Polêmica, genial e agitadora, Rapinoe encara últimas batalhas em campo e pode se lançar na política


Aos 38 anos, a melhor e mais polêmica jogadora dos EUA de todos os tempos ainda é uma incógnita para a Copa. Às vésperas de se aposentar, a veterana promete que fará o que puder para festejar o penta

Por Fernando Valeika de Barros
Atualização:

SYDNEY - Horas antes da estreia da seleção de futebol feminino dos Estados Unidos na Copa do Mundo da Austrália e da Nova Zelândia, ainda havia mistério sobre se a atacante Megan Rapinoe começaria como titular na partida contra o Vietnã, nesta sexta-feira, às 22h de Brasília. Ausente da seleção americana em abril e junho devido a lesões, a jogadora, ícone de uma nação, vive condição bem parecida à de Marta no Brasil. Todos sabem de sua importância para o time e para a competição, mas elas assumem a fase de ‘passar o bastão’ às mais novas.

Seja pela influência ou pelo carisma que tem, até quando está ausente, a dona da camisa número 15 da seleção dos Estados Unidos se faz notar desde que foi convocada para mais um Mundial. Os EUA tentam o penta. Além da sua reconhecida habilidade com a sua perna esquerda, Rapinoe é conhecida também por ‘comprar brigas’ em prol de suas companheiras e das mulheres americanas, como igualdade salarial entre jogadores homens e mulheres, engajamento contra a violência racial (foi uma das primeiras a protestar, ajoelhando-se durante a execução do hino nacional dos EUA, antes dos jogos, em 2016) e como intransigente defensora das causas LGBTQ+ e de luta contra leis que proíbem jogadoras transgênero de atuarem por equipes conflitantes com a sua identidade.

Assumidamente gay, Megan é casada com Sue Bird, de 41 anos, ex-jogadora de basquete profissional nos EUA. Megan Rapinoe é dessas figuras que nunca passarão despercebidas: seja pelo seu jogo, pelas suas opiniões diretas e fortes e pelo visual diferente, com cabelos tingidos em cores chamativas, como o lilás ou o azul, e inúmeras tatuagens espalhadas pelo corpo.

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Megan Rapinoe disputa sua última Copa do Mundo pelos Estados Unidos Foto: Josie Lepe / AP

Ficaram famosos os seus embates pelo Twitter com o ex-presidente dos EUA, Donald Trump, a quem ela acusou de ser um “representante dos supremacistas brancos”. Depois de ser um dos destaques dos EUA na conquista do tetra em 2019, na França, ela se fortaleceu por seu antagonismo com Trump e decidiu esnobar uma visita à Casa Branca após a conquista.

Recentemente, ao lado de outras veteranas, como Carli Lloyd e Alex Morgan, Repinoe foi uma das líderes de um movimento entre as jogadoras para pressionar a US Soccer, o organismo que dirige o futebol no país a pagar a mesma premiação para as seleções masculina e feminina em Copas do Mundo. E já a partir desta edição, a de 2023. Pelo compromisso, a Confederação Americana de Futebol se comprometeu a reconhecer que tinha agido de modo discriminatório contra as mulheres.

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“Estou orgulhosa do esforço do nosso grupo por não aceitar menos do que merecíamos”, disse ela em uma entrevista à agência de notícias NPR. “Já fui muito desrespeitada pelo fato de ser mulher.” Exatamente pela sua luta pelas causas em que acredita, ela ganhou a Medalha Presidencial da Liberdade, uma das maiores distinções em seu país, que recebeu das mãos de Joe Biden, presidente americano que assumiu o lugar de Trump.

Claro que com o carisma, nível técnico e liderança que Megan Rapinoe tem na seleção americana, o anúncio de que deixará o futebol tem mexido um bocado com o ambiente do time. No início desta semana, durante entrevista coletiva da seleção dos Estados Unidos, em Auckland, a meia-defensiva Kelley O’Hara foi às lágrimas ao mencionar Megan e sua decisão de que esta Copa Feminina será a sua última disputa com a camisa da seleção dos Estados Unidos.

