Se no Real Madrid, Vinicius Junior é reverenciado pelos dribles, arrancadas, gols, incluindo em duas finais de Champions League, e a capacidade de decidir jogos, quando veste a camisa da seleção brasileira, o atacante ainda não conseguiu ser protagonista.
Na ausência de Neymar, ainda lesionado, o atleta fluminense natural de São Gonçalo tem chance preciosa de enfim replicar na seleção brasileira as apresentações de gala no Real Madrid que lhe fizeram despontar como o grande favorito a levar a Bola de Ouro em outubro.
Pudico em campo quando defende o Brasil, Vini foi convocado pela primeira vez para a seleção brasileira em 2019 e ainda busca seu primeiro título.
Nas mãos de três treinadores - Tite, Fernando Diniz e Dorival Júnior - o astro do Real Madrid tenta ser, com a camisa verde e amarela, o líder, a referência técnica que é na Espanha.
Mas por que, até agora, Vini Jr é incapaz de reproduzir na seleção o que faz no Real? Também me faço essa pergunta”, admite o ex-jogador Roger Flores. “São treinadores diferentes, tempo em conjunto na seleção e time é diferente. O Tite, num primeiro momento, não estava convencido de que Vini era um jogador em quem ele podia depositar grande confiança ou dar mais liberdade para tirar dele o melhor”, tenta explicar o comentarista da Globo e do SporTV, que transmitirá a Copa América e a Eurocopa em junho e julho.
Em 2022, o jogador teve uma jornada sem muito brilho na Copa do Mundo do Catar. No total, são 28 jogos e três gols e o mesmo número de assistências pela seleção. Neste ano, ele ainda não foi às redes nas cinco partidas em que atuou pelo Brasil. Em comparação, o atacante ostenta 24 gols, oito assistências e três títulos com a camisa do Real Madrid apenas neste temporada.
“Acho que o Vini era muito novo sob muita carga de pressão numa Copa do Mundo. Depois da Copa, ele tem uma lesão importante. Agora, acho que é o momento de explodir com a camisa da seleção. Ele não fez nem perto na seleção o que fez no Real Madrid”, acrescenta o ex-meio-campista.
Neymar x Vini Jr
Para Roger, é injusto comparar Vini Jr a Neymar, este sobre o qual muitos têm a impressão de que poderia ter tido carreira mais bem-sucedida. Os paralelos ganharam força depois que o Real ganhou a Champions League pela 15ª vez há uma semana com gol do atacante brasileiro, o que lhe fortaleceu na briga por ser escolhido o melhor do mundo no prêmio dado pela Revista France Football.
“O Vinicius, com toda sua capacidade, sua resiliência pra sair de momentos difíceis, de críticas, deve ganhar a Bola de Ouro. Se ganhar, será merecedor. Mas são contextos e momentos diferentes”, diz. Acho que, se avaliar temporada por temporada, a do Neymar foi tão grande quanto a do Vini, mas ele tinha adversários que eram difíceis de se competir contra na época”, acrescenta, fazendo alusão a Messi e Cristiano Ronaldo.
Uma boa Copa América será fundamental para Vini na corrida para se tornar o melhor jogador do planeta. Aos 23 anos, ele tem a oportunidade de levar o prêmio que Neymar, com 32 anos e mais presente nas manchetes de fofoca que esportivas, nunca conquistou.
“Amo o Vini, é um grande amigo que o futebol me apresentou. Fez uma grande temporada. Jogou muito. Estarei torcendo pra que ele vença a Bola de Ouro”, disse Neymar, em recente declaração à BandSports. “Para mim não tem outro pra ganhar. Ele merece porque é um batalhador, sofreu muito e superou todas expectativas e todas críticas”.
Vini, ao lado de Rodrygo e Endrick, “é o futuro da seleção”, avalia Ronaldo Fenômeno. “São jogadores que possuem diversas qualidades: habilidade, individualidade e ginga – características marcantes do futebol brasileiro –, os três têm de sobra”, afirma o ex-camisa 9 da seleção brasileira e atual embaixador da Betfair. “Eles vão crescer muito e ajudar o Brasil nos amistosos e na Copa América”.
O mesmo pensa Roger Flores, que tem dúvidas de como voltará Neymar depois que se recuperar da lesão mais grave que sofreu em sua carreira, a ruptura do ligamento cruzado anterior e do menisco do joelho esquerdo em outubro do ano passado. “Vejo essa molecada até mais encorpada. Vini e Rodrygo estão mais experientes. Tem o Endrick, que pode se tornar uma referência mais à frente. Vejo uma molecada bem importante”, analisa.