Palmeiras volta às raízes e põe filho de Dudu e outros jovens da base para jogar no terrão


Clube arrancou a grama de um de seus campos no CT da base, em Guarulhos, para dar aos garotos autonomia e liberdade de improviso

Por Ricardo Magatti
Atualização:

O Palmeiras melhorou significativamente sua estrutura nos últimos anos e transformou seu antigo estádio em uma arena moderna com gramado sintético. Mas nem tudo é luxo no atual campeão brasileiro, que briga pelo bi nesta temporada. O clube decidiu dar espaço a algo que representa tão bem o futebol brasileiro: o campo de terra.

Desde fevereiro, o Palmeiras voltou às raízes ao arrancar a grama de um de seus campos no centro de treinamento das categorias de base, em Guarulhos, e transformá-lo num terrão, onde centenas de garotos jogam semanalmente. As categorias inferiores priorizaram a formação no futsal, com integração gradual ao gramado. Portanto, os jovens chegam a jogar em três pisos diferentes nessa formação.

Em vez da grama, a terra. No lugar do terreno liso e plano, uma superfície esburacada, com armadilhas em todos os setores. Uma vez por semana, atletas mais jovens, de 10 anos a 14 anos, têm a oportunidade de treinar no campo de terra e aprimorar aspectos técnicos e mentais gerados pelas dificuldades inerentes à superfície. Fazem isso para potencializar suas agilidades e talentos individuais.

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A iniciativa faz parte do “Projeto Favela”, que, desde 2016, leva os garotos da base do Palmeiras para jogar na várzea ou em campos de comunidades na Grande São Paulo. “Queremos aqui não deixar que se perca o que temos de bom, o que são nossos diferenciais, nossa essência no futebol”, explica ao Estadão Vitor Hugo Estevo Valvassori, de 31 anos, técnico do sub-10 do Palmeiras.

Uma vez por semana, jovens do Palmeiras jogam em campo de terra no CT Foto: Taba Benedicto/Estadão

O treinador acredita que o piso irregular que forjou tantos talentosos atletas no passado pode ajudar a fazer com que o futebol brasileiro mantenha vivas suas características originais e importe de outros países apenas o que precisa importar.

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“Em vez de trazer somente as coisas boas que têm no mundo, estão querendo trazer tudo”, critica ele. A teoria é a mesma do futebol do passado ou até mesmo dos meninos que jogam na várzea, com campos de terra cujo domínio da bola e agilidade no pensamento são desenvolvidos nas partidas.

O Palmeiras é o único clube do País que tomou essa decisão. O arquirrival Corinthians, cabe lembrar, revelou muitos talentos em seu Terrão, tradicional campo no Parque São Jorge onde eram realizadas as peneiras do clube e os treinamentos das categorias de base. Mas é uma situação diferente. E o campo de terra foi substituído por grama à medida que o clube alvinegro melhorou sua estrutura.

Terrão palmeirense tem filho de Dudu

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Depois de anos jogando nas favelas, o Palmeiras decidiu ter o seu próprio terrão e é lá que os garotos conheceram o “futebol raiz” de antigamente. Um dos que experimentam semanalmente as intempéries do campo de terra no CT em Guarulhos é o garoto Pedro, filho do atacante Dudu, ídolo palmeirense e que se recupera de uma cirurgia no joelho.

“A bola quica, é mais difícil para dominar”, diz o garoto, que joga na ponta e como meio-campista e também é jogador do futsal do clube. Ele assinou no início deste ano seu primeiro contrato com o time alviverde. “Aprendi muito aqui”. Para quem joga debaixo das traves, é igualmente complicado. “A luva fica cheia de terra. Olha só”, conta o goleiro Gustavo, exibindo suas luvas sujas de terra.

Fã do espanhol Sergio Ramos e do paraguaio Gustavo Gómez, o zagueiro Guilherme não tem o terrão entre os seus pisos prediletos. “Prefiro a grama sintética”, admite. “Mas quando volto pra grama normal, fica bem mais fácil”, afirma.