“Não imagino como será o nosso time sem a Pinoe”, disse Karen, emocionada. “Ela é uma pessoa única pela sua intensidade, senso de humor, criatividade, empatia e leveza”.

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Feito de surpresa, no início de julho, às vésperas do amistoso contra o País de Gales, em San José, na Califórnia, o anúncio da aposentadoria de Megan Rapinoe encerra um fantástico ciclo de 17 anos jogando pela seleção. Ela marcou 63 gols em 199 partidas oficiais e ganhou tudo o que havia para ser conquistado, incluindo dois títulos mundiais em 2015 e 2019 e uma medalha olímpica, em Londres-2012.

Aos 38 anos, seu corpo não consegue mais ter a mesma rapidez, resistência e eficácia de antes. Na última temporada, ela ficou mais tempo recuperando-se de lesões no tornozelo e na panturrilha do que em campo. Esses longos períodos fora dos jogos prejudicaram seu preparo físico e, não por acaso, o técnico da seleção americana, Vlatko Andonovski, tem optado por colocá-la na reserva, dando cada vez mais espaço para uma nova geração de atacantes, na qual se destacam nomes como Sophia Smith, Trinity Rodman, Savannah DeMelo e Alyssa Thompson, todas jovens com menos de 25 anos, capazes de jogar com mais intensidade e rapidez.

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Mas em nenhum momento Andonovski pensou em abrir mão do talento da artilheira e melhor jogadora no Mundial da França. Ele sabe que, mesmo sem estar com a mesma forma do auge de sua carreira, Rapinoe ainda pode fazer grandes coisas pelo time, que chega à Copa com catorze estreantes. “Megan é uma vencedora e uma das jogadoras mais criativas que já conheci e é por isso que a queremos na equipe”, disse.

Ela é reverenciada como uma inspiração pelas outras jogadoras. “Obviamente, a Megan tem uma enorme presença no elenco. Ela é o coração da nossa equipe”, diz a zagueira Naomi Girma, que faz parte do grupo de jogadoras que estarão pela primeira vez em um Mundial.

A caminho dos seus últimos minutos nos gramados, Megan Rapinoe promete ajudar como puder. “Tenho uma gratidão incrível por poder construir uma carreira longa e fazer parte de uma geração de jogadoras que deixará o futebol feminino em situação melhor do que o encontrou”, escreveu a dona da camisa 15 dos EUA na sua conta no Twitter. “Estou em paz comigo mesma, depois que tomei a decisão de encerrar a minha carreira. E tudo o que mais quero é terminar com um título mundial”. No seu melhor estilo debochado, nesta nova fase, Megan até arranjou um apelido para ela mesma: a ‘Vovó Divertida’.

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No entanto, essa aposentadoria nos gramados com a seleção pode não significar um adeus ao público. Em várias oportunidades, Rapinoe já disse que não descartava a possibilidade de seguir uma carreira política nos EUA. Depois de brilhar no futebol feminino, ela pode continuar inspirando pessoas, desta vez trilhando caminhos fora do futebol.

SYDNEY - Horas antes da estreia da seleção de futebol feminino dos Estados Unidos na Copa do Mundo da Austrália e da Nova Zelândia, ainda havia mistério sobre se a atacante Megan Rapinoe começaria como titular na partida contra o Vietnã, nesta sexta-feira, às 22h de Brasília. Ausente da seleção americana em abril e junho devido a lesões, a jogadora, ícone de uma nação, vive condição bem parecida à de Marta no Brasil. Todos sabem de sua importância para o time e para a competição, mas elas assumem a fase de ‘passar o bastão’ às mais novas.

