Imagine o tamanho da dúvida do técnico Tite ao acompanhar nas últimas semanas as apresentações do atacante Pedro. Contra o Vélez, ele fez três gols e jogou muita bola. Tem feito isso graças à coragem de Dorival Júnior de colocar o jogador ao lado de Gabigol no comando de ataque do Flamengo. Gabigol era titular da posição. Mas Tite só chamava um para a seleção, Gabigol. E agora? E se tivesse de apostar quem poderia ir para a Copa do Catar, o flamenguista diria de boca cheia que seria seu camisa 9. Esse cenário mudou ou melhorou para os orgulhosos torcedores flamenguistas.
Sim, mudou, porque agora Tite tem dois atacantes para levar para o Mundial na sua lista de 26. Ou o treinador terá de escolher um, uma vez que há outros bons atacantes atuando na Europa e com quem Tite vem trabalhando faz muito tempo. A pergunta que se faz é simples: Pedro ou Gabigol? Ou ambos?
Tite tem falado mais de Pedro do que de Gabigol, mas os questionamentos também têm sido mais sobre Pedro do que sobre Gabigol. O atacante de cabelo descolorido nunca viveu uma sequência de partidas, sem se machucar e sem ser preterido e mandado para o banco de reservas como era até a chegada de Dorival. Pedro é o cara da vez. O torcedor e parte da mídia têm facilidade de apontar os caras da vez para a seleção. Raphael Veiga já foi esse cara. Hulk também. Já não são mais.
O treinador do Brasil diz com frequência que Pedro está se tornando um atacante para ser chamado para a Copa. E que ele tem características diferentes de outros atacantes costumeiramente convocados por ele. Refere-se a essa habilidade e técnica dentro da área e sua tranquilidade para fazer gols e dar passes. Pedro é inteligente. É menos correria e mais qualidade. O Brasil tem alguns bons atacantes que atuam abertos e que jogam em velocidade.
Já Gabigol mostra a cada dia uma faceta que não se conhecia do jogador: a vontade de ajudar seu time e a de ser ‘garçom’ e não o cara do gol como já foi no mesmo Flamengo. ”Hoje tem gol de Gabigol” era sua marca registrada no Maracanã, com direito a cartazes até em ônibus circular pelo Rio. Hoje, seu slogan poderia ser outro: “Hoje tem assistência de Gabigol”. É assim que ele vem jogando e mantendo sua importância no Flamengo. Deixa de fazer muitos gols, mas não perde a confiança do torcedor. Tem crédito.
Tite vai escolher um dos dois ou até mesmo os dois para sua seleção no Catar. Talvez ambos devessem estar com o Brasil na luta pelo hexa. Sou do tempo em que levar jogadores que atuam no Brasil para um Mundial era mais comum. Os tempos mudaram, mas se fizer essa escolha, o torcedor do Flamengo ficará ainda mais orgulhoso de sua dupla de ataque.