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Filho de Dudu, garoto Pedro é um dos que treinam no terrão do Palmeiras Foto: Taba Benedicto/Estadão

Improviso e liberdade

Os obstáculos enfrentados no campo de terra ajudam na formação dos garotos de diferentes maneiras, aponta Valvassori. No terrão palmeirense, os jovens que dão seus primeiros passos no futebol são incentivados a improvisar, driblar e ficam livres para tomar as próprias decisões no jogo. A agilidade do piso atípico condiciona a dinâmica das ações individuais.

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Trata-se de uma metodologia, diz o treinador, antagônica à mecanização do futebol, com jogadores “robóticos” e pragmáticos acostumados a obedecer às ordens do técnico em campos gramados. “A gente incentiva muito o drible, dá até uma pontuação adicional ao garoto que consegue dar uma caneta, um chapéu, justamente para trazer o que a gente sempre teve, mas está se perdendo um pouco”, pontua o profissional.

Jovens da base aprendem sobre autonomia e liberdade de improviso no terrão Foto: Taba Benedicto/Estadão

Ele treina os garotos no terrão palmeirense geralmente às quintas-feiras. Primeiro, comanda uma atividade tática. Depois, sai de cena e deixa os pequenos atletas jogarem livres. Eles mesmos que dividem os times, escolhem os capitães e apitam a partida. “Damos autonomia e encorajamos os meninos a serem mais questionadores”, afirma o técnico do sub-10. “Se quiserem montar um time só com os amigos, eles podem, mas vão se prejudicar. Eles aprendem sobre escolhas e renúncias”.

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O Centro de Formação de Atletas do Palmeiras se consolidou nos últimos anos como uma das principais referências de base no Brasil. A reestruturação, que começou em 2013, rendeu dezenas de títulos de expressão e fez surgir alguns dos principais talentos do futebol nacional, como o atacante Endrick, já vendido ao Real Madrid e que recentemente disputou suas primeiras partidas pela seleção brasileira.

Em 2022, o clube ganhou mais de 150 torneios nas categorias inferiores. É o atual bicampeão da Copa São Paulo de Futebol Júnior, a competição mais importante da base no País.

O Palmeiras melhorou significativamente sua estrutura nos últimos anos e transformou seu antigo estádio em uma arena moderna com gramado sintético. Mas nem tudo é luxo no atual campeão brasileiro, que briga pelo bi nesta temporada. O clube decidiu dar espaço a algo que representa tão bem o futebol brasileiro: o campo de terra.

Desde fevereiro, o Palmeiras voltou às raízes ao arrancar a grama de um de seus campos no centro de treinamento das categorias de base, em Guarulhos, e transformá-lo num terrão, onde centenas de garotos jogam semanalmente. As categorias inferiores priorizaram a formação no futsal, com integração gradual ao gramado. Portanto, os jovens chegam a jogar em três pisos diferentes nessa formação.

Em vez da grama, a terra. No lugar do terreno liso e plano, uma superfície esburacada, com armadilhas em todos os setores. Uma vez por semana, atletas mais jovens, de 10 anos a 14 anos, têm a oportunidade de treinar no campo de terra e aprimorar aspectos técnicos e mentais gerados pelas dificuldades inerentes à superfície. Fazem isso para potencializar suas agilidades e talentos individuais.

A iniciativa faz parte do “Projeto Favela”, que, desde 2016, leva os garotos da base do Palmeiras para jogar na várzea ou em campos de comunidades na Grande São Paulo. “Queremos aqui não deixar que se perca o que temos de bom, o que são nossos diferenciais, nossa essência no futebol”, explica ao Estadão Vitor Hugo Estevo Valvassori, de 31 anos, técnico do sub-10 do Palmeiras.

Uma vez por semana, jovens do Palmeiras jogam em campo de terra no CT Foto: Taba Benedicto/Estadão

O treinador acredita que o piso irregular que forjou tantos talentosos atletas no passado pode ajudar a fazer com que o futebol brasileiro mantenha vivas suas características originais e importe de outros países apenas o que precisa importar.

“Em vez de trazer somente as coisas boas que têm no mundo, estão querendo trazer tudo”, critica ele. A teoria é a mesma do futebol do passado ou até mesmo dos meninos que jogam na várzea, com campos de terra cujo domínio da bola e agilidade no pensamento são desenvolvidos nas partidas.