Seja pela influência ou pelo carisma que tem, até quando está ausente, a dona da camisa número 15 da seleção dos Estados Unidos se faz notar desde que foi convocada para mais um Mundial. Os EUA tentam o penta. Além da sua reconhecida habilidade com a sua perna esquerda, Rapinoe é conhecida também por ‘comprar brigas’ em prol de suas companheiras e das mulheres americanas, como igualdade salarial entre jogadores homens e mulheres, engajamento contra a violência racial (foi uma das primeiras a protestar, ajoelhando-se durante a execução do hino nacional dos EUA, antes dos jogos, em 2016) e como intransigente defensora das causas LGBTQ+ e de luta contra leis que proíbem jogadoras transgênero de atuarem por equipes conflitantes com a sua identidade.

Assumidamente gay, Megan é casada com Sue Bird, de 41 anos, ex-jogadora de basquete profissional nos EUA. Megan Rapinoe é dessas figuras que nunca passarão despercebidas: seja pelo seu jogo, pelas suas opiniões diretas e fortes e pelo visual diferente, com cabelos tingidos em cores chamativas, como o lilás ou o azul, e inúmeras tatuagens espalhadas pelo corpo.

Megan Rapinoe disputa sua última Copa do Mundo pelos Estados Unidos Foto: Josie Lepe / AP

Ficaram famosos os seus embates pelo Twitter com o ex-presidente dos EUA, Donald Trump, a quem ela acusou de ser um “representante dos supremacistas brancos”. Depois de ser um dos destaques dos EUA na conquista do tetra em 2019, na França, ela se fortaleceu por seu antagonismo com Trump e decidiu esnobar uma visita à Casa Branca após a conquista.

Recentemente, ao lado de outras veteranas, como Carli Lloyd e Alex Morgan, Repinoe foi uma das líderes de um movimento entre as jogadoras para pressionar a US Soccer, o organismo que dirige o futebol no país a pagar a mesma premiação para as seleções masculina e feminina em Copas do Mundo. E já a partir desta edição, a de 2023. Pelo compromisso, a Confederação Americana de Futebol se comprometeu a reconhecer que tinha agido de modo discriminatório contra as mulheres.

“Estou orgulhosa do esforço do nosso grupo por não aceitar menos do que merecíamos”, disse ela em uma entrevista à agência de notícias NPR. “Já fui muito desrespeitada pelo fato de ser mulher.” Exatamente pela sua luta pelas causas em que acredita, ela ganhou a Medalha Presidencial da Liberdade, uma das maiores distinções em seu país, que recebeu das mãos de Joe Biden, presidente americano que assumiu o lugar de Trump.

Claro que com o carisma, nível técnico e liderança que Megan Rapinoe tem na seleção americana, o anúncio de que deixará o futebol tem mexido um bocado com o ambiente do time. No início desta semana, durante entrevista coletiva da seleção dos Estados Unidos, em Auckland, a meia-defensiva Kelley O’Hara foi às lágrimas ao mencionar Megan e sua decisão de que esta Copa Feminina será a sua última disputa com a camisa da seleção dos Estados Unidos.

“Não imagino como será o nosso time sem a Pinoe”, disse Karen, emocionada. “Ela é uma pessoa única pela sua intensidade, senso de humor, criatividade, empatia e leveza”.

Feito de surpresa, no início de julho, às vésperas do amistoso contra o País de Gales, em San José, na Califórnia, o anúncio da aposentadoria de Megan Rapinoe encerra um fantástico ciclo de 17 anos jogando pela seleção. Ela marcou 63 gols em 199 partidas oficiais e ganhou tudo o que havia para ser conquistado, incluindo dois títulos mundiais em 2015 e 2019 e uma medalha olímpica, em Londres-2012.

