Paulistão 2024: times do interior perdem espaço e Estadual fica concentrado no entorno da capital


Campeonato começa neste fim de semana com a participação de 16 clubes; Palmeiras e São Paulo são os grandes favoritos

Por Marcos Antomil
Atualização:

Após 45 dias de férias e pré-temporada, os clubes paulistas voltam a atuar oficialmente neste fim de semana. Como de praxe, o Paulistão começa cercado de dúvidas sobre as equipes, que têm metas diferentes para o torneio e para a temporada 2024. Porém, o Estadual mais importante do País é acompanhado de uma certeza: está cada vez mais concentrado na região metropolitana de São Paulo e Baixada Santista, com as equipes do interior perdendo espaço e força.

Dos 16 participantes desta edição, apenas oito equipes são do interior (Red Bull Bragantino, Ponte Preta, Guarani, Ituano, Mirassol, Novorizontino, Inter de Limeira e Botafogo de Ribeirão Preto). O mesmo número foi observado em 2023. Destacados os números do século 21, esses dois anos são os que têm o menor índice de participação de times do interior de São Paulo.

As razões para essa centralização são variadas, mas é comum o argumento de que a região metropolitana reúne maior população e, por conseguinte, maiores investimentos em todas as áreas, incluindo o esporte. Não há uma solução única e tampouco consonância entre os clubes sobre este fato ser um problema que os una.

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“É muito importante que os clubes paulistas, especialmente do interior de São Paulo, tomem decisões em conjunto. É uma maneira da nossa representatividade ganhar ainda mais peso. Sou favorável, inclusive, de aumentarmos a frequência dos nossos debates e conversas. Temos de discutir mais sobre os nossos interesses em comum”, afirma André Marconatto, presidente do Guarani.

Disputa do Paulistão 2024 começa neste fim de semana. Foto: Rebeca Reis/Ag.Paulistão
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A Federação Paulista de Futebol (FPF) foi procurada pela reportagem para debater o tema e enalteceu a participação das equipes do interior do Estado no cenário nacional. “Desde 2017, quando o Paulistão foi estabelecido com 16 clubes participantes, a parcela de times do interior (não considerados aqueles da Região Metropolitana de São Paulo e do Litoral) varia sazonalmente entre 8 e 10 clubes. Em 2023 e 2024, oito clubes do interior compõem o Estadual, sendo que 6 deles disputarão a Série B, 1 (Red Bull Bragantino) a Série A e 1 (Ferroviária) na Série C do Brasileirão deste ano, num protagonismo inédito do interior paulista no cenário nacional. A FPF organizou, em 2023, 4.415 jogos em 23 competições, contemplando clubes de todo o Estado, e tem priorizado o fomento do futebol no interior, com aumento de repasses de cotas, premiações e subsídios aos clubes”, disse a entidade em nota.

Representação nacional distoa

Apesar do cenário preocupante no Paulistão, a representação do interior paulista a nível nacional é bastante significativa. Um está na elite do Brasileirão, o Red Bull Bragantino e seis disputam a Série B (Botafogo, Guarani, Ponte, Mirassol, Novorizontino e Ituano).

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“O Campeonato Paulista é o Estadual mais difícil do país. O nível de competitividade é muito alto e exige um trabalho árduo, sobretudo das equipes do interior, para acompanhar. Nesta edição, por exemplo, vamos reencontrar cinco equipes que disputaram a Série B no ano passado. Ou seja, os clubes que não tiverem um planejamento bem definido ficarão pelo caminho. Nós temos feito um esforço grande para montar uma equipe forte e que alcance os objetivos que traçamos na competição”, completou Marconatto, mandatário do time bugrino.

Quem concorda com essa avaliação é o presidente do Conselho de Administração da Botafogo de Ribeirão Preto, Adalberto Baptista. A receita para a manutenção do time na Série B e a construção do desejo de alcançar a elite passa por investimento e melhora na estrutura para treinamentos e jogos.

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“O Campeonato Paulista é uma competição extremamente difícil, torneio de tiro curto e com várias equipes na elite do futebol nacional. Sabemos que a manutenção exige um trabalho de gestão e a construção de uma equipe competitiva. Com as fontes de receita que construímos nos últimos anos, como a agenda de shows na Arena Nicnet (Estádio Santa Cruz), conseguimos ampliar o investimento no futebol, o que nos possibilitará buscar peças para brigar pela classificação no estadual, disputar a Copa do Brasil e lutar por uma vaga na Série A, que é o objetivo do clube na temporada”, comenta o gestor.

Estadual perdeu um de seus principais papeis: fomentar a rivalidade local

A perda de relevância dos Estaduais em meio a um calendário caótico do futebol brasileiro se acentuou nos últimos anos. Os treinadores dos times da elite, por exemplo, têm de fazer uma espécie de “escolha de Sofia”. Ao lançar a equipe titular e disputar com afinco o torneio, correm o risco de desgastar prematuramente seus atletas. No entanto, qualquer tropeço, somado a um eventual mau desempenho e eliminação, pode custar o emprego ao treinador.

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“É uma utopia achar que um campeonato regional sirva como teste. Esquece. Ninguém entende isso. Nós podemos entender aqui, internamente. Porém, externamente ninguém entende assim. Campeonato que se entra, independentemente da projeção que tem a competição, você tem obrigação de disputar no seu limite. É um catalisador de crises porque penaliza os grandes clubes que retornam depois, voltam sem estar nas suas melhores condições, e de repente se vê jogando de duas a três competições a partir de fevereiro. Não tem como relaxar no futebol. Mesmo tentando ser muito claro e explicando, ninguém entende, e nós não podemos pensar dessa forma”, disse Dorival Júnior, novo técnico da seleção brasileira, ao Estadão, em novembro.

Mascotes dos clubes que disputam o Paulistão em 2024. Foto: João Loureiro/Ag. Paulistão

A diminuição no número de participantes na elite do Paulistão, a existência de cinco divisões em São Paulo (A1, A2, A3, A4 e Segunda Divisão) e o formato dos torneios culminam com uma sensível perda de um item essencial para o futebol: a rivalidade. O clássico entre Botafogo e Comercial não acontece pelo Paulistão desde 2014. Já o duelo entre Guarani e Ponte pode ir para o seu segundo ano seguido sem ser disputado no Estadual.

