Entre os acertos e confusões envolvendo a possível ida do atacante Dudu, do Palmeiras, para o Cruzeiro, o elenco alviverde continua com os trabalhos em campo para enfrentar o Red Bull Bragantino, pela 10ª rodada do Brasileirão, nesta quinta, 20. No entanto, essa não é a única polêmica envolvendo supostas quebras de acordos dentro do clube, que já precisou lidar com uma gestão de crise do técnico Abel Ferreira, quando o treinador português quase acertou sua transferência ao Al-Sadd, do Catar.
Afinal, qual a diferença entre os casos de Abel Ferreira e do atacante Dudu? Ambas negociações apresentam inconsistências já que, um dos lados, apresenta versões diferentes daquilo que é defendido pelos personagens envolvidos, o técnico e o jogador.
Quais as diferenças entre o caso Abel e o caso Dudu?
O primeiro ponto que difere as duas narrativas está nos órgãos envolvidos nas polêmicas. Enquanto a novela com Dudu se limitou a uma nota oficial do Cruzeiro informando a desistência da contratação, o Al-Sadd já acionou a Fifa para acompanhar o caso e cobra o pagamento de uma multa por parte do técnico português.
O diretor-executivo do clube mineiro, Alexandre Mattos, afirmou ao SporTV que o atacante, de fato, não realizou exames médicos pelo Cruzeiro e, portanto, não assinou nenhum vínculo contratual com o clube celeste. Do lado palmeirense, a postura foi de manter o compromisso de ter o jogador até o fim do contrato, em 2025, mesmo após a declaração da presidente Leila Pereira, que chegou a afirmar que autorizou a venda do jogador ao adversário. Dessa forma, não há alegações formalizadas contra o jogador ou o Palmeiras de quebra de contrato.
Em sua página do Instagram, Dudu se pronunciou afirmando que, de fato, ficou balançado ao receber a proposta cruzeirense, mas reafirmou o desejo de continuar no Palmeiras. “O Cruzeiro é um clube que tenho um enorme carinho e agradeço demais pelo reconhecimento, mas sinto que, neste momento, ainda não é hora de sair e de encerrar meu ciclo pelo Palmeiras”, escreveu.
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Já na polêmica entre o Al-Sadd e Abel Ferreira, o posicionamento dos catarianos é de que o português chegou a assinar um “documento vinculante”, que seria equiparado a um pré-contrato, em novembro de 2023. Por isso, cobra uma compensação de 5 milhões de euros (cerca de R$ 27 milhões) pelo não cumprimento do acordo. Na época, Abel tinha contrato em vigor com o Palmeiras e, na mesma época, assinou uma extensão até 2025. O caso corre na Fifa e ainda não tem data para ser julgado.
O português se pronunciou sobre o caso em duas oportunidades. Na primeira delas, após o duelo contra o Botafogo de Ribeirão Preto, pela Copa do Brasil, Abel afirmou que havia sido questionado diversas vezes sobre a possibilidade de deixar o clube, mas garantiu o desejo de continuar no comando do alviverde.
“Desde que cheguei no Palmeiras, em 2020, digo que estou no Palmeiras e sou treinador do Palmeiras. É bom, é um orgulho. Estou onde quero estar, estou onde querem que eu esteja. Gostaria de dizer muito mais daquilo que disse aqui. Muita coisa foi dita, não só agora, mas nos últimos meses do ano passado, em que muita gente fez afirmações e eu disse o mesmo: sou treinador do Palmeiras, e volto a dizer isso agora com muito orgulho. Não vou falar mais sobre esse assunto. Para os nossos torcedores, muito obrigado, de coração, pelo apoio e pelo carinho”, comentou em coletiva.
Desta vez, após a goleada contra o Atlético-MG por 4 a 0 pelo Brasileirão, o treinador comentou sobre as situações onde ambos decidiram seguir no Palmeiras. O técnico classificou como cenários completamente diferentes. “Por favor, não misture as coisas. Água é água, vinho é vinho”, definiu.
Abel Ferreira ou Dudu podem ser punidos?
No cenário de confirmação que houve descumprimento de um pré-contrato assinado por Abel Ferreira com o Al-Sadd, a Fifa pode julgar como obrigatório o pagamento do valor solicitado pelo clube do Catar. As cifras seriam desembolsadas pelo treinador, mas o clube pode, se quiser, auxiliar no pagamento da multa.
Para o Palmeiras, um cenário de punição só seria criado caso ficasse comprovado que o clube estimulou a quebra do pré-contrato supostamente assinado pelo treinador. Porém, não há indícios de que isso tenha acontecido e, nesse caso, o alviverde é tratado apenas como “terceiro” nesse caso.
Já na ida frustrada de Dudu ao Cruzeiro, justamente por não ter havido assinatura contratual de ambas as partes (clube e jogador), o atleta continua normalmente como jogador do Palmeiras, que poderá voltar a negociá-lo futuramente caso queira. Cabe agora ao técnico Abel Ferreira, enquanto aguarda a decisão judicial do seu caso, administrar o retorno de Dudu aos gramados com a camisa alviverde.