Aos 38 anos, seu corpo não consegue mais ter a mesma rapidez, resistência e eficácia de antes. Na última temporada, ela ficou mais tempo recuperando-se de lesões no tornozelo e na panturrilha do que em campo. Esses longos períodos fora dos jogos prejudicaram seu preparo físico e, não por acaso, o técnico da seleção americana, Vlatko Andonovski, tem optado por colocá-la na reserva, dando cada vez mais espaço para uma nova geração de atacantes, na qual se destacam nomes como Sophia Smith, Trinity Rodman, Savannah DeMelo e Alyssa Thompson, todas jovens com menos de 25 anos, capazes de jogar com mais intensidade e rapidez.

Mas em nenhum momento Andonovski pensou em abrir mão do talento da artilheira e melhor jogadora no Mundial da França. Ele sabe que, mesmo sem estar com a mesma forma do auge de sua carreira, Rapinoe ainda pode fazer grandes coisas pelo time, que chega à Copa com catorze estreantes. “Megan é uma vencedora e uma das jogadoras mais criativas que já conheci e é por isso que a queremos na equipe”, disse.

Ela é reverenciada como uma inspiração pelas outras jogadoras. “Obviamente, a Megan tem uma enorme presença no elenco. Ela é o coração da nossa equipe”, diz a zagueira Naomi Girma, que faz parte do grupo de jogadoras que estarão pela primeira vez em um Mundial.

A caminho dos seus últimos minutos nos gramados, Megan Rapinoe promete ajudar como puder. “Tenho uma gratidão incrível por poder construir uma carreira longa e fazer parte de uma geração de jogadoras que deixará o futebol feminino em situação melhor do que o encontrou”, escreveu a dona da camisa 15 dos EUA na sua conta no Twitter. “Estou em paz comigo mesma, depois que tomei a decisão de encerrar a minha carreira. E tudo o que mais quero é terminar com um título mundial”. No seu melhor estilo debochado, nesta nova fase, Megan até arranjou um apelido para ela mesma: a ‘Vovó Divertida’.

No entanto, essa aposentadoria nos gramados com a seleção pode não significar um adeus ao público. Em várias oportunidades, Rapinoe já disse que não descartava a possibilidade de seguir uma carreira política nos EUA. Depois de brilhar no futebol feminino, ela pode continuar inspirando pessoas, desta vez trilhando caminhos fora do futebol.

SYDNEY - Horas antes da estreia da seleção de futebol feminino dos Estados Unidos na Copa do Mundo da Austrália e da Nova Zelândia, ainda havia mistério sobre se a atacante Megan Rapinoe começaria como titular na partida contra o Vietnã, nesta sexta-feira, às 22h de Brasília. Ausente da seleção americana em abril e junho devido a lesões, a jogadora, ícone de uma nação, vive condição bem parecida à de Marta no Brasil. Todos sabem de sua importância para o time e para a competição, mas elas assumem a fase de ‘passar o bastão’ às mais novas.

Seja pela influência ou pelo carisma que tem, até quando está ausente, a dona da camisa número 15 da seleção dos Estados Unidos se faz notar desde que foi convocada para mais um Mundial. Os EUA tentam o penta. Além da sua reconhecida habilidade com a sua perna esquerda, Rapinoe é conhecida também por ‘comprar brigas’ em prol de suas companheiras e das mulheres americanas, como igualdade salarial entre jogadores homens e mulheres, engajamento contra a violência racial (foi uma das primeiras a protestar, ajoelhando-se durante a execução do hino nacional dos EUA, antes dos jogos, em 2016) e como intransigente defensora das causas LGBTQ+ e de luta contra leis que proíbem jogadoras transgênero de atuarem por equipes conflitantes com a sua identidade.

Assumidamente gay, Megan é casada com Sue Bird, de 41 anos, ex-jogadora de basquete profissional nos EUA. Megan Rapinoe é dessas figuras que nunca passarão despercebidas: seja pelo seu jogo, pelas suas opiniões diretas e fortes e pelo visual diferente, com cabelos tingidos em cores chamativas, como o lilás ou o azul, e inúmeras tatuagens espalhadas pelo corpo.