O Palmeiras é o único clube do País que tomou essa decisão. O arquirrival Corinthians, cabe lembrar, revelou muitos talentos em seu Terrão, tradicional campo no Parque São Jorge onde eram realizadas as peneiras do clube e os treinamentos das categorias de base. Mas é uma situação diferente. E o campo de terra foi substituído por grama à medida que o clube alvinegro melhorou sua estrutura.

Terrão palmeirense tem filho de Dudu

Depois de anos jogando nas favelas, o Palmeiras decidiu ter o seu próprio terrão e é lá que os garotos conheceram o “futebol raiz” de antigamente. Um dos que experimentam semanalmente as intempéries do campo de terra no CT em Guarulhos é o garoto Pedro, filho do atacante Dudu, ídolo palmeirense e que se recupera de uma cirurgia no joelho.

“A bola quica, é mais difícil para dominar”, diz o garoto, que joga na ponta e como meio-campista e também é jogador do futsal do clube. Ele assinou no início deste ano seu primeiro contrato com o time alviverde. “Aprendi muito aqui”. Para quem joga debaixo das traves, é igualmente complicado. “A luva fica cheia de terra. Olha só”, conta o goleiro Gustavo, exibindo suas luvas sujas de terra.

Fã do espanhol Sergio Ramos e do paraguaio Gustavo Gómez, o zagueiro Guilherme não tem o terrão entre os seus pisos prediletos. “Prefiro a grama sintética”, admite. “Mas quando volto pra grama normal, fica bem mais fácil”, afirma.

Filho de Dudu, garoto Pedro é um dos que treinam no terrão do Palmeiras Foto: Taba Benedicto/Estadão

Improviso e liberdade

Os obstáculos enfrentados no campo de terra ajudam na formação dos garotos de diferentes maneiras, aponta Valvassori. No terrão palmeirense, os jovens que dão seus primeiros passos no futebol são incentivados a improvisar, driblar e ficam livres para tomar as próprias decisões no jogo. A agilidade do piso atípico condiciona a dinâmica das ações individuais.

Trata-se de uma metodologia, diz o treinador, antagônica à mecanização do futebol, com jogadores “robóticos” e pragmáticos acostumados a obedecer às ordens do técnico em campos gramados. “A gente incentiva muito o drible, dá até uma pontuação adicional ao garoto que consegue dar uma caneta, um chapéu, justamente para trazer o que a gente sempre teve, mas está se perdendo um pouco”, pontua o profissional.

Jovens da base aprendem sobre autonomia e liberdade de improviso no terrão Foto: Taba Benedicto/Estadão

Ele treina os garotos no terrão palmeirense geralmente às quintas-feiras. Primeiro, comanda uma atividade tática. Depois, sai de cena e deixa os pequenos atletas jogarem livres. Eles mesmos que dividem os times, escolhem os capitães e apitam a partida. “Damos autonomia e encorajamos os meninos a serem mais questionadores”, afirma o técnico do sub-10. “Se quiserem montar um time só com os amigos, eles podem, mas vão se prejudicar. Eles aprendem sobre escolhas e renúncias”.

O Centro de Formação de Atletas do Palmeiras se consolidou nos últimos anos como uma das principais referências de base no Brasil. A reestruturação, que começou em 2013, rendeu dezenas de títulos de expressão e fez surgir alguns dos principais talentos do futebol nacional, como o atacante Endrick, já vendido ao Real Madrid e que recentemente disputou suas primeiras partidas pela seleção brasileira.

Em 2022, o clube ganhou mais de 150 torneios nas categorias inferiores. É o atual bicampeão da Copa São Paulo de Futebol Júnior, a competição mais importante da base no País.

O Palmeiras melhorou significativamente sua estrutura nos últimos anos e transformou seu antigo estádio em uma arena moderna com gramado sintético. Mas nem tudo é luxo no atual campeão brasileiro, que briga pelo bi nesta temporada. O clube decidiu dar espaço a algo que representa tão bem o futebol brasileiro: o campo de terra.

Desde fevereiro, o Palmeiras voltou às raízes ao arrancar a grama de um de seus campos no centro de treinamento das categorias de base, em Guarulhos, e transformá-lo num terrão, onde centenas de garotos jogam semanalmente. As categorias inferiores priorizaram a formação no futsal, com integração gradual ao gramado. Portanto, os jovens chegam a jogar em três pisos diferentes nessa formação.

