de Gobbi, Augusto Melo disse estar “focado em resolver a situação do time” e acreditar “em dois pontos fundamentais: o ônus da prova cabe a quem acusa e, portanto, ao conselheiro em questão”. Também reafirmou “seu compromisso com a transparência e reforçou que todos os assuntos relativos ao caso Vai de Bet “estão sendo tratados pelas autoridades competentes e que é, como sempre, o maior interessado em solucionar toda a questão”.

Aumento da dívida

O ex-presidente do Corinthians acusa Melo de mentir “ou faltar com a verdade em várias ocasiões”, acredita haver “zero transparência” na atual administração e diz que as dívidas do clube aumentaram em oito meses.

De fato, a dívida bruta subiu para R$ 2,3 bilhões, com R$ 139 milhões somente em juros no primeiro semestre, segundo revelaram dirigentes corintianos na última sexta-feira, quando, em entrevista coletiva, passaram a limpo números da antiga e atual gestão no que chamaram de “Dia da Transparência”. Os números foram apresentados com base num relatório elaborado em conjunto por Ernst & Young (EY), o escritório Alvarez & Marsal, e o departamento financeiro do clube,

Fred Luz, CEO da agremiação, defendeu que não há aumento de gastos de maneira desordenada e apontou que apesar do aumento no valor das despesas, de R$ 311 mi a R$ 326 milhões, o número ainda está abaixo do orçado. Para o segundo semestre, uma revisão orçamentária será realizada.

Na última coletiva de que participou, o presidente fez um curto desabafo. “Tudo que eu peço é que nos deixem trabalhar. Todos nós somos corintianos e queremos o melhor. Se todos derem as mãos, ninguém segura o Corinthians”.

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