Megan Rapinoe disputa sua última Copa do Mundo pelos Estados Unidos Foto: Josie Lepe / AP

Ficaram famosos os seus embates pelo Twitter com o ex-presidente dos EUA, Donald Trump, a quem ela acusou de ser um “representante dos supremacistas brancos”. Depois de ser um dos destaques dos EUA na conquista do tetra em 2019, na França, ela se fortaleceu por seu antagonismo com Trump e decidiu esnobar uma visita à Casa Branca após a conquista.

Recentemente, ao lado de outras veteranas, como Carli Lloyd e Alex Morgan, Repinoe foi uma das líderes de um movimento entre as jogadoras para pressionar a US Soccer, o organismo que dirige o futebol no país a pagar a mesma premiação para as seleções masculina e feminina em Copas do Mundo. E já a partir desta edição, a de 2023. Pelo compromisso, a Confederação Americana de Futebol se comprometeu a reconhecer que tinha agido de modo discriminatório contra as mulheres.

“Estou orgulhosa do esforço do nosso grupo por não aceitar menos do que merecíamos”, disse ela em uma entrevista à agência de notícias NPR. “Já fui muito desrespeitada pelo fato de ser mulher.” Exatamente pela sua luta pelas causas em que acredita, ela ganhou a Medalha Presidencial da Liberdade, uma das maiores distinções em seu país, que recebeu das mãos de Joe Biden, presidente americano que assumiu o lugar de Trump.

Claro que com o carisma, nível técnico e liderança que Megan Rapinoe tem na seleção americana, o anúncio de que deixará o futebol tem mexido um bocado com o ambiente do time. No início desta semana, durante entrevista coletiva da seleção dos Estados Unidos, em Auckland, a meia-defensiva Kelley O’Hara foi às lágrimas ao mencionar Megan e sua decisão de que esta Copa Feminina será a sua última disputa com a camisa da seleção dos Estados Unidos.

“Não imagino como será o nosso time sem a Pinoe”, disse Karen, emocionada. “Ela é uma pessoa única pela sua intensidade, senso de humor, criatividade, empatia e leveza”.

Feito de surpresa, no início de julho, às vésperas do amistoso contra o País de Gales, em San José, na Califórnia, o anúncio da aposentadoria de Megan Rapinoe encerra um fantástico ciclo de 17 anos jogando pela seleção. Ela marcou 63 gols em 199 partidas oficiais e ganhou tudo o que havia para ser conquistado, incluindo dois títulos mundiais em 2015 e 2019 e uma medalha olímpica, em Londres-2012.

Aos 38 anos, seu corpo não consegue mais ter a mesma rapidez, resistência e eficácia de antes. Na última temporada, ela ficou mais tempo recuperando-se de lesões no tornozelo e na panturrilha do que em campo. Esses longos períodos fora dos jogos prejudicaram seu preparo físico e, não por acaso, o técnico da seleção americana, Vlatko Andonovski, tem optado por colocá-la na reserva, dando cada vez mais espaço para uma nova geração de atacantes, na qual se destacam nomes como Sophia Smith, Trinity Rodman, Savannah DeMelo e Alyssa Thompson, todas jovens com menos de 25 anos, capazes de jogar com mais intensidade e rapidez.

Mas em nenhum momento Andonovski pensou em abrir mão do talento da artilheira e melhor jogadora no Mundial da França. Ele sabe que, mesmo sem estar com a mesma forma do auge de sua carreira, Rapinoe ainda pode fazer grandes coisas pelo time, que chega à Copa com catorze estreantes. “Megan é uma vencedora e uma das jogadoras mais criativas que já conheci e é por isso que a queremos na equipe”, disse.

Ela é reverenciada como uma inspiração pelas outras jogadoras. “Obviamente, a Megan tem uma enorme presença no elenco. Ela é o coração da nossa equipe”, diz a zagueira Naomi Girma, que faz parte do grupo de jogadoras que estarão pela primeira vez em um Mundial.