Em vez da grama, a terra. No lugar do terreno liso e plano, uma superfície esburacada, com armadilhas em todos os setores. Uma vez por semana, atletas mais jovens, de 10 anos a 14 anos, têm a oportunidade de treinar no campo de terra e aprimorar aspectos técnicos e mentais gerados pelas dificuldades inerentes à superfície. Fazem isso para potencializar suas agilidades e talentos individuais.

A iniciativa faz parte do “Projeto Favela”, que, desde 2016, leva os garotos da base do Palmeiras para jogar na várzea ou em campos de comunidades na Grande São Paulo. “Queremos aqui não deixar que se perca o que temos de bom, o que são nossos diferenciais, nossa essência no futebol”, explica ao Estadão Vitor Hugo Estevo Valvassori, de 31 anos, técnico do sub-10 do Palmeiras.

Uma vez por semana, jovens do Palmeiras jogam em campo de terra no CT Foto: Taba Benedicto/Estadão

O treinador acredita que o piso irregular que forjou tantos talentosos atletas no passado pode ajudar a fazer com que o futebol brasileiro mantenha vivas suas características originais e importe de outros países apenas o que precisa importar.

“Em vez de trazer somente as coisas boas que têm no mundo, estão querendo trazer tudo”, critica ele. A teoria é a mesma do futebol do passado ou até mesmo dos meninos que jogam na várzea, com campos de terra cujo domínio da bola e agilidade no pensamento são desenvolvidos nas partidas.

O Palmeiras é o único clube do País que tomou essa decisão. O arquirrival Corinthians, cabe lembrar, revelou muitos talentos em seu Terrão, tradicional campo no Parque São Jorge onde eram realizadas as peneiras do clube e os treinamentos das categorias de base. Mas é uma situação diferente. E o campo de terra foi substituído por grama à medida que o clube alvinegro melhorou sua estrutura.

Terrão palmeirense tem filho de Dudu

Depois de anos jogando nas favelas, o Palmeiras decidiu ter o seu próprio terrão e é lá que os garotos conheceram o “futebol raiz” de antigamente. Um dos que experimentam semanalmente as intempéries do campo de terra no CT em Guarulhos é o garoto Pedro, filho do atacante Dudu, ídolo palmeirense e que se recupera de uma cirurgia no joelho.

“A bola quica, é mais difícil para dominar”, diz o garoto, que joga na ponta e como meio-campista e também é jogador do futsal do clube. Ele assinou no início deste ano seu primeiro contrato com o time alviverde. “Aprendi muito aqui”. Para quem joga debaixo das traves, é igualmente complicado. “A luva fica cheia de terra. Olha só”, conta o goleiro Gustavo, exibindo suas luvas sujas de terra.

Fã do espanhol Sergio Ramos e do paraguaio Gustavo Gómez, o zagueiro Guilherme não tem o terrão entre os seus pisos prediletos. “Prefiro a grama sintética”, admite. “Mas quando volto pra grama normal, fica bem mais fácil”, afirma.

Filho de Dudu, garoto Pedro é um dos que treinam no terrão do Palmeiras Foto: Taba Benedicto/Estadão

Improviso e liberdade

Os obstáculos enfrentados no campo de terra ajudam na formação dos garotos de diferentes maneiras, aponta Valvassori. No terrão palmeirense, os jovens que dão seus primeiros passos no futebol são incentivados a improvisar, driblar e ficam livres para tomar as próprias decisões no jogo. A agilidade do piso atípico condiciona a dinâmica das ações individuais.

Trata-se de uma metodologia, diz o treinador, antagônica à mecanização do futebol, com jogadores “robóticos” e pragmáticos acostumados a obedecer às ordens do técnico em campos gramados. “A gente incentiva muito o drible, dá até uma pontuação adicional ao garoto que consegue dar uma caneta, um chapéu, justamente para trazer o que a gente sempre teve, mas está se perdendo um pouco”, pontua o profissional.