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“Era esperado que o número de clubes da região metropolitana da capital na primeira divisão fosse elevado na última década. É uma tendência em outros países, de dimensões similares a do Estado. No segundo Estado mais relevante do nosso futebol, esse movimento já se consolidou faz algum tempo. O Carioca tem dez clubes da capital e entorno, um do litoral e um do interior somente, o Volta Redonda. Com o desenvolvimento dos negócios no futebol, novos investidores priorizam investimentos nos grandes centros pelas facilidades logísticas, tanto para os jogos quanto para receber atleta de outras regiões, ainda nas categorias de base. Apesar de o interior paulista ser de longe o mais rico do País, a riqueza da capital é cada vez maior e absoluta comparativamente”, avalia Thiago Freitas, COO da Roc Nation Sports no Brasil, companhia que gerencia as carreiras de atletas.

Há solução?

Existe uma somatória de problemas que imperam no futebol brasileiro e impedem que o desenvolvimento do esporte esteja conciliado com particularidades de um País com dimensões continentais. A disputa dos Estaduais por equipes grandes é questionado, mas para traçar um horizonte plausível é necessário compreender aspectos imprescindíveis para a modalidade atualmente: financiamento e investimento.

“Acredito que a região metropolitana é um centrode nogócios e, por isso, as equipes talvez tenham se desenvolvido de uma forma melhor, na captação de recursos, patrocínio e visibilidade. Confio muito no movimento das SAFs. O futebol vem passando por uma profissionalização, a gestão de boa parte dos times do interior era feita por torcedores, mas não da forma mais profissional possível. Seja o clube uma SAF ou empresa, sendo tratado como forma de negócio profissional, é o que fará os times do interior retomarem destaque e desenvolverem o interior de São Paulo”, argumenta Juliano Amorim, diretor de futebol do São Bento de Sorocaba, que disputa a Série A2.

A FPF se reúne com clubes nos últimos meses do ano para definir regulamento do Paulistão da temporada seguinte. Foto: Rodrigo Corsi/Ag.Paulistão

Na elite do Paulistão, Botafogo, Novorizontino e São Bernardo são SAFs, enquanto Red Bull Bragantino e Ituano são administrados como clubes-empresa. A Portuguesa já teve autorização para se tornar SAF, mas ainda não encontrou um comprador. Situação semelhante vive a Inter de Limeira. As demais equipes continuam, por enquanto, com o modelo associativo.

Um clube para manter suas portas abertas precisa de patrocínio, receitas com direitos de transmissão, venda de ingressos e atletas, bônus por desempenho nas competições e a contribuição do sócio e sócio-torcedor. Aqueles que estão fora da elite (seja a nível estadual ou nacional) têm enorme dificuldade para se sustentar. Alguns optam por disputar somente o Campeonato Estadual e abrem mão da Copa Estadual. Nesse período, muitos atletas ficam sem ter onde jogar profissionalmente. É importante ter jogos oficiais o ano todo, mas um requisito básico é encontrar um meio de financiamento. O problema não é simples e precisa, portanto, de uma discussão produtiva com ações que fortaleçam todos os clubes, de todas as divisões e regiões do País.

“Os clubes do interior captam receita por cotas das competições, patrocínios locais e, cada vez mais, a geração de negócio com a venda de jogadores. No São Bento, por exemplo, os acordos já começam com jogadores de 15 anos, negociando participação de outros clubes (nos direitos econômicos do jogador), que, futuramente, vão gerar receitas para o clube”, ressalta Amorim.

Quem são os favoritos para o Paulistão 2024?

A equipe de Esportes do Estadão apontou quais clubes são os favoritos para a conquista do Paulistão em 2024. Também foram escolhidos times que podem surpreender, os que serão apenas coadjunvantes e aqueles que lutarão contra o rebaixamento. Foram usados como critério: elenco, desempenho histórico e o momento vivido pelos times.

Palmeiras e São Paulo foram apontados, por unanimidade, como os favoritos ao título. Outra unanimidade foi a Inter de Limeira como candidata ao rebaixamento. Confira o ranking:

  • FAVORITOS: Palmeiras, São Paulo e Red Bull Bragantino.
  • PODEM SURPREENDER: Corinthians, Santos, Novorizontino e Mirassol.
  • COADJUVANTES: São Bernardo, Água Santa, Guarani, Ponte Preta, Ituano e Botafogo.
  • BRIGAM PARA NÃO CAIR: Portuguesa, Santo André e Inter de Limeira.

Formato do Paulistão: grupos e sistema de disputa

As 16 equipes do Paulistão são divididas em quatro grupos com quatro times em cada. Os clubes enfrentam adversários das outras chaves na primeira fase, totalizando 12 jogos. Ao fim desta etapa, os dois primeiros colocados de cada grupo medem forças em partida única nas quartas de final. Os duelos da semifinal são definidos por meio da classificação geral, também em jogo único. A decisão acontece em partidas de ida e volta. As duas equipes que somarem o menor número de pontos na classificação geral serão rebaixadas para a Série A2.

Quartas de final (jogo único)

  • 1ºA x 2ºA
  • 1ºB x 2ºB
  • 1ºC x 2ºC
  • 1ºD x 2ºD

Semifinal (jogo único)

  • Melhor semifinalista x 4º semifinalista
  • 2º semifinalista x 3º semifinalista

Confira os jogos da 1ª rodada do Paulistão 2024

Sábado - 20/01

  • 17h15 - Red Bull Bragantino x Água Santa - TNT, HBO Max e Paulistão Play
  • 18h - Botafogo de Ribeirão Preto x Santos - CazéTV e Paulistão Play
  • 20h - São Paulo x Santo André - TNT e HBO Max
  • 20h15 - Ponte Preta x Mirassol - CazéTV e Paulistão Play

Domingo - 21/01

  • 16h - Novorizontino x Palmeiras - CazéTV e Paulistão Play
  • 16h - São Bernardo x Ituano - Paulistão Play
  • 18h - Corinthians x Guarani - Record e Paulistão Play
  • 18h - Inter de Limeira x Portuguesa - CazéTV e Paulistão Play

Após 45 dias de férias e pré-temporada, os clubes paulistas voltam a atuar oficialmente neste fim de semana. Como de praxe, o Paulistão começa cercado de dúvidas sobre as equipes, que têm metas diferentes para o torneio e para a temporada 2024. Porém, o Estadual mais importante do País é acompanhado de uma certeza: está cada vez mais concentrado na região metropolitana de São Paulo e Baixada Santista, com as equipes do interior perdendo espaço e força.