A caminho dos seus últimos minutos nos gramados, Megan Rapinoe promete ajudar como puder. “Tenho uma gratidão incrível por poder construir uma carreira longa e fazer parte de uma geração de jogadoras que deixará o futebol feminino em situação melhor do que o encontrou”, escreveu a dona da camisa 15 dos EUA na sua conta no Twitter. “Estou em paz comigo mesma, depois que tomei a decisão de encerrar a minha carreira. E tudo o que mais quero é terminar com um título mundial”. No seu melhor estilo debochado, nesta nova fase, Megan até arranjou um apelido para ela mesma: a ‘Vovó Divertida’.

No entanto, essa aposentadoria nos gramados com a seleção pode não significar um adeus ao público. Em várias oportunidades, Rapinoe já disse que não descartava a possibilidade de seguir uma carreira política nos EUA. Depois de brilhar no futebol feminino, ela pode continuar inspirando pessoas, desta vez trilhando caminhos fora do futebol.

SYDNEY - Horas antes da estreia da seleção de futebol feminino dos Estados Unidos na Copa do Mundo da Austrália e da Nova Zelândia, ainda havia mistério sobre se a atacante Megan Rapinoe começaria como titular na partida contra o Vietnã, nesta sexta-feira, às 22h de Brasília. Ausente da seleção americana em abril e junho devido a lesões, a jogadora, ícone de uma nação, vive condição bem parecida à de Marta no Brasil. Todos sabem de sua importância para o time e para a competição, mas elas assumem a fase de ‘passar o bastão’ às mais novas.

Seja pela influência ou pelo carisma que tem, até quando está ausente, a dona da camisa número 15 da seleção dos Estados Unidos se faz notar desde que foi convocada para mais um Mundial. Os EUA tentam o penta. Além da sua reconhecida habilidade com a sua perna esquerda, Rapinoe é conhecida também por ‘comprar brigas’ em prol de suas companheiras e das mulheres americanas, como igualdade salarial entre jogadores homens e mulheres, engajamento contra a violência racial (foi uma das primeiras a protestar, ajoelhando-se durante a execução do hino nacional dos EUA, antes dos jogos, em 2016) e como intransigente defensora das causas LGBTQ+ e de luta contra leis que proíbem jogadoras transgênero de atuarem por equipes conflitantes com a sua identidade.

Assumidamente gay, Megan é casada com Sue Bird, de 41 anos, ex-jogadora de basquete profissional nos EUA. Megan Rapinoe é dessas figuras que nunca passarão despercebidas: seja pelo seu jogo, pelas suas opiniões diretas e fortes e pelo visual diferente, com cabelos tingidos em cores chamativas, como o lilás ou o azul, e inúmeras tatuagens espalhadas pelo corpo.

Megan Rapinoe disputa sua última Copa do Mundo pelos Estados Unidos Foto: Josie Lepe / AP

Ficaram famosos os seus embates pelo Twitter com o ex-presidente dos EUA, Donald Trump, a quem ela acusou de ser um “representante dos supremacistas brancos”. Depois de ser um dos destaques dos EUA na conquista do tetra em 2019, na França, ela se fortaleceu por seu antagonismo com Trump e decidiu esnobar uma visita à Casa Branca após a conquista.

Recentemente, ao lado de outras veteranas, como Carli Lloyd e Alex Morgan, Repinoe foi uma das líderes de um movimento entre as jogadoras para pressionar a US Soccer, o organismo que dirige o futebol no país a pagar a mesma premiação para as seleções masculina e feminina em Copas do Mundo. E já a partir desta edição, a de 2023. Pelo compromisso, a Confederação Americana de Futebol se comprometeu a reconhecer que tinha agido de modo discriminatório contra as mulheres.