Jovens da base aprendem sobre autonomia e liberdade de improviso no terrão Foto: Taba Benedicto/Estadão

Ele treina os garotos no terrão palmeirense geralmente às quintas-feiras. Primeiro, comanda uma atividade tática. Depois, sai de cena e deixa os pequenos atletas jogarem livres. Eles mesmos que dividem os times, escolhem os capitães e apitam a partida. “Damos autonomia e encorajamos os meninos a serem mais questionadores”, afirma o técnico do sub-10. “Se quiserem montar um time só com os amigos, eles podem, mas vão se prejudicar. Eles aprendem sobre escolhas e renúncias”.

O Centro de Formação de Atletas do Palmeiras se consolidou nos últimos anos como uma das principais referências de base no Brasil. A reestruturação, que começou em 2013, rendeu dezenas de títulos de expressão e fez surgir alguns dos principais talentos do futebol nacional, como o atacante Endrick, já vendido ao Real Madrid e que recentemente disputou suas primeiras partidas pela seleção brasileira.

Em 2022, o clube ganhou mais de 150 torneios nas categorias inferiores. É o atual bicampeão da Copa São Paulo de Futebol Júnior, a competição mais importante da base no País.

O Palmeiras melhorou significativamente sua estrutura nos últimos anos e transformou seu antigo estádio em uma arena moderna com gramado sintético. Mas nem tudo é luxo no atual campeão brasileiro, que briga pelo bi nesta temporada. O clube decidiu dar espaço a algo que representa tão bem o futebol brasileiro: o campo de terra.

Desde fevereiro, o Palmeiras voltou às raízes ao arrancar a grama de um de seus campos no centro de treinamento das categorias de base, em Guarulhos, e transformá-lo num terrão, onde centenas de garotos jogam semanalmente. As categorias inferiores priorizaram a formação no futsal, com integração gradual ao gramado. Portanto, os jovens chegam a jogar em três pisos diferentes nessa formação.

Em vez da grama, a terra. No lugar do terreno liso e plano, uma superfície esburacada, com armadilhas em todos os setores. Uma vez por semana, atletas mais jovens, de 10 anos a 14 anos, têm a oportunidade de treinar no campo de terra e aprimorar aspectos técnicos e mentais gerados pelas dificuldades inerentes à superfície. Fazem isso para potencializar suas agilidades e talentos individuais.

A iniciativa faz parte do “Projeto Favela”, que, desde 2016, leva os garotos da base do Palmeiras para jogar na várzea ou em campos de comunidades na Grande São Paulo. “Queremos aqui não deixar que se perca o que temos de bom, o que são nossos diferenciais, nossa essência no futebol”, explica ao Estadão Vitor Hugo Estevo Valvassori, de 31 anos, técnico do sub-10 do Palmeiras.

Uma vez por semana, jovens do Palmeiras jogam em campo de terra no CT Foto: Taba Benedicto/Estadão

O treinador acredita que o piso irregular que forjou tantos talentosos atletas no passado pode ajudar a fazer com que o futebol brasileiro mantenha vivas suas características originais e importe de outros países apenas o que precisa importar.

“Em vez de trazer somente as coisas boas que têm no mundo, estão querendo trazer tudo”, critica ele. A teoria é a mesma do futebol do passado ou até mesmo dos meninos que jogam na várzea, com campos de terra cujo domínio da bola e agilidade no pensamento são desenvolvidos nas partidas.

O Palmeiras é o único clube do País que tomou essa decisão. O arquirrival Corinthians, cabe lembrar, revelou muitos talentos em seu Terrão, tradicional campo no Parque São Jorge onde eram realizadas as peneiras do clube e os treinamentos das categorias de base. Mas é uma situação diferente. E o campo de terra foi substituído por grama à medida que o clube alvinegro melhorou sua estrutura.

Terrão palmeirense tem filho de Dudu

Depois de anos jogando nas favelas, o Palmeiras decidiu ter o seu próprio terrão e é lá que os garotos conheceram o “futebol raiz” de antigamente. Um dos que experimentam semanalmente as intempéries do campo de terra no CT em Guarulhos é o garoto Pedro, filho do atacante Dudu, ídolo palmeirense e que se recupera de uma cirurgia no joelho.

“A bola quica, é mais difícil para dominar”, diz o garoto, que joga na ponta e como meio-campista e também é jogador do futsal do clube. Ele assinou no início deste ano seu primeiro contrato com o time alviverde. “Aprendi muito aqui”. Para quem joga debaixo das traves, é igualmente complicado. “A luva fica cheia de terra. Olha só”, conta o goleiro Gustavo, exibindo suas luvas sujas de terra.