Dos 16 participantes desta edição, apenas oito equipes são do interior (Red Bull Bragantino, Ponte Preta, Guarani, Ituano, Mirassol, Novorizontino, Inter de Limeira e Botafogo de Ribeirão Preto). O mesmo número foi observado em 2023. Destacados os números do século 21, esses dois anos são os que têm o menor índice de participação de times do interior de São Paulo.

As razões para essa centralização são variadas, mas é comum o argumento de que a região metropolitana reúne maior população e, por conseguinte, maiores investimentos em todas as áreas, incluindo o esporte. Não há uma solução única e tampouco consonância entre os clubes sobre este fato ser um problema que os una.

“É muito importante que os clubes paulistas, especialmente do interior de São Paulo, tomem decisões em conjunto. É uma maneira da nossa representatividade ganhar ainda mais peso. Sou favorável, inclusive, de aumentarmos a frequência dos nossos debates e conversas. Temos de discutir mais sobre os nossos interesses em comum”, afirma André Marconatto, presidente do Guarani.

Disputa do Paulistão 2024 começa neste fim de semana. Foto: Rebeca Reis/Ag.Paulistão

A Federação Paulista de Futebol (FPF) foi procurada pela reportagem para debater o tema e enalteceu a participação das equipes do interior do Estado no cenário nacional. “Desde 2017, quando o Paulistão foi estabelecido com 16 clubes participantes, a parcela de times do interior (não considerados aqueles da Região Metropolitana de São Paulo e do Litoral) varia sazonalmente entre 8 e 10 clubes. Em 2023 e 2024, oito clubes do interior compõem o Estadual, sendo que 6 deles disputarão a Série B, 1 (Red Bull Bragantino) a Série A e 1 (Ferroviária) na Série C do Brasileirão deste ano, num protagonismo inédito do interior paulista no cenário nacional. A FPF organizou, em 2023, 4.415 jogos em 23 competições, contemplando clubes de todo o Estado, e tem priorizado o fomento do futebol no interior, com aumento de repasses de cotas, premiações e subsídios aos clubes”, disse a entidade em nota.

Representação nacional distoa

Apesar do cenário preocupante no Paulistão, a representação do interior paulista a nível nacional é bastante significativa. Um está na elite do Brasileirão, o Red Bull Bragantino e seis disputam a Série B (Botafogo, Guarani, Ponte, Mirassol, Novorizontino e Ituano).

“O Campeonato Paulista é o Estadual mais difícil do país. O nível de competitividade é muito alto e exige um trabalho árduo, sobretudo das equipes do interior, para acompanhar. Nesta edição, por exemplo, vamos reencontrar cinco equipes que disputaram a Série B no ano passado. Ou seja, os clubes que não tiverem um planejamento bem definido ficarão pelo caminho. Nós temos feito um esforço grande para montar uma equipe forte e que alcance os objetivos que traçamos na competição”, completou Marconatto, mandatário do time bugrino.

Quem concorda com essa avaliação é o presidente do Conselho de Administração da Botafogo de Ribeirão Preto, Adalberto Baptista. A receita para a manutenção do time na Série B e a construção do desejo de alcançar a elite passa por investimento e melhora na estrutura para treinamentos e jogos.

“O Campeonato Paulista é uma competição extremamente difícil, torneio de tiro curto e com várias equipes na elite do futebol nacional. Sabemos que a manutenção exige um trabalho de gestão e a construção de uma equipe competitiva. Com as fontes de receita que construímos nos últimos anos, como a agenda de shows na Arena Nicnet (Estádio Santa Cruz), conseguimos ampliar o investimento no futebol, o que nos possibilitará buscar peças para brigar pela classificação no estadual, disputar a Copa do Brasil e lutar por uma vaga na Série A, que é o objetivo do clube na temporada”, comenta o gestor.

Estadual perdeu um de seus principais papeis: fomentar a rivalidade local

A perda de relevância dos Estaduais em meio a um calendário caótico do futebol brasileiro se acentuou nos últimos anos. Os treinadores dos times da elite, por exemplo, têm de fazer uma espécie de “escolha de Sofia”. Ao lançar a equipe titular e disputar com afinco o torneio, correm o risco de desgastar prematuramente seus atletas. No entanto, qualquer tropeço, somado a um eventual mau desempenho e eliminação, pode custar o emprego ao treinador.

“É uma utopia achar que um campeonato regional sirva como teste. Esquece. Ninguém entende isso. Nós podemos entender aqui, internamente. Porém, externamente ninguém entende assim. Campeonato que se entra, independentemente da projeção que tem a competição, você tem obrigação de disputar no seu limite. É um catalisador de crises porque penaliza os grandes clubes que retornam depois, voltam sem estar nas suas melhores condições, e de repente se vê jogando de duas a três competições a partir de fevereiro. Não tem como relaxar no futebol. Mesmo tentando ser muito claro e explicando, ninguém entende, e nós não podemos pensar dessa forma”, disse Dorival Júnior, novo técnico da seleção brasileira, ao Estadão, em novembro.

Mascotes dos clubes que disputam o Paulistão em 2024. Foto: João Loureiro/Ag. Paulistão

A diminuição no número de participantes na elite do Paulistão, a existência de cinco divisões em São Paulo (A1, A2, A3, A4 e Segunda Divisão) e o formato dos torneios culminam com uma sensível perda de um item essencial para o futebol: a rivalidade. O clássico entre Botafogo e Comercial não acontece pelo Paulistão desde 2014. Já o duelo entre Guarani e Ponte pode ir para o seu segundo ano seguido sem ser disputado no Estadual.