“Estou orgulhosa do esforço do nosso grupo por não aceitar menos do que merecíamos”, disse ela em uma entrevista à agência de notícias NPR. “Já fui muito desrespeitada pelo fato de ser mulher.” Exatamente pela sua luta pelas causas em que acredita, ela ganhou a Medalha Presidencial da Liberdade, uma das maiores distinções em seu país, que recebeu das mãos de Joe Biden, presidente americano que assumiu o lugar de Trump.

Claro que com o carisma, nível técnico e liderança que Megan Rapinoe tem na seleção americana, o anúncio de que deixará o futebol tem mexido um bocado com o ambiente do time. No início desta semana, durante entrevista coletiva da seleção dos Estados Unidos, em Auckland, a meia-defensiva Kelley O’Hara foi às lágrimas ao mencionar Megan e sua decisão de que esta Copa Feminina será a sua última disputa com a camisa da seleção dos Estados Unidos.

“Não imagino como será o nosso time sem a Pinoe”, disse Karen, emocionada. “Ela é uma pessoa única pela sua intensidade, senso de humor, criatividade, empatia e leveza”.

Feito de surpresa, no início de julho, às vésperas do amistoso contra o País de Gales, em San José, na Califórnia, o anúncio da aposentadoria de Megan Rapinoe encerra um fantástico ciclo de 17 anos jogando pela seleção. Ela marcou 63 gols em 199 partidas oficiais e ganhou tudo o que havia para ser conquistado, incluindo dois títulos mundiais em 2015 e 2019 e uma medalha olímpica, em Londres-2012.

Aos 38 anos, seu corpo não consegue mais ter a mesma rapidez, resistência e eficácia de antes. Na última temporada, ela ficou mais tempo recuperando-se de lesões no tornozelo e na panturrilha do que em campo. Esses longos períodos fora dos jogos prejudicaram seu preparo físico e, não por acaso, o técnico da seleção americana, Vlatko Andonovski, tem optado por colocá-la na reserva, dando cada vez mais espaço para uma nova geração de atacantes, na qual se destacam nomes como Sophia Smith, Trinity Rodman, Savannah DeMelo e Alyssa Thompson, todas jovens com menos de 25 anos, capazes de jogar com mais intensidade e rapidez.

Mas em nenhum momento Andonovski pensou em abrir mão do talento da artilheira e melhor jogadora no Mundial da França. Ele sabe que, mesmo sem estar com a mesma forma do auge de sua carreira, Rapinoe ainda pode fazer grandes coisas pelo time, que chega à Copa com catorze estreantes. “Megan é uma vencedora e uma das jogadoras mais criativas que já conheci e é por isso que a queremos na equipe”, disse.

Ela é reverenciada como uma inspiração pelas outras jogadoras. “Obviamente, a Megan tem uma enorme presença no elenco. Ela é o coração da nossa equipe”, diz a zagueira Naomi Girma, que faz parte do grupo de jogadoras que estarão pela primeira vez em um Mundial.

A caminho dos seus últimos minutos nos gramados, Megan Rapinoe promete ajudar como puder. “Tenho uma gratidão incrível por poder construir uma carreira longa e fazer parte de uma geração de jogadoras que deixará o futebol feminino em situação melhor do que o encontrou”, escreveu a dona da camisa 15 dos EUA na sua conta no Twitter. “Estou em paz comigo mesma, depois que tomei a decisão de encerrar a minha carreira. E tudo o que mais quero é terminar com um título mundial”. No seu melhor estilo debochado, nesta nova fase, Megan até arranjou um apelido para ela mesma: a ‘Vovó Divertida’.

No entanto, essa aposentadoria nos gramados com a seleção pode não significar um adeus ao público. Em várias oportunidades, Rapinoe já disse que não descartava a possibilidade de seguir uma carreira política nos EUA. Depois de brilhar no futebol feminino, ela pode continuar inspirando pessoas, desta vez trilhando caminhos fora do futebol.

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