Fã do espanhol Sergio Ramos e do paraguaio Gustavo Gómez, o zagueiro Guilherme não tem o terrão entre os seus pisos prediletos. “Prefiro a grama sintética”, admite. “Mas quando volto pra grama normal, fica bem mais fácil”, afirma.

Filho de Dudu, garoto Pedro é um dos que treinam no terrão do Palmeiras Foto: Taba Benedicto/Estadão

Improviso e liberdade

Os obstáculos enfrentados no campo de terra ajudam na formação dos garotos de diferentes maneiras, aponta Valvassori. No terrão palmeirense, os jovens que dão seus primeiros passos no futebol são incentivados a improvisar, driblar e ficam livres para tomar as próprias decisões no jogo. A agilidade do piso atípico condiciona a dinâmica das ações individuais.

Trata-se de uma metodologia, diz o treinador, antagônica à mecanização do futebol, com jogadores “robóticos” e pragmáticos acostumados a obedecer às ordens do técnico em campos gramados. “A gente incentiva muito o drible, dá até uma pontuação adicional ao garoto que consegue dar uma caneta, um chapéu, justamente para trazer o que a gente sempre teve, mas está se perdendo um pouco”, pontua o profissional.

Jovens da base aprendem sobre autonomia e liberdade de improviso no terrão Foto: Taba Benedicto/Estadão

Ele treina os garotos no terrão palmeirense geralmente às quintas-feiras. Primeiro, comanda uma atividade tática. Depois, sai de cena e deixa os pequenos atletas jogarem livres. Eles mesmos que dividem os times, escolhem os capitães e apitam a partida. “Damos autonomia e encorajamos os meninos a serem mais questionadores”, afirma o técnico do sub-10. “Se quiserem montar um time só com os amigos, eles podem, mas vão se prejudicar. Eles aprendem sobre escolhas e renúncias”.

O Centro de Formação de Atletas do Palmeiras se consolidou nos últimos anos como uma das principais referências de base no Brasil. A reestruturação, que começou em 2013, rendeu dezenas de títulos de expressão e fez surgir alguns dos principais talentos do futebol nacional, como o atacante Endrick, já vendido ao Real Madrid e que recentemente disputou suas primeiras partidas pela seleção brasileira.

Em 2022, o clube ganhou mais de 150 torneios nas categorias inferiores. É o atual bicampeão da Copa São Paulo de Futebol Júnior, a competição mais importante da base no País.

O Palmeiras melhorou significativamente sua estrutura nos últimos anos e transformou seu antigo estádio em uma arena moderna com gramado sintético. Mas nem tudo é luxo no atual campeão brasileiro, que briga pelo bi nesta temporada. O clube decidiu dar espaço a algo que representa tão bem o futebol brasileiro: o campo de terra.

Desde fevereiro, o Palmeiras voltou às raízes ao arrancar a grama de um de seus campos no centro de treinamento das categorias de base, em Guarulhos, e transformá-lo num terrão, onde centenas de garotos jogam semanalmente. As categorias inferiores priorizaram a formação no futsal, com integração gradual ao gramado. Portanto, os jovens chegam a jogar em três pisos diferentes nessa formação.

Em vez da grama, a terra. No lugar do terreno liso e plano, uma superfície esburacada, com armadilhas em todos os setores. Uma vez por semana, atletas mais jovens, de 10 anos a 14 anos, têm a oportunidade de treinar no campo de terra e aprimorar aspectos técnicos e mentais gerados pelas dificuldades inerentes à superfície. Fazem isso para potencializar suas agilidades e talentos individuais.

A iniciativa faz parte do “Projeto Favela”, que, desde 2016, leva os garotos da base do Palmeiras para jogar na várzea ou em campos de comunidades na Grande São Paulo. “Queremos aqui não deixar que se perca o que temos de bom, o que são nossos diferenciais, nossa essência no futebol”, explica ao Estadão Vitor Hugo Estevo Valvassori, de 31 anos, técnico do sub-10 do Palmeiras.