“Era esperado que o número de clubes da região metropolitana da capital na primeira divisão fosse elevado na última década. É uma tendência em outros países, de dimensões similares a do Estado. No segundo Estado mais relevante do nosso futebol, esse movimento já se consolidou faz algum tempo. O Carioca tem dez clubes da capital e entorno, um do litoral e um do interior somente, o Volta Redonda. Com o desenvolvimento dos negócios no futebol, novos investidores priorizam investimentos nos grandes centros pelas facilidades logísticas, tanto para os jogos quanto para receber atleta de outras regiões, ainda nas categorias de base. Apesar de o interior paulista ser de longe o mais rico do País, a riqueza da capital é cada vez maior e absoluta comparativamente”, avalia Thiago Freitas, COO da Roc Nation Sports no Brasil, companhia que gerencia as carreiras de atletas.

Há solução?

Existe uma somatória de problemas que imperam no futebol brasileiro e impedem que o desenvolvimento do esporte esteja conciliado com particularidades de um País com dimensões continentais. A disputa dos Estaduais por equipes grandes é questionado, mas para traçar um horizonte plausível é necessário compreender aspectos imprescindíveis para a modalidade atualmente: financiamento e investimento.

“Acredito que a região metropolitana é um centrode nogócios e, por isso, as equipes talvez tenham se desenvolvido de uma forma melhor, na captação de recursos, patrocínio e visibilidade. Confio muito no movimento das SAFs. O futebol vem passando por uma profissionalização, a gestão de boa parte dos times do interior era feita por torcedores, mas não da forma mais profissional possível. Seja o clube uma SAF ou empresa, sendo tratado como forma de negócio profissional, é o que fará os times do interior retomarem destaque e desenvolverem o interior de São Paulo”, argumenta Juliano Amorim, diretor de futebol do São Bento de Sorocaba, que disputa a Série A2.

A FPF se reúne com clubes nos últimos meses do ano para definir regulamento do Paulistão da temporada seguinte. Foto: Rodrigo Corsi/Ag.Paulistão

Na elite do Paulistão, Botafogo, Novorizontino e São Bernardo são SAFs, enquanto Red Bull Bragantino e Ituano são administrados como clubes-empresa. A Portuguesa já teve autorização para se tornar SAF, mas ainda não encontrou um comprador. Situação semelhante vive a Inter de Limeira. As demais equipes continuam, por enquanto, com o modelo associativo.

Um clube para manter suas portas abertas precisa de patrocínio, receitas com direitos de transmissão, venda de ingressos e atletas, bônus por desempenho nas competições e a contribuição do sócio e sócio-torcedor. Aqueles que estão fora da elite (seja a nível estadual ou nacional) têm enorme dificuldade para se sustentar. Alguns optam por disputar somente o Campeonato Estadual e abrem mão da Copa Estadual. Nesse período, muitos atletas ficam sem ter onde jogar profissionalmente. É importante ter jogos oficiais o ano todo, mas um requisito básico é encontrar um meio de financiamento. O problema não é simples e precisa, portanto, de uma discussão produtiva com ações que fortaleçam todos os clubes, de todas as divisões e regiões do País.

“Os clubes do interior captam receita por cotas das competições, patrocínios locais e, cada vez mais, a geração de negócio com a venda de jogadores. No São Bento, por exemplo, os acordos já começam com jogadores de 15 anos, negociando participação de outros clubes (nos direitos econômicos do jogador), que, futuramente, vão gerar receitas para o clube”, ressalta Amorim.

Quem são os favoritos para o Paulistão 2024?

A equipe de Esportes do Estadão apontou quais clubes são os favoritos para a conquista do Paulistão em 2024. Também foram escolhidos times que podem surpreender, os que serão apenas coadjunvantes e aqueles que lutarão contra o rebaixamento. Foram usados como critério: elenco, desempenho histórico e o momento vivido pelos times.

Palmeiras e São Paulo foram apontados, por unanimidade, como os favoritos ao título. Outra unanimidade foi a Inter de Limeira como candidata ao rebaixamento. Confira o ranking:

  • FAVORITOS: Palmeiras, São Paulo e Red Bull Bragantino.
  • PODEM SURPREENDER: Corinthians, Santos, Novorizontino e Mirassol.
  • COADJUVANTES: São Bernardo, Água Santa, Guarani, Ponte Preta, Ituano e Botafogo.
  • BRIGAM PARA NÃO CAIR: Portuguesa, Santo André e Inter de Limeira.

Formato do Paulistão: grupos e sistema de disputa

As 16 equipes do Paulistão são divididas em quatro grupos com quatro times em cada. Os clubes enfrentam adversários das outras chaves na primeira fase, totalizando 12 jogos. Ao fim desta etapa, os dois primeiros colocados de cada grupo medem forças em partida única nas quartas de final. Os duelos da semifinal são definidos por meio da classificação geral, também em jogo único. A decisão acontece em partidas de ida e volta. As duas equipes que somarem o menor número de pontos na classificação geral serão rebaixadas para a Série A2.

Quartas de final (jogo único)

  • 1ºA x 2ºA
  • 1ºB x 2ºB
  • 1ºC x 2ºC
  • 1ºD x 2ºD

Semifinal (jogo único)

  • Melhor semifinalista x 4º semifinalista
  • 2º semifinalista x 3º semifinalista

Confira os jogos da 1ª rodada do Paulistão 2024

Sábado - 20/01

  • 17h15 - Red Bull Bragantino x Água Santa - TNT, HBO Max e Paulistão Play
  • 18h - Botafogo de Ribeirão Preto x Santos - CazéTV e Paulistão Play
  • 20h - São Paulo x Santo André - TNT e HBO Max
  • 20h15 - Ponte Preta x Mirassol - CazéTV e Paulistão Play

Domingo - 21/01

  • 16h - Novorizontino x Palmeiras - CazéTV e Paulistão Play
  • 16h - São Bernardo x Ituano - Paulistão Play
  • 18h - Corinthians x Guarani - Record e Paulistão Play
  • 18h - Inter de Limeira x Portuguesa - CazéTV e Paulistão Play

Após 45 dias de férias e pré-temporada, os clubes paulistas voltam a atuar oficialmente neste fim de semana. Como de praxe, o Paulistão começa cercado de dúvidas sobre as equipes, que têm metas diferentes para o torneio e para a temporada 2024. Porém, o Estadual mais importante do País é acompanhado de uma certeza: está cada vez mais concentrado na região metropolitana de São Paulo e Baixada Santista, com as equipes do interior perdendo espaço e força.

Dos 16 participantes desta edição, apenas oito equipes são do interior (Red Bull Bragantino, Ponte Preta, Guarani, Ituano, Mirassol, Novorizontino, Inter de Limeira e Botafogo de Ribeirão Preto). O mesmo número foi observado em 2023. Destacados os números do século 21, esses dois anos são os que têm o menor índice de participação de times do interior de São Paulo.

As razões para essa centralização são variadas, mas é comum o argumento de que a região metropolitana reúne maior população e, por conseguinte, maiores investimentos em todas as áreas, incluindo o esporte. Não há uma solução única e tampouco consonância entre os clubes sobre este fato ser um problema que os una.

“É muito importante que os clubes paulistas, especialmente do interior de São Paulo, tomem decisões em conjunto. É uma maneira da nossa representatividade ganhar ainda mais peso. Sou favorável, inclusive, de aumentarmos a frequência dos nossos debates e conversas. Temos de discutir mais sobre os nossos interesses em comum”, afirma André Marconatto, presidente do Guarani.

Disputa do Paulistão 2024 começa neste fim de semana. Foto: Rebeca Reis/Ag.Paulistão

A Federação Paulista de Futebol (FPF) foi procurada pela reportagem para debater o tema e enalteceu a participação das equipes do interior do Estado no cenário nacional. “Desde 2017, quando o Paulistão foi estabelecido com 16 clubes participantes, a parcela de times do interior (não considerados aqueles da Região Metropolitana de São Paulo e do Litoral) varia sazonalmente entre 8 e 10 clubes. Em 2023 e 2024, oito clubes do interior compõem o Estadual, sendo que 6 deles disputarão a Série B, 1 (Red Bull Bragantino) a Série A e 1 (Ferroviária) na Série C do Brasileirão deste ano, num protagonismo inédito do interior paulista no cenário nacional. A FPF organizou, em 2023, 4.415 jogos em 23 competições, contemplando clubes de todo o Estado, e tem priorizado o fomento do futebol no interior, com aumento de repasses de cotas, premiações e subsídios aos clubes”, disse a entidade em nota.

Representação nacional distoa

Apesar do cenário preocupante no Paulistão, a representação do interior paulista a nível nacional é bastante significativa. Um está na elite do Brasileirão, o Red Bull Bragantino e seis disputam a Série B (Botafogo, Guarani, Ponte, Mirassol, Novorizontino e Ituano).

“O Campeonato Paulista é o Estadual mais difícil do país. O nível de competitividade é muito alto e exige um trabalho árduo, sobretudo das equipes do interior, para acompanhar. Nesta edição, por exemplo, vamos reencontrar cinco equipes que disputaram a Série B no ano passado. Ou seja, os clubes que não tiverem um planejamento bem definido ficarão pelo caminho. Nós temos feito um esforço grande para montar uma equipe forte e que alcance os objetivos que traçamos na competição”, completou Marconatto, mandatário do time bugrino.

Quem concorda com essa avaliação é o presidente do Conselho de Administração da Botafogo de Ribeirão Preto, Adalberto Baptista. A receita para a manutenção do time na Série B e a construção do desejo de alcançar a elite passa por investimento e melhora na estrutura para treinamentos e jogos.

“O Campeonato Paulista é uma competição extremamente difícil, torneio de tiro curto e com várias equipes na elite do futebol nacional. Sabemos que a manutenção exige um trabalho de gestão e a construção de uma equipe competitiva. Com as fontes de receita que construímos nos últimos anos, como a agenda de shows na Arena Nicnet (Estádio Santa Cruz), conseguimos ampliar o investimento no futebol, o que nos possibilitará buscar peças para brigar pela classificação no estadual, disputar a Copa do Brasil e lutar por uma vaga na Série A, que é o objetivo do clube na temporada”, comenta o gestor.

Estadual perdeu um de seus principais papeis: fomentar a rivalidade local

A perda de relevância dos Estaduais em meio a um calendário caótico do futebol brasileiro se acentuou nos últimos anos. Os treinadores dos times da elite, por exemplo, têm de fazer uma espécie de “escolha de Sofia”. Ao lançar a equipe titular e disputar com afinco o torneio, correm o risco de desgastar prematuramente seus atletas. No entanto, qualquer tropeço, somado a um eventual mau desempenho e eliminação, pode custar o emprego ao treinador.

“É uma utopia achar que um campeonato regional sirva como teste. Esquece. Ninguém entende isso. Nós podemos entender aqui, internamente. Porém, externamente ninguém entende assim. Campeonato que se entra, independentemente da projeção que tem a competição, você tem obrigação de disputar no seu limite. É um catalisador de crises porque penaliza os grandes clubes que retornam depois, voltam sem estar nas suas melhores condições, e de repente se vê jogando de duas a três competições a partir de fevereiro. Não tem como relaxar no futebol. Mesmo tentando ser muito claro e explicando, ninguém entende, e nós não podemos pensar dessa forma”, disse Dorival Júnior, novo técnico da seleção brasileira, ao Estadão, em novembro.

Mascotes dos clubes que disputam o Paulistão em 2024. Foto: João Loureiro/Ag. Paulistão

A diminuição no número de participantes na elite do Paulistão, a existência de cinco divisões em São Paulo (A1, A2, A3, A4 e Segunda Divisão) e o formato dos torneios culminam com uma sensível perda de um item essencial para o futebol: a rivalidade. O clássico entre Botafogo e Comercial não acontece pelo Paulistão desde 2014. Já o duelo entre Guarani e Ponte pode ir para o seu segundo ano seguido sem ser disputado no Estadual.

“Era esperado que o número de clubes da região metropolitana da capital na primeira divisão fosse elevado na última década. É uma tendência em outros países, de dimensões similares a do Estado. No segundo Estado mais relevante do nosso futebol, esse movimento já se consolidou faz algum tempo. O Carioca tem dez clubes da capital e entorno, um do litoral e um do interior somente, o Volta Redonda. Com o desenvolvimento dos negócios no futebol, novos investidores priorizam investimentos nos grandes centros pelas facilidades logísticas, tanto para os jogos quanto para receber atleta de outras regiões, ainda nas categorias de base. Apesar de o interior paulista ser de longe o mais rico do País, a riqueza da capital é cada vez maior e absoluta comparativamente”, avalia Thiago Freitas, COO da Roc Nation Sports no Brasil, companhia que gerencia as carreiras de atletas.

Há solução?

Existe uma somatória de problemas que imperam no futebol brasileiro e impedem que o desenvolvimento do esporte esteja conciliado com particularidades de um País com dimensões continentais. A disputa dos Estaduais por equipes grandes é questionado, mas para traçar um horizonte plausível é necessário compreender aspectos imprescindíveis para a modalidade atualmente: financiamento e investimento.

“Acredito que a região metropolitana é um centrode nogócios e, por isso, as equipes talvez tenham se desenvolvido de uma forma melhor, na captação de recursos, patrocínio e visibilidade. Confio muito no movimento das SAFs. O futebol vem passando por uma profissionalização, a gestão de boa parte dos times do interior era feita por torcedores, mas não da forma mais profissional possível. Seja o clube uma SAF ou empresa, sendo tratado como forma de negócio profissional, é o que fará os times do interior retomarem destaque e desenvolverem o interior de São Paulo”, argumenta Juliano Amorim, diretor de futebol do São Bento de Sorocaba, que disputa a Série A2.

A FPF se reúne com clubes nos últimos meses do ano para definir regulamento do Paulistão da temporada seguinte. Foto: Rodrigo Corsi/Ag.Paulistão

Na elite do Paulistão, Botafogo, Novorizontino e São Bernardo são SAFs, enquanto Red Bull Bragantino e Ituano são administrados como clubes-empresa. A Portuguesa já teve autorização para se tornar SAF, mas ainda não encontrou um comprador. Situação semelhante vive a Inter de Limeira. As demais equipes continuam, por enquanto, com o modelo associativo.

Um clube para manter suas portas abertas precisa de patrocínio, receitas com direitos de transmissão, venda de ingressos e atletas, bônus por desempenho nas competições e a contribuição do sócio e sócio-torcedor. Aqueles que estão fora da elite (seja a nível estadual ou nacional) têm enorme dificuldade para se sustentar. Alguns optam por disputar somente o Campeonato Estadual e abrem mão da Copa Estadual. Nesse período, muitos atletas ficam sem ter onde jogar profissionalmente. É importante ter jogos oficiais o ano todo, mas um requisito básico é encontrar um meio de financiamento. O problema não é simples e precisa, portanto, de uma discussão produtiva com ações que fortaleçam todos os clubes, de todas as divisões e regiões do País.

“Os clubes do interior captam receita por cotas das competições, patrocínios locais e, cada vez mais, a geração de negócio com a venda de jogadores. No São Bento, por exemplo, os acordos já começam com jogadores de 15 anos, negociando participação de outros clubes (nos direitos econômicos do jogador), que, futuramente, vão gerar receitas para o clube”, ressalta Amorim.

Quem são os favoritos para o Paulistão 2024?

A equipe de Esportes do Estadão apontou quais clubes são os favoritos para a conquista do Paulistão em 2024. Também foram escolhidos times que podem surpreender, os que serão apenas coadjunvantes e aqueles que lutarão contra o rebaixamento. Foram usados como critério: elenco, desempenho histórico e o momento vivido pelos times.

Palmeiras e São Paulo foram apontados, por unanimidade, como os favoritos ao título. Outra unanimidade foi a Inter de Limeira como candidata ao rebaixamento. Confira o ranking:

  • FAVORITOS: Palmeiras, São Paulo e Red Bull Bragantino.
  • PODEM SURPREENDER: Corinthians, Santos, Novorizontino e Mirassol.
  • COADJUVANTES: São Bernardo, Água Santa, Guarani, Ponte Preta, Ituano e Botafogo.
  • BRIGAM PARA NÃO CAIR: Portuguesa, Santo André e Inter de Limeira.

Formato do Paulistão: grupos e sistema de disputa

As 16 equipes do Paulistão são divididas em quatro grupos com quatro times em cada. Os clubes enfrentam adversários das outras chaves na primeira fase, totalizando 12 jogos. Ao fim desta etapa, os dois primeiros colocados de cada grupo medem forças em partida única nas quartas de final. Os duelos da semifinal são definidos por meio da classificação geral, também em jogo único. A decisão acontece em partidas de ida e volta. As duas equipes que somarem o menor número de pontos na classificação geral serão rebaixadas para a Série A2.

Quartas de final (jogo único)

  • 1ºA x 2ºA
  • 1ºB x 2ºB
  • 1ºC x 2ºC
  • 1ºD x 2ºD

Semifinal (jogo único)

  • Melhor semifinalista x 4º semifinalista
  • 2º semifinalista x 3º semifinalista

Confira os jogos da 1ª rodada do Paulistão 2024

Sábado - 20/01

  • 17h15 - Red Bull Bragantino x Água Santa - TNT, HBO Max e Paulistão Play
  • 18h - Botafogo de Ribeirão Preto x Santos - CazéTV e Paulistão Play
  • 20h - São Paulo x Santo André - TNT e HBO Max
  • 20h15 - Ponte Preta x Mirassol - CazéTV e Paulistão Play

Domingo - 21/01

  • 16h - Novorizontino x Palmeiras - CazéTV e Paulistão Play
  • 16h - São Bernardo x Ituano - Paulistão Play
  • 18h - Corinthians x Guarani - Record e Paulistão Play
  • 18h - Inter de Limeira x Portuguesa - CazéTV e Paulistão Play

Após 45 dias de férias e pré-temporada, os clubes paulistas voltam a atuar oficialmente neste fim de semana. Como de praxe, o Paulistão começa cercado de dúvidas sobre as equipes, que têm metas diferentes para o torneio e para a temporada 2024. Porém, o Estadual mais importante do País é acompanhado de uma certeza: está cada vez mais concentrado na região metropolitana de São Paulo e Baixada Santista, com as equipes do interior perdendo espaço e força.

Dos 16 participantes desta edição, apenas oito equipes são do interior (Red Bull Bragantino, Ponte Preta, Guarani, Ituano, Mirassol, Novorizontino, Inter de Limeira e Botafogo de Ribeirão Preto). O mesmo número foi observado em 2023. Destacados os números do século 21, esses dois anos são os que têm o menor índice de participação de times do interior de São Paulo.

As razões para essa centralização são variadas, mas é comum o argumento de que a região metropolitana reúne maior população e, por conseguinte, maiores investimentos em todas as áreas, incluindo o esporte. Não há uma solução única e tampouco consonância entre os clubes sobre este fato ser um problema que os una.

“É muito importante que os clubes paulistas, especialmente do interior de São Paulo, tomem decisões em conjunto. É uma maneira da nossa representatividade ganhar ainda mais peso. Sou favorável, inclusive, de aumentarmos a frequência dos nossos debates e conversas. Temos de discutir mais sobre os nossos interesses em comum”, afirma André Marconatto, presidente do Guarani.

Disputa do Paulistão 2024 começa neste fim de semana. Foto: Rebeca Reis/Ag.Paulistão

A Federação Paulista de Futebol (FPF) foi procurada pela reportagem para debater o tema e enalteceu a participação das equipes do interior do Estado no cenário nacional. “Desde 2017, quando o Paulistão foi estabelecido com 16 clubes participantes, a parcela de times do interior (não considerados aqueles da Região Metropolitana de São Paulo e do Litoral) varia sazonalmente entre 8 e 10 clubes. Em 2023 e 2024, oito clubes do interior compõem o Estadual, sendo que 6 deles disputarão a Série B, 1 (Red Bull Bragantino) a Série A e 1 (Ferroviária) na Série C do Brasileirão deste ano, num protagonismo inédito do interior paulista no cenário nacional. A FPF organizou, em 2023, 4.415 jogos em 23 competições, contemplando clubes de todo o Estado, e tem priorizado o fomento do futebol no interior, com aumento de repasses de cotas, premiações e subsídios aos clubes”, disse a entidade em nota.

Representação nacional distoa

Apesar do cenário preocupante no Paulistão, a representação do interior paulista a nível nacional é bastante significativa. Um está na elite do Brasileirão, o Red Bull Bragantino e seis disputam a Série B (Botafogo, Guarani, Ponte, Mirassol, Novorizontino e Ituano).

“O Campeonato Paulista é o Estadual mais difícil do país. O nível de competitividade é muito alto e exige um trabalho árduo, sobretudo das equipes do interior, para acompanhar. Nesta edição, por exemplo, vamos reencontrar cinco equipes que disputaram a Série B no ano passado. Ou seja, os clubes que não tiverem um planejamento bem definido ficarão pelo caminho. Nós temos feito um esforço grande para montar uma equipe forte e que alcance os objetivos que traçamos na competição”, completou Marconatto, mandatário do time bugrino.

Quem concorda com essa avaliação é o presidente do Conselho de Administração da Botafogo de Ribeirão Preto, Adalberto Baptista. A receita para a manutenção do time na Série B e a construção do desejo de alcançar a elite passa por investimento e melhora na estrutura para treinamentos e jogos.

“O Campeonato Paulista é uma competição extremamente difícil, torneio de tiro curto e com várias equipes na elite do futebol nacional. Sabemos que a manutenção exige um trabalho de gestão e a construção de uma equipe competitiva. Com as fontes de receita que construímos nos últimos anos, como a agenda de shows na Arena Nicnet (Estádio Santa Cruz), conseguimos ampliar o investimento no futebol, o que nos possibilitará buscar peças para brigar pela classificação no estadual, disputar a Copa do Brasil e lutar por uma vaga na Série A, que é o objetivo do clube na temporada”, comenta o gestor.

Estadual perdeu um de seus principais papeis: fomentar a rivalidade local

A perda de relevância dos Estaduais em meio a um calendário caótico do futebol brasileiro se acentuou nos últimos anos. Os treinadores dos times da elite, por exemplo, têm de fazer uma espécie de “escolha de Sofia”. Ao lançar a equipe titular e disputar com afinco o torneio, correm o risco de desgastar prematuramente seus atletas. No entanto, qualquer tropeço, somado a um eventual mau desempenho e eliminação, pode custar o emprego ao treinador.

“É uma utopia achar que um campeonato regional sirva como teste. Esquece. Ninguém entende isso. Nós podemos entender aqui, internamente. Porém, externamente ninguém entende assim. Campeonato que se entra, independentemente da projeção que tem a competição, você tem obrigação de disputar no seu limite. É um catalisador de crises porque penaliza os grandes clubes que retornam depois, voltam sem estar nas suas melhores condições, e de repente se vê jogando de duas a três competições a partir de fevereiro. Não tem como relaxar no futebol. Mesmo tentando ser muito claro e explicando, ninguém entende, e nós não podemos pensar dessa forma”, disse Dorival Júnior, novo técnico da seleção brasileira, ao Estadão, em novembro.

Mascotes dos clubes que disputam o Paulistão em 2024. Foto: João Loureiro/Ag. Paulistão

A diminuição no número de participantes na elite do Paulistão, a existência de cinco divisões em São Paulo (A1, A2, A3, A4 e Segunda Divisão) e o formato dos torneios culminam com uma sensível perda de um item essencial para o futebol: a rivalidade. O clássico entre Botafogo e Comercial não acontece pelo Paulistão desde 2014. Já o duelo entre Guarani e Ponte pode ir para o seu segundo ano seguido sem ser disputado no Estadual.

“Era esperado que o número de clubes da região metropolitana da capital na primeira divisão fosse elevado na última década. É uma tendência em outros países, de dimensões similares a do Estado. No segundo Estado mais relevante do nosso futebol, esse movimento já se consolidou faz algum tempo. O Carioca tem dez clubes da capital e entorno, um do litoral e um do interior somente, o Volta Redonda. Com o desenvolvimento dos negócios no futebol, novos investidores priorizam investimentos nos grandes centros pelas facilidades logísticas, tanto para os jogos quanto para receber atleta de outras regiões, ainda nas categorias de base. Apesar de o interior paulista ser de longe o mais rico do País, a riqueza da capital é cada vez maior e absoluta comparativamente”, avalia Thiago Freitas, COO da Roc Nation Sports no Brasil, companhia que gerencia as carreiras de atletas.

Há solução?

Existe uma somatória de problemas que imperam no futebol brasileiro e impedem que o desenvolvimento do esporte esteja conciliado com particularidades de um País com dimensões continentais. A disputa dos Estaduais por equipes grandes é questionado, mas para traçar um horizonte plausível é necessário compreender aspectos imprescindíveis para a modalidade atualmente: financiamento e investimento.

“Acredito que a região metropolitana é um centrode nogócios e, por isso, as equipes talvez tenham se desenvolvido de uma forma melhor, na captação de recursos, patrocínio e visibilidade. Confio muito no movimento das SAFs. O futebol vem passando por uma profissionalização, a gestão de boa parte dos times do interior era feita por torcedores, mas não da forma mais profissional possível. Seja o clube uma SAF ou empresa, sendo tratado como forma de negócio profissional, é o que fará os times do interior retomarem destaque e desenvolverem o interior de São Paulo”, argumenta Juliano Amorim, diretor de futebol do São Bento de Sorocaba, que disputa a Série A2.

A FPF se reúne com clubes nos últimos meses do ano para definir regulamento do Paulistão da temporada seguinte. Foto: Rodrigo Corsi/Ag.Paulistão

Na elite do Paulistão, Botafogo, Novorizontino e São Bernardo são SAFs, enquanto Red Bull Bragantino e Ituano são administrados como clubes-empresa. A Portuguesa já teve autorização para se tornar SAF, mas ainda não encontrou um comprador. Situação semelhante vive a Inter de Limeira. As demais equipes continuam, por enquanto, com o modelo associativo.

Um clube para manter suas portas abertas precisa de patrocínio, receitas com direitos de transmissão, venda de ingressos e atletas, bônus por desempenho nas competições e a contribuição do sócio e sócio-torcedor. Aqueles que estão fora da elite (seja a nível estadual ou nacional) têm enorme dificuldade para se sustentar. Alguns optam por disputar somente o Campeonato Estadual e abrem mão da Copa Estadual. Nesse período, muitos atletas ficam sem ter onde jogar profissionalmente. É importante ter jogos oficiais o ano todo, mas um requisito básico é encontrar um meio de financiamento. O problema não é simples e precisa, portanto, de uma discussão produtiva com ações que fortaleçam todos os clubes, de todas as divisões e regiões do País.

“Os clubes do interior captam receita por cotas das competições, patrocínios locais e, cada vez mais, a geração de negócio com a venda de jogadores. No São Bento, por exemplo, os acordos já começam com jogadores de 15 anos, negociando participação de outros clubes (nos direitos econômicos do jogador), que, futuramente, vão gerar receitas para o clube”, ressalta Amorim.

Quem são os favoritos para o Paulistão 2024?

A equipe de Esportes do Estadão apontou quais clubes são os favoritos para a conquista do Paulistão em 2024. Também foram escolhidos times que podem surpreender, os que serão apenas coadjunvantes e aqueles que lutarão contra o rebaixamento. Foram usados como critério: elenco, desempenho histórico e o momento vivido pelos times.

Palmeiras e São Paulo foram apontados, por unanimidade, como os favoritos ao título. Outra unanimidade foi a Inter de Limeira como candidata ao rebaixamento. Confira o ranking:

  • FAVORITOS: Palmeiras, São Paulo e Red Bull Bragantino.
  • PODEM SURPREENDER: Corinthians, Santos, Novorizontino e Mirassol.
  • COADJUVANTES: São Bernardo, Água Santa, Guarani, Ponte Preta, Ituano e Botafogo.
  • BRIGAM PARA NÃO CAIR: Portuguesa, Santo André e Inter de Limeira.

Formato do Paulistão: grupos e sistema de disputa

As 16 equipes do Paulistão são divididas em quatro grupos com quatro times em cada. Os clubes enfrentam adversários das outras chaves na primeira fase, totalizando 12 jogos. Ao fim desta etapa, os dois primeiros colocados de cada grupo medem forças em partida única nas quartas de final. Os duelos da semifinal são definidos por meio da classificação geral, também em jogo único. A decisão acontece em partidas de ida e volta. As duas equipes que somarem o menor número de pontos na classificação geral serão rebaixadas para a Série A2.

Quartas de final (jogo único)

  • 1ºA x 2ºA
  • 1ºB x 2ºB
  • 1ºC x 2ºC
  • 1ºD x 2ºD

Semifinal (jogo único)

  • Melhor semifinalista x 4º semifinalista
  • 2º semifinalista x 3º semifinalista

Confira os jogos da 1ª rodada do Paulistão 2024

Sábado - 20/01

  • 17h15 - Red Bull Bragantino x Água Santa - TNT, HBO Max e Paulistão Play
  • 18h - Botafogo de Ribeirão Preto x Santos - CazéTV e Paulistão Play
  • 20h - São Paulo x Santo André - TNT e HBO Max
  • 20h15 - Ponte Preta x Mirassol - CazéTV e Paulistão Play

Domingo - 21/01

  • 16h - Novorizontino x Palmeiras - CazéTV e Paulistão Play
  • 16h - São Bernardo x Ituano - Paulistão Play
  • 18h - Corinthians x Guarani - Record e Paulistão Play
  • 18h - Inter de Limeira x Portuguesa - CazéTV e Paulistão Play

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