Uma vez por semana, jovens do Palmeiras jogam em campo de terra no CT Foto: Taba Benedicto/Estadão

O treinador acredita que o piso irregular que forjou tantos talentosos atletas no passado pode ajudar a fazer com que o futebol brasileiro mantenha vivas suas características originais e importe de outros países apenas o que precisa importar.

“Em vez de trazer somente as coisas boas que têm no mundo, estão querendo trazer tudo”, critica ele. A teoria é a mesma do futebol do passado ou até mesmo dos meninos que jogam na várzea, com campos de terra cujo domínio da bola e agilidade no pensamento são desenvolvidos nas partidas.

O Palmeiras é o único clube do País que tomou essa decisão. O arquirrival Corinthians, cabe lembrar, revelou muitos talentos em seu Terrão, tradicional campo no Parque São Jorge onde eram realizadas as peneiras do clube e os treinamentos das categorias de base. Mas é uma situação diferente. E o campo de terra foi substituído por grama à medida que o clube alvinegro melhorou sua estrutura.

Terrão palmeirense tem filho de Dudu

Depois de anos jogando nas favelas, o Palmeiras decidiu ter o seu próprio terrão e é lá que os garotos conheceram o “futebol raiz” de antigamente. Um dos que experimentam semanalmente as intempéries do campo de terra no CT em Guarulhos é o garoto Pedro, filho do atacante Dudu, ídolo palmeirense e que se recupera de uma cirurgia no joelho.

“A bola quica, é mais difícil para dominar”, diz o garoto, que joga na ponta e como meio-campista e também é jogador do futsal do clube. Ele assinou no início deste ano seu primeiro contrato com o time alviverde. “Aprendi muito aqui”. Para quem joga debaixo das traves, é igualmente complicado. “A luva fica cheia de terra. Olha só”, conta o goleiro Gustavo, exibindo suas luvas sujas de terra.

Fã do espanhol Sergio Ramos e do paraguaio Gustavo Gómez, o zagueiro Guilherme não tem o terrão entre os seus pisos prediletos. “Prefiro a grama sintética”, admite. “Mas quando volto pra grama normal, fica bem mais fácil”, afirma.

Filho de Dudu, garoto Pedro é um dos que treinam no terrão do Palmeiras Foto: Taba Benedicto/Estadão

Improviso e liberdade

Os obstáculos enfrentados no campo de terra ajudam na formação dos garotos de diferentes maneiras, aponta Valvassori. No terrão palmeirense, os jovens que dão seus primeiros passos no futebol são incentivados a improvisar, driblar e ficam livres para tomar as próprias decisões no jogo. A agilidade do piso atípico condiciona a dinâmica das ações individuais.

Trata-se de uma metodologia, diz o treinador, antagônica à mecanização do futebol, com jogadores “robóticos” e pragmáticos acostumados a obedecer às ordens do técnico em campos gramados. “A gente incentiva muito o drible, dá até uma pontuação adicional ao garoto que consegue dar uma caneta, um chapéu, justamente para trazer o que a gente sempre teve, mas está se perdendo um pouco”, pontua o profissional.

Jovens da base aprendem sobre autonomia e liberdade de improviso no terrão Foto: Taba Benedicto/Estadão

Ele treina os garotos no terrão palmeirense geralmente às quintas-feiras. Primeiro, comanda uma atividade tática. Depois, sai de cena e deixa os pequenos atletas jogarem livres. Eles mesmos que dividem os times, escolhem os capitães e apitam a partida. “Damos autonomia e encorajamos os meninos a serem mais questionadores”, afirma o técnico do sub-10. “Se quiserem montar um time só com os amigos, eles podem, mas vão se prejudicar. Eles aprendem sobre escolhas e renúncias”.

O Centro de Formação de Atletas do Palmeiras se consolidou nos últimos anos como uma das principais referências de base no Brasil. A reestruturação, que começou em 2013, rendeu dezenas de títulos de expressão e fez surgir alguns dos principais talentos do futebol nacional, como o atacante Endrick, já vendido ao Real Madrid e que recentemente disputou suas primeiras partidas pela seleção brasileira.

Em 2022, o clube ganhou mais de 150 torneios nas categorias inferiores. É o atual bicampeão da Copa São Paulo de Futebol Júnior, a competição mais importante da base